O Condenado Brasileira

Autor(a): Guilherme F. C.


volume 1

Capítulo 1: Ponto Final

O reino mágico de Aurora se faz muito conhecido por todo o continente devido à sua vasta abundância em minerais que são exportados continuamente para diferentes impérios e reinos para a criação de itens mágicos, armas e outras coisas.

A capital de Aurora, Selene, além de ser considerada uma das cidades mais prósperas de todo o reino, também é conhecida pelo mercado abundante que está sempre recebendo artigos de luxo produzidos no exterior e que são o desejo da mais alta classe.

Se entrasse na capital pelo distrito comercial, você se depararia com um mercado repleto de itens deslumbrantes aos olhos e de poder considerável. Nesta área seria possível encontrar diversos equipamentos mágicos, armaduras sofisticadas, entre muitas outras coisas.

Mas as únicas pessoas que frequentam essa parte do distrito são os cavaleiros, comerciantes e nobres. O motivo para isso é muito simples: os artefatos ali encontrados são caros demais para os cidadãos comuns.

Contudo, alguém acostumado às entranhas sorrateiras de Selene saberia que não muito longe dali ficava uma área com mercadorias de qualidade duvidosa, mas com preços acessíveis.

Este lugar, popularmente conhecido como Mercado Menor, é frequentado em especial por pessoas que possuem uma renda muito baixa.

Portanto, é comum ver os cidadãos que frequentam aquela parte da cidade em trapos velhos e cobertos pela sujeira do trabalho árduo.

No entanto, numa tarde de terça-feira, um indivíduo que não combinava em nada com as vielas imundas e o linguajar ofensivo cuspido aos montes pôde ser visto conversando em um beco junto a um homem nada insuspeito, vale ressaltar.

Em uma parte mais afastada do Mercado Menor se encontrava uma mulher de relativa aparência jovial, do tipo encontrada em alguém que entrou na fase adulta faz poucos anos. Sua postura era rígida, mas possuía feições belas e delicadas.

Ela vestia um casaco azul-celeste com abotoaduras douradas e uma calça larga de branco puro, para permitir se movimentar com mais facilidade. Seus pés se mostravam cobertos por botas feitas do couro de algum animal e na cabeça, presa em uma mecha de seu cabelo roxo, achava-se uma presilha dourada em forma de grifo.

Eliza, de vinte e três anos, estava conversando com um homem vestindo um manto roxo, quase preto, que cobria todo o corpo, incluindo o rosto que se encontrava oculto por um pesado capuz.

As pessoas que passavam por ali e viam aquela reunião suspeita logo supuseram que a mulher era, sem dúvida alguma, uma aristocrata contratando alguém para fazer algum “trabalho sujo”. Esse tipo de coisa não era incomum.

No entanto, os dois estavam entretidos demais em sua conversa para reparar nos curiosos ao redor...

― Você tem certeza? ― questionou ela.

― Eu não posso dizer com certeza absoluta, mas as características e a idade combinam.

Olhando mais de perto para o homem era possível notar um broche dourado no formato de um grifo saltando de uma abertura do manto.

― O que devemos fazer? ― perguntou o sujeito em um tom ansioso.

― Nós esperamos muito tempo por essa chance, não podemos correr o risco de perdê-lo de novo. Eu vou pessoalmente verificar a informação.

― E se for ele, o que irá fazer?

― Decidirei quando chegar a hora ― disse Eliza, incerta das próprias ações.

― Entendo... nesse caso, irei retornar para Cerúleo.

O homem começou a se afastar, mas de repente parou, dando a impressão de que uma lembrança tinha despertado em sua mente.

― Tome cuidado. Pode ser perigoso se aproximar de maneira imprudente. Não sabemos quem pode estar vigiando. E se algo acontecer a você, o papai irá ficar furioso.

Após dizer essas palavras, ele desapareceu nas sombras que rodeavam o beco do Mercado Menor.

Logo depois do discreto ― mas nem tanto assim ― individuo ser engolido pela escuridão, a mulher detentora de um longo cabelo roxo se virou na direção contrária e caminhou rumo à movimentada rua do Mercado Maior.

Embora sua postura continuasse firme, o andar acelerado indicava certo nervosismo por sua parte. Sem se importar com os olhares dos curiosos que torciam a cabeça para espiá-la, ela deixou os becos e vielas apertadas e se atirou sem medo ou reservas às ruas agitadas da capital.

Quando chegou à principal avenida do distrito comercial, um homem vestido de mordomo logo se dispôs a vir em sua direção carregando um exuberante sorriso, acolhedor e singelo em sua concepção.

― Como foi o encontro? A senhorita encontrou quem procurava? ― O mordomo perguntou de forma cortês enquanto olhava para a mulher com um olhar cheio de segundas intenções, denunciando uma sutil, porém perceptível mudança em sua expressão.

Mas não me entendam errado, suas segundas intenções nada tinham a ver com a beleza da outra parte. Era algo sombrio e fúnebre, um agouro macabro, traiçoeiro.

O mordomo tinha uma aparência jovial, a qual tornava impossível dizer ao certo sua idade. Ele possuía um rosto que decerto chamava a atenção, bem delineado nos contornos e moldado a imagem de um sedutor. Seu cabelo era de um preto profundo e em sua face um sorriso discreto, mas travesso, podia ser visto.

― Ainda não, mas encontrei pistas promissoras. Kay, prepare a carruagem! Partiremos amanhã de manhã.

― Como desejar, Srta. Eliza. E para onde iremos? ― perguntou Kay.

― Para o Vilarejo Ponto Final ― informou ela, exprimindo um olhar intenso.

...

Era uma típica tarde de sábado no vilarejo Ponto Final. O crepúsculo já podia ser visto nas montanhas do oeste, quando dezenas de carruagens luxuosas começaram a ser estacionadas ao redor da pacata aldeia.

Todos que chegavam ali se dirigiam para um mesmo lugar, uma minúscula cabana localizada no final de uma estradinha de pedras irregulares.

As pessoas conversavam animadas à medida que caminhavam de encontro a um mísero casebre. Um clima festivo pairava no ar. Ao que parece, um grande evento estava para começar.

Mas como em toda boa festa, sempre tem aqueles que se atrasam...

Não muito longe do vilarejo, uma bela carruagem púrpura com entalhes de ouro podia ser vista levantando poeira enquanto corria para chegar a tempo do grande evento.

Um homem vestindo uma espécie de armadura simples, feita de couro, balançava as rédeas num ato frenético, impulsionando os cavalos para frente.

Dentro da carruagem se encontrava uma mulher com um chamativo cabelo roxo e um homem vestido de mordomo.

― Estamos muito atrasados. Se não fosse por aqueles malditos, teríamos chegado na hora! ― praguejou Eliza, irritada. Em seu pescoço, uma veia pulsava enraivecida.

― É normal encontrar ladrões naquela parte da estrada... pergunto-me se ainda estão vivos... ― comentou Kay deixando um sorriso travesso percorrer seu rosto.

― Estamos bem próximos. Já posso ver as luzes das Claritas daqui ― disse Eliza, reparando em um brilho amarelado que cortava entre as árvores.

― Talvez seja melhor pararmos por aqui. Não queremos chamar atenções indesejadas ― sugeriu Kay.

E assim eles fizeram. A carruagem parou antes de adentrar em Ponto Final. O cocheiro de armadura guiou os cavalos para fora da estrada, até uma parte mais aberta do bosque, o qual cercava toda a região.

― Kacio, espere por nós aqui. Voltaremos o mais breve possível ― disse Eliza ao cocheiro, antes de, acompanhada por Kay, partir rumo ao vilarejo.

Ao contrário de momentos atrás, Ponto Final estava quieta. Somente alguns homens usando pesadas armaduras podiam ser encontrados circulando o local. Tratavam-se de soldados encarregados de guardar e proteger o lugar de possíveis invasões de monstros e, claro, ladrões.

Entretanto, até alguém sem nenhum conhecimento no assunto notaria que eles estavam bem equipados demais para proteger um miserável vilarejo, afastado de tudo e de todos. Na verdade, o comum mesmo era nem ter guardas em um lugar tão remoto quanto este. Tal luxo era reservado para as grandes cidades, alvos de ataques e centros de desordem pública.

Mas o que os de fora não sabiam era que aquela aldeia era um lugar exclusivo para pessoas de extrema importância para o reino, como nobres ou comerciantes ricos. Por isso, ter uma segurança fortificada não passava de uma reação natural.

Quando Eliza e Kay se aproximaram, um dos soldados que guardavam o local correu de encontro aos dois, fazendo ecoar o timbre metálico da inflexível armadura que vestia.

O sujeito armado apertou forte a espada que pendia em sua cintura e lançou um olhar assassino contra os estranhos antes de perguntar:

― Quem são vocês e o que querem aqui?

O guarda, em prontidão, apertou ainda mais o punho de sua espada à medida que esboçava um semblante enrijecido, demonstrando estar disposto a atacar se fosse necessário.

Mantendo uma calma notável, Eliza fez um gesto para o mordomo que tirou um envelope lacrado em cera vermelha e o entregou.

― Aqui está ― disse ela, exprimindo uma voz áspera enquanto passava o sobrescrito para o soldado.

O guarda arrancou o selo num gesto grosseiro e leu o conteúdo da carta:

“Eliza Griffon: Autorização especial para participar do evento; Batalha Dos Condenados.”

Ao terminar de ler a breve introdução, seu rosto adquiriu um tom pálido e no mesmo instante aprumou a postura, largou a espada, estufou o peito e ergueu a cabeça, assumindo uma sútil continência.

― Perdoe-me pela grosseria, Srta. Griffon ― grunhiu ele. Gotas de suor brotaram de seu rosto, expressando todo o arrependimento e temor pelas possíveis consequências da grosseria apresentada um instante atrás.

 ― Posso ir agora? ― inquiriu Eliza sem se importar com as desculpas.

― Decerto! A entrada do evento fica no final da vila. Divirta-se!

Após receberem a autorização para seguir em frente, Eliza e Kay não perderam tempo e foram logo adentrando em Ponto Final.

A despeito da inquietante sensação que fervilhava em seu peito, a bela, mas de sugestão intimidadora, Srta. Griffon atravessou a única rua de tamanho confortável a passos lentos, lançando olhares curiosos ao redor, intrigada com o pequeno número de casas que podiam ser vistas.

― Estranho, não ouço vozes de crianças e nem vejo mulheres ― comentou ela, estudando o interior claro de uma choupana através de uma janela quebrada.

― Bem, isso é natural, já que essa vila inteira é uma fachada. ― respondeu Kay. ― As únicas pessoas que costumam ficar aqui são os guardas.

― Entendo... ― Uma expressão de desgosto formou-se no rosto de Eliza. Mesmo desconhecendo os detalhes do lugar, os rumores desagradáveis envolvendo o Coliseu eram conhecidos entre toda aristocracia.

―  Venha! É por aqui. ―  Por outro lado, Kay parecia possuir alguma familiaridade, pois sem pensar duas vezes apontou para um mísero casebre no final do vilarejo que estava sendo guardado por outro soldado.

 


Nota do Autor

Olá a todos!

Como esse é um novo projeto que está sendo iníciado aqui na Novel Mania e meu também, achei que nada mais justo do que começar me apresentando.

Para quem não me conhece e nem a minha outra história que também é publicada pela NM, eu sou o Guilherme F. C., Gui para os intimos e Guigui para quem quer me fazer passar vergonha. E para quem está chegando por causa de Um Alquimista Preguiçoso, meus mais sinceros agradecimentos pelo apoio.

Embora O Condenado esteja estreiando, saibam que já tenho uma Página no Facebook e um perfil no Instagram, ambos chamados de Libera o Conto, onde posto assuntos relacionados a obra, como lançamentos, curiosidades, novidades e combos.

Então, se alguém quiser entrar em contato comigo ou ficar mais envolvidos nesse universo que está sendo desenvolvido, sigam-me por lá.

E aqui tenho uma coisa importante para falar. No último capítulo de Um Alquimista Preguiçoso falei que lançaria um combo de 4-5 capítulos lá e 5 capítulos extras aqui também caso a Página no Facebook pegasse 150 seguidores e/ou o Instagram chegasse a 100 seguidores.

Então, se quiserem conhecer uma boa parte da história logo no começo, considerem dar esse apoio, seguindo, anunciando e compartilhando a notícia com os amigos.

Facebook

Instagram

No mais, eu gostaria de deixar os meus sinceros agradecimentos por terem se aventura no início desta jornada e desejar que se divirtam nesta fantástica aventura que está para começar. 



Comentários