O Anjo da Porta ao Lado Me Mima Demais Japonesa

Tradução: DelValle

Revisão: Jeff-f


Volume 8.5

O Caminho Percorrito Até Aqui

   A ponta da caneta deslizou sobre o papel, produzindo um som de silêncio um tanto balbuciante enquanto preenchia a página em branco com letras.

   Tentando não olhar para as palavras escritas pelas pontas delicadas dos dedos de Mahiru e sua caneta esferográfica fina, Amane olhou para ela. Ela estava sentada ao lado dele, silenciosamente preenchendo parte de um livro grosso com tinta.

   Depois do jantar, uma vez que a louça era feita, Amane e Mahiru relaxavam juntos. No entanto, isso não significava que eles estavam sempre grudados um no outro. Até mesmo seus colegas de classe — e, curiosamente, Itsuki — entendiam isso mal. Parecia que as pessoas pensavam que Amane e Mahiru estavam flertando um com o outro o tempo todo.

   Na realidade, não poderia estar mais longe da verdade. Cada um fazia o que tinha que fazer de forma independente. Eles não estavam constantemente trabalhando juntos ou cuidando um do outro. Embora compartilhassem o mesmo espaço, eles passavam o tempo fazendo suas atividades preferidas, passando o tempo pacificamente. Hoje não era exceção. Apesar de garantir seu lugar ao lado de Amane, Mahiru continuou com sua própria tarefa, escrevendo algo silenciosamente.

   Amane não tentou espiar o que ela estava escrevendo. Mesmo para amantes, seria rude fazer isso. Ainda assim, ele podia dizer que ela estava escrevendo algo. Ela já havia escrito resumos e avaliações para receitas, mas este não parecia ser esse tipo de caderno. À primeira vista, parecia ser um livro mais chique com capa de couro.

[Del: Sobre os resumos e receitas, se refere ao capítulo 68, cap 2 do vol 5.5.]

“O que você está escrevendo?” ele perguntou.

   Embora ele se sentisse mal por potencialmente perturbá-la, Amane foi incapaz de resistir à sua curiosidade ao vê-la tão focada em escrever. Mahiru imediatamente olhou para cima, mostrando uma expressão confusa.

   Ela então notou o olhar de Amane vagando pelas mãos dela e pegou seus pensamentos. “Ah. Isso... eu suponho que você possa chamar isso de diário? Pensei que deveria registrar o que aconteceu hoje enquanto ainda está fresco na minha mente.”

“Ohh,” Amane respondeu, “isso é diligente — ou devo dizer prudente — da sua parte.”

   Ele se perguntou o que ela estava escrevendo, e descobriu que era um diário. De fato, ao ouvir sua resposta, o livro na frente dela parecia mesmo ser isso. Não era bonito ou fofo, como seria de se esperar de uma colegial. Em vez disso, era algo resistente e pesado, o que era muito parecido com Mahiru.

   Parecia cuidadosamente conservado, sem desgaste perceptível, mas também parecia ter alguma história. Definitivamente não parecia algo que ela tinha começado a usar recentemente.

“Você escreve nele todos os dias?” Amane perguntou.

“Não, não com tanta frequência. Só quando algo acontece. Acho que você poderia chamar isso de um hábito meu que tenho desde pequena...”

“Bem, isso não é legal? Se você registrar o que aconteceu a cada dia, terá mais facilidade para se lembrar mais tarde.”

“Sim. Para o bem ou para o mal,” enfatizou Mahiru.

   Amane não mantinha um diário propriamente dito, mas se houvesse algo que valesse a pena anotar, ele anotava rapidamente no aplicativo de agendamento do smartphone. Muitas vezes era útil quando se olhava para trás mais tarde.

[Del: Tenho um pouco esse hábito, apesar que o que mais escrevo são sonhos, para lembrar mais tarde.]

“Considero uma boa maneira de organizar emoções e memórias,” Mahiru começou a explicar. “Ao registrar minhas experiências aqui, posso rapidamente relembrar eventos passados. Eu até escrevi sobre quando nos conhecemos... bem, quando falamos pela primeira vez.”

“Aposto que você escreveu algo como: ‘O que há com esse cara?’”

   A primeira conversa real deles aconteceu no dia em que ele entregou um guarda-chuva a ela. Olhando para trás, ele percebeu que não havia deixado a melhor primeira impressão. Sua atitude era hesitante e seu tom era curto. Mahiru provavelmente teve pensamentos semelhantes na época.

[Del: Caso alguém queira ler, este capítulo foi refeito pela perspectiva da Mahiru, só que tradução eu postei exclusivamente lá no discord caso queiram ler.]

   Embora Mahiru não tenha dito muita coisa, ela estava sozinha naquele parque naquele dia após uma interação rude com sua mãe. Era natural que ela não estivesse de bom humor quando um completo estranho se aproximou dela naquele momento, com uma maneira direta de falar, nada mais, nada menos.

     Eu não poderia ter feito nada para melhorar minha atitude?

   Quanto mais ele ruminava sobre isso, mais arrependimento começava a tomar conta dele. Mas Mahiru olhou e riu ao ver seu rosto.

“Hehe. Não vou negar isso, mas também não foi um sentimento negativo. Fiquei mais surpresa do que qualquer coisa. E eu tinha visto o quão indiferente você agia na escola, então eu meio que sabia o que esperar. Além disso, não parecia que você tinha segundas intenções quando me ofereceu o guarda-chuva.”

“Deu certo então, eu suponho?”

“Sim. Na verdade, eu me senti mais segura porque você agiu dessa forma... é perturbador quando um completo estranho de repente age gentilmente com você, você não acha? É assustador ter alguém que você não conhece tentando entrar na sua vida desse jeito.”

“Bem, eu também acho, sim.”

   Para Mahiru naquele ponto da vida, confiar nos outros devia ser uma tarefa difícil. Como ela entendia seu próprio valor e posição, ela parecia sempre manter os outros à distância, nunca permitindo que eles se aproximassem.

“No final, a atitude que você teve se tornou a base para eu confiar em você — me ajudou a construir a confiança de que estava tudo bem me envolver com você. Então não foi uma coisa ruim.”

“Fico feliz em ouvir isso, mas acho que poderia ter abordado de forma diferente ou expressado as coisas melhor, sabe,” Amane admitiu, ciente de quão antissocial ele costumava ser.

   No entanto, Mahiru apenas riu. “Não vou negar que seu rosto severo e indiferença eram bastante pronunciados naquela época, Amane-kun.”

“Desculpe por isso.”

   Mahiru riu elegantemente. “Não estou culpando você,” ela disse, cobrindo a boca delicadamente enquanto soltava uma risada suave, quase sussurrada. Amane não conseguiu evitar de lançar um olhar para ela, mas o sorriso de Mahiru só se aprofundou ainda mais. Ele virou a cabeça em derrota.

   Sua risada continuou, mas a provocação havia parado. Quando ele a conheceu, Mahiru tinha sua cota de dificuldades, então uma pequena provocação não incomodava Amane nem um pouco. Ainda assim, isso não queria dizer que ele gostava. Com um pequeno suspiro, ele correu levemente as pontas dos dedos pelas costas dela em vingança. Ele podia sentir o corpo dela tremer brevemente em resposta.

   No entanto, Mahiru não pareceu se importar e gentilmente deu um tapinha na coxa de Amane com a mão como se fosse retaliar. Então ela voltou ao seu diário, com sua caneta deslizando suavemente sobre a página novamente. Amane não pôde deixar de se perguntar se ela estava escrevendo sobre sua pequena troca agora.

   Ele se sentiu complicado, imaginando a futura Mahiru provocando-o sobre o que ela havia escrito. Ainda assim, ele não tinha o direito de impedi-la e permaneceu em silêncio, observando com os lábios franzidos enquanto ela continuava escrevendo alegremente em seu diário bem gasto.

   Ela não escrevia todos os dias, nem preenchia uma página inteira a cada vez. Mas a capa de couro envelhecida era uma prova de seu hábito de longa data. A julgar pelo número de páginas que pareciam estar preenchidas — cerca de dois terços — estava claro que ela mantinha aquele diário há anos. Essa coleção de páginas cresceu junto com Mahiru em sua jornada, tanto em número quanto em maturidade.

“Você está curioso?” Mahiru perguntou enquanto inclinava a cabeça, notando o olhar de Amane enquanto ele observava sua caneta deslizar pela página.

“Bem, dizer que não estou curioso seria uma mentira, mas imagino que essas são memórias e emoções pessoais que você escolheu registrar. Tanto as boas quanto as ruins. Se você não quer que ninguém mais as veja, não vou forçar a questão.”

   Amane se considerava um tanto possessivo, mas isso não significava que ele tinha o direito de amarrar alguém apenas com base em seus sentimentos. Ele não pretendia machucar sua parceira para priorizar suas emoções, nem acreditava que saber de tudo era necessariamente uma coisa boa. Era escolha única de Mahiru compartilhar ou esconder essa parte dela. Ele não tinha nada a dizer sobre isso.

“Tenho certeza de que pode haver coisas que você queira manter em segredo, e eu realmente não acho que eu deva ler essas coisas... Só porque eu sou seu amante não significa que eu tenha o direito de bisbilhotar tudo. Todo mundo tem uma coisa ou duas que prefere manter para si.”

“Amane-kun, você é tão compreensivo que às vezes pode ser quase problemático.”

“Qual é.” Amane sentiu como se ela não acreditasse nele, e ficou perplexo com a reação dela. Mas entendendo que o espanto dela não era de forma depreciativa, ele decidiu não reclamar mais.

“…Eu não sou você, Mahiru, então não posso saber tudo o que há para saber sobre você, nem acho que preciso. Você tem sua própria vida e sua própria privacidade.”

“Hehe, eu entendo… mas você nunca fica curioso por causa disso?”

“…Eu não sinto necessidade de bisbilhotar. Contanto que você possa me dizer coisas que se sinta confortável em compartilhar, estou satisfeito.” Enquanto Amane firmemente demonstrava respeito por seus desejos, Mahiru fez um som de “Hmm” e começou a folhear seu diário. “Quando você menciona coisas que eu ‘quero compartilhar’, é difícil responder,” Mahiru observou.

   Páginas da vida de Mahiru, documentadas por seus dedos delicados, viradas uma a uma com um movimento rápido — cada uma revelando e escondendo letras que pareciam um pouco mais redondas do que eram agora, claramente escritas por uma criança.

“Não é como se eu estivesse escrevendo algo interessante. Não é nem como um diário — é mais como um registro simples — como um tipo de relatório. Suponho que as entradas mais parecidas com diários foram as escritas durante meu tempo no ensino fundamental. Emocionalmente falando, eu era relativamente imatura, então sempre que algo ruim acontecia, eu despejava tudo o que me deixava insatisfeita no meu diário em vez de ficar pensando nisso na minha cabeça.”

“Se fazer isso te torna imatura, então pessoas que atacam agressivamente devem ser bebês ou algo assim.”

“Bem, há momentos em que as pessoas são incapazes de controlar suas próprias emoções e direcionam suas frustrações para os outros,” Mahiru começou a elaborar, “e é difícil negar que elas estão se comportando como uma criança, desejando que os outros as animem.”

“Duro, mas definitivamente verdade... Vou ficar atento a isso.”

“Por que você parece tão desanimado depois de ouvir isso, Amane-kun?”

“Não, é só que... sinto que posso ter um lado parecido comigo, só isso.”

   Amane geralmente não era do tipo que ficava bravo facilmente, e raramente passava tempo suficiente com os outros para ter a oportunidade de atacar. No entanto, ele tirou um momento para considerar a possibilidade de estar descontando suas frustrações nos outros sem perceber às vezes.

   As pessoas geralmente não têm consciência disso quando fazem isso, então ele sentiu que ser cauteloso poderia servir como uma salvaguarda, tanto para o presente quanto para o futuro. Mahiru pareceu refletir sobre isso por um momento, aparentemente em pensamentos profundos.

“Amane-kun fazendo birra... isso parece legal.”

“Bem, não deveria!”

“Estou meio brincando.”

“Só meio, néé.”

“Bem, imagino que seria fresco e fofo.”

“Não importa como você olhe, reagir dessa forma seria apenas abuso emocional. Duvido muito que seria “fofo” de qualquer forma...”

   Só de imaginar-se tendo um acesso de raiva e direcionando-o a Mahiru fez Amane sentir náuseas. Pode ser considerado fofo para uma criança, mas a aparência de Amane, embora um tanto jovem, era próxima da de um adulto respeitável, e ele certamente tentava agir como um adulto tanto quanto possível.

   Ninguém gostaria de ver uma pessoa assim gritar e berrar simplesmente porque não estava conseguindo o que queria. Mahiru provavelmente não queria realmente ver Amane expressar suas emoções tão abertamente. Ela provavelmente não aprovaria nenhum comportamento verdadeiramente não adulto.

“De qualquer forma, Amane-kun. Não acho que você seja do tipo que desconta suas frustrações em outras pessoas. Afinal, você pode ser bastante autodepreciativo. Você até se menospreza com frequência e fica desanimado sem que ninguém perceba, não é?”

“Ugh.”

“E quando algo ruim acontece, você realmente se sente triste e até tende a se culpar por isso. Mesmo que a outra pessoa estivesse completamente errada, você ainda se concentraria em suas próprias deficiências.”

“…Raramente há um momento em que a outra pessoa é cem por cento culpada,” Amane apontou. Como Mahiru disse, Amane tendia a se encolher, pensando que talvez a culpa fosse dele — mesmo que não a ponto de retraimento total.

“Mesmo que não seja cem por cento, há muitas vezes em que noventa e nove vírgula nove por cento da culpa é da outra pessoa, sabia?”

“Bem, talvez, mas…”

“Embora eu acredite que sou do mesmo tipo que você, tento ser mais pragmática sobre isso. Reflito sobre minhas ações, sim, mas não vou além dos pedidos de desculpas e introspecção necessários. Não quero passar todo o meu tempo atolada na minha culpa.”

   Foi precisamente porque Mahiru conseguia fazer julgamentos tão claros que ela conseguia se comportar assim, e Amane achava isso invejável.

“Bem, eu digo isso agora, mas o antigo eu não era nem de longe tão bom em controlar as emoções, e eu não tinha charme. Eu era muito menos habilidoso na maneira como me comportava em comparação a agora. Isso realmente mostra o quão novo eu era.”

“Faltava charme, hein?”

“Por que você está questionando essa parte?”

“O que esse adorável pacote de fofura pode estar tentando implicar?”

   Ela parecia não ter consciência disso, mas suas ações e palavras eram tão cativantes que Amane não conseguia deixar de se perguntar do que diabos ela estava falando.

   Mahiru parecia pensar que era natural que as pessoas descrevessem seu comportamento como o Anjo como gracioso ou elegante, já que era intencional da parte dela. Mas quando tudo isso foi tirado e ela era apenas a Mahiru, sozinha com Amane, seu comportamento se tornava não intencional.

   Ocasionalmente, ela agia de forma provocativa, talvez estimulada por uma certa pessoa, mas, de outra forma, Mahiru era apenas ela mesma. Os gestos encantadores e as escolhas de palavras que pareceriam calculadas se feitas por outra pessoa eram, embora aterrorizantes em sua inocente inconsciência, ações inconscientes da parte de Mahiru.

“Quem você acha que mencionou que eu não era fofa?” Mahiru perguntou, referindo-se a uma troca passada.

“Esse seria meu eu ignorante do passado,” afirmou Amane imediatamente. Ele sentiu arrependimento genuíno por seu julgamento anterior, e um sentimento de culpa ressurgiu agora que ela havia apontado isso.

“…Como você disse uma vez, Amane-kun, eu acho que me faltava charme naquela época.”

“Nah. Se o meu eu atual visse o seu eu passado, eu acharia você incrivelmente fofa.”

“Isso seria apenas você me olhando através de óculos cor de rosa, não?”

“Eu acho que você seria fofa mesmo sem eles, como um ouriço ou algo assim.”

   Para Amane, que agora conhecia Mahiru como ela realmente era, a Mahiru que se recusava a abrir seu coração para qualquer um e usava sua máscara de anjo para manter as pessoas à distância parecia um ouriço coberto de incontáveis ​​espinhos.

   A persona de anjo de Mahiru era uma tática de sobrevivência que ela usava para se proteger emocionalmente, e embora Amane não tivesse intenção de comentar sobre isso, ver o quão mais relaxada e afetuosa a Mahiru atual estava o fez duvidar que elas fossem a mesma pessoa.

   Amane não tinha intenção de zombar dela. Ele apenas a achou irresistivelmente charmosa e fofa, e relaxou em um sorriso. Em contraste, irritada, Mahiru inflou suas bochechas como um balão em resposta ao comentário dele.

   Aquele gesto um tanto infantil foi irresistivelmente fofo, levando Amane a acrescentar: “Agora, você é como um esquilo.” Um leve golpe veio voando em seu lado em resposta.

   A maneira como Mahiru expressou sua insatisfação foi, como sempre, charmosa.

   Amane sabia que esse comportamento era reservado somente para ele, o que o tornava ainda mais especial.

“... E agora, você está agindo como uma gatinha honesta e melancólica que quer ser mimada, diferente de como você era quando nos conhecemos.”

“... ‘Agindo como uma gatinha’,” ela repetiu. “Mesmo que eu não consiga mais ‘fingir’?”

“Você não precisa mais, certo?”

   Pode ser preciso dizer que a necessidade de sua máscara havia desaparecido. Mahiru não precisava mais fingir perto de Amane. Ela se permitiu expressar seu lado suave com mais frequência porque confiava que aqueles ao seu redor aceitariam seu eu sem adornos.

   Essa confiança, essa afeição que era direcionada a ele, o deixava mais feliz do que qualquer outra coisa.

“... Eu não preciso usar uma fachada quando estou com você, Amane-kun.”

“Você realmente não estava usando isso perto de mim para começar, mesmo no começo.”

“Bem, desculpa.”

“Desculpe, desculpe.”

“... Você pode fazer carinho na minha cabeça como um pedido de desculpas, sabia?”

   Enquanto Mahiru oferecia sua cabeça em antecipação aos tapinhas, quase fazendo Amane cair na gargalhada, ele gentilmente estendeu a palma da mão e acariciou seu cabelo sedoso. Estava bem cuidado, como sempre, lembrando fios de linho, e era incrivelmente macio. Não só isso, ele também era perfumado, deixando um aroma refrescante, mas doce, no ar.

   Passando os dedos cuidadosamente pelos cabelos em cascata que caíam sobre seus ombros, sua expressão descontente gradualmente suavizou como se estivesse exalando mais e mais felicidade.

“Isso é do seu agrado, minha senhora?”

“De fato é.”

   Fiel à sua palavra, Mahiru mostrou-lhe uma expressão abertamente encantada, para a qual Amane não pôde deixar de imaginá-la com um rabo e abanando-o animadamente.

“Hmm, um gato? Talvez um cachorro...?”

“Você disse alguma coisa?”

“Absolutamente nada.”

   Com medo de que falar demais pudesse estragar o humor dela, ele engoliu seus pensamentos e continuou a acariciar gentilmente a cabeça de Mahiru, que permitiu a bajulação. Aceitando seu toque, Mahiru aparentemente ignorou seu comentário anterior e gentilmente se inclinou contra ele.

   O diário permaneceu em sua mão, afirmando sua presença.

“Você não precisa continuar escrevendo?” Amane se perguntou.

“...Depois disso, pretendo escrever sobre como Amane-kun mais uma vez me tratou como um animal.”

“Mas no futuro você vai pensar que eu tenho me comportado mal, certo?”

   Mahiru riu suavemente. “Se acontecer de você não se lembrar, provavelmente questionará o que estava fazendo.”

   Sua descrição dos eventos anteriores já havia sido decidida enquanto Mahiru suavemente traçava seu dedo ao longo do diário para encontrar onde ela parou.

“Eu quero criar todos os tipos de memórias. Como o diário que mantive até agora, quero colecioná-las e juntá-las todas.”

   Com isso, Mahiru folheou as páginas novamente, olhando para as letras levemente desbotadas, escritas em tinta descolorida pela idade, e retornou ao passado, olhando diretamente através da página para suas memórias daquele momento em sua vida.

“… Quando eu não estava com você, eu não me sentia verdadeiramente completa. Eu percebo isso agora, Amane-kun.”

   Mahiru expressou isso sem arrependimento nem insatisfação, nem amargura nem tristeza, mas simplesmente com um tom pensativo e nostálgico que também se refletia em seu olhar claro e feliz. Com isso, ela silenciosamente fechou os olhos, folheando para mais uma página que ela deve ter escrito há muito tempo.

 

Comentários dos Tradutor/Revisores:

-DelValle: Coragem para chamar a namorada de ouriço kkkkkk. Mas enfim, essa última fala da Mahiru me fez lembrar de um texto. Na criação, em Gn 2: “20... Todavia não se encontrou para o homem alguém que o auxiliasse e lhe correspondesse. 18 Então o Senhor Deus declarou: “Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda” 21 Então o Senhor Deus fez o homem cair em profundo sono e, enquanto este dormia, tirou-lhe uma das costelas, fechando o lugar com carne. Com a costela que havia tirado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher e a trouxe a ele.” O que eu quero dizer é que, dentro daquilo que acredito, Deus tem realmente um propósito de completude do homem (humanidade) através da união conjugal.

-Jeff: Falando em chamar a namorada de ouriço, farei um teste depois kkkkk. Bom, início de mais um volume, tenho nem muito oq falar, quero que o volume 9 chegue logo para ver o níver da Mahiru, o futuro é promissor, mas fiquem ligados nessas histórias extras, elas mostram alguns pontos de vistas bacanas (relembrando o volume 5.5 aq, vol que comecei como revisor na Moonlight, boas lembranças).

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