O Apocalipse de Yohane Brasileira

Autor(a): Henrique Ferreira


A1 – Vol.2

Capítulo 32: Mais respostas. Ainda mais perguntas.

Chegando na sala de armas, se encontraram em um grande espaço, do tamanho de todo o apartamento de Magda. Estava repleto de armas, a maioria, brancas. Lanças, espadas, adagas e escudos. Também haviam algumas varinhas e itens que remetiam a armas de fogo, mas muito mais tecnológicas e futuristas que as feitas por humanos.

— Os aguardarei em frente à porta. — O guarda os cumprimentou e se retirou.

— Nossa, nós somos tão confiáveis assim para nos deixarem na sala de armas sem nenhum vigia? — comentou Yohane, olhando o arsenal.

— Eles se garantem contra nós, é isso. Claro, ter chegado com a Magda ajudou... Estou curioso para saber qual a relação dela com a Princesa Astrid, ela ficou bem alterada quando a Rainha contou que a filha tinha sido sequestrada. — Adam pensava, enquanto encara vários pares de espadas.

— Aliás, Adam... Você realmente não reconheceu ela?

— Quem?

— Magda. Quer dizer, está óbvio que ela é sua irmã. Vocês são iguaizinhos.

— Não. Não temos certeza nenhuma disso, até então ela é apenas uma nefilim solitária. E, até onde eu sei, sou filho único. No pior dos casos, ela é bastarda... Quando tudo isso se resolver, vou ter que questionar meu pai pessoalmente.

O alemão ficou alterado. O assunto claramente tocava uma ferida que ele não querida expor, então Yohane se calou. Lembrou-se do pedido de Marko, sobre não comentar nada sobre Magda e Amélia com Adam. Ela nunca entendeu bem, mas queria acreditar que havia um bom motivo.

Começaram a escolher suas armas. Desde seu treinamento, Yohane evoluiu muito no pugilismo, então não tinha muito interesse em armas de nenhum tipo. Diferente de Adam, que observava todo o arsenal com cuidado.

Era difícil substituir suas antigas lâminas de esmeralda, já que foram suas primeiras armas, dadas como um presente por Maeve. O peso, a velocidade, o corte. Era tudo perfeito para o caçador. Encontrar algo que estivesse no mesmo nível delas seria uma tarefa complicada.

Até que viu duas espadas, também esverdeadas. Mas essas sendo mais escuras e com a empunhadura feita de metal. As lâminas tinham um desenho encrustado que lembravam raízes de uma árvore. Ele as pegou e as movimentou. O peso era ideal, mas ainda tinha que ver se seriam boas em combate. Foi, então, até alguns bonecos de madeira que estava na sala, com a intenção de conferir.

— Tudo bem...

Quatro cortes. Um segundo. O boneco perdeu os dois braços e depois, a cabeça e o torço. Adam sentiu-se cortando um bolo macio.

— Vão servir. Talvez com isso, o que houve na ponte não se repita — disse, despretensiosamente.

Yohane ouviu aquilo e olhou para Adam com uma expressão irada.

— Já falei pra você, eu tentei salvá-los! Não precisa ficar jogando na minha cara os meus fracassos, Hoffman!

— O que? Do que você tá falando... Ruiva!

A garota saiu pisando alto da sala, com os punhos cerrados. Achou que o alemão tinha feito referência ao fato de Pride não ter conseguido salvar os civis, mas a verdade é que aquilo nem passara pela cabeça de Adam. Ele a seguiu para tentar esclarecer as coisas, mas ela já havia voltado ao Salão.

— Ruiva, eu não...

— Isso... — Yohane ainda parecia irritada, mas estava focando sua atenção em outra coisa. — Eu já vi essa coisa antes, no início do treinamento.

Apontou para um grande pentagrama na parede. Um pentagrama com cinco símbolos distintos, cada um representando um elemento diferente.

— Ah sim, a Estrela da Criação. Então você a conhece? — perguntou Hilda.

— Sim. Foi uma das poucas ladainhas místicas que eu memorizei. Cinco elementos; fogo, água, terra, ar e o éter. Foram com eles que todo o universo foi criado.

— Está correta, srta. Pride. O deus Yahweh, junto de outras divindades primordiais, usaram o Éter para movimentar o ar, e isso gerou luz e calor, o que fez algumas matérias se tornarem líquidas e outras, sólidas. Tudo que existe hoje deriva, de alguma forma, destes cinco aspectos. Desde a bactéria mais insignificante até a magia mais poderosa.

— Magia! — Pride se lembrou. — Maeve me falou que um pouco desses elementos viraram pedras mágicas.

— É uma forma bem brusca de descrever... mas sim. Após milênios, partículas desses elementos se cristalizaram e se tornaram Pedras Elementais. É com elas que seres não mágicos, como grande parte da comunidade bruxa, usa magia.

— Então, elas realmente podem dar poderes as pessoas? Isso significa que esse meu poder pode ter vindo de uma Pedra do Fogo?! — A ruiva parecia ansiosa enquanto apontava para a gema rachada em seu anel. Sentia que finalmente tinha solucionado o mistério.

— Poder? Você possui alguma habilidade além das de um nefilim? — A Rainha estava intrigada.

Yohane levantou o ante braço e respirou fundo, cobrindo-o inteiramente por pequenas chamas alaranjadas.

— Por Odin... Querida, me dê sua mão.

A jovem apagou as chamas e estendeu sua mão para a rainha, que a pegou suavemente. Fechando os olhos, Hilda respirou fundo. Sua testa se franzia conforme os segundos se passavam. O clima ficava tenso.

Até que, de súbito, a elfo largou a mão da garota, se afastando alguns passos para trás.

— Hilda, você está bem? — perguntou Adam, preocupado.

— Não sinto tamanho poder desde Surtur destruir Asgard. Essa chama dentro de você, Yohane... posso lhe garantir que não tem relação alguma com as Pedras Elementais. A gema em seu dedo não seria capaz de energizar nada muito maior que uma varinha, principalmente quebrada. O seu poder é feroz e antigo. Mais antigo que meus deuses. O anel tem um selo mágico poderoso que não consigo identificar, recomendo você questionar a pessoa que lhe deu assim que possível. Talvez consiga respostas.

Mais antigo que os deuses nórdicos. Foi assim que Hilda, a Rainha dos elfos, descreveu o poder de Yohane. Um novo local, novas descobertas, e ainda mais perguntas para se fazer. De onde veio aquele poder? E por que escolheu a garota sardenta? Será que veio de seu pai, e ele era algo muito maior que apenas um querubim? Ou veio de outro lugar, ainda mais poderoso que os seres angelicais?

— Minha mãe deu ele pra mim. Ela disse que meu pai comprou para minha formatura, mas ele morreu antes de eu nascer...

— Sinto muito, querida. Prometo lhe ajudar com o que for possível assim que resgatarmos minha filha.

— Claro. Vamos trazer a princesa de volta. Qual o plano? — disse Adam.

— Bom, como disse, não posso enviar meu exército, eles precisam proteger o castelo caso algo aconteça. E como vocês quatro estão aqui, as habilidades nefilim e de uma deusa serão úteis. Nós cinco iremos de carro até Hvalvík — ela aponta no grande mapa da ilha desenhado na mesa de pedra. —, aqui. Então pegaremos um barco pequeno e iremos pelo rio até Tjornuvík, a cidade principal dos elfos negros. Adam, Tera e Yohane vão causar uma distração na cidade, enquanto Magda e eu procuramos por Astrid. Os conhecendo, ela deve estar nos andares subterrâneos do castelo.

— Isso tá me soando fácil demais — comentou o alemão.

— Por que será. Não se preocupe, eles devem querer algo em troca dela, então não devem machuca-la até entrarem em contato.

Adam ficou calado. Se questionava internamente, mas se recusava a argumentar. Algo parecia errado em toda aquela situação. Primeiro, se eles fossem entrar em contato, por que ainda não o fizeram? Afinal, já havia se passado três dias.

— Esse é o plano. Se preparem e me encontrem na garagem em dez minutos.

Assim, Hilda se retirou do Salão, deixando os quatro ali sozinhos. O alemão não estava convencido, a ruiva parecia estar perdida em seus pensamentos e Magda estava com preocupação estampada em seu rosto.

— Você não pode estar acreditando que esse plano vai dar certo, né? — ele falou com a Vernichter.

— Óbvio que não. A verdade é que talvez nem tenham sido os elfos negros que sequestraram Astrid, mas essa rixa milenar da Hilda com eles a deixa cega. Algo vai acontecer nessa nossa viagem até Tjornuvík, então se prepare para tudo. Vamos — respondeu, liderando o caminho até os carros.

Chegando lá, Hilda os esperavam ao lado de uma SUV preta. Yohane, que tentava não pensar nas palavras anteriores de Adam, se surpreendeu por ver um carro tão comum. Parecia, de certa forma, decepcionada.

— Achei que aqui vocês andariam em cavalos alados ou em cabras voadoras — disse a jovem.

— Mesmo que eu seja a rainha desse lugar, Faroe ainda é território humano. Não podemos simplesmente usar nossas bestas mágicas assim. Não que tenha sobrado alguma após o Ragnarök. Porém, eu posso garantir que o motor dessa máquina é mais potente do que qualquer coisa que vocês já viram fora daqui. Agora temos que ir. Magda, pode dirigir?

— Claro. Vamos logo, então.

Eles entraram no carro. Magda e Adam foram na frente, com ela no volante. O restante entrou no banco de trás e, então, a mulher de olhos esmeralda deu partida.

No caminho, Yohane ainda tinha algumas dúvidas, e decidiu conversar com Hilda.

— Então, Hilda... Você tem algum palpite do que pode ser meu poder?

— Receio que não, querida. A magia que senti dentro de você é poderosa, de fato, mas também é confusa e raivosa. E, como eu disse, parece ser muito antiga... Me diga, como os descobriu?

— Ela morreu. Seis meses atrás — falou Adam, olhando pela janela. — Mas, depois de alguns minutos, ela simplesmente voltou com esse poder.

Todos olharam para Yohane, chocados.

— Imagino que essa cicatriz na sua garganta tenha sido a causa da morte?

— Sim... — Yohane respondeu, passando a mão sobre sua cicatriz. — Estávamos atrás de um vampiro chamado Constantim, mas ele acabou me sequestrando. No final, eu não lembro muito bem o que houve. Apenas que eu acordei uma semana depois, no meu quarto. Foi o Adam que me explicou o que tinha acontecido.

— Um poder comparável ao de um deus... imortalidade... Não quero presumir nada, Yohane, mas, talvez, você esteja possuída.

— O que? Pelo que?!

— É só um palpite, mas de acordo com o que vocês me disseram e com o que senti dentro de você... É possível que você tenha sido possuída pelo espírito da Fênix.

— A Fênix? — disse Magda, que parecia surpresa. — Mas ela não renasce há séculos.

— Exatamente — continuou Hilda. — O que significa que, se ela voltou das cinzas e possuiu o corpo da Yohane após todo esse tempo... coisas terríveis estão prestes a acontecer.

Todos ficaram em silêncio com aquela declaração. Não bastasse toda a confusão que seu poder estava causando, Yohane ainda tinha que processar a possibilidade de estar servido de hospedeiro para um ser ancestral.

Mas, antes que pudessem falar algo, Adam viu uma silhueta pelo retrovisor. Um sedan preto, logo atrás deles. Estranhou aquilo, mas logo seu coração disparou quando viu uma figura encapuzada saindo pela janela e disparando uma energia esverdeada contra sua SUV. O carro capotou por cerca de vinte metros antes mesmo dele poder avisar Magda.

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