Volume 2
Capítulo 15: Loira suspeita
Quando aquela loira estranha fez a pergunta, as únicas palavras que saíram de minha boca foram:
— Espera… O que?!
Por que caralhos alguém saberia que o garoto é um demônio? Pior do que isso, porque alguém, em sã consciência, perguntaria algo do tipo?
Esses questionamentos pairaram na minha cabeça, isso enquanto ainda tentava me controlar para não parecer óbvia demais. Digo, sei lá o que essa rapariga quer, mas só pelo tom de sua pergunta, ela assustou não somente eu, mas também o Liel.
— Eu perguntei se o garoto é um demônio, moça — ela fez questão de repetir, enquanto olhava direto nos meus olhos. Isso pra mim foi a gota d’água disso tudo, o fato do garoto estar em perigo me deixou aflita. Não conseguia parar de bater o pé no chão e fechar minha própria mão num punho cerrado.
Nem vi o que aconteceu direito. Quando me dei conta, já havia pegado aquela mulher pela gola de sua camisa com toda a força que eu tinha e a jogado contra a cadeira que estava sentada antes. Meu corpo fervia de ódio por quem quer que fosse essa desgraçada enchendo a porra do saco.
— Marcy, se acalm… — Liel tentou apartar.
— O que você quer dizer com ele ser um demônio, em?! — berrei. Estava descontrolada, e a maneira que eu gritei chamou a atenção de algumas pessoas em volta.
— Ei, ei! Calma! Não quis ofender! — A loira levantou as mãos, se rendendo. De repente, aquele sorriso macabro dela não estava mais em seu rosto. — Eu só…
— “Eu só” o que, porra? Por acaso o meu amigo é alguma piada pra você? Acha legal ficar chamando os outros de demônio?
Quanto mais eu interrogava, mais claro ficava que, de novo, passei dos limites. A garota não parecia mais tão ameaçadora, mas independentemente de qual fosse suas intenções, fui longe demais devido a todo o medo que senti. Demorei pra perceber, mas a ansiedade havia me corroído tanto que minha barriga estava se embrulhando já havia algum tempo.
— Eu só… achei seu amigo muito parecido com um personagem de uma obra que conheço. Não tive o intuito de magoar ou julgar ninguém, eu juro!
Pelo tom de sua voz, ela parecia estar falando a verdade. Antes de soltá-la, a encarei no fundo dos olhos para ter certeza de que não era outra mentirosa intrometida.
— Uf… Que inferno. — Coloquei a mulher no chão. — Some daqui, desgraçada. Não quero que apareça mais no meu campo de visão.
E assim ela o fez. Depois de acenar com a cabeça sem dizer uma palavra, ela passou por algumas mesas, virou num corredor e sumiu, sem deixar rastros. Não consegui sentir sua presença depois disso, mas tive a sensação de ainda estar sendo observada.
Olhei em volta e notei que algumas pessoas ainda me encaravam. Podia pensar que a sensação que tive era por conta delas, mas não. O que olhava pra mim não parecia humano. Quando virei meu rosto pro lado, Liel estava me encarando, assustado. Foi irresponsável da minha parte esquecer dele em meio a toda essa briga, ainda mais deixá-lo do jeito que encontrei.
— M-Marcy… — O moleque não parava de tremer.
— Foi mal. Eu passei do ponto e…
Sou idiota. Não precisava de toda essa agressividade, foi desnecessário. Toda essa tremedeira e esses olhos chorosos do moleque me faziam sentir culpa. Desde quando comecei a me importar tanto assim? Tá, que se foda, fiz merda de qualquer jeito.
Tive dificuldades em pensar numa maneira de acalmá-lo. Por sorte, logo após a poeira baixar e eu ajudar o Liel a voltar para sua cadeira, uma das funcionárias da sorveteria se aproximou, com nossos pedidos em mãos. Foi só questão de tempo até a carinha do garoto mudar da água pro vinho e ficar com um sorrisão do tamanho da crosta terrestre.
Sua reação ao ver o milkshake de chocolate me tirou uma boa risada, mas pra evitar outra desavença, preferi esconder o rosto.
— Uhum! Isso é muito bom! — falou enquanto bebia. — Nunca me canso desse sabor!
— Moleque, tu vai ter uma diabete de tanto doce que você come. — No momento em que disse isso, trouxeram a minha casquinha de morango. — Não tem outra coisa que seu paladar suporte que não seja chocolate?
— Eu gosto muito de carne também.
— Carne e doce? Quem que vive só disso? Você é idiota?
Fiquei comendo o meu sorvete de morango — que diga-se de passagem, tava horrível — enquanto escutava o tampinha dizer seus gostos pessoais. Ele falou de todos os tipos de carne e guloseimas que ele conhecia, até mesmo os nomes de alguns menos conhecidos na região em que moramos. Ficou claro que é só isso que seu paladar suporta.
Não é atoa que todas as vezes que fomos no restaurante universitário, ele nunca comeu salada, verduras ou qualquer coisa de origem vegetal, exceto feijão e arroz. Das vezes que alguns funcionários da cozinha colocaram algo que com certeza vinha do mato, ele revirava os olhos e nem tocava nessa parte do prato.
Se é uma limitação dele como demônio ou não, eu não sei. Mas imagino que seja um inferno viver desse jeito.
Enfim, depois da nossa conversa, ficamos apenas apreciando a paisagem até terminarmos de comer. Ignorando o fato de eu quase ter perdido o meu réu primário, o garoto esqueceu completamente da loira e ele se divertiu horrores enquanto esteve comigo. Pelo jeito caí no plano maldito dele de se aproveitar da minha situação pra comer sorvete. Falando nisso, ele comeu metade do meu.
Não que eu só tivesse saído perdendo. Esse momento me trouxe algumas ideias pra música. Até mais do que aquilo que fiz durante a manhã no centro acadêmico. E, pra variar, não foi tão chato quanto eu imaginava.
Após terminarmos de comer, decidimos voltar para casa. Já eram mais de sete da noite, então começaria a ficar perigoso andar de pé em algumas partes da cidade. Durante o caminho, fiquei pensando na situação de mais cedo. Como alguém poderia só chegar perguntando aquelas coisas do nada? Queria discutir sobre isso, mas não queria soar desagradável ou deixar o Liel magoado por lembrar do que aconteceu. De qualquer forma, não veio nenhuma ideia de abordagem, então falei no foda-se:
— Liel, me diz uma coisa. Demônios costumam ficar no mundo dos humanos?
Ele me olhou com estranhamento, talvez por ter feito essa pergunta do nada.
— Ah, geralmente não. — Ele colocou as mãos atrás da cabeça enquanto andava. — Por que?
— Estive pensando… Aquela loira estranha que encheu o saco mais cedo, teria alguma chance dela ser um demônio e por isso ter feito aquela pergunta?
— Não, acho que não. Demônios são capazes de sentir a presença uns dos outros. Provavelmente eu teria percebido alguma coisa.
Provavelmente? É, talvez ela não seja um deles, mas se nem o demônio tem certeza, não posso confiar cegamente nisso. Parando pra pensar, eu também consigo sentir a presença do Liel e diferenciá-la das outras pessoas que não são demônios. Não preciso vê-las, eu apenas sinto a diferença. Deve ser outro efeito do sangue demoníaco dele.
— Entendi. Assim, duvido muito que o que ela falou seja verdade. Não quero parecer o tipo paranoica, mas não consigo ver de outra maneira.
Enquanto ainda falávamos, chegamos no nosso prédio e subimos as escadas. Nesse meio tempo, continuei com minha fala:
— Agora que pensei melhor… — Parei em frente ao nosso apartamento e destranquei a porta. — Acho que antes de encontrá-la, senti uma sensação estranha, igual ontem quando a gente estava no mercado.
— Sensação estranha? — Ele passou pro lado de dentro e ficou parado no corredor que ia até a sala. — Você diz…
— Me sentir observada. Sabe, a sensação de cutucada atrás da cabeça, como se tivessem olhando pra ti?
O moleque franziu as sobrancelhas e me encarou, depois dessa reação, ele só seguiu até o outro cômodo e se jogou no sofá. Não sei o motivo da cara de cu de quem não entendeu o que falei, pois pareceu completamente normal o sentimento que descrevi. Sou só eu que sou maluca desse jeito?
— Uf… Tanto faz. — Coloquei a bolsa da guitarra na poltrona ao lado e fui pra cozinha. — O ponto que quero chegar é que aquela mulher devia estar nos observando já tinha um tempo.
— Pera aí, cê tá me dizendo que ela viu eu me transformando no mercado e acabou descobrindo?
— Exatamente. Por isso eu falei pra você tomar cuidado, cacete. — Voltei para a sala após pegar uma caneca com água e dei um tapa por cima de sua cabeça. Seus chifres e suas orelhas automaticamente apareceram.
— Ai! Não precisava bater em mim!
— Precisava. Nem sei o que aquela infeliz quer, mas tenho quase certeza que se ela descobrir algo, vai fazer um inferno na tua vida. Não só na sua, mas na minha também, já que tenho envolvimento contigo.
Minha vontade era de dizer o quanto odiava minha vida, mas isso só acrescentaria uma pessoa a mais na contagem das inúmeras que detesto. Primeiro, um demônio vivendo debaixo do meu teto, agora uma mulher que provavelmente quer encher nosso saco.
Apesar das minhas falas indicarem certeza, nada é certo de fato. Pensar nisso vai tirar meu sossego amanhã. No fim das contas, é inútil se martirizar.
Liel não vai ter noção do perigo enquanto alguém não ensinar ele; e, infelizmente, essa é minha função, mas é cansativo pra cacete. Fico com receio de algo acontecer, fico com pressa dele aprender, mas isso não vai levar a lugar algum. Vai só me desgastar até que eu me torne inútil e incapaz de me mover pelo cansaço.
Respirei fundo após a conversa. Sem muita enrolação, falei pro demônio que ia descansar, pois tudo que aconteceu hoje me deixou exausta. Ele levou numa boa e nem se importou comigo. Dormir sete e meia da noite? Me surpreende ele não reparar nesses detalhes.
Quando passei pela porta e fui pro quarto, apenas tirei o tênis e a meia e me joguei na cama. Não banhei, nem escovei os dentes e muito menos troquei de roupa. Toda a minha bateria restante foi pro caralho só no ato de deitar e, depois disso, apaguei completamente.
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No outro dia, a rotina pela manhã foi a mesma. Acordei, Liel já tinha ido pra faculdade, fui tomar um banho… Ok, ficar repetindo a mesma merda deve ser um saco.
O ponto é que foi outro dia normal, como qualquer outro. No horário do almoço, encontrei o garoto no refeitório e batemos um papo sobre o ocorrido de ontem. Ele continuou levando tudo numa boa, até mesmo o surto que dei na sorveteria. Pensei que ele fosse chorar ao se lembrar, mas isso não aconteceu. Era como se toda merda que eu fizesse só passasse despercebida, sem consequências.
A questão é que esse tipo de situação não aconteceu só no refeitório. Quando fui pra minha sala às 14:00, me sentei perto da janela como costumo fazer toda tarde, onde tinha visão do cômodo inteiro, inclusive da porta. Antes do professor chegar, vi diversos alunos da minha turma que já conhecia passarem pela entrada, sentarem em suas cadeiras e conversarem antes da aula. Nada fora do comum. Tudo na normalidade.
Só que, depois que quase todo mundo chegou, notei uma presença familiar de novo. No reflexo olhei pra porta e, ao longe, vi uma moça de cabelos loiros.
Jurei que era a aluna da sala ao lado. A bichinha tinha acabado de chegar no campus como caloura e era mais perdida que cego em tiroteio. Sempre verificava o número das salas, o número do prédio e do setor. Essa pessoa que estava do lado de fora fez a mesma coisa, mas ao invés de seguir para o outro lado…
Ela entrou onde eu estava.
“Mas nem fodendo”, foi a única coisa que saiu da minha boca. Depois de passar pela porta, suas mechas roxas ficaram aparentes, bem como seus piercings. Enquanto percorria toda a sala, ela ia falando com todos os alunos, como se já fossem conhecidos ou até amigos de longa data. Cumprimentou todo mundo, veio para perto do fundão, onde eu estava, e, após colocar sua bolsa em cima da mesa, ela se sentou, me encarando nos olhos com um sorriso.
Era a loira. A mesma loira que encontrei na noite anterior, agora, dentro da minha sala.
— E aí, Marcy? — Se acomodou na cadeira. — Quanto tempo que não te vejo.
Seus olhos fechados enquanto seus lábios ficavam curvados pra cima deixavam bem explícito que ela estava tirando uma com minha cara. Quanto tempo não me vê? Conta outra.
— É, eu acho…? — respondi com nervosismo na voz, pois sinceramente, não sabia o que diabos significava isso.
— Agora que me lembro, ainda não me apresentei, né?
Ela abriu os olhos e jogou seu cabelo para o lado, ainda mantendo o seu sorriso. Sua íris roxa dava a impressão de ser alguém misteriosa, mas agora, o único mistério que rodeava minha mente era como ela se infiltrou tão facilmente na minha sala.
— Me chamo Trizz. Trizz Devereaux. — Ela estendeu a mão. — Prazer em te conhecer, Marcy Rosenheim.
— Prazer? — Não retribui o gesto. — Espera aí, como você sabe meu nome?
— Ah, seus amigos que me contaram quando cheguei aqui. Eles parecem gostar muito de você como veterana da turma.
— É, meus amigos… Que gentil da parte deles, não é?
Acho que, em muito tempo, foi a primeira vez que fui tão cínica com alguém. Com certeza ela sabe o quão desagradável é ter ela por perto e deve estar se comportando de acordo. Não sei quem é pior: ela por vir me importunar e ficar agindo igual uma vagabunda, ou eu por só deixar que isso aconteça e me comportar de acordo.
Não é como se tivesse muitas opções do que fazer contra isso. Poderia ignorá-la, mas acho que nem eu aguentaria isso por muito tempo. Felizmente, depois que o professor passou pela porta, ela parou de falar comigo e começou a prestar atenção na aula. Fiquei no meu canto e aproveitei essa paz. Passei a aula inteira planejando como ia despistar a Trizz assim que saísse.
E assim o fiz. Quando deu quatro horas da tarde no relógio da sala, saí de lá o mais rápido possível. Meu objetivo não era só despistá-la pra parar de encher o meu saco, mas também porque logo após essa aula, havia marcado de me encontrar com o Liel para sairmos outra vez e termos mais ideias para a música.
E isso funcionou, digo, por um bom tempo. Aproveitei que o campus era bem grande e dava pra confundir seu senso de direção me misturando em meio às multidões de alunos que passavam. Para ir do vigésimo setor, quase um dos últimos da faculdade, até o primeiro, o que ficava mais perto do portão, eu não precisava seguir na sequência decrescente — percorrendo, por exemplo, o setor 19, depois o 18, e assim por diante. Um aluno, se conhecesse todas as passagens e “becos” da universidade, poderia ir da última sessão de cursos desse lugar para a décima em um piscar de olhos.
Bastava correr um pouco. Daria uma canseira? Com certeza. Mas seria bem menos pior do que ir de um em um.
Já tinha ido bem longe a essa altura do campeonato. Sem pegar nenhum dos carrinhos que a universidade oferecia, consegui chegar no segundo setor. Olhei em volta para ver se via ela, mas a única coisa que dava para ver eram muitos alunos. Tipo, muitos mesmos.
Nesse pequeno espaço de tempo, vislumbrei algo bem na minha frente. Alguns dos estudantes que andavam pelos corredores na minha direção começaram a desviar caminho, abrindo um pequeno espaço. Conforme faziam essa abertura, a presença de Trizz, que nem pensei que iria sentir de novo, apareceu.
Diante dos meus olhos, em meio a diversos alunos, a encontrei. Diferente de outras vezes que senti a presença pesada do Liel quando ele perdia o controle, essa foi a primeira vez que algo, na minha visão, foi mais ameaçador do que aquilo.
Seus olhos roxos, que antes só achei que eram algo que dava mais ênfase na sua personalidade de cobra, agora observavam o fundo da minha alma. Cruzei com seu olhar somente por um instantes, mas foi o suficiente pra quase sentir a força das minhas pernas ir embora.
— Ei, deixa eu te perguntar uma coisa… — Segurei minhas pernas para não cair e fiquei com a respiração pesada, ofegante. O contato visual começou a se tornar algo complicado. — Você, por acaso… tem alguma fixação por mim pra ter me seguido até agora?
Ela não me deu nenhuma resposta; ao invés disso, inclinou o rosto e fechou os olhos, sorrindo mais uma vez. Isso me fez ter inúmeros arrepios na espinha.
Não sei o que é você, mas sinceramente, isso não importa nenhum pouco. A única coisa que tenho certeza é que você não é nada que se cheire. Não posso te deixar chegar perto do Liel.
— O que você quer tanto comigo? Primeiro você me encontra na sorveteria e age igual uma estranha; agora, você aparece do nada e simplesmente… começa a me seguir igual uma stalker. Qual é a sua, Trizz?
Comecei a sentir que meus ouvidos estavam parando de funcionar conforme eu falava, por conta disso, muito provavelmente eu gritei ao fazer a pergunta. Por alguma razão, as pessoas que passavam em volta não se importaram com nada. Nem com minha feição cansada, muito menos com a loira.
Era como se não estivessem vendo o que eu estou vendo. Tudo parecia estar ao seu favor. Se eu tivesse uma parada respiratória pelo peso de estar perto do desconhecido, com certeza ninguém viria ao meu resgate.
— Senhorita Marcy, vim até aqui pois tenho algumas perguntas pra você. Só quero que me acompanhe. Nada demais.
— Acompanhar você? Nem fodendo.
Não consegui me conter com a maneira cafona dela de me convidar. Minha única reação, sem muitas forças restantes, foi rir. Nossa, foi a risada mais sem fôlego da minha vida, mas como foi engraçado.
Após a minha gargalhada depressiva, de repente, a cara da Trizz não tinha mais aquele mesmo sorriso. Em meio à diversas pessoas que passavam perto da gente, saindo de suas turmas, uma sensação de sufocamento tomou conta. Minha respiração ficou mais escassa ainda, como se estivessem apertando minha garganta. Quando me dei conta, o rosto dela estava próximo do meu. Não somente isso, havia algo… estranho.
— Espera, você é…?
Para confirmar a dúvida que tive quando senti sua presença familiar, ela ajeitou o cabelo, o jogando para trás. Ao fazer isso, ainda um pouco escondido pelo seu couro cabeludo, notei algo que me fez entrar em choque. Não somente um, mas um par grande deles: chifres vermelhos. Além disso, na parte de cima de suas costas, algo escuro apareceu. Parecia uma sombra, mas ela logo tomou uma forma física de um par de asas negras, iguais a de um anjo, mas um pouco menores e condizentes com seu tamanho.
De todas as possibilidades, essa era a que eu tinha menos certeza. Podia ser qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, mas ao invés disso, assim como naquela manhã de sábado na frente da porta do meu apartamento, de novo trouxeram outro alguém do tal inferno.
Dessa vez, não um tão bonzinho…
Ela é um demônio. Com certeza, um dos piores.