A1 – Vol.2
Capítulo 37: O Tratado
Após alguns minutos, chegaram a uma margem que poderiam desembarcar. Os barcos atravessaram a areia gelada até pararem por completo, permitindo que os cinco descessem. O sol já tinha nascido e o fresco calor de seus raios revitalizava o grupo, em partes. Ainda era uma manhã fria, então todos tentavam ficar o mais próximos que podiam de Yohane.
— Lá, já dá pra ver a torre da capela — disse, Magda.
— Astrid deve estar nas catacumbas. Vamos. — Hilda estava determinada a salvar sua filha e encerrar sua história.
— Sem mortes. — Yohane falou com a voz firme, chamando a atenção de todos.
— Garota, eu avisei pra não ficar com esse papinho de heroína perto de mim. — Magda se irritou rapidamente.
— Yohane, querida, eu admiro seu senso de justiça, mas não podemos agir assim. Se deixarmos aqueles vermes vivos, eles irão retalhar. — Hilda se aproximou de Jô, falando com a voz calma.
— Hilda, eu sei que você os odeia, mas a guerra acabou. Você mesma disse que eles têm um novo líder e, se Astrid estava disposta a implorar pela vida deles mais de uma vez, eles podem valer a pena.
— Você não sabe nada sobre ela! — exclamou Magda, irritada.
— Verdade, eu não a conheço. E, mesmo assim, sei que ela não ia gostar da carnificina que você planeja fazer naquela vila. Por favor, ao menos… vamos tentar conversar com eles. Talvez eles nem tenham tanta culpa quanto vocês pensam.
— Eles definitivamente ajudaram os bruxos, Yohane. Não há dúvida. — Hilda retrucou, já um pouco alterada.
— Talvez apenas um deles tenha feito isso, assim como apenas uma bruxa é responsável por essa bagunça, como você mesma disse, Magda. A maioria não pode ser condenada pelos erros de um.
— Tentar conversar antes de partir pra briga não parece uma ideia ruim, nesse caso. Considerando a quantidade de informação que falta pra gente. — Adam se pronunciou, ficando ao lado da garota. Ela o encarou surpresa, mas feliz.
— Conhecendo a Astrid, ela gostaria que nós ao menos tentássemos resolver isso pacificamente. — Tera disse, pulando no ombro de Jô.
— Até você? — Uma surpresa amarga atacou Magda.
— Eu não te julgo nem critico, Maggie, mas odeio o modo como você tenta resolver tudo com a lâmina. Isso nunca te fez bem, e detesto ver você se maltratar assim.
Magda ficou boquiaberta, até sua melhor amiga estava do lado da garota ruiva. Não conseguia falar nada, de tão incrédula.
— Eles têm razão, Magda — disse a rainha.
Vernichter olhou para Hilda, com seus olhos esmeralda arregalados.
— Você sabe que a Yohane está certa. — continuou Hilda. — A Astrid sempre foi uma escoteira brega, e é isso que você mais ama nela. E é por isso que tenho tanto orgulho dela. Por ela ser boa demais pra nós duas.
A mulher não conseguiu retrucar aquele argumento. Cerrou os dentes e respirou fundo, tirando um cigarro de sua jaqueta e o acendendo, tragando forte.
— Tudo bem, mas se alguma coisa der errado, eu vou matar cada um deles até dizerem onde a Astrid está. Combinado?
Jô soltou um suspiro de decepção, assentindo com a cabeça. Magda e Hilda se viraram e seguiram para vila. Adam colocou a mão no ombro e piscou para a garota, sorrindo satisfeito.
— Mandou bem, ruiva.
Eles seguiram em silêncio por mais alguns minutos. Yohane estava alegre com o elogio de Adam e acariciava Tera com muito apreço. Contudo, a expressão de desespero no rosto felpudo da raposa deixava a entender que ela não estava gostando da demonstração de carinho.
— Me mate, por favor — falou a pequena deusa em japonês, tentando escapar dos braços da ruiva.
— Atenção, estamos chegando — disse Magda, conforme o topo da capela se tornava mais alto e imponente.
A vila era cercada por muros de cerca de seis metros. No portão da frente, estavam dois homens de idade, albinos, vestindo jaquetas grossas de pele. Quando avistaram o grupo, o homem da esquerda chamou a atenção de seu companheiro, que os encarou. Assim que Magda e companhia se aproximaram ao ponto de terem seus rostos distinguidos, um dos homens deu uma risada sarcástica e falou em dinamarquês.
— Por Odin, meus olhos me enganam, Torak? Aquela que está vindo é a Rainha Hilda?
— Sim, Gjernik, a mesma que nos baniu para as extremidades de Faroe e disse que, se nos visse novamente, iríamos ter nossas cabeças oferecidas à memória de Jormungandr.
— Então, Torak, por que essa mesma Rainha está agora parada na frente do portão de nossa vila?
— Vocês continuam insolentes mesmo depois de quase um milênio — disse Hilda, claramente enojada. — Não sei como Astrid me convenceu a deixá-los vivos.
— Cuidado com o que diz, elfo branco. Esse é nosso território e não teremos piedade se você nos desrespeitar aqui. — Gjernik se irritou, uma lança mágica surgiu em sua mão.
— Território dado a vocês por mim e que pode muito bem ser retirado!
— Talvez devêssemos matar você aqui mesmo, rainha megera, assim sua filha assumiria o trono e finalmente viveríamos em paz. — Torak apontou a lança, que também surgira em suas mãos, para Hilda, que ficou em guarda junto de Magda.
— Calma, calma! — Yohane entrou no meio, entre os dois grupos, e os afastou. — Eu não entendi uma palavra que foi dita, mas a guerra acabou, lembram? Não vamos transformar isso em um banho de sangue, por favor.
— E quem seria você, garota? — Gjernik perguntou, desconfiado.
— Meu nome é Yohane, Yohane Pride. E nós…
Gjernik respirou fundo, como sentindo o cheiro de algo, e encarou a ruiva surpreso.
— Você é uma nefilim pura. Assim com os outros dois. E aquela raposa… deusa Amaterasu… Hilda trouxe força o suficiente para destruir nossa vila, mas não deixaremos você vencer! — Ambos ficaram em posição de ataque.
— Espera, não estamos aqui pra lutar! Nos só queremos falar com o Rei Griec!
— Mentira! Se prepare, Torak!
— Eu avisei que isso era uma ideia idiota, Yohane! — Magda gritou, tirando seu cinto corrente.
— Esperem! — Uma voz grave foi ouvida, gritando em dinamarquês. Logo em seguida, um homem apareceu no portão. Sua pele era albina e seus olhos claros eram intimidantes. — Gjernik, Torak, descansar.
— Sim, meu rei. — Os guerreiros voltaram aos seus postos de imediato, sem questionar nem por um momento.
— Perdoem os dois, Hilda. Mas peço que entenda que sua visita e de seus companheiros foi inesperada. Imaginei que Astrid iria nos avisar quando lhe convencesse… E, afinal, onde está a princesa?
Os olhos de Hilda se arregalaram e sua testa franziu bruscamente.
— Do que está falando, Griec?
— Do acordo de paz. Astrid e eu estamos negociando há meses. Sua visita não significa que ela lhe convenceu a concordar com nossos termos? — A voz do homem mostrava que estava tão confuso quanto a rainha. Ele explicava com calma e claramente dizia a verdade.
Hilda não conseguiu se pronunciar. A frase de Griec foi a última peça que faltava para ela resolver um quebra-cabeça em sua mente.
— Rei Griec… a Astrid foi sequestrada — Yohane se pronunciou —, e viemos aqui pedir sua ajuda.
O rosto de Griec mostrou sua surpresa e, claramente, o que sentiu não foi nada agradável. Não se sabia qual a relação entre Astrid e o rei dos elfos negros, mas, obviamente, se conheciam. E, claramente, não estava mentindo.
— Venham comigo.
Todos seguiram o rei para dentro dos muros. Assim que entraram, viram algo inesperado. Por tudo que fora dito até aquele momento sobre os elfos negros, Yohane e Adam imaginavam seres perversos e sem nenhuma humanidade. Indivíduos mágicos que viviam como animais, apenas seguindo seus instintos mais primitivos.
Porém, o que viram dentro das muralhas foi o total oposto. Uma sociedade pacífica, recheada de elfos de pele albina e cabelos brancos como os de Griec. Tudo parecia ser muito medieval, mas todos pareciam felizes, vivendo suas vidas. Ao menos, até verem os visitantes inesperados. Quando Yohane e companhia entraram na vila, todos começaram a encarar. Não pareciam assustados, mas um pouco surpresos.
— Me perdoem os olhares. Não estamos acostumados a receber nefilins aqui — disse Griec.
— Como você sabe que somos nefilins? — perguntou Yohane, ao lado do rei.
— Vocês possuem uma aura angelical muito forte ao redor de vocês. Nós, elfos, somos muito sensíveis a isso. No momento que entraram aqui, todos num raio de cinco metros sentiram a magia querubim dentro de vocês.
— Uau… Isso é incrível! — A ruiva estava maravilhada com aquele lugar. — Espera, rei Griec… Todos vocês são elfos negros? — Ela perguntou, olhando para a pele clara do homem.
— Sim.
Yohane franziu a testa e olhou para Hilda, uma elfo branca, que tinha pele morena e cabelos coloridos. Não queria perguntar nada, sentia que seria insensível e mal-educado. Mas Griec notou a dúvida da garota e sorriu.
— Srta. Pride, deixe-me esclarecer. Os termos “Elfos Brancos” e “Elfos Negros” não estão relacionados a nossa cor de pele, mas sim aos nossos reinos e nossas magias. Antes do Ragnarok, minha espécie vivia em Svartalfheim, um reino sombrio que nunca conheceu a luz. Nem o nosso fogo emitia luminosidade, usávamos apenas para nos aquecer e produzir equipamento. Enquanto Alfheim, o antigo reino de Hilda, era um lugar pacífico e confortável, cheio de luz, cores e calor.
— Ele teria sido pacífico, se sua raça não tivesse iniciado uma guerra para tomar nosso reino — disse Hilda, aparentemente enojada com a presença de tantos elfos negros ao redor.
— Sim… devo admitir que meus antepassados cometeram erros. Eles invejavam o paraíso que vocês tinham. No entanto, devo admitir que, se eu tivesse vivido em Svartalfheim tempo o suficiente, também teria enlouquecido ao ponto de iniciar uma guerra… Aquele lugar era terrível, Hilda, e a vida lá era deplorável. — Uma tristeza surgiu nos olhos claros do rei. — De todo modo, Thor nos salvou e deu fim à guerra. Hoje podemos viver em paz e, mesmo que você nos odeie, Hilda, Astrid acreditava que poderíamos viver em comunhão.
— Por que você fala da minha filha como se a conhecesse mais do que eu? Afinal, que acordo é esse que você falou? — Hilda estava alterada, seu tom agressivo era totalmente oposto à voz calma de Griec. E, mesmo com esse tom sereno, era claro o nervosismo do rei.
— Venham. Vou explicar tudo.
O grupo seguiu o líder dos elfos negros, até a capela. Ela ficava bem no centro da vila, sendo o equivalente ao castelo de Hilda em Torshavn, porém, obviamente, menos luxuoso e chamativo.
Por dentro, não possuía muitas diferenças ao castelo, quando se tratava de arranjos e decorações. Armaduras e armas da era viking, artes antigas da mesma época. A maior diferença, claro, era a falta de uma estátua do deus do trovão.
Chegando no hall principal que, curiosamente, também era muito parecido ao do castelo de Hilda, Griec pediu para todos se sentarem na mesa redonda do centro. Hilda estava muito incomodada, queria entender de uma vez qual era a relação entre sua filha e o rei dos elfos negros.
— Certo, estamos aqui. Explique de uma vez o porquê de você agir como se fosse amigo íntimo da Astrid — disse Hilda, irritadiça.
— Astrid e eu não somos amigos — respondeu o rei —, nossa relação é intrinsecamente profissional. E sabe de uma coisa, Hilda, você pode se vitimizar, dizer que vocês, Brancos, foram os mais afetados pelo Ragnarok, mas no fim saíram no lucro. Você ainda tem tudo que tinha em Alfheim, só está em outro reino. Agora, e nós? Nós perdemos tudo. Nossa casa, nosso direito nessas terras, nossa liberdade. E a única razão de eu ter aceitado o seu banimento de cabeça baixa, foi para ter paz. Não queria colocar meu povo em outra guerra sem sentido, não queria ser como meu pai e meu avô. — Yohane olhou para Griec com uma admiração silenciosa. — Então, você pode imaginar minha surpresa quando Astrid, a filha da minha autodeclarada maior inimiga, apareceu nos meus portões, no meio da noite, pedindo por paz.
— Impossível! — Hilda bateu na mesa, furiosa. — Minha filha pode ter seus momentos de altruísmo tolo, mas ela nunca iria para a porta do inimigo se render.
— Tive a mesma reação, e não porque desgosto da ideia, mas porque conheço você. A rainha dos elfos brancos iria preferir arrancar os próprios braços e comê-los com saliva de Jotun do que conviver conosco. — Hilda assentiu sem pestanejar. — E, também, sabemos que é possível. Afinal, você mesma disse: “Astrid sempre foi uma escoteira brega.”, não é?
— Você estava nos escutando? — perguntou Yohane, surpresa.
— Minha querida Yohane, achou que essas longas orelhas eram apenas enfeites? Uma das poucas coisas que podemos nos orgulhar de sermos melhores que os Brancos é da nossa audição, quando em alerta. Graças ao território de Svartalfheim, onde se podia escutar nossos próprios órgãos trabalhando. E eu sou um rei, estou sempre alerta.
— Isso não importa! — Hilda gritou novamente, e parecia um pouco envergonhada. De fato, as orelhas dos elfos negros pareciam um pouco maiores que as de Hilda. Ela tentou se acalmar, respirando fundo. — O que minha filha queria?
— Bom, ela apareceu aqui cinco anos atrás, na madrugada. Quando Gjernik e Torak a viram, tiveram a mesma reação de mais cedo… quiseram queimá-la em praça pública. Peço que não os julguem tanto, são elfos velhos, criados em uma época onde apenas casmurros como eles sobreviviam.
— E o que, exatamente, a Astrid queria? — perguntou Adam, intrigado.
— Bom, quando ela me disse que tinha um acordo de paz em mente, eu não acreditei. Imaginei que ela tinha sido enviada por Hilda para nos expulsar de uma vez da ilha. E, se fosse o caso, eu não teria escolha. Mataria Astrid ali mesmo e enviaria a cabeça dela para o castelo em um caixa, fazendo a guerra recomeçar. Então, tentando evitar isso, decidi dar um voto de confiança e ouvir o que ela tinha a dizer. E continuei sem acreditar. Ela me contou que convenceu Thor a nos salvar, e que ela acreditava que nós poderíamos conviver em harmonia, mesmo com o preconceito irracional da mãe. — Olhou diretamente para Hilda. — Aquilo me fez ter esperança de finalmente ver povo livre, então concordei em ajudá-la. Nós tínhamos a ideia de atualizar nosso sistema político, deixando-o mais semelhante ao dos humanos. Você, Hilda, continuaria sendo a Rainha, falando com o povo, mas as decisões importantes ficariam a cargo de Astrid e eu. Elfos Negros e Brancos coexistindo em sociedade, sem derramamento de sangue. Esse era o sonho que compartilho com Astrid e, por cinco anos, trabalhamos nisso. Então, quando finalmente nos sentimos satisfeitos com todos os planos propostos, decidimos que estava na hora de te contar. Há duas semanas, sua filha disse que te convenceria a aceitar, e que nos faria uma visita em breve, mas ela não entrou em contato desde então. Eu fiz pouco-caso, afinal, ela disse que iria entrar em contato… E então vocês apareceram, dizendo que ela tinha sido sequestrada. Agora, eu que pergunto a vocês: no que acham que posso ajudar? Não possuo nenhuma relação com isso, como Hilda pensa, nem tenho contato com nenhum bruxo.
— Você realmente estava nos escutando… — Yohane ainda não estava acreditando, mas tentou focar na questão principal. — De todo modo, eu acredito no senhor, mas talvez algo tenha ocorrido debaixo dos panos, sem que o senhor tenha percebido. Sabemos que ao menos um elfo negro está envolvido, afinal, os bruxos que os atacaram usaram sua magia para nos despistar. Civis inocentes já morreram por causa dessa situação, e eu… — Yohane cerrou os lábios, nervosa. Lembrou do ocorrido da ponte e do incidente na casa de Juliana, ela se culpava por ambos, e não poderia deixar mais nada de ruim acontecer às pessoas ao seu redor. — Nós não podemos deixar mais ninguém morrer.
Griec encarou Yohane e sorriu gentilmente.
— Quando ouvi você nos defender, quase implorando pra Magda e Hilda não atacarem, não acreditei. Achei que era algum esquema para baixarmos nossa guarda. Mas, agora, olhando nos seus olhos, posso ver que é verdade. Você realmente não quer que ninguém morra, não é?
— Eu daria minha vida de bom grado se pudesse trazer de volta aqueles que morreram nos últimos dias. Essa situação já passou dos limites, e temos que resolver isso o mais rápido possível. Então, se o senhor souber de qualquer coisa, por favor nos diga.
— Você se daria bem com Astrid. Olha, eu queria poder ajudar, mas como disse, não sei de nada… — Griec pareceu se lembrar de algo. — A não ser que…
— Algo em mente? — perguntou Yohane.
— Talvez. Vamos fazer o seguinte: vou investigar uma coisa que vem me incomodando nos últimos meses, pode não dar em nada, mas é o que posso fazer por vocês. Até o final da tarde lhes dou uma resposta. Enquanto isso, fiquem à vontade para conhecer a vila. Meu povo pode parecer um pouco distante no início, mas, contanto que Hilda não os provoque, eles serão simpáticos e gentis com vocês.
— Obrigado, Senhor Griec.
— Não há o que agradecer, o desaparecimento de Astrid me prejudica tanto quanto vocês.
Griec se levantou e pediu para os guardas acompanharem o grupo de Yohane até a vila. Todos saíram e Griec subiu as escadas, deixando o hall vazio.
Enquanto isso, um elfo escondido nas sombras observava tudo desde o início e, após todos se retirarem, utilizou uma pedra mágica para entrar em contato com alguém.
— Eles chegaram, e Griec irá ajudá-los.
— Ótimo, você sabe o que fazer.
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