O Apocalipse de Yohane Brasileira

Autor(a): Henrique Ferreira


A1 – Vol.2

Capítulo 38: Sem misericórdia para traidores

Yohane e companhia saíram do castelo e começaram a caminhar pela vila. Era como viajar no tempo a uma era medieval. Havia barracas de frutas, de peixes e de mobílias por todos os lados. Algumas tendas também vendiam flores e perfumes, e todos os vendedores pareciam bem simpáticos e chamavam a atenção de todos que passavam.

— Nossa, ruiva, você é a mesma pessoa que há uma hora tava com medo de entrar na água? — disse Adam, sorrindo para Yohane com a testa franzida.

— Vai caçar o que fazer, Hoffman. — A ruiva deu uma cotovelada no alemão, dando risada.

— Mas sério, mandou bem. Convenceu o rei e ninguém teve que brigar. Não sabia que você conseguia falar tão bem com os outros.

— Desde pequena eu tenho a voz firme com essas questões. E depois que entrei no colégio, me tornei vice da Carol no grêmio estudantil. Nós duas éramos ótimas com o público… só que eu era o carrasco que dava as broncas, puxões de orelha…

— E socos se necessário. — O sorriso travesso no rosto do alemão deixava a ruiva um pouco irritada, porém, no fundo, adorava observá-lo.

— Nunca vai esquecer disso, né? — disse, envergonhada, e olhou para o outro lado.

— Pode apostar que não… Maçãs! — Adam esqueceu de tudo ao seu redor no momento em que viu uma barraquinha de frutas alguns metros à frente.

— Eu também quero — disse Magda friamente, acompanhando Adam.

— Não acredito que Astrid me traiu dessa maneira. — Hilda estava furiosa, pensando nas atitudes da filha, reveladas por Griec.

— Hilda, o que ela fez foi muito bonito — disse Yohane. — Arriscar a relação com a própria família em prol de algo maior… Por que você não consegue sentir um pouco de orgulho dela?

— Ela saia escondida toda noite, e eu sabia disso. Mas achei que ela saia para se encontrar com a Magda ou, não sei, ir a alguma festa. Nunca imaginei que ela estava se encontrando com um elfo negro e, ainda por cima, para me tirar do trono.

— Calma, não foi isso que o Griec disse. Você continuaria sendo Rainha, eles só ficariam responsáveis pelas decisões burocráticas. Óbvio que sua voz não vai deixar de ser ouvida dentro do reino, Hilda, o povo claramente te ama. Você realmente devia superar esse ódio, assim como o povo de Griec superou. Vem, vamos falar com os comerciantes, você tem que se acostumar a conviver com pessoas diferentes.

— Não, eu-

Yohane puxou a rainha pelo braço e foi até a tenda de frutas onde Adam e Magda tentavam negociar com o vendedor. Os dois estavam alterados, e o comerciante parecia ser um vigarista.

— Trezentas coroas só por cinco maçãs?! — Magda exclamou. — Isso dá mais de quarenta euros!

— Podem parecer caras, senhorita, mas minhas maçãs são da mais alta qualidade. E, claro, ainda estamos em uma vila pequena, não podemos vender pelo mesmo preço do continente — disse o vendedor, sorrindo de um jeito levemente irritante.

— Eu já ouvi falar do valor das maçãs élficas, mas esse preço tá obsceno!

— O que está acontecendo aqui? — a ruiva perguntou.

— Esse picareta quer cobrar mais de quarenta dólares por só cinco maçãs — respondeu Adam, irritado. — Com isso eu compro quase dez quilos em Manhattan.

— Mas eu garanto a vocês, não encontrarão maçãs como as minhas em nenhum outro lugar no mundo.

— Papo furado, é só maçã! — Adam exclamou.

Yohane olhou para Hilda, silenciosamente pedindo para ela se intrometer na discussão. A rainha revirou os olhos, mas tentou dar uma chance. Ela se aproximou e soltou um pigarro.

— Crianças, se quiserem, eu pago. E… — Hilda hesitava em falar como se as palavras machucassem sua garganta. — Ele está certo. As macieiras de Faroe ainda têm resquícios do nosso reino, não seria exagero dizer que o sabor delas é mágico.

— R-Rainha Hilda?! — A atitude do vendedor mudou completamente quando viu a rainha. Começou a gaguejar e suas mãos tremiam. — Q-Que surpresa agradável! Aceita alguma de nossas frutas? Por conta da casa, claro.

— O quê?! — Adam e Magda falaram ao mesmo tempo.

— Eu não…

A ruiva deu uma cotovelada na rainha. A garota não tinha culhões, sendo realeza ou não, ela estava determinada a colocar Hilda nos trilhos e ajudá-la a parar de agir de modo tão infantil.

— Eu não teria como negar — completou.

— A-Aaqui. Fique à vontade. — Permitiu que Hilda pegasse uma de suas maçãs.

— Tá, mas e a gente, porra? — Adam estava perdendo a paciência.

— Os estrangeiros estão com vossa majestade? — perguntou o vendedor.

— Sim, são meus amigos — respondeu Hilda, ainda hesitante por falar com um elfo negro, enquanto escolhia uma maçã com cautela.

— Então, por favor, podem pegar uma para experimentarem.

— Agora sim! — O alemão comemorou e pegou uma maçã sem pensar duas vezes.

Magda fez o mesmo, de forma mais educada.

Ambos morderam e saborearam o sabor da fruta, arregalando os olhos ao perceber o quão único era. A doçura, a crocância, a suculência. Era tudo diferente das maçãs comuns de Nova York e de Londres. Eles sentiram seu corpo revigorado, toda a exaustão que sentiam passou e seu humor se elevou bastante.

— Cacete! Isso aqui é boum demais! — disse Adam, de boca cheia.

— Não dá pra acreditar que isso é só uma maçã — Magda também comentou, impressionada.

— Ruiva, você tem que provar isso! — O alemão ofereceu a fruta para a jovem de sardas, que recusou gentilmente.

— Ah, não, obrigada. Eu não gosto de maçã.

Adam e Magda encararam Yohane como se ela tivesse matado o presidente.

— Eu odeio você e quero que todos os seus descendentes morram — disse Adam, friamente.

A jovem arregalou os olhos, não esperava uma reação tão fria e direta quanto aquela. Sabia que era brincadeira, mas foi tão semelhante a reação que Yohane teve quando Adam chamou seu carro de “lata velha”, que ficou assustada.

— Mas queria aproveitar a oportunidade da sua visita para te agradecer, Majestade. — O vendedor falou com Hilda novamente, da forma mais humilde que pôde. — Desde que a Princesa Astrid começou a nos ajudar, tudo vem melhorando. Não sei o que ela e a senhora estão negociando com o Rei Griec, mas tenho certeza que vai nos permitir prosperar muito.

— Mas eu-

— Ivor, querido, então é mesmo a Rainha Hilda?! — Uma mulher com uma criança no colo apareceu atrás do grupo, falando com o comerciante. — Vossa majestade não imagina o quanto sou grata à senhora e à Princesa. Graças à senhorita Astrid, nós não precisamos mais passar necessidades. Os conselhos e produtos que a Princesa doou salvaram nossas vidas. Que Odin os abençoe!

A mulher estava com os olhos marejados de emoção. Sua gratidão era genuína. A menina em seus braços ainda era muito pequena para entender o que estava acontecendo, mas parecia estar muito bem cuidada.

— Astrid ajudou tanto? — perguntou Hilda, atônita com os agradecimentos da raça que tanto odiava.

— Toda a comunidade foi salva por ela. — Ivor, o vendedor, chamou a mulher para ficar ao seu lado. — Passávamos por muitas dificuldades, e nosso Rei estava ficando sem alternativas para nos ajudar. Mas então a Princesa apareceu e começou a contribuir com nossa vila. Disse que a realeza de Torshavn iria contribuir para o crescimento dos elfos negros, e a própria rainha tinha se arrependido de seus atos passados e estava determinada a ajudar. No começo, claro, ninguém acreditou, mas claramente ela disse a verdade. Vossa majestade se importa conosco, e nós não temos como agradecer.

Hilda não sabia o que dizer. Não poderia maltratá-los, não após o que acabara de ouvir. Mesmo sendo elfos negros, eles foram gentis e humildes com Hilda e agradeceram emocionados, por pensarem que a Rainha os ajudou. Ela estava atônita, e Yohane, ao notar aquilo, tomou frente para que aquele momento não fosse destruído. Hilda tinha percebido que diferenças não são coisas ruins e isso já era mais que o suficiente para ela começar a mudar.

— Vocês não precisam agradecer — disse a ruiva. — A Rainha e a Princesa podem não estar todos os dias com vocês, como o Rei Griec, mas podem ter certeza que elas estão fazendo tudo ao alcance para ajudar sua comunidade. Agora, nós temos que ir, não é, Majestade?

— S-Sim. Não há por que agradecer… Vamos.

Hilda se virou e andou o mais rápido que pôde para longe da multidão, acompanhada de Yohane. Tera estava cansada, e decidiu dormir nos braços da ruiva. Adam e Magda continuaram na barraca.

— Espera, e nossas maçãs?! — o alemão gritou para a Rainha, mas ela não o ouviu.

— Ah, você fez os clientes esperarem, Ivor? — A mulher puxou a orelha do homem após colocar a criança numa cesta atrás da tenda. — Nosso pacote com cinco maçãs está custando cento e cinquenta coroas. Ou vocês preferem um pacote maior?

— Cento e cinquenta?! — Magda e Adam olharam para Ivor com fogo nos olhos, irritados.

— O que houve- — A mulher confusa, mas então encarou o homem novamente, também irritada. — Ivor, você está cobrando o dobro para estrangeiros de novo?!

— Desculpa, Ingrid, amor! Solta minha orelha, isso dói!

Ingrid pediu desculpas e vendeu as maçãs pelo preço correto. Adam ainda achou um pouco caro, mas ao menos, dessa vez, era um preço justo para frutas “mágicas”. Eles pagaram e correram para alcançar Yohane e Hilda.

As duas estavam conversando, Hilda ainda chocada com a interação anterior. Foi a primeira conversa amigável que tivera com um elfo negro em toda a sua vida. E para alguém com mais de dois mil anos de idade, isso é muito tempo.

— Viu, Hilda. Não foi tão ruim assim — comentou Jô, com a raposinha nos braços.

— Foi estranho. Eles foram tão… gentis. Mesmo com tudo o que fiz, o modo como tratei o povo deles… Por quê? — Mesmo como dois milênios de sabedoria e experiência, a Rainha ainda não compreendia muito bem conceitos como empatia e perdão. Antes de ser rainha, foi guerreira. Antes de ser guerreira, foi vítima. Para ela, nada poderia ser resolvido pacificamente. Quem morre perde; quem sobrevive vence. Simples assim. Fora uma experiência chocante ser tratada de forma tão cordial por alguém que deveria ser seu inimigo.

— Como eu disse, a guerra acabou. E depois de vocês conhecerem a paz, duvido que queiram que a guerra recomece. E, claro, a Astrid dizer que você estava por trás das doações ajudou muito. Quando tudo isso acabar, acho que você deveria considerar a ideia da Astrid.

Hilda ficou em silêncio. Seu orgulho e seu ódio pelo passado entraram em conflito com seus pensamentos atuais. “Talvez estivesse na hora de mudar. Yohane estava certa, a guerra terminou, e um acordo entre os dois povos só traria benefícios. Mas será que eu consigo fazer isso? Esquecer tudo o que aconteceu?”. Era o que a rainha se perguntava naquele momento, e isso continuou pela tarde toda. A cada barraca e tenda que o grupo visitava, a Rainha abria mais sua mente para aceitar que os elfos negros poderiam não ser mais seus inimigos. Sua filha viu isso anos atrás, e ela só estava se dando conta disso naquele momento.

 

As horas se passaram, já era entardecer. O grupo estava sentado em uma mesa no centro de uma praça da vila. Era um lugar aconchegante, cheio de pessoas apressadas que pareciam se organizar para alguma festividade. Yohane olhou para aquilo curiosa, perguntando-se o que poderia ser, enquanto balançava um copo de caldo de cordeiro nas mãos.

— Será que vai ter alguma festa? — Usou a colher para tomar um pouco do caldo.

Todos encararam Jô rindo, enquanto também bebiam os seus. Hilda e Tera optaram por caldo de carne de baleia, enquanto Adam e Magda quiseram algo mais leve e normal — um caldo de galinha.

— Ruiva, você esqueceu que dia é hoje? — perguntou Adam, sem acreditar na falta de atenção da garota.

— Vou ser sincera, eu perdi totalmente a noção do tempo desde que cheguei em Londres. Mas deixa eu me lembrar… — Batia levemente a colher na mesa. — Meu aniversário foi dia 29, nós saímos de avião na madrugada e chegamos em Londres na manhã do dia 30. Teve toda a situação na ponte, fugimos para Alfheim e dormimos na… — Não conseguiu pronunciar o nome de Juliana e preferiu ignorar o pensamento. E também, quando se tocou que dia era, seus olhos se arregalaram. — Espera… hoje é Véspera de Ano Novo!?

— Eu não tô acreditando que você esqueceu disso, também. — Adam gargalhou com o pulo que a garota deu na mesa.

— Ela esquece dessas coisas com frequência? — perguntou Magda, não se importando muito com a conversa.

— Essa garota esqueceu o próprio aniversário!

— Yohane, para uma garota esperta, às vezes você é tão lesada — disse Tera, bebendo o caldo de baleia.

— Nós temos que arrumar essa bagunça hoje! Eu me recuso a perder os fogos por causa disso!

— Então acho melhor se apressar. — Uma voz grave e suave disse, logo atrás de Jô. A garota se virou imediatamente, vendo Griec. — Venham comigo.

— Descobriu alguma coisa, Rei Griec? — perguntou Adam.

— Sim… mas não estou feliz com isso.

O grupo acompanhou o rei de volta à capela. Ele estava angustiado, com o nervosismo à flor da pele. Massageava os punhos como se eles estivessem doloridos. Yohane se perguntava o que poderia ter acontecido, mas logo compreendeu, assim que chegaram ao saguão.

Dois guardas com um prisioneiro ajoelhado, de rosto ensanguentado. Ele também era um elfo negro, então todos pensaram a mesma coisa, mas ninguém ousou se pronunciar.

— Esse é o traidor?

Todos, exceto Adam.

— Sim — respondeu Griec, com decepção nos olhos. — Já fazem alguns meses que o senhor Arne vem agindo de forma suspeita, e há cerca de duas horas, ele apareceu para mim e confessou tudo.

— Parece que você fez ele confessar. — Yohane olhou para os punhos machucados do rei.

— Eu… perdi um pouco o controle quando ouvi o que ele disse. Normalmente sou uma pessoa calma, mas odeio traidores.

— E o que ele disse? — perguntou Magda.

— Ele confessou ter ajudado os bruxos, os ensinando magia élfica e dando a planta do castelo de Hilda. Planta essa que ele parece ter conseguido de uma mulher de cabelos brancos que ele descreveu como “muito mais poderosa que todos neste reino”.

— Carol… Por que ela estaria envolvida nisso? — A garota de sardas mordeu o lábio, frustrada.

— Sua amiguinha deve ter planos ambiciosos, ruiva. Mas a questão aqui é outra. Por que o Arne confessaria seus crimes assim, de repente? Não faz nenhum sentido — comentou Adam.

— Ele tinha outra coisa para falar, mas ele pediu que eu os trouxesse aqui, pois ele queria dizer diretamente para vocês. Especialmente com você, Magda. — respondeu Griec, olhando para Vernichter.

Magda se aproximou, em silêncio. Ela já parecia ter uma ideia do assunto que Arne estava prestes a falar. O olhar frio e intimidador sempre presente no rosto da mulher não fez o elfo aprisionado esboçar uma única reação.

— Eu confessei meus crimes pois esse sempre foi meu papel na odisseia que está prestes a começar. Precisava de todos vocês reunidos, pois os planos de minha Senhorita dependiam da presença de vocês. Vocês quatro são os pilares, as peças mais importantes que minha Senhorita está movendo neste jogo. Vocês querem vingança? A bruxa que os persegue estará esperando por vocês na Fossa, hoje à noite, onde Magda irá enfrentá-la sozinha. Astrid estará na caverna, onde Hilda irá resgatá-la sozinha. E vocês três irão apenas observar, sem interferir — disse, olhando para Adam, Tera e Yohane. — Essas são as regras para que a Princesa de Alfheim seja salva. Caso não as sigam, minha Senhorita de cabelos prateados queimará os dois reinos élficos, sem misericórdia.

— E o que você ganha com isso, idiota? — perguntou Adam, ainda tentando entender as motivações daquele elfo.

— O respeito de minha Senhorita e um lugar reservado ao lado dela no alvorecer do novo mundo.

Era clara, nos olhos, sua devoção. Aquele elfo estaria disposto a sacrificar sua própria vida se isso significasse o bem de sua “Senhorita”. Adam olhou para ele com pena. Era um indivíduo tão cego que não conseguia ter vontade própria, um prisioneiro de seu próprio fanatismo.

— Dawn deve ter feito lavagem cerebral nesse cara, não é possível que ele tenha virado um fanático em apenas alguns meses.

— Tá, e o que a gente faz agora? É claramente uma armadilha, a gente não pode deixar a Magda enfrentar aquela bruxa sozinha — comentou Yohane.

— É exatamente isso que vocês vão fazer — disse Magda, com punhos cerrados. — Cansei desse jogo de gato e rato, tá na hora de entender por que ela me odeia. E, depois disso, eu vou matar ela bem lentamente.

Yohane olhou triste para Magda, sabendo que não conseguiria fazer nada para fazer a mulher mudar de ideia. Magda mataria a bruxa ou morreria nas mãos dela, e não havia nada a ser feito. Mesmo que tenha contido a carnificina que a mulher faria na vila dos elfos negros, não se sentia nem um pouco realizada.

— Certo… — Jô respirou fundo. — E o que vão fazer com o Arne? Vocês têm uma prisão ou algo assim?

— A lei do nosso povo é clara quanto aos traidores — disse Griec. — Desintegração em praça pública. Rápida, mas dolorosa.

Jô encarou Griec, incrédula. Ela quis falar algo, mas Adam e Magda a olharam, implorando para que ficasse em silêncio. Aquela era a lei deles, e ela não podia simplesmente questioná-la, ou tudo ia ficar pior. Então, tentou se acalmar, fechando os olhos por alguns segundos.

— Eu… vou esperar lá fora, com aqueles dois guardas malucos. — Mas também não observaria a execução de alguém por livre e espontânea vontade. Se virou em direção a saída.

— Talvez você queira ficar e ouvir o que tenho a dizer sobre sua linda irmãzinha, senhorita Pride.

A garota parou de imediato e voltou sua atenção para Arne, nervosa. Foi até ele e o levantou pelo pescoço com apenas uma mão. Yohane era uma garota altruísta, que odiava violência desnecessária; só que também que não tinha medo de usá-la para defender quem amava, ou quem precisasse de ajuda.

— Pensa muito bem no que você vai dizer sobre minha irmã.

— Minha Senhorita estava certa… — Arne falava com dificuldade, tentando não sufocar. — Abigail é sua fraqueza. Você não devia tê-la abandonado, Jô. Em breve, o mundo verá você como sua maior inimiga e usará aquela pequena garotinha para te atingir. Acha que seu poder será o suficiente para não deixar que ela morra nas mãos de todos aqueles que vão querer te machucar?

Os olhos de Yohane brilharam em carmesim, sua personalidade misteriosa que surgiu na batalha com Constantim. Fumaça começou a sair das frestas entre sua mão e o pescoço de Arne, fazendo-o tremer com a queimadura.

— Não sei. Mas ele é mais do que o suficiente para machucar você agora.

Diferente do que aconteceu há alguns meses, Yohane não estava sorrindo. Sua expressão fria encarava Arne sem demonstrar qualquer remorso ou hesitação em machucá-lo.

— Okay, okay… Ruiva, larga ele antes que acabe fazendo algo de que vai se arrepender depois — falou Adam, colocando a mão no ombro de Jô. Ele não ligava se aquele elfo viveria ou morreria, mas não queria ver sua amiga fazendo algo que claramente ia contra tudo que ela acreditava.

A garota soltou Arne, deixando ele cair no chão. Ela respirou fundo e seus olhos voltaram ao tom safira de sempre. Estava ofegante e confusa, tentando entender por que todos olhavam como se ela fosse a inimiga.

— Gente, o que houve? Eu apaguei por um segundo e… — Olhou para Arne, com uma queimadura em forma de mão marcada em seu pescoço. Ela encarou as palmas das mãos, que soltava fumaça. — Não… De novo não! — Encarou a todos e saiu correndo para fora da capela.

— Ruiva, espera! — Adam tentou impedi-la. — Merda. Eu vou atrás dela.

— Corra enquanto pode, Yohane Pride! O destino sempre nos alcança! — gritou Arne, gargalhando de forma macabra.

— Ah, cala a porra da boca! — Adam se cansou e deu um chute no maxilar do elfo o jogando para trás. Após isso, correu para fora da capela, em busca de Jô.

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