O Apocalipse de Yohane Brasileira

Autor(a): Henrique Ferreira


Volume 2 – Arco 2

Capítulo 29: Eu te conheço?

Quando Vernichter finalmente alcançou a ponte estava determinada a finalizar aquela batalha e matar a ruiva que a perseguiu. Faíscas verdes escampavam de sua conforme era arrastada pelo concreto.

Porém, antes de poder encontrar onde a ruiva sequer estava, ouviu o roncar de um motor de aproximar em suas costas. Quando se virou, um automóvel prateado se aproximava a toda velocidade, pronta para atropela-la. Ela saltou sobre o veículo, o deixando ir para a borda da ponte.

Porém, antes do veículo bater, um jovem de cabelos castanhos pulou do carro e rolou pelo chão, à alguns metros da inimiga. Ela o encarou e, quando olhou em suas pupilas esverdeadas, arregalou os olhos, que tremeram e ameaçaram chorar.

— Não... De novo não... De novo não!

Ela repetia gritando, angustiada. O alemão ficou confuso, mas sacou sua adaga mesmo assim. Era inconveniente não ter mais seu par de lâminas, já que uma fora quebrada na batalha com Albescu, mas ele tentava lidar.

— Seguinte, mesmo que eu saiba que não vai dar pra evitar, tenho que dizer! Eu não quero lutar com você, só quero conversar!

— Você sempre diz que quer conversar, recuperar o tempo perdido! Mas no final você é sempre um fantasma ou um transmorfo!

— Espera, como assim? Você já me viu? — Abaixou a guarda por um segundo.

— Eu sempre te vejo, Adam! E como você nunca é real, eu sempre te mato. E vou te matar de novo.

Em prantos, Vernichter avançou ferozmente sobre Hoffman, sem hesitação. Ele não queria lutar, tudo que queria era sanar suas dúvidas. Se Yohane não tivesse começado a perseguir, talvez nada daquilo tivesse acontecido.

A assassina usava sua corrente com maestria, e os movimentos eram similares aos de um chicote. Seu corpo se movia como que dançando, desferindo chutes e pontapés em Adam na medida em que ele tentava se defender dos golpes.

Tarefa que não era nada fácil, tendo vista que, além da grande diferença de força e agilidade dos dois, estava apenas com uma de suas adagas, já que a outra lâmina do par havia sido destruída por Constantim.

— Meu Deus, deixa ao menos eu respirar! Já disse que não quero lutar com você, então só me dá cinco minutos pra falar o que eu tenho a dizer!

— Cala a boca e morre!

Ela não o escutava. Estava determinada a tirar a vida do adversário, e seus ataques não demonstravam o menor nível de misericórdia.

Após alguns minutos, o caçador já se sentia cansado. Nem a luta contra Albescu havia sido tão exaustiva. Os golpes de Vernichter eram velozes demais, e ele não tinha tempo para contra-atacar, já que estava muito preocupado em se defender da força mortal daquelas correntes.

A mulher gritava, irada, pois seu inimigo permanecia de pé após todo aquele tempo de luta, coisa que não acontecia a muito tempo.

— Chega!

Ela segurou o cabo com as duas mãos e suas correntes se solidificaram, formando uma arma contundente. Adam teve que usar sua adaga como escudo para se defender do golpe que veio em seguida.

O impacto das duas armas se encontrando criou uma pequena onda de ar, que fez toda a poeira ao redor sair voando. No segundo seguinte, o caçador sentiu um golpe feroz em seu estômago, e foi lançado contra seu carro. Vernichter o chutou e se aproximava para dar o golpe final.

Derrotado, o alemão encarou sua lâmina, ou melhor, o que restara dela, já que após todos aqueles golpes recebidos, ela foi rachando e, no fim, sendo destruída, restando apenas sua empunhadura.

— O Adam de verdade está longe, está seguro. Não ouse se passar por ele, seu verme.

Com a arma contundente que se formou, a mulher se preparou para finalizar seu oponente.

— O que?

Até que ouviu o som de hélices se aproximando. Olhou para o céu e viu um helicóptero da Emissora T.I.C, com um cameraman filmando toda a bagunça que acontecia na ponte.

Com medo de sua identidade ser revelada após todos esses anos no encalço, deixou Adam ali e saltou do parapeito, desaparecendo no rio.



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