O Anjo da Porta ao Lado Me Mima Demais Japonesa

Tradução: DelValle

Revisão: Mon, Kurayami


Volume 11

Capítulo 8: Preparativos do Dia Branco

   Com o pesadelo das provas de fim de ano finalmente superado, Amane e Mahiru retomaram a rotina tranquila de apenas algumas semanas antes. Entraram para as provas totalmente preparados, mas nada superava a sensação de liberdade que vinha de saber que não havia mais responsabilidades acadêmicas pairando sobre eles.

   Nas últimas duas semanas, suas vidas tinham sido um ciclo interminável de estudar, comer e arrumar. Então, agora, apenas sentar à mesa depois do jantar, conversando sem nenhuma preocupação, era como respirar ar fresco.

   Eles sabiam que essa calma não duraria para sempre, mas, com as provas para trás, o alívio e a satisfação eram palpáveis. Por enquanto, pelo menos, estavam contentes em desacelerar e aproveitar a paz.

   Enquanto Amane se deleitava na atmosfera relaxada, por acaso olhou para a data em seu celular. Fevereiro já estava chegando ao fim e o Dia Branco estava chegando. Ele ainda não havia comentado com Mahiru.

   Ele havia pensado em mencionar isso antes, mas com os dois imersos na preparação para as provas, não queria arriscar desequilibrar Mahiru. Se ele tocasse no assunto, ela poderia ter interpretado como motivação, algo para esperar depois das provas. Mas, com a mesma facilidade, poderia ter se transformado em uma distração que a fizesse perder a concentração. Depois de ponderar os dois lados, ele decidiu guardar segredo até que as provas terminassem.

   Mahiru sempre levava os estudos a sério, então Amane não conseguia vê-la perdendo o foco. Mesmo assim, não havia motivo para acrescentar nada que pudesse agitar seus pensamentos mais do que o necessário.

[Kura: A Mahiru poderia ficar ansiosa.]

   Mas agora parecia o momento certo.

“Mahiru, pode me emprestar você por um momento?”

[Del: Que forma de se dizer. | Kura: Então kkkkk.]

   Amane se levantou e a chamou. Mahiru, confortavelmente satisfeita e descansando em contentamento, olhou para ele com um olhar curioso.

“Claro, só um segundo. Preciso colocar o molho de carne que sobrou na geladeira.”

“Farei isso enquanto estiver aqui. Pode relaxar no sofá. Obrigado por tudo, como sempre.”

[Moon: Mas alguém sentiu essa vibe de casados a pelo menos uns 5 anos? Akakk | Kura: Vai além :) ]

   Nos dias em que não tinha trabalho, Amane geralmente assumia a limpeza. Mas quando estava ocupado, a tarefa do jantar ficava inteiramente a cargo de Mahiru. Por isso, em noites como aquela, ele achava justo cuidar de tudo sozinho.

   Antes que ela pudesse protestar, ele juntou os pratos dela e os dele e foi para a cozinha, querendo dar um descanso a ela depois de todo o esforço que ela havia feito.

   Do outro lado do balcão, Mahiru lançou-lhe um olhar inexpressivo, levemente descontente.

“Hmph... Você roubou meu trabalho.”

“Você tem tido mais carga desde que comecei a trabalhar, então pelo menos deixe que eu cuide disso. Relaxa, Mahiru.”

“Você não tinha algo para conversar?”

“Isso pode esperar até você se acomodar.”

   Ter uma conversa importante com tarefas inacabadas pairando sobre elas simplesmente parecia errado. Elas também ficariam na mente de Mahiru, e Amane achou que era melhor resolver as coisas primeiro.

   Felizmente, não levaria mais de dez minutos para lavar a louça e guardar as sobras. Depois, poderiam sentar e conversar sem que nada os incomodasse.

   Ele pretendia fazer isso rápido, mas antes que pudesse impedi-la, Mahiru — parecendo um pouco exasperada — aproximou-se e ocupou seu lugar de costume ao lado dele na cozinha.

   Sua expressão parecia dizer: ‘Sinceramente, o que eu faço com você?’, mas havia felicidade em seus olhos.

“Nesse caso, será mais rápido se fizermos juntos. Eu guardo as sobras, então você lava a louça, Amane-kun.”

   Com facilidade praticada, Mahiru começou a dividir as refeições cuidadosamente para os próximos dias. Amane olhou para ela e soltou uma risadinha discreta.

“...Obrigado.”

“Essa é a minha fala... Môu.” Mahiru lhe deu uma cutucada brincalhona com o ombro, fazendo um leve beicinho.

   Sorrindo, Amane bateu nas costas dela com mais delicadeza do que ela. Em seguida, raspou os últimos resquícios de molho de carne grudados no prato.

 

 

✧ ₊ ✦ ₊ ✧

 

 

   Como Mahiru havia dito, trabalhar juntos era muito mais rápido do que sozinhos. Em pouco tempo, a cozinha estava impecável e os dois estavam de volta à sala, confortavelmente acomodados no sofá.

   Querendo fazer pelo menos isso por ela, Amane preparou o chá favorito de Mahiru. Agora, ela estava sentada aninhada contra ele, soprando suavemente em sua xícara para esfriá-la.

   Amane respirou o aroma quente do café com leite enquanto esperava Mahiru relaxar completamente.

“Então, qual é a questão?” Quando o vapor do chá começou a se dissipar, Mahiru colocou a xícara na mesa baixa e olhou para ele.

   A pergunta direta deixou Amane um pouco constrangido, mas com Mahiru o encarando tão diretamente, ele não podia fazê-la esperar. Em vez disso, estendeu a mão silenciosamente e segurou a mãozinha que descansava ao seu lado.

   Os dedos dela, levemente curvados, não se afastaram. Enquanto os dedos dele traçavam sua pele, ela aceitou o toque prontamente.

“Qual é o problema? Aconteceu alguma coisa ruim?” perguntou ela.

“Não, não é nada disso... Na verdade, acho que é algo que você gostaria,” disse Amane enquanto entrelaçava os dedos. No entanto, o momento fez com que parecesse mais um gesto nervoso do que puramente afetuoso.

   Limpando a garganta com uma leve tosse, Amane olhou para Mahiru. Sua expressão suave e relaxada havia se transformado em uma de curiosa antecipação, seus olhos piscando de surpresa. Naquele momento, havia algo quase infantil na maneira como ela o olhava.

“Mahiru, você me perguntou sobre minhas preferências para o Dia dos Namorados, certo?”

“Sim. Eu queria ter certeza de que você ficaria feliz com aquilo.”

“Bem... da mesma forma, quero ter certeza de que te darei algo que você também vai adorar.”

“Em outras palavras, você quer perguntar sobre meu presente de White Day?”

“Você é muito boa em ler as entrelinhas.”

[Moon: Po Amane, então… Tá na linha mesmo kkkakka Nem tem como não entender!! | Kura: Ele vai bem longe para chegar ao assunto kakakaka.]

   Amane pode ter tentado construir o momento lentamente, mas a incrível capacidade de Mahiru de entender imediatamente nunca deixava de impressioná-lo.

“Você deixou tão óbvio, então é claro que eu entenderia. Estamos perto, não estamos?”

   Mahiru apertou a mão dele suavemente, e seu sorriso caloroso iluminou seu rosto. Amane soltou uma risadinha suave, lembrando-se mais uma vez de que, quando se tratava dela, ele sempre estava um passo atrás.

“Bem... é o seguinte. Você presumiu que eu ia pedir, mas não é bem assim. Na verdade... eu já decidi o seu presente de White Day.”

“Nossa, não foi isso que você me fez acreditar antes. Então, por que tocar no assunto?”

“Tecnicamente, não estou perguntando o que você quer. É só que... lembra que eu te avisei com antecedência que estava planejando algo para o seu aniversário? Imaginei que te preparar muitas surpresas talvez não fosse a melhor ideia.”

“Sim, eu lembro.”

   Surpresas nem sempre deixavam as pessoas felizes. Na maioria das vezes, elas serviam para a satisfação de quem as planejava, e não de quem as recebia. E, às vezes, podiam deixar a outra pessoa mais desconfortável do que feliz.

   Foi exatamente por isso que Amane tomou tanto cuidado com o aniversário de Mahiru. Ele sabia que aqueles dias nem sempre tinham sido gentis com ela. Antes de fazer qualquer plano de verdade, ele pediu sua permissão. Ele se certificou de que ela se sentisse confortável com a ideia, antes de tudo.

“É por isso que eu queria esclarecer as coisas desta vez também, para que não houvesse mal-entendidos ou tensões estranhas. Eu odiaria que você se sentisse um pouco desconfortável com algo que deveria ser um presente meu. Se isso acontecesse, eu acabaria me sentindo péssimo.”

“Entendo. Obrigada por ser tão atencioso. Mas eu realmente entendo, e acho que você não precisa se preocupar. Se for algo que você escolheu pensando em mim, Amane-kun, tenho certeza de que ficarei feliz com isso, não importa o que aconteça.”

“É justamente porque eu sei que você ficaria feliz com qualquer coisa que é difícil decidir!”

   Era exatamente o tipo de resposta que ele esperava dela, mas ouvi-la em voz alta só aumentou a pressão. Como quem estava dando o presente, isso o fez questionar se sua escolha realmente corresponderia àquela confiança.

“Mas é verdade,” insistiu Mahiru. “Só de saber que você me deu ele pensando em mim me deixa feliz.”

“É, mas isso só aumenta a expectativa, sabe? Se eu te entregar algo aleatório, vai parecer que foi isso que saiu de toda aquela reflexão.”

“Você me daria algo aleatório?”

[Kura: No máximo, uma pedra de amolar.]

“Claro que não. Tenho pensado seriamente no que te faria feliz e quero te dar um presente de verdade que demonstre isso.”

   Amane sabia que Mahiru provavelmente valorizaria qualquer coisa que ele a desse. Mas era exatamente por isso que ele pensava tanto em escolher algo que ela realmente amaria para o White Day.

   O único problema era o quão ridiculamente constrangedor era dizer o que ele havia escolhido em voz alta.

“Hã... então, hum...”

“Sim?”

“Se você concordar, eu estava pensando... talvez você pudesse vir ao meu trabalho de meio período no White Day.”

“...Huh?”

   Mahiru congelou, com seu corpo inteiro se imobilizando. Embora sua expressão permanecesse composta, suas pupilas se dilataram em pura surpresa enquanto ela silenciosamente esperava que ele terminasse.

“Quer dizer, você já estava querendo ir ver há um tempo, certo? Você ficou adiando por minha causa, mas eu me acostumei com o trabalho, e até a equipe sênior me aprovou, então... imaginei que não haveria problema. Não posso exatamente ter o lugar reservado ou ficar com você o tempo todo, mas... se você ainda concordar com isso—”

“Posso mesmo!? Você está falando sério!?”

   Mahiru voltou à vida muito mais rápido do que esperava.

   Ela apertou a mão dele — não com força, mas com energia suficiente para deixar sua excitação palpável. Suas bochechas estavam coradas de alegria, seus olhos brilhavam de expectativa enquanto ela se aproximava.

[Kura: Uma criança gente :) ]

   O sorriso calmo e gracioso que ela costumava usar havia desaparecido, substituído por um sorriso largo, quase infantil. A transformação foi tão repentina que Amane não conseguiu evitar sorrir de volta. Não foi por surpresa, mas por puro afeto. Ela estava tão encantada, tão completamente radiante, que só de olhar para ela o animava.

   Era um sorriso brilhante e inocente que ela nunca demonstrava na escola. E ao vê-lo agora, Amane sabia, sem sombra de dúvida:

     Ela vai amar.

“Você está realmente interessada nessa ideia, hein?”

“Claro que sim! Fiquei me segurando esse tempo todo, querendo ver como você fica legal enquanto trabalha.”

“Se eu vou ficar legal mesmo é... questão de debate.”

“Para mim, você vai.”

   Os olhos de Mahiru se fixaram nos dele com um brilho determinado, claramente sem vontade de se mexer.

   Amane deu de ombros levemente. “...Pensei em te mostrar um lado meu que você acharia legal. Sei que pode não ser o suficiente para retribuir o chocolate que você tanto trabalhou, mas... de tudo que eu conseguia pensar, isso parecia a única coisa que poderia realmente te fazer mais feliz. Eu estava errado?”

“Como poderia estar? Eu estava esperando por isso.”

“Perfeito.”

   Mesmo que Mahiru não tivesse expressado em palavras, sua expressão e movimentos diziam tudo. Mahiru estava radiante de alegria. Sua excitação era impossível de não notar. Ela já estava tão animada só com o convite. Ele não conseguia imaginar como ela reagiria quando realmente visitasse o café.

   Ainda assim, conhecendo Mahiru, ela não perderia a compostura em público. Ela era equilibrada demais para isso. O que ela sentia por dentro, porém, era outra história completamente diferente.

   Ela parecia tão visivelmente encantada que poderia começar a cantarolar a qualquer momento. Suas expectativas eram tão altas que Amane se sentiu um pouco sobrecarregada. Mas a empolgação dela também lhe deu um leve impulso para encarar de frente essas esperanças.

   Por enquanto, tudo o que ele queria era vê-la feliz.

“Combinei de terminar o trabalho mais cedo no White Day. Vou te mostrar que estou realmente fazendo meu trabalho direito para te tranquilizar. Depois disso, pensei que talvez pudéssemos dar uma voltinha.”

“Uma voltinha…?”

“Há algumas lojas perto do meu local de trabalho que vendem utensílios de cozinha, pratos e até comidas especiais. Pensei que poderíamos dar uma olhada juntos. Você mencionou que queria trocar sua tábua de corte, certo? Poderíamos escolher uma. Sei que não é exatamente a coisa mais romântica... desculpe.”

[Del: Eu sei que é próximo, mas… Cadê. A. Pedra. De. Amolar!? | Moon: FINALMENTE!!! Depois de mais de 9 volumes, é possível a grande pedra de Amolar vir pra história!!! Sério, vocês não tem ideia do quanto a gente já conversou dessa pedra de Amolar… kakakaka | Kura: Del, os seus comentários são os melhores kakakaka.]

   Uma nova padaria abriu ali perto depois do Ano Novo, oferecendo pão fresco logo cedo. Nos dias de folga, Amane e Mahiru às vezes saíam juntos para tomar café da manhã ou comprar algo para o almoço quando estavam ocupados demais para preparar bentos.

   Embora ambos geralmente preferissem arroz no café da manhã, gostavam de pão da mesma forma. E com a padaria tão perto, pães frescos se tornaram uma parte mais frequente de suas manhãs.

   Às vezes, eles compravam um pão inteiro, e era aí que entrava a tábua de corte. Mas, não muito tempo atrás, Amane cometeu um erro grave. Ele acidentalmente fez um arranhão profundo na tábua de corte que Mahiru trouxera de seu apartamento. Não era o tipo de coisa que acontece com o uso normal e, embora a prancha ainda estivesse tecnicamente funcional, o dano claramente a havia abalado.

   Ele se desculpou várias vezes e até considerou surpreendê-la com uma nova. Mas, como era algo que ambos usavam com frequência, ele achou que faria mais sentido escolherem uma que ambos gostassem juntos.

“É muito pouco para um presente?”

   Amane estava preocupado que pudesse soar muito banal para um presente de White Day, como se faltasse o charme ou o sentimento que tal dia exigia. Mas assim que Mahiru balançou a cabeça suavemente, com seus cabelos loiros balançando com o movimento, toda a sua incerteza desapareceu.

“É mais do que suficiente... Estou tão feliz que não consigo parar de sorrir,” Mahiru sorriu radiante.

“Eu não tinha certeza se realmente contava como um presente de verdade. Parecia apenas mais uma parte da nossa rotina diária... Eu não sabia se seria o suficiente.”

“É esse dia a dia com você que eu mais prezo. E, além disso, você teve a ideia porque achou que me faria feliz, não é?”

“Sim, tive mesmo. Fiquei um pouco nervoso. Não porque eu não quisesse que você fosse ao meu trabalho, mas porque eu não tinha certeza se seria bom o suficiente. Você se dedicou tanto aos chocolates que fez para mim, e eu queria que meu presente de White Day fosse tão significativo quanto.”

“Então você não precisa se preocupar. Só de ouvir sua ideia meu coração dispara.”

“É, dá para perceber o quanto você está empolgada.”

   Mahiru estava praticamente estrelando, sua felicidade tão radiante que parecia que flores ou notas musicais poderiam começar a flutuar ao seu redor a qualquer segundo. Não havia nem um pingo de dúvida em sua alegria. E para Amane, essa era toda a segurança de que ele precisava.

“Sinto muito por ter feito você esperar tanto tempo.”

“Eu estou esperando há uma eternidade, sabia? ...Mas eu entendo. Eu entendo como você se sente, então não posso te culpar. Se eu estivesse no seu lugar, também gostaria de parecer preparada. Quando eu for, quero me apresentar da melhor forma possível, Amane-kun.”

   Fazia parte de quem ela era — serena e notavelmente autodisciplinada.

   Mesmo perto de Amane, Mahiru raramente se permitia parecer desleixada. Ela sempre mantinha uma aparência organizada, boa postura e uma presença serena. Amane, por outro lado, não tinha problema em ficar por aí, baixando completamente a guarda quando estava com alguém em quem confiava.

   Parte da formalidade de Mahiru vinha de estar na casa de outra pessoa, mas ainda assim, Amane às vezes se sentia um pouco decepcionado. Ele não se importaria em ver uma Mahiru mais casual, até mesmo um pouco desleixada, de vez em quando.

     Será que vou conseguir ver um lado mais desleixado dela quando começarmos a morar juntos...

   Só de imaginar isso o fez ansiar pelo futuro.

“Sabe, você continua adorável mesmo com roupas amassadas e desarrumada. Na verdade, fica simplesmente adorável,” disse ele.

“...Parece que vou ter que começar a acordar mais cedo do que você. Está 50/50 agora.”

“O quê? De jeito nenhum. Essa é uma das minhas pequenas alegrias... Na verdade, preciso bolar um plano para te manter dormindo profundamente por mais tempo.”

“Não fique tramando coisas assim. Meu Deus.”

   Aqueles raros e fugazes momentos em que Mahiru baixava a guarda, parecendo completamente relaxada e indefesa, eram irresistivelmente cativantes. A ideia de ver menos desse lado dela realmente doía.

   Alimentado por essa preocupação tão real, Amane começou a pensar seriamente em maneiras de fazer isso acontecer com mais frequência. Ao entender, Mahiru corou e começou a bater levemente na coxa dele com a mão livre em protesto fingido, cada toque produzindo um suave som de batidinha na perna dele.

“De qualquer forma, hum... não posso te dar um tratamento especial nem nada, mas já conversei com o pessoal do trabalho. Então... fique esperando por isso, okay? Mas não muito. Só um pouquinho.”

“...Me dizer isso agora só me deixa com mais antecipação, sabe?”

   A julgar pela reação dela, os instintos de Amane estavam certos. Ele ficou feliz por ter esperado até depois das provas para contar a ela. Enquanto Mahiru ficava visivelmente inquieta, ele estendeu a mão e acariciou suas costas delicadamente, na esperança de acalmá-la.

“Desculpe. Só pensei que era algo que eu deveria dizer corretamente. E queria ter certeza de que nossas agendas estavam alinhadas.”

“Não tem problema nenhum. Estou muito animada.”

“...Você quer tanto ver, né?”

“Claro. Mal posso esperar,” disse Mahiru, radiante. Sua voz carregava uma sinceridade inconfundível que não deixava espaço para dúvidas.

   Ao ouvir isso, Amane sentiu o calor de ser genuinamente cuidado e apenas uma pequena pontada de preocupação de que talvez, só talvez, suas expectativas estivessem altas demais.

“A propósito, fotos são permitidas?” perguntou Mahiru.

“...Vou perguntar à proprietária.”

   O café tecnicamente permitia fotos do interior e da comida, mas tirar fotos dos funcionários era estritamente proibido.

   Embora Amane pudesse tecnicamente dar permissão pessoal, isso poderia abrir um precedente ruim se outros clientes vissem isso acontecendo. Era mais seguro deixar esse tipo de decisão para Fumika. Se tirar fotos lá dentro não fosse possível, ele imaginou que poderia pelo menos pedir a ela para tirar algumas fotos dos bastidores dele uniformizado. Essa parecia a opção mais prática.

“Você não é contra eu tirar fotos?”

“Eu te deixei esperando tempo suficiente, e, bem... se isso te traz um pouco de felicidade, então eu realmente não me importo...”

“Hehe, estarei ansiosa por isso. Mas não me importarei se não for permitido.”

   Se isso significasse tornar o dia dela um pouco mais brilhante, Amane não tinha intenção de recusar. Contanto que fosse razoável, ele queria realizar todos os desejos que pudesse.

     Perguntarei sobre isso na próxima vez que estiver lá.

   Claro, ele já esperava ser provocado no momento em que o nome de Mahiru fosse mencionado.

“Ah, certo... hum, no White Day, tudo bem se eu ir trocar de roupa primeiro?” perguntou Mahiru.

“Claro, mas... aconteceu alguma coisa?”

“Não exatamente. Só quero ter certeza de que estarei apresentável ao visitar seu local de trabalho.”

“Você não precisa ir tão longe... Você está vindo apenas como cliente, não é?”

“É uma questão de como eu me sinto! E também, hum... seus colegas de trabalho também estarão lá, não é?”

“Sim, estarão.”

“Então eu tenho que cumprimentá-los adequadamente. E... eu quero me vestir bem para que você não fique constrangido de ser visto comigo.”

   O café estava com a equipe lotada, então sempre havia outros funcionários por perto. Amane não conhecia todos que trabalhavam nos primeiros turnos da semana, mas se dava bem com a maioria dos funcionários.

   Ele já havia mencionado, de passagem, que tinha uma namorada. Então, depois de apresentar Mahiru pessoalmente, não precisava ser um gênio para imaginar como seria.

   ‘Ah, então esta é a namorada dele.’ Amane já conseguia ouvir essa frase em sua cabeça.

“Já que quero que você possa me apresentar com orgulho como sua namorada, preciso me vestir adequadamente. E, além disso, se sairmos depois, gostaria de estar elegante para isso também.”

“Então acho que terei que levar uma muda de roupa também. Se você vai se arrumar toda, não posso ficar ao seu lado ainda de uniforme.”

   Se era isso que Mahiru queria, não havia motivo para impedi-la. E agora que ele pensava nisso, andar pela cidade com seu uniforme de trabalho não era o visual mais lisonjeiro. Vestir algo casual parecia a escolha certa.

[Moon: Amane-chan, tu pretendia ir de uniforme para o encontro??? | Kura: Relaxado…]

   A julgar pelo tom de voz dela, era fácil imaginar Mahiru se esforçando de verdade para se vestir neste dia. E se fosse esse o caso, parecia certo que Amane se encontrasse em termos com ela. Isso tornaria as coisas mais confortáveis ​​para os dois.

   Mahiru sempre gostou de vê-lo bem vestido. Talvez isso pudesse ser um pequeno bônus para o presente de Dia Branco que ele deu a ela.

     Vou escolher uma roupa do armário mais tarde.

   Enquanto Amane mentalmente mapeava os planos para o White Day, Mahiru lhe deu um sorriso suave e recatado.

“...É como um encontro,” disse ela.

“Quer dizer, basicamente é um. Só me sinto mal por provavelmente não conseguirmos passar muito tempo juntos.”

   A rigor, era um encontro. Mas entre o café e uma loja de utensílios de cozinha, não era exatamente o tipo de passeio que gritasse romance. Itsuki ou Chitose definitivamente o criticariam por isso.

[Del: Não se preocupe, nós, leitores, aprovamos, então vai lá e deixa ela feliz. | Moon: Ai gente, com a pessoa amada, até ficar na fila de mercado já me deixaria feliz… | Kura: Minha mente ansiando pelas cenas kkkk.]

“Passar o dia inteiro juntos seria ótimo, mas o que importa mais é a qualidade do tempo que compartilhamos. Só estar com você, Amane-kun, é mais do que suficiente para mim.”

“Que gentileza sua, Mahiru... Mas, sinceramente, eu ainda quero passar mais tempo com você.”

“Nesse caso, me convide para outro encontro em breve. Sair juntos de casa é legal, mas também há algo encantador em se encontrar e esperar um pelo outro.”

   Ultimamente, com o trabalho de meio período e a preparação para as provas, eles não tinham tido muitas oportunidades de sair sozinhos. Mas agora que as provas tinham acabado e seus planos para o White Day estavam, mais ou menos, definidos, as coisas estavam finalmente começando a se abrir novamente.

   Ele planejava fazer alguns turnos durante as férias de primavera, mas não estava disposto a preencher toda a sua agenda. Reservar um dia inteiro para passar com Mahiru — só os dois — era algo que Amane queria muito fazer.

“Então vamos sair em um dia em que eu não esteja trabalhando. Sinceramente, ainda sinto que te devo muito mais pelo White Day.”

“Acho que você não deve... mas eu adoraria. Mal posso esperar.”

“É... Eu também. Mas primeiro preciso ter certeza de que estarei com a aparência adequada.”

“Espero algo ótimo,” disse ela com uma risadinha suave.

   Vendo o quão genuinamente animada Mahiru estava, Amane fez uma promessa silenciosa a si mesmo: darei tudo de mim no White Day.

   Ele apertou a mão dela de novo, mais quente agora do que há alguns momentos.

 

 

✧ ₊ ✦ ₊ ✧

 

 

   No dia seguinte, durante o intervalo do almoço, Amane foi até a escada que levava ao terraço da escola, onde Souji deveria estar. Precisava conversar com ele sobre algo relacionado ao trabalho. Mas quando chegou, não era o único ali — Ayaka estava com ele.

   Ela às vezes almoçava com as outras meninas, mas parecia que hoje ela havia escolhido almoçar com Souji. Os dois até estenderam uma pequena toalha de piquenique, com seus lanches dispostos cuidadosamente sobre ela.

   Já que Ayaka também estava lá, Amane imaginou que poderia muito bem mencionar seus planos para o White Day enquanto conversava com Souji sobre o trabalho. No momento em que o fez, Ayaka bateu palmas, seu rosto se iluminando com um brilhante e ensolarado sorriso.

“Nossa, então você finalmente vai levar a Shiina-san para o café, hein?”

“Eu sei que a deixei esperando.”

“Hehe, ela anda tão inquieta ultimamente. De vez em quando, ela me olha com cara de inveja.”

“Inveja? Mas você não veio em nenhum dos meus turnos...”

   Ele havia dito especificamente a Itsuki e Chitose para ficarem longe do café, pois não estava muito a fim de que o vissem em um papel com o qual ainda não estava totalmente acostumado. Mas Ayaka era diferente. Foi ela quem o apresentou ao trabalho, então ele não sentiu necessidade de dizer nada. Se por acaso ela o visse no trabalho, que assim fosse.

   Ainda assim, ela nunca apareceu durante os turnos dele.

   A confusão de Amane devia estar estampada em seu rosto, porque Ayaka lhe deu um sorriso irônico e disse: “Bem, eu me sentiria meio mal se visse você trabalhando antes da Shiina-san.”

   Ayaka então esclareceu: “Eu não vou quando você está trabalhando, mas aparecia como cliente regular quando era só o Sou-chan. Acho que era por isso que a Shiina-san tinha um pouco de inveja.”

“Você só aparecia quando a Itomaki-san não estava por perto também.”

   Embora Ayaka tivesse se contido por consideração à Mahiru, esse não era o único motivo. Era mais como uma desculpa conveniente.

“É porque a Tia me mima demais quando estou lá. Eu só quero ver o Sou-chan trabalhar, mas quando a própria dona começa a me dar tanta atenção, não tenho ideia do que fazer.”

   Ela não desgostava da Fumika, mas, aparentemente, Ayaka não gostava de ser mimada assim. Por isso, ela tendia a minimizar suas visitas.

“Tem certeza de que vem me ver e não meus músculos?” perguntou Souji, com a sobrancelha erguida.

“Hmm... os dois?”

“Olha só a ganância...”

“Bem, eu quero olhar para você, Sou-chan. Então, realmente importa em qual parte estou focada?”

“...Não posso discordar disso, mas ainda assim.”

   Ayaka lançou um sorriso largo e travesso para ele. E assim, Souji ficou sem palavras, os lábios contraídos em uma linha reta e apertada, como se lutasse para impedir que mais comentários escapassem.

     O Kayano não tem chance quando você o desafia de frente, huhm? descobriu Amane.

   Souji costumava ser calmo e sereno, mas agora estava claro o quanto ele se importava com Ayaka e que ele tinha sua cota de momentos tímidos e vulneráveis.

   Foi estranhamente charmoso e um pouco engraçado. Amane sentiu como se tivesse acabado de descobrir um novo lado de seu colega de trabalho.

“Obrigado pelo tratamento,” disse ele com um sorriso provocador.

“Fujimiya...” Souji murmurou, com um aviso discreto na voz. “Ei, deixa eu ficar um pouco no seu lugar. Eu também quero saber como é ser espectador.”

“Faz sentido. A Shiina-san sempre te deixa vermelho, não é? Ela te tem completamente na palma da mão. É tão doce que dói assistir.”

[Del: Ler*]

“...Shhh, Kido.”

“‘Kaaay~.” Ayaka riu, recuando sem resistência, mas claramente divertida. “Vou perder a vantagem se você ficar do lado do Sou-chan.”

   Observando a facilidade com que ela desistia, Amane imaginou que Souji provavelmente se vingaria de toda a provocação mais tarde. Honestamente, ele estava meio tentado a ajudar quando chegasse a hora.

   Por enquanto, porém, deixou passar e sentou-se na beira da toalha de piquenique, motivado pela insistência felicidade de Ayaka.

“Então, eu verifiquei a agenda, e Fujimiya, você estará trabalhando no White Day, certo? Isso deve finalmente tranquilizar a Shiina-san.”

“Sim... Eu já a fiz esperar tempo demais.”

   Mahiru fizera o possível para não demonstrar, mas Amane sabia que ela estava esperando por aquele dia. Ayaka também notara claramente.

“Isso, claro,” acrescentou Souji, “mas acho que, mais do que tudo, vai tranquilizá-la. A Ayaka me disse que a Shiina-san anda um pouco preocupada com você.”

“Preocupada? Por quê?”

“Mmm, sobre você se tornar uma atração quente no café,” disse Ayaka, com um sorriso irônico. “A Shiina-san estava bem ansiosa com isso.”

“É, ela mencionou isso antes. Mas, honestamente, a única atenção de verdade que recebi foi de alguns clientes mais velhos. Eram uma madame e um senhor que estavam meio brincando sobre me apresentar aos netos(a) deles.”

   Eles já haviam conversado sobre como os únicos clientes que conversavam casualmente com Amane eram clientes antigos, homens e mulheres idosos com três vezes a idade dele. Homem ou mulher, não importava. Eram idosos bem-intencionados, com muita vida pela frente. O flerte ou interesse romântico que Mahiru poderia estar preocupada nunca aconteceu.

   Claro, Amane sabia que Mahiru ainda se preocupava. Era por isso que, no trabalho, ele mantinha as coisas estritamente profissionais, nunca indo além do que se esperava de um funcionário do café. Além disso, durante seus turnos habituais, mulheres jovens nem apareciam com tanta frequência.

   Ainda assim, ele entendia. Algumas ansiedades não eram facilmente dissipadas, por mais infundadas que fossem. Era por isso que ele sempre fazia questão de demonstrar, tanto em palavras quanto em ações, que Mahiru não tinha nada com que se preocupar.

“É verdade que eu não vi pessoalmente, mas... consigo imaginar perfeitamente, sabia?” disse Ayaka, pensativa. “Você parece o tipo que seria popular com mulheres maduras e experientes que já viveram a vida.”

“Sinceramente, eu nem sei por que elas começam a conversar comigo,” respondeu Amane, ainda genuinamente confuso.

“Não é porque você parece super sincero?” disse Ayaka. “Você não é chamativo nem superficial, e se tornou muito mais acessível ultimamente. Como um jovem confiável e honesto.”

“Eu poderia dizer o mesmo sobre o Miyamoto-san, no entanto.”

   Oohashi podia provocá-lo chamando-o de playboy, mas, na verdade, apesar da aparência despreocupada, Miyamoto se portava com uma compostura calma e firme. Ele parecia maduro de uma forma que não combinava com sua aparência aparentemente casual.

“Alguém como o Miyamoto-san, que consegue aquele equilíbrio entre ser meio sério e meio brincalhão, tende a ser popular também entre os mais jovens,” disse Ayaka. “Ele é amigável e confiável... o tipo de cara que naturalmente atrai pessoas de qualquer idade ou gênero.”

“Parece que os frequentadores estão todos torcendo por ele do lado de fora.”

“Ahh...” Amane entendeu.

     Será que Miyamoto ao menos percebeu que os frequentadores perceberam que ele tem uma queda pela Oohashi-san? pensou. Se não... talvez seja melhor assim.

“E tem o Sou-chan,” continuou Ayaka, sorrindo. “Com aquela expressão rígida e constituição robusta, as pessoas tendem a achá-lo um pouco intimidador no começo. Mas eu acho ele fofo.”

“Não fico exatamente feliz em ouvir isso,” murmurou Souji.

“Okay, vou te chamar de maneiro-fofo então.”

“...Faça o que quiser.”

“Você está bem com isso, Kayano...?”

   Não era tanto que Souji gostasse ou concordasse com ela. Era mais como se ele simplesmente deixasse Ayaka dizer o que quisesse. Mas o fato de ele não ter discutido ou se oposto ao seu veredito final tornava óbvio o quão suave ele era quando se tratava dela.

   Amane sempre pensou em Souji como um cara tranquilo e sereno, raramente emotivo. Mas na frente de Ayaka, aquele exterior tranquilo desaparecia quase sem esforço.

“De qualquer forma,” continuou Ayaka, “parece que a Shiina-san estava um pouco preocupada com você sendo inesperadamente popular com um certo público, e ela realmente queria ver com os próprios olhos para acalmar as ansiedades.”

“Mas a Mahiru não suspeitaria que eu estivesse traindo. Nem um pouco.”

“Hã? Você? Traindo? Até parece.”

“Talvez quando os porcos voarem.”

[Moon: Nem assim, eu duvido!]

   Eles estão em perfeita sincronia. Isso significa que confiam em mim? Amane não tinha certeza.

“...Eu aprecio a confiança, mas isso não significa apenas que sou um livro aberto?”

“Mm-hmm. Você está praticamente transmitindo seu amor por ela neste momento,” disse Ayaka.

“Não se esqueça,” acrescentou Souji, “de jeito nenhum a Shiina-san duvidaria de você quando é tão óbvio o quanto você está se esforçando para fazer algo por ela.”

“Obrigado...”

   Isso deveria ser um elogio... certo? A bochecha de Amane se contraiu.

   Ayaka, claramente sem querer ofender, interrompeu animadamente: “Vocês estão transbordando de amor.”

   Isso só o fez querer gritar: ‘Se recomponha, eu! Pelo menos tente esconder, tá!?’

     Talvez eu precise ser mais cuidadoso com a forma como ajo com Mahiru em público.

   A julgar pelo que diziam, seu rosto estava fazendo um péssimo trabalho em esconder o que sentia.

   Ele estendeu a mão e tocou a bochecha. Não posso me deixar parecer sentimental na frente de todos. Preciso ter cuidado.

   Ayaka riu, adivinhando exatamente o que se passava na cabeça dele.

“Mal posso esperar para ver a Shiina-san ficar toda doce e encantada!”

“Desculpe, mas isso é só para mim.”

“Hmph, justo. Então rezo para ver de perto um Fujimiya-kun meloso e doce e uma Shiina-san completamente apaixonada em breve!”

“Sua visão sobre nós não está um pouco distorcida...?”

“Não é assim que todos os seus amigos próximos veem vocês? Você deveria tentar perguntar ao Akazawa-kun ou à Chi-chan.”

“...Não, obrigado. Eles provavelmente concordariam com você.”

   Na verdade, provavelmente estava sendo generoso — quase certamente concordariam. Afinal, ele há pouco tempo tinha acabado de se abrir com Itsuki sobre seus sentimentos por Mahiru, então não havia dúvida de que receberia aprovação sincera, além de provocações implacáveis ​​em troca.

   Amane já conseguia imaginar: aquele sorriso estranho e nervoso que ele exibiria enquanto suportasse todas as provocações.

“Então eu estava certa, não é? Sabia.” Ayaka riu, claramente aproveitando cada segundo.

   Irritado, Amane lançou-a um olhar semicerrado, apenas para ela rir ainda mais alto em resposta.

 

 

-DelValle: Equipe, Fofo?

-Moonlakgil: Sim chefe! Muito fofo!

-Kurayami: Yes! Mas meu rosto escureceu quando percebi que esse não é o cap de ouro…

 

 

Traduzido por Moonlight Valley

Link para o servidor no Discord

Entre no nosso servidor para receber as novidades da obra o quanto antes e para poder interagir com nossa comunidade.

Apoie a Novel Mania

Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.

Novas traduções

Novels originais

Experiência sem anúncios

Doar agora