A1 – Vol.2
Capítulo 34: Aos raros, mas preciosos finais felizes
Já era noite quando eles viram algumas luzes no horizonte, tinham finalmente chegado à Hvalvík após horas de caminhada. Até Magda soltou um pequeno sorriso de alívio, não aguentava mais andar naquele frio. E graças ao calor emitido por Yohane, a situação deles ainda fora bem controlada.
— Vamos — disse a mulher com cicatriz no rosto. — A loja do Bjorn ainda deve estar aberta, e não queremos ficar aqui caso uma nevasca comece.
Todos apressaram o passo e a seguiram, ansiosos para sair da neve. Claro, a ruiva não estava com frio, mas não aguentava mais caminhar no meio daquele deserto gelado.
Chegaram à vila poucos minutos depois. Nenhum deles sabia para onde ir, mas Magda estava aliviada e seguiu em direção à um bar poucos metros à frente. Um estabelecimento simples, construído em madeira com um estilo padrão escandinavo. Suas cores vivas eram pouco iluminadas pelas luzes fracas da vila, mas ainda se podia ver a iluminação de dentro do bar, e Magda não hesitou em empurrar a porta e entrar, seguida de seus companheiros.
— Graças à Odin, um lugar quente! Não sabia se iria aguentar mais tempo lá fora — disse Hilda, tirando seu capuz.
— E se não fosse pelo isqueiro ambulante aqui — Adam apontou para Yohane com o polegar. —, a gente teria virado picolé nas primeiras duas horas.
— Que bom que eu servi para alguma coisa... — falou Yohane, indignada por ser reduzida à “fogueira do grupo”.
— Desculpe, já estamos fechados. — Uma voz grave e máscula disse em dinamarquês, vinda de dentro da cozinha.
Um homem alto, musculoso e com um longo cabelo e barba loiros, saiu da cozinha com um pano nas mãos. Adam e Yohane não tinha entendido uma palavra que foi dita, mas ele sorriu quando viu Magda.
— Magda! Você está de volta! — Novamente, algo dito em dinamarquês, mas que a caçadora pareceu entender perfeitamente, pois sorriu e foi cumprimentar o homem.
— Bjorn, há quanto tempo, meu amigo — respondeu no mesmo idioma e abraçou o homem, que retribuiu. — Como está a família?
— Está ótima! Você veio passar alguns dias? Eles vão adorar reencontrar você.
— Nós viemos apenas passar a noite. Aliás, esses são meus amigos americanos e...
— A Rainha Hilda! — Ele se ajoelhou imediatamente, reverenciando sua majestade. — O que posso fazer por minha Rainha? Sei que sou apenas um humilde camponês, mas irei fazer o possível para tornar sua estadia agradável.
— Primeiramente, se levante, meu filho. No momento sou apenas uma amiga de Magda, então peço que não me trate de forma especial.
— Certo, Majestade. E... vocês? — Quando olhou para Yohane e Adam, um certo desdém pôde ser visto em seus olhos.
— Err... Eu sou Adam, essa é a Yohane. Somos amigos da Magda, também...
Até Adam ficou sem jeito com o olhar do homem. Mesmo que ele fosse um pouco mais baixo, transmitia um ar imponente que era difícil de ignorar.
— Hã, curioso. Considerando o quanto Magda odeia a América, é de se admirar que tenha feito amigos de lá.
— Foi algo repentino, mas enfim. Bjorn, queria pedir um favor. Nosso carro quebrou enquanto estávamos vindo para cá. Andamos o dia todo, e amanhã ainda temos que partir para Tjornuvík. Será que poderíamos passar a noite na sua casa? Talvez tomara um banho? Estamos exaustos.
— Claro, Magda, tudo que precisar. Só gostaria que você me avisasse com antecedência sobre convidados... — Olhou de canto de olhou para Adam e Yohane. Os dois não estavam confortáveis com aquele homem.
— Ah, obrigado, amigo!
— Eu e minha família lhe devemos nossas vidas, Magda. Um abrigo não é nada comparada a minha dívida. Vamos, podem subir na caminhonete do outro lado da rua, vou apenas fechar a loja.
— Woof, woof! — Tera, que estava apenas com uma de suas caldas à mostra, latiu para Bjorn, sobre um balcão.
— Ah, e aí está minha raposinha favorita! Ainda não largou do pé da Magda, não é, Tera? Vem cá, vou te preparar aquele lámen de baleia que você tanto adora.
Tera latiu sorrindo e pulou no ombro de Bjorn, enquanto ele fechava a loja. O grupo atravessou a rua pacata e entrou na caminhonete, que estava coberta de neve. Magda foi na frente junto da raposinha, que saiu do colo do motorista para que ele pudesse dirigir. O restante foi nos bancos de trás. Hilda estava no meio, separando Yohane e Adam, e por isso, a ruiva notou algo que a deixou surpresa. As orelhas de Hilda não tinham sumido, estavam à mostra para todos verem.
— Hilda — perguntou no ouvido da Rainha, para que apenas ela pudesse ouvir. — Não tem problema se ele ver?
— Eu governo Faroe há séculos, Yohane. E meu povo sempre soube quem eu era. Eu apenas tento... manter esse segredo dentro dos limites da ilha.
— Como assim?
— Se alguém espalhar o segredo, ele e toda a família perdem a cabeça na guilhotina. — Bjorn respondeu, focado na estrada.
— Isso não é um pouco radical?
— Um preço pequeno pela paz, eu diria. Contanto que guardemos o segredo, nossa Rainha fará de tudo para manter nossa vida boa e pacífica.
A conversa ficou por isso mesmo, e Yohane tentou apenas aceitar que aquela era outra cultura. Poucos minutos depois, Bjorn virou à esquerda e entrou na estrada de uma propriedade com duas casas: Uma principal e outra, menor, mais ao fundo. Ele apertou um botão no quebra sol, fazendo o portão da garagem da casa principal se abrir, permitindo que estacionasse o carro. Todos desceram após o motor der desligado.
— Me sigam, por favor. Avisei Juliana que você viria junto com a Rainha, Magda. Ela achou que estava tirando sarro da cara dela.
— Bjorn, você continuar pregando peças nela junto com o Erik?
— Sim, mas a Frida sempre briga com a gente. Acho que fico brincando apenas para ver a maturidade de minha filha aflorando. Sinto um orgulho que não sei explicar.
— É, ela puxou a mãe. Já o Erik é quase uma versão menor de você.
Bjorn deu uma risada e os guiou até a sala de estar.
— Querida, chegamos.
— Eu sabia que você estava me zoando quando disse que a Magda estava vindo com... A RAINHA! — Uma mulher de cabelos pretos e olhos azuis saiu da cozinha falando dinamarquês, mas ela tinha um leve sotaque brasileiro. Quando viu Hilda, deu um pulo para trás. — Pelo amor de Deus, porque não me avisou, Bjorn?!
— Mas eu avisei! Você que achou que era brincadeira.
— Óbvio, você sempre está tentando tirar sarro da minha cara. Enfim, desculpe minha grosseria, minha Rainha. O que veio fazer nesses cantos da ilha?
— Estávamos indo resolver assuntos em Tjornuvik, mas nosso carro quebrou na estrada e decidimos passar a noite por aqui. E como Magda disse que tinha amigos na vila, cá estamos.
— Entendo... Enfim, será um prazer receber vossa majestade em nossa casa. Espero que se sinta acolhida.
— Não se esforce demais, minha filha. No momento, não sou nada além de uma amiga de Magda, espero que não me trate de forma especial.
— Ela disse a mesma coisa para mim. — Bjorn sorriu de modo travesso para sua esposa.
Adam soltou um pigarro. Ele e Yohane já estavam frustrados, sentindo-se como fantasmas que ninguém podia ver, e ainda mais sem nem entender sobre o que aquela conversa se tratava.
— Oh, imagino que vocês sejam os amigos estrangeiros da Magda. Me desculpe a grosseria, não é todo dia que a Rainha em pessoa visita sua casa. De todo modo, sou Juliana, esposa de Bjorn. Meus filhos, Erik e Frida, estão nos banheiros tomando banho, devem descer a qualquer momento.
— Eu sou Adam, essa aqui é a Yohane. Prazer em te conhecer, Juliana. E obrigado por nos deixar passar a noite — disse Adam, apertando a mão da mulher.
— Não é nada demais. Os amigos de Magda são nossos amigos. Apenas sinto que não teremos quarto para todos.
— Não esquenta, Juliana, nós podemos dormir na sala. Todos nós. — disse Magda, cerrando os olhos em direção à Hilda.
— C-claro. — Hilda sorriu sem jeito e engoliu seco.
— Que ótimo! Querido, pegue os colchões na garagem. Vou preparar lençóis limpos quando... — Interrompendo Juliana, duas vozes animadas desceram as escadas correndo. Os passos eram rápidos e fortes, e os gritos em dinamarquês fizeram Magda sorrir sem jeito.
— Tia Magda!
— Lá vem o ataque — murmurou Vernichter.
Um casal de crianças desceu as escadas e pularam nos braços de Magda, que se agachou assim que os viu. Os três se abraçaram e riram juntos. A menina tinha cabelos negros e olhos azuis como Juliana, já o garoto tinha cabelos longos loiros e olhos acinzentados como os de Bjorn.
— Erik. Frida. Como estão, meus catarrentos favoritos?
— Estamos bem! — disseram juntos.
— Papa, por que não avisou que a tia Magda ia vir? Teríamos tomado banho mais cedo! — falou Frida, emburrada e com as mãos na cintura.
— Chegamos na loja do seu pai de surpresa, Frida. Ele mal teve tempo de avisar, e sua mãe ainda achou que era pegadinha — comentou Magda.
— E quem são essas pessoas com você? Aquele menino é a sua cara, tia! — Erik exclamou, apontando para Adam. — Você tem um filho?!
— Magda, por que esse menino tá apontando pra mim? — perguntou Adam, apreensivo.
Magda deu uma risada.
— Ele disse que você é meu filho, já que se parece muito comigo — respondeu e voltou sua atenção para o pequeno. — Não, eles são apenas meus amigos. Esses são Adam, Yohane e Hilda.
— Essa Hilda parece familiar. Acho que já vi ela em algum livro... Ah, por que você fez isso, pirralha?!
Frida tinha dado uma cotovelada na costela do irmão.
— Ela é a Rainha, seu bocó — cochichou. — Err. Prazer em... comer vocês. Sou a Frida. Meu irmão, Erik. — Frida se forçou a falar o idioma dos convidados. Ela falou de um modo estranho e embaralhado, mas o seu esforço foi tão adorável que até o coração de Adam amoleceu.
— Awn... — Yohane se ajoelhou. — Prazer em conhecer vocês, também. — Ela afagou a cabeça dos dois e então, Juliana bateu as palmas, chamando a atenção de todos.
— Bom, como todos já se apresentaram, eu vou terminar de preparar o jantar. Adam, querido, pode ir com Bjorn trazer os colchões? Erik, Frida. Tragam lençóis limpos, por favor. — O pedido para as crianças foi feito em dinarmaquês.
Todos concordaram e começaram a fazer o que lhes fora pedido. As crianças subiram as escadas, em busca dos lençóis, enquanto Adam seguiu Bjorn até a garagem.
O silêncio entre os dois era constrangedor. A atitude brincalhona do homem tinha desaparecido e, naquele momento, Adam só queria voltar pra sua casa e dormir. Aquele tinha sido um dia inacreditável, digno de ser escrito em uma carta de “O que você fez nas férias” e sua professora dizer que você inventou tudo.
Quase morreu; se tornou um fugitivo internacional; descobriu que talvez seu pai tenha mentido sobre sua família a vida toda; conheceu uma deusa; viajou pelas raízes de uma árvore ancestral; sofreu um acidente de carro e, no final do dia, estava em uma garagem, junto de um homem com o dobro de sua massa muscular que parecia o odiar só por pensar que ele era americano.
— Ah, eu preciso beber — murmurou.
— Rá, como se vocês, americanos, soubessem beber de verdade. — O homem implicou, com uma voz irritadiça.
— Qual o seu problema comigo, cara? Eu te conheci há uns quarenta minutos e tenho certeza que não fiz nada pra você olhar pra mim como se eu fosse um criminoso de guerra.
— Tem sorte de ser amigo de Magda, garoto. Se estivesse sozinho. Eu nem teria deixado você e a ruivinha entrarem em minha loja. Já tive problemas com americanos, vocês se acham os donos da verdade. Os grandes astros do mundo. A arrogância de vocês me estressa.
Adam levantou a sobrancelha. Ele era alemão e, mesmo que tenha crescido na América, entendia bem esse desprezo que muitos estrangeiros sentiam pelos Estados Unidos. Mas estava curioso, sentia que Bjorn escondia mais do que falava, e decidiu seguir a conversa.
— Certeza que é só isso, Bjorn? Não tem mais nenhum motivo para esse seu rancor? Ah, e não tenha medo de esculachar a América na minha frente, eu sou alemão, na verdade.
Bjorn olhou desconfiado para o jovem. Por alguns segundos, ficou em silêncio, até que estalou a língua e caminhou até alguns objetos retangulares na parede, cobertos por lençóis velhos e surrados.
— Não existe outra razão, é exatamente por vocês se acharem melhores que todo o mundo que eu não gosto de vocês. Mas, talvez... eu tenha resumido demais...
— Olha, eu sou todo ouvidos. E parece que sua esposa ainda vai demorar um pouco pra terminar o jantar.
Adam sabia ser irritante quando queria, mas ninguém podia negar que ele era bom de lábia. Mesmo que Bjorn não fosse com sua cara, ele conseguiu iniciar uma conversa tranquila e fazer com que o homem se abrisse rapidamente.
— Hm... Quando eu era pequeno, tinha o sonho de conhecer a América. Nasci e cresci em Faroe, então ficava imaginando como seria a “Terra da Liberdade”. E eu acabei realizando esse sonho, consegui uma bolsa para estudar Gastronomia na Califórnia. E por quatro dias eu fui o jovem mais feliz desse mundo. — Ele puxou os lençóis surrados, revelando dois colchões de casal antigos. — Mas então, minhas aulas na Academia começaram e, com elas, meu pesadelo...
— O que houve? — Adam começou a ajudar, tirando o primeiro colchão e o levando até a porta.
— Todos lá me trataram mal, me chamando de nomes que eu nunca tinha ouvido fora da televisão. Talvez pra você isso possa soar idiota, mas para um garoto que cresceu em uma vila como a nossa, aquilo foi uma humilhação de um nível que eu nem imaginava que poderia vir de um ser humano. Passei um ano ouvindo calado tudo que diziam sobre mim e minha casa. Mas esse nem é o motivo de todo o meu rancor...
Bjorn tirou o arrastou o segundo colchão até a entrada e suspirou, olhando sua caminhonete, com neve derretendo nos para-brisas.
— E qual é, então? Por que, sem querer ofender, isso realmente não parece motivo. Todo mundo sofre nesse tipo de ambiente, é comum.
— É, tem razão. Mas o que eu não consigo esquecer é que, nesse meio tempo, meu pai adoeceu e eu não fiquei sabendo. Ele já era um senhor de idade, e quando eu finalmente descobri, peguei o primeiro avião de volta pra casa. Mas já era tarde... Quando cheguei, ele já havia falecido... Eu não pude passar os últimos dias com ele, não pude sequer me despedir. Enquanto eu era humilhado e jogava minha vida fora naquele país, meu pai morria sozinho. Perdão... não tem a ver com você. Acho que eu só... Eu só penso que se, talvez minha estadia tivesse rendido frutos, a dor seria menor. Mas, diferente dos filmes hollywoodianos, nem toda história tem um final feliz.
A melancolia no olhar daquele homem, aparentemente feito de pedra, tocou o coração de Adam. Sentiu empatia. Sabia como era perder alguém tão próximo e, mesmo que tivesse sido em circunstancias completamente diferentes, entendia o que o luto podia fazer com sua mente, decisões e atitudes.
— Finais felizes são raríssimos, Bjorn. Mas te garanto que eles existem. Sinto muito pelos seus estudos e seu pai, mas sua história não terminou lá. Quer dizer, você se casou e teve filhos que deve amar muito.
— Mais que tudo nesse mundo.
O alemão se sentiu constrangido por ouvir coisas tão pessoais de alguém que conheceu há menos de uma hora. Mas em um dia tão maluco como aquele, se permitiu aquele sentimento agridoce. Olhou ao seu redor por falta de palavras, até que avistou, além de alguns cachos ruivos que balançavam atrás da porta, uma bela garrafa de uísque Maker’s Mark, e teve uma ideia.
— Espera aqui, Bjorn.
Adam saiu correndo para cozinha, deixando o homem totalmente confuso. Mas na mesma velocidade que saiu, ele voltou, com dois pequenos copos nas mãos. Pediu permissão para pegar a garrafa, que foi concedida.
— Foi a única coisa que eu trouxe dessa viagem, além da Juliana. Mas também nunca me senti bem abrindo essa garrafa.
— Espera, como assim a Juliana?
— Eu a conheci na Califórnia. Ela tinha saído do Brasil pra estudar lá também. Nos apaixonamos na Academia, e quando disse que iria voltar para Faroe, ela decidiu vir comigo. — Ele sorriu sem jeito. — Você pode ter me achado estranho quando me conheceu, garoto. Mas minha esposa é completamente biruta.
Um sorriso genuíno se formou no rosto do alemão, e ele abriu a garrafa sem pensar duas vezes, servindo os copos.
— Então, meu amigo Bjorn, não importa as coisas ruins que essa viagem lhe rendeu, você ganhou uma família linda em troca. E eu invejo isso em você — essas últimas palavras foram ditas com um sorriso, mas Adam ainda escondia uma tristeza atrás do verde de seus olhos. Entregou um dos copos e fez menção de o levantar. — Um brinde aos raros, mas preciosos finais felizes!
Bjorn levantou a sobrancelha, ainda tentando processar que aquele jovem não estava brincando com sua cara. Quando percebeu que tudo era sério e um gesto genuíno, ele gargalhou e brindou junto do mais novo amigo.
— Essa foi a coisa mais brega que eu já ouvi. Mas você está certo, meu amigo. Aos finais felizes!
Os dois beberam juntos e riram, e Bjorn agradeceu a Adam por suas palavras antes de pegar um dos colchões e levar para a sala. Quando finalmente estava sozinho na garagem, olhou por cima do ombro para a porta e respirou fundo.
— Pode sair agora.
— Você sabia que eu estava aqui? — uma jovem de cachos ruivos saiu de trás da porta, constrangida.
— Eu vi seu cabelo, deveria considerar um corte curtinho se pretende se esconder de alguém. Tá aí há quanto tempo?
— Eu cheguei no “Qual seu problema comigo, cara?” — disse, tentando imitar Adam, deixando a voz grave.
— Você tem que parar de me perseguir, ruiva. Tá me sufocando.
— Rá, engraçado. Mas sabe o que eu acho hilário? Você ficar bancando o badboy pra cima de mim e torrar minha paciência diariamente, mas ser esse coração mole com todo mundo que passa pela sua vida. Bjorn tava certo, seu discurso foi a coisa mais brega que eu já ouvi. Mas... — O tom de deboche desapareceu da voz de Yohane, e ela se aproximou do alemão. — Eu gosto de coisas bregas... e o que você disse foi muito bonito.
— Eu me senti um idiota. Mal conheço o cara e já vim dar pitaco na vida dele. Ainda bem que deu certo.
Yohane sorriu.
— Você gosta de bancar o idiota, mas eu sei que você é uma pessoa boa, Adam. — Ela fez menção de pegar em sua mão, mas hesitou, apenas olhando nos olhos do parceiro. — Olha, eu sei que você tá atrás do Luxúria por causa de uma pessoa, e sei que ela é muito importante pra você. Não vou te forçar a me explicar tudo, mas fique sabendo que, mesmo que as vezes eu queira te queimar vivo, ainda tô aqui caso precise de uma... pessoa pra conversar.
Adam congelou. Naquele momento ele enxergou Yohane de outra forma, além da casca de criança que ele atribuía a ela. Ele a viu como ela realmente é, uma garota gentil e meiga... com belos olhos azuis.
— Ruiva, eu...
— O Jantar está servido!
Um grito dinamarquês foi ouvido da cozinha, fazendo os dois se afastarem quase de imediato.
— Err... Queria saber o que ela fala — comentou Yohane, com o rosto corado, enquanto tentava olhar para qualquer lugar que não fosse para o jovem ao seu lado. E, por incrível que pareça, Adam estava do mesmo modo.
— Não falo dinamarquês, mas acho que ela disse que tá na hora do rango.
— Como você sabe?
— “A hora do rango” é universal. Vamos logo, e me ajuda com esse colchão, vai.
Yohane e Adam levaram o ultimo colchão para a sala, onde Erik e Frida esperavam com lençóis limpos em mãos. Todos ajudaram a arrumar e, então, Juliana convidou todos para a mesa. Era uma mesa não muito grande, tinha apenas quatro lugares, então Bjorn buscou alguns bancos de madeira que deixava na sala de estar para que os convidados pudessem se sentar.
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