Volume 5
Uma Chance de se Encontrar com o Passado
“Vocês dois vão sair hoje, certo?” Shihoko perguntou enquanto os quatro se sentavam à mesa do café da manhã.
Os pais de Amane pareciam muito satisfeitos, e Amane começou a se arrepender de dizer-lhes que ele e Mahiru haviam feito planos.
Mas sua mãe não queria provocá-los. “Tenho certeza que você está entediado sendo confinado em casa,” ela acrescentou rapidamente.
“Bem, nós não estamos realmente indo a nenhum lugar em particular”, ele respondeu, “só vamos dar uma voltinha.”
“Nós não fomos a nenhum lugar ainda, então estou ansiosa por isso,” acrescentou Mahiru.
Nos três dias desde que chegaram, Mahiru foi fazer compras com o pai de Amane no primeiro dia, mas fora isso, eles passaram o tempo em casa. Os pais de Amane estavam mantendo Mahiru ocupada, e não era como se ela fosse vagar sem rumo em um bairro desconhecido.
Amane esperava que seus pais os levassem a lugares, mas em vez disso eles escolheram relaxar em casa, então ele considerou que pelo menos mostraria a cidade a Mahiru.
“Não há realmente nada por aqui, exceto parques e um supermercado, sabe? É uma história diferente se formos para dentro da cidade, no entanto. Você quer ir?”
“Não, dar um passeio com você parece ótimo. Eu estou feliz apenas de caminharmos juntos.”
“… É assim mesmo?”
Ele sabia a resposta. Mahiru não tinha nenhum lugar em particular que ela queria visitar — apenas sair e passar um tempo com Amane era suficiente para ela. Sua afeição gradualmente aqueceu o peito de Amane. Ele podia ver por sua expressão que ela realmente estava feliz por estar com ele, e ele se viu desviando o olhar de vergonha e alegria.
“Sabe, eles já parecem estar mais do que apenas namorando”, comentou seu pai.
“Nós também éramos assim quando éramos jovens, Shuuto,” sua mãe respondeu.
“Não, você não era tão bem comportada quanto Shiina aqui.”
“Oh, isso não é legal!”
“Mas eu pensei que você era fofa do jeito que você era.”
“Bem!”
Shihoko corou quando Shuuto a elogiou. Pensando que era muito cedo para ouvir esse tipo de coisa, Amane se concentrou em encher a cara com o omelete que sua mãe tinha feito para o café da manhã.
Estava gostoso o suficiente, mas mesmo assim, ele realmente preferia o de Mahiru — e não apenas porque ela era sua namorada. Agora que ele estava acostumado com a comida de Mahiru, ele achou a comida de sua mãe um tanto decepcionante.
Ele olhou para Mahiru, pensando que deveria pedir a ela para fazer o café da manhã algum outro dia, e a viu olhando para seus pais com um olhar misturado de adoração, inveja e timidez aguda.
Amane sabia o que ela devia estar pensando e começou a sentir-se envergonhado também.
… É claro, acho que nunca poderíamos ser tão amorosos quanto aqueles dois…
Mesmo assim, ele achou que seria bom se eles pudessem chegar tão perto assim, para ter o que Mahiru estava imaginando. Ele queria isso, embora ele ainda não pudesse admitir em voz alta.
Olhando novamente para seus pais, que sempre foram afetuosos um com o outro, Amane imaginou seu próprio futuro algum dia e corou ligeiramente.
“Bem, devemos ir?”
Pouco depois de seus pais saírem para o trabalho, Amane virou-se para Mahiru, que estava sentada no sofá.
Ainda era de manhã e eles não planejavam caminhar tanto. Eles iriam apenas dar um passeio descontraído pelo bairro, então ele imaginou que eles voltariam facilmente no tempo para o almoço - Mahiru estava planejando fazer carbonara. Eles iriam voltar para casa ao meio-dia, então eles não ficariam fora por tanto tempo.
“Sim. Estou pronta.”
“Bem, não há muito o que se preparar… Nós estamos planejando ir para dentro da cidade outra hora de qualquer maneira, certo?”
“… Em um e-encontro?”
“Sim. Mas hoje, podemos ir com calma.”
Amane imaginou que Mahiru iria querer muito tempo para se preparar para um encontro real. Hoje, eles estavam apenas saindo para um passeio simples. Mesmo que isto atendesse à estrita definição de um encontro, não parecia um para nenhum dos dois deles.
Um encontro era uma ocasião especial, e Amane queria planejar todo um dia, juntos. Este era simplesmente um passeio casual.
Mahiru não conseguia esconder sua alegria com a ideia de ir a um encontro em breve. Ela abriu um sorriso suave e eufórico.
“Estou ansiosa para isso.”
“Mm. Eu ainda tenho que bolar um plano, então não fique muito animada ainda.”
[Del: Hah~, toda hora o ‘Mm’ é trocado por ‘milímetros’ na tradução, carambolas. | Axel: entendo sua dor kk.]
“Eu disse a você, desde que eu esteja com você, qualquer lugar está bom.”
“Eu sei disso, mas já que vamos nos dar ao trabalho, acho que seria bom ir a algum lugar que te faça feliz.”
Mahiru disse a ele que ela estava satisfeita apenas por passarem tempo juntos, e Amane podia ver isso na expressão dela também. No entanto, como namorado dela, ele queria impressioná-la.
“Bem, essa é uma discussão para a próxima semana. Por enquanto, vamos em uma caminhada normal, vamos?”
“Sim.”
Amane ofereceu a ela sua mão, e ela aceitou com um pequeno aperto.
Isso o deixou nervoso, e ele sorriu um pouco para esconder seu constrangimento ao saírem de casa de mãos dadas.
Embora Amane não tivesse voltado para casa por cerca de um ano, a área em torno de sua casa de infância não mudou muito, e enquanto ele a guiava por ruas familiares, ele começou a se sentir um pouco nostálgico.
Eles continuaram de mãos dadas enquanto caminhavam, e as pessoas olhavam para Mahiru invejosamente quando o jovem casal, que parecia a parte de alunos que estavam de férias, passava. Amane achou isso um pouco engraçado e riu.
Os olhares por si só eram prova de como Mahiru era uma beleza, o que era uma coisa boa, mas o número de pessoas que paravam para olhar era divertido.
“Por que você está rindo?”
“Hum? Porque você é tão bonita. Você está virando cabeças.”
“Bem, não posso evitar que as outras pessoas se apaixonem por mim.”
“E se eu me apaixonar?”
“… Eu vou deixar você olhar o quanto você quiser”, Mahiru brincou, sorrindo travessamente.
“Bem, então, terei que olhar para o conteúdo do meu coração quando estivermos em casa.” Amane sorriu, também, e puxou-a pela mão para um parque próximo.
O parque era relativamente espaçoso, com muito verde, então era um lugar onde as pessoas da vizinhança vinham para relaxar.
Na grande caixa de areia, as crianças brincavam, gritando com suas vozes estridentes, ou se revezavam descendo o escorregador que ficava ao lado do trepa-trepa. Seus pais as observavam em bancos próximos e às vezes levantavam-se para brincar com os filhos.
Amane e Mahiru sorriram um pouco para a muito mundana, mas encantadora, cena.
“Elas são todas tão vivas”, disse ela.
“Elas parecem assim porque nós não somos tão enérgicos. Não podemos correr por aí assim mais.”
“Você nunca gostou de correr de qualquer maneira, não é, Amane?”
“Não, eu não me importo. Eu apenas odeio quando temos que correr em um determinado ritmo, como na aula de educação física.”
Muitas pessoas não gostavam de academia. Nem todos odiavam exercícios, eles só não gostam de serem forçados a fazer isso na frente dos outros. Amane era assim. Por conta própria, e movendo-se em seu próprio ritmo, ele realmente gostava de se exercitar. Ele simplesmente odiava a aula.
“Hmm, talvez eu vá brincar com as crianças”, disse Mahiru.
“Isso pode parecer estranho, e você não está realmente vestida para isso. Além do mais… O que devo fazer enquanto você me deixa aqui?”
“Você está certo… Mas eu acho que parece legal. Eu nunca consegui brincar assim quando eu era pequena, então…”
Mahiru acrescentou que costumava brincar sozinha em seu jardim, e Amane apertou sua pequena mão novamente.
“… Ainda assim, talvez não agora, mas, bem, como posso dizer? … Algum dia, eu espero que tenhamos a chance de brincar aqui.”
“Huh? O-ok...?”
Mahiru não parecia realmente entender o que Amane queria dizer. Mas ele não se importou que ela não tivesse percebido o que ele estava insinuando. Ele imaginou que eles teriam muito tempo para conversar sobre esse tipo de coisa mais tarde, bem depois que o ensino médio acabasse. Ele não precisava pressionar Mahiru a pensar em uma futura família — e de qualquer maneira, ele não achava que ela o rejeitaria.
[Del: Caramboralhos! Tipo, brincar com os filhos??????]
Mahiru inclinou a cabeça em confusão, então Amane sorriu e gentilmente puxou a mão dela. Permanecendo na sombra tanto quanto possível, eles caminharam lentamente pelo parque, relaxando enquanto contemplavam as flores florescendo nos canteiros e curtindo a brisa refrescante que soprava das frestas das árvores.
Ocasionalmente, uma das mulheres casadas do bairro ia cumprimentá-lo quando ela passava. “Oh, você não é o garoto Fujimiya?” As mulheres sorriam e desejavam-lhe felicidades. Não era desagradável, mas foi bastante estranho.
Os dois passearam por um longo tempo e eventualmente decidiram fazer uma pausa. Eles compraram bebidas de uma máquina de vendas automática e se acomodaram em um banco na sombra.
“Pensando bem, você já está totalmente acostumada com a casa dos meus pais, não é, Mahiru?” Amane perguntou depois de tomar um gole de sua bebida esportiva.
Mahiru piscou seus olhos cor de caramelo várias vezes em surpresa a mudança abrupta de assunto, então seu rosto se suavizou em um sorriso.
“Sim, estou, graças a todos vocês.”
“Na verdade, você se encaixa melhor do que eu.”
“E-eu encaixo?”
“Encaixa. Como se já fosse sua casa.”
Mahiru se adaptou tão bem à família Fujimiya, que foi quase como se ela tivesse pertencido a ela desde o início. Claro, os pais de Amane sempre foram afetuosos, mas Mahiru parecia receber atenção especial. Mesmo sem Amane por perto, seus pais adoravam tanto ela que era como se ela já fosse a filha favorita.
Mahiru, por sua vez, parecia estar ficando mais confortável na casa deles.
“Você está gostando do seu tempo na minha casa?” ele perguntou.
“Sim. Heh-heh, não tem sido nada além de divertido desde que cheguei à casa Fujimiya. Seus pais têm sido tão gentis comigo.”
“Eles estão adorando você ainda mais do que eu.”
“Amane, você não deve fazer cara feia.”
“Eu não estou fazendo cara feia. Não enquanto você estiver comigo.”
“… Ok.”
Amane ficou feliz em ver que Mahiru estava sendo bem recebida em sua casa, mesmo que isso significasse que ele tinha sido um tanto negligenciado. Ele estava esperançoso que, eventualmente, ela possa um dia se tornar uma integrante permanente da família.
Amane estava feliz enquanto Mahiru estivesse com ele, e ela já tinha mostrado a ele que ela sempre voltaria para ele. Então ele não teve nenhum problema com seus pais monopolizando-a um pouco. E ele sabia que uma vez que eles voltassem para seus apartamentos, ele seria capaz de tê-la só para ele de novo.
Mahiru parecia envergonhada pelas palavras de Amane, e pressionou a testa contra o braço dele para esconder seu rosto. Ele estendeu a mão para acariciar seus cabelos, pensando que ela era tão fofa quando fazia isso.
“… Fujimiya?”
Sua mão parou ao som da voz de alguém chamando por ele.
Quando ele olhou para cima, ele notou alguém por perto. Ele tinha sido tão absorto em sua conversa com Mahiru que não tinha visto a outra pessoa se aproximando.
Oh, é mesmo, eu sabia que havia uma chance de ver ele se eu viesse para casa.
A voz pertencia a alguém que Amane tentou por muito tempo esquecer, mesmo evitando-o em seus sonhos. Ele havia deixado sua cidade natal para ficar longe dessa pessoa, embora ele sempre soube que eles poderiam se encontrar novamente algum dia.
Nos recessos de seu coração, Amane estava antecipando o encontro deles.
Desta vez, porém, Mahiru estava ao lado dele, e Amane permaneceu calmo e composto. Ele respirou fundo, deixando sua mão cair, e virou-se para encontrar a voz — para enfrentar um cara que estava no centro de muitas memórias.
Notas dos Tradutores/Revisores:
-DelValle: O capítulo acaba aí mesmo ok. Mas caraca, não esperava que esse capítulo ia ser tão forte (me refiro aos aparentes pensamentos de casamento e tals), já que só tem 8 páginas e eu sabia que ele ia ser conectado ao próximo (que vai finalizar o volume 5). As coisas estão escalonando.
E também, fora de assunto, quero agradecer a um leitor que veio nos agradecer no discord pelo nosso trabalho, obrigado!
Estarei esperando por vocês no servidor!
-Axel: Quando o Del falou caramboralhos, eu só lembrei desse meme aqui kkk
Axel: E outra… Quem diabos é a pessoa que chamou o nome do Amane naquela hora??? Eu realmente buguei que só a peste nessa hora kkkkkkk [Del: coff* coff*, 35 coff*.]
-Yoru: Eu acho que já tenho mais ou menos uma ideia de quem seja, não a pessoa em específico, mas sim o tipo de pessoa… Fora isso, meu Deus Amane, tenha calma, não tente apressar tanto assim as coisas kkkkkkkk.