O Apocalipse de Yohane Brasileira

Autor(a): Henrique Ferreira


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 14: Das cinzas às cinzas

― Me diz, Constantim... ― O alemão disse, enquanto se levantava cambaleando. ― Quando vai ser o vilão bonzinho e me dizer seu plano maligno? Quer dizer... ― Cuspiu o sangue que estava em sua boca. ― Você sequestrou todas aquelas pessoas, deve ter algum motivo por trás, não é?

― Me perdoe por decepcioná-lo. Mas a verdade é que eu fiz aquilo por pura fome. Sabe, meu pai sempre foi fraco, ele se recusava a devorar humanos. “Só por que somos monstros, não significa que devemos agir como tal”, era o que ele dizia, mas...

― Ah não, você vai começar a contar a história da sua vida? Você me odeia tanto assim?! ― O alemão interrompeu o inimigo, limpando o sangue que escorria por seu nariz.

Albescu pela primeira vez parecia irritado. Adam tinha conseguido fazer o romeno perder as rédeas. Ele se impulsionou em um piscar de olhos na direção do caçador e lhe deu um golpe no abdome que o fez cuspir sangue. Pôde sentir algumas costelas sendo quebradas com o soco.

― Você fala demais. ― Com outro golpe, dessa vez usando as duas mãos, bateu nas costas do jovem, fazendo-o atingir o concreto do chão com força o suficiente para poder sentir mais duas ou três costelas racharem. ― A verdade é que não havia nenhum plano megalomaníaco por trás do que fiz, se é o que esperava. Eu só queria corresponder às expectativas de minha Senhorita e responder uma pergunta que me fazia desde pequeno, quando meu pai me proibia de provar sangue humano.

Adam levantou rapidamente e tentou perfurá-lo no peito, mas sua velocidade foi diminuída graças aos golpes recebidos, então não foi difícil para o Branco pegar seu braço e o quebrar violentamente, fazendo o alemão berrar com a dor.

― “Qual seria o gosto do sangue de uma centena de pessoas sugado de uma única vez?” ― Albescu concluiu e tirou uma seringa dupla do paletó. O liquido tinha um tom carmesim reluzente, com algumas bolhas que brilhavam em azul fluorescente. ― Ele me negou sangue humano por quase toda a minha vida, então acabei me colocando o objetivo de, quando eu fosse o líder, devorar todas essas pessoas de uma só vez. Devo agradecer ao Christian por isso. Graças a ele pude conseguir, inclusive, uma quantidade significativa de sangue nefilim.

― Então é isso... você sequestrou todas aquelas pessoas pra produzir o esteroide de vampiro? Aahh!

Constantim pisoteou o braço quebrado de Adam enquanto ele gritava com a dor insuportável.

― Sim ― continuou ― E, após ingerir isso, não será desafio nenhum seguir com o plano de minha Senhorita. Afinal, Gabriela não é a única que pode trapacear em uma batalha. — Encarou Díaz, que ainda estava lutando contra Claire. — Diga adeus a sua linda cidade, Adam Vernichter!

O romeno enfiou a seringa e inseriu o conteúdo em sua corrente sanguínea. Todas as veias do seu corpo saltaram sob a pele, brilhando em tons roxos e azuis. Algo ruim estava prestes a acontecer. Albescu grunhiu com dor, enquanto o som de ossos se partindo e se remontando era ouvido. Seu tamanho cresceu, ficando com quase três metros e sua pele se tornou mais escura, como que apodrecendo. Seus músculos também cresceram, se tornando mais rígidos. Aquilo era uma monstruosidade, não havia outra palavra para descrever.

— Eu sou o novo Alfa. E todos vocês morrerão perante mim! — Constantim ameaçou com uma voz assustadora e atacou Adam. Por sorte, o vampiro transformado não era tão rápido, então o alemão conseguiu se esquivar com facilidade, mesmo que com todos os ossos do corpo doendo.

— Puta que me pariu! Como caralhos eu vou parar esse arrombado, porra?! — O vocabulário de Adam se limitou à palavrões, estava desesperado e não sabia como iria vencer.

— Você não vai!

O vilão atacou de novo, dessa vez acertando o caçador, que pode sentir seu braço se partindo novamente. Todas as suas costelas deveriam estar apenas o estilhaço naquele momento.

— Gabriela! Uma ajudinha cairia bem!

Adam olhou para Gabi e Violet, que encaravam Abigail. Nos pés da pequena, algo muito estranho ocorria. O copo de Yohane estava soltando fumaça, se contorcendo como em uma convulsão. Todo a poça de sangue fresco abaixo da ruiva morta secou, sobrando apenas uma mancha escura. Fagulhas apareceram em seu corpo, queimando suas roupas. E então, o impensável ocorreu.

— Ruiva...?

Pride havia se levantado. O ferimento em seu pescoço estava cauterizando, restando apenas uma horrível cicatriz no local. Seus olhos brilhavam rubros e um sorriso enorme estampava seu rosto.

As fagulhas cresceram, se tornando chamas que cobriam todo o corpo da jovem. Ninguém naquele local acreditava no que estava vendo mas, por algum motivo, Constantim parecia feliz.

— Isso, exatamente assim! Sua jornada começa agora, Yohane. Ou devo dizer, seu reinado se inicia aqui, Princesa Nikeia!

Yohane gargalhou como uma vilã. Levantou o braço como quem segura uma bola de vôlei e uma esfera flamejante se formou sob sua palma. Jô gargalhou outra vez, enquanto lançava a bola de fogo em um Constantim realizado. Mesmo sendo queimado vivo, ele agradecia.

— Obrigado, Asmodeus, meu senhor. Essa é a maior honra de minha vida miserável. Eu agradeço pela oportunidade de ser o primeiro a sentir as Chamas Reais após o retorno da Princesa!

Como um fanático religioso, ele berrava para os quatro cantos do mundo, clamando pelo nome de Asmodeus, o Pecado da Luxúria. Adam ficou irado com o monstro e, aproveitando a distração, pegou sua adaga e avançou com toda sua fúria sobre o inimigo.

— Constantim! Já que conhece o escroto do Luxúria, manda um recadinho por mim quando estiver no Inferno!

Quando Albescu se virou, já era tarde. O alemão perfurou a jugular do vilão e fez um corte diagonal. Sangue jorrou, manchando os dois. Adam segurou a cabeça bamba do vampiro que morria.

— Fala pra ele se esconder no buraco mais escuro e sujo que existir lá embaixo. Pois eu vou procurar por ele em cada bueiro, em cada fossa desse mundo. E quando encontrá-lo, vou fazê-lo desejar nunca ter saído do colinho do diabo!

Adam puxou a adaga e se preparou para esfaquear o coração do inimigo, sem misericórdia. Mas um segundo antes da lâmina perfurar o peito, uma energia branca brilhante envolveu seu punho e o lançou para trás com força. Naquele momento, o silêncio reinava com o fim da batalha. Todos estavam no chão, mocinhos e vilões, sangue por toda a parte.

Apenas um ruído era ouvido, o som de passos leves e suaves. O barulho dos saltos altos de uma dama desfilando. Cada passo tinha sua elegância e mistério, e causava uma sensação estranha em todos ali. Não era medo, nem pavor, mas desconforto e enjoo. Como se borboletas fizessem festa em seus estômagos e lhe dessem vontade de vomitar.

— Ah, meu filho... Infelizmente seu destino era morrer agora, mesmo com ambições tão grandes.

Uma jovem mulher, trajada em um belíssimo vestido preto e com cabelos alvos como a neve, se agachou de forma elegante e acariciou o rosto queimado de Constantim. Sua expressão deixava clara a empatia que sentia.

— Carol?

A garota ruiva estava ali novamente, de pé. Mas não do mesmo modo que antes, voltara ao normal. Seu rosto se acalmou e seus olhos voltaram a ter a tonalidade azul de sempre. Porém, quando viu a mulher que estava ali, entrou em choque.

Mesmo que as roupas, cabelos e até o tom da pele fossem diferentes, Yohane reconheceria aquele rosto em qualquer lugar. Era o rosto de sua melhor amiga, Carolyn White. Ao menos, o rosto que fora dela.

— Yohane... vejo que está aprendendo rápido. Mas recomendo conseguir roupas mais resistentes, a não ser que queira ficar nua sempre que usar seu poder.

— O que...

Ela ainda estava confusa, e com razão. Há poucos minutos estava morta. Não entendia bem o que estava acontecendo, mas seu corpo estava exausto por causa da quantidade de energia liberada. A jovem cambaleou e caiu para trás, com nada cobrindo seu corpo além da jaqueta branca de sempre, que não sofreu nenhum dano com o fogo.

— Ela vai aprender a controlar...

— Carolyn...? — Violet disse, segurando o pulso cortado.

— Não cai nessa, detetive... — Adam também está sentindo muita dor, mas iria continuar lutando se precisasse. — É aquela coisa que nos atacou ano passado. Então você conseguiu mesmo escapar, né?

— Adam, Violet. Sinto que começamos com o pé esquerdo. — Ela apontou a palma da mão para o peito de Constantim, que virava cinzas lentamente. A energia branca de antes a envolveu e o coração do vampiro foi puxado rapidamente para a mão da mulher, fazendo um buraco no peito do morto. — Vocês estão certos, não sou a Carolyn. Apenas estou usando o corpo, que nasceu para me servir, de catalisador. Por enquanto... me chamem de Dawn.

Abigail não estava prestando atenção em nada, ela apenas abraçava a irmã, tentando fazê-la acordar. Mas o fato da jovem ter voltado a respirar acalmou a pequena.

Os outros, porém, estavam hesitantes. Mesmo que vissem Dawn como uma ameaça, não ousavam atacar. Talvez pela dor que atravessava todo o seus sistemas nervosos ou pelo arrepio que preenchia suas espinhas.

— Bom, já peguei o que queria, então vou me retirando. — Se levantou, segurando o coração flutuante acima da mão. — E Adam, cuide bem da Yohane.

Após isso, a mulher desapareceu em faíscas brancas, deixando para trás apenas o cheiro de tulipas clusianas molhadas.

O silêncio voltou a reinar. A adrenalina que percorria o corpo de Adam passou e ele caiu no chão, sentindo ainda mais dor que antes. Violet olhou para o corpo da prima ao lado e se perguntou como as coisas chegaram naquele ponto.

— Como... Como ela ainda tá viva? Eu a matei... Dez anos atrás... — Gabi se sentou no chão, finalmente com espaço para refletir sobre aquela situação.

— Eu não sei. Naquela noite, quando eu acordei, o corpo não estava mais lá. Passei a última década achando que você tinha sequestrado ela, roubado o corpo ou sei lá. — Violet estava com o rosto abaixado. Lembrando do passado, e adicionando todo conhecimento que tem hoje, sentiu vergonha.

— Eu devia ter conferido as cinzas. Ela deve ter acordado e fugido pela janela. Como eu sou burra... — Gabi se culpou.

As duas ficaram em silêncio. Uma década de rancor. Dez anos de arrependimento. Tudo por que não conseguiram ver a imagem completa, a razão uma da outra. Gabi pensou ter matado Claire para proteger Violet; Violet odiou Gabi por isso. Mas no final, uma única conversa de cabeça fria teria evitado todos esses anos amargos.

— Me perdoa, Gabriela... — Violet abraçou as pernas como uma criança, estava tão envergonhada que não conseguia olhar nos olhos da antiga amiga. — Eu não sabia... dos monstros. Achei que eu tinha enlouquecido, e me machucou tanto ver aquela cena. Às vezes eu tenho pesadelos com você enfiando uma estaca no peito dela, se não fosse o Roger pra me acalmar...

Gabi se perguntou quem era esse homem, mas então notou um item dourado no dedo anelar da loira. Ela devia ter se casado nesses últimos anos. Díaz riu de tristeza, enquanto algumas lágrimas escorriam.

— Você se casou...? Meu Deus, quanta coisa eu perdi? Desculpa, Violeta. Eu juro que tentei salvá-la, mas ela era muito forte. Se eu não fizesse algo rápido, ela iria te drenar, não podia deixar isso acontecer.

— Hoje eu entendo... Obrigado por me salvar. Vamos conversar muito depois, e descobrir o que houve com a Claire nesses anos. Mas antes, temos algo para resolver. — Violet colocou a mão no ombro da amiga e olhou para Yohane, caída no chão. Abigail estava abraçada nela, adormecida após se acalmar.

— Argh... O que diabos aconteceu com ela naquela hora? — Adam levantou seu torso com dificuldade e olhou para Jô, confuso.

— Ela pegou fogo e atacou o Constantim... Como isso é possível? Ela estava morta. — Gabriela se aproximou. — E como essa jaqueta sobreviveu quando todas as roupas dela foram queimadas?

— Essa parece ser a jaqueta da Carolyn. É a prova de fogo. — Violet falou como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. Adam e Gabi a encararam. — Eu disse pra não subestimarem a família White...

— E o que a gente faz agora?

— Argh... Gabi, bota um roupa na Yohane e leva as duas pra casa, a mãe delas deve tá tendo um surto. E detetive, não esquenta com a mão, tenho uns amigos que podem resolver isso. Mas agora, vamos ter que explodir esse lugar.

As duas olharam atônitas para o alemão, mas logo que ele explicou seu plano de encerramento, elas aceitaram.

Os poucos vivos que estavam na Academia foram retirados com muita dificuldade, os mortos foram deixados ali para poupar esforço e para colaborar com a ideia do jovem caçador. Julius estava entre as fatalidades. Hoffman sentiu a perda dele, pois foi seu mestre, junto de Maeve, durante o treinamento. Após tudo, usaram o gás do prédio para fazer uma explosão controlada e saíram dali.

Após frustrantes três meses de incansáveis investigações, posso dizer sem medo que o responsável pelos desaparecimentos foi interceptado e morto na explosão que houve no Brooklyn, uma semana atrás.

Gabi chegou com Yohane — em roupas novas — e Abigail, que acordara. Explicou que ela era amiga do Adam, e mentiu quando disse que estavam em uma festa quando a explosão ocorreu. Essa que virou notícia quase que imediatamente. Emília quase teve um infarto, mas agradeceu a Díaz.

Não foi fácil, pois nosso criminoso era astuto e violento. Estou sem uma das mãos para provar o que foi que passamos naquela noite.

Adam fez algumas ligações e encomendou alguns itens vindos de uma Academia na Itália. Ele pensou que Violet e Yohane precisariam daquilo, e que viria a calhar no futuro. Demoraria alguns meses para ficarem prontos, pois as especificações passadas pelo alemão foram um tanto quanto desafiadoras.

A operação feita por mim não tinha autorização do Capitão Roger, que, acreditem, mesmo sendo meu marido, não permitiria o cerco. Tanto que ele só veio ter ciência de tudo dois dias após o ocorrido. Por causa disso, eu fui com um pequeno grupo de pessoas confiáveis, arrisquei meu emprego e minha vida, em nome daqueles que foram sequestrados.

Yohane entrou em coma após a batalha. Ela estava totalmente bem mas, por alguma razão, não acordava. Os médicos não sabiam explicar, mas diziam para Emília e Abigail que tudo iria ficar bem. A explicação mais razoável, e que eles não poderiam encontrar, era que o corpo da ruiva ainda estivesse restaurando as energias gastas.

Infelizmente, é com pesar que informo que todas as 107 pessoas desaparecidas, foram mortas pelo assassino em série responsável por tudo isso. O nome dele era Constantim Albescu, antigo CEO das Empresas White, desaparecido há uma semana e que, em batalha com meu pessoal, acabou morto e soterrado nos escombros da explosão.

Naquela semana, Claire acordou e fugiu novamente. Mas, ao contrário de antes, Gabi e Violet fizeram as pazes e concordaram em procurar juntos pela jovem. Estavam determinadas a encerrar essa história de uma vez por todas.

E é pela minha falha em trazer essas vítimas de volta em segurança que eu pedi afastamento do Departamento de Polícia de Nova York. Meu dever era proteger essas pessoas, mas não consegui fazer meu trabalho. Então, até eu estar novamente pronta para voltar às ruas, quem assumirá meu lugar como detetive é meu querido amigo e antigo parceiro, Derick. Obrigado ao povo de Nova York pela confiança nesses dez anos.

Violet se retirou do palco e a câmera voltou para a repórter.

E é com esse pronunciamento que Violet Christine Parker se retira da Polícia de Nova York após dez anos de serviço como detetive. Todos nós agradecemos seu trabalho e lamentamos as perdas das famílias, mas é meu dever como jornalista perguntar: Violet Parker contou mesmo toda a verdade? Pois até hoje não tivemos um encerramento definitivo para os assassinatos de White Valley, incluindo a morte de Carolyn White, caso esse que a detetive Parker era responsável. Bom, vamos aguardar para ver o que irá acontecer a partir de hoje, e torcer para que o novo detetive Derick Grayson seja tão competente quanto sua antecessora. Eu sou Rochelle Williams, e você está no TIC.

— Argh, essa Rochelle é uma vadia barraqueira. — Adam desligou a televisão, irritado. Seu braço estava engessado e ele usava óculos de grau.

— Olha a boca, Adam. — Emília estava servindo a mesa do almoço.

— Desculpa, Emília. Mas essa mulher me tira do sério, sempre querendo causar discórdia. E vocês já notaram o que significa a sigla do canal dela? “Trust in Information Channel”. Tem algo mais forçado que isso?

— Você tá sendo chato — comentou Gabi. — Mas admito que ela fala muita coisa desnecessária pra criar rumores. O importante é que Violet estava ótima, e que nós duas fizemos as pazes.

Díaz estava radiante por ter recuperado a amiga. Todos eles estavam ali a convite de Emília, para almoçar. Ela se sentia meio sozinha com Yohane em coma, e ficar com os amigos da filha ajudava um pouco.

Alguém bateu na porta e Abigail deu um pulo de alegria. As batidas tinham um padrão curioso, parecia ser uma senha.

— Aisha! Aisha!

— Querida, cheguei!

Uma garotinha paquistanesa de dez anos disse isso em voz alta e com peito estufado, sendo abraçada pela ruivinha. Todos encararam boquiabertos, rindo da pequena. 

— Bom, crianças, o almoço já está servido...

— Honk!

— Oh, manhê!

Um grito veio do quarto de Yohane, e todos correram até lá para ver o que tinha acontecido. Quando chegaram, viram a ruiva desnorteada embaixo das cobertas, com um ganso branco sobre ela, gritando.

— Hank, sai de cima da irmã Jô! — Abigail pegou o ganso da cama.

Yohane levantou seu torso e viu todas aquelas pessoas ali, preocupadas, a encarando. Ela esfregou os olhos e perguntou:

— Quem é toda essa gente aqui?

— Eles estavam preocupados com você filha, você não acordou desde a explosão — disse Emília, acariciando a filha.

— Explosão? A última coisa que lembro é que...

— Emília, você pode ir com as meninas ver se a detetive tá chegando? Ela disse que ia vir aqui depois do pronunciamento na Times. — Adam queria falar a sós com Yohane, sobre o que realmente aconteceu naquela noite, mas não poderia com a família dela ali. E tinha medo que confusão da garota fizesse ela dizer algo comprometedor.

— Eu vou com vocês. Disse pra Leta que encontraria ela na frente do prédio. — Gabi entendeu a intenção de Adam e conseguiu convencer a mãe e crianças a saírem do cômodo, fechando a porta.

— Adam... você é muito cara de pau de querer ficar sozinho comigo no meu quarto. — Pride ainda estava zonza.

— Mas a gente ficou sozinho no meu apê semana passada, ruiva.

A provocação e o sorriso imaturo de Adam fizeram as bochechas de Jô se aquecerem e ficarem rubras. Envergonhada, ela escondeu o rosto no travesseiro.

— Idiota. O que houve? Eu não lembro de muita coisa, mas tive um sonho... com a Carol. Mas ela estava diferente, com cabelo branco. E meu Deus, seu braço! — Encarou o gesso.

— Sim, isso dói pacas. E não, não foi um sonho. Sua amiga apareceu naquela noite, logo depois que a batalha terminou. Mas não era ela... Era outra coisa.

— Espera, como é que é?

— Aquela coisa se chamava “Dawn”. — Uma loira entrou no quarto com cautela. Era Violet, que acabara de chegar. — Yohane, está na hora de te contar o que houve no ano passado, e o motivo para eu esconder a verdade.

A ruiva se sentou para ouvir. Esperou por muito tempo aquele momento. Estava prestes a descobrir o que realmente tinha acontecido com sua melhor amiga.



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