O Anjo da Porta ao Lado Me Mima Demais Japonesa

Vol 9

Capítulo 6: Procurando Conselhos de Mais Velhos

   Os meses de novembro e dezembro eram um período incrivelmente movimentado para todos os estudantes do ensino médio, e Amane não era uma exceção. De reuniões de pais e professores, à preparação regular para exames e até mesmo um exame simulado realizado por uma empresa privada externa. Com os exames regulares e o aniversário de Mahiru se aproximando na primeira quinzena de dezembro, Amane não teve escolha a não ser tirar alguns dias de folga do trabalho. Como não tinha muito tempo para trabalhar, ele só conseguia encaixar turnos sempre que podia.

“Ah, já é essa época do ano? Vocês, jovens, com certeza têm uma vida difícil.”

   À medida que a noite se aproximava, a loja estava mais ou menos vazia, o que lhes dava algum tempo para conversar e se atualizar sobre os eventos recentes. Miyamoto, que estava trabalhando no mesmo turno que Amane, assentiu nostalgicamente enquanto lavava cuidadosamente um sifão à mão, pois ele não podia ser colocado na máquina de lavar louça.

“Você ainda é bem jovem também, Miyamoto-san.”

“Bem, eu já superei o período de exames, sabe. Sou um veterano experiente.”

“—E o próximo passo é a procura de emprego para superar, certo?” Oohashi se intrometeu.

“Isso faz de nós dois…” rebateu Miyamoto.

   Oohashi, que tinha acabado de retornar após se despedir do que parecia ser o último cliente do dia, havia acabado de receber uma resposta de Miyamoto. Sua expressão mudou para uma de frustração, parecendo que ela queria falar com ele.

   Oohashi era tipicamente uma pessoa de bom coração e alegre, mas ela interagia com Miyamoto de uma maneira particularmente rude. Para Amane, parecia que eles estavam em termos bem próximos, mas ele sabia que se dissesse isso em voz alta, eles definitivamente negariam juntos. Assim, Amane guardou seus pensamentos para si mesmo.

“Como vocês dois se saíram nos exames de admissão, se me permite perguntar?” ele perguntou.

“Pare! Não me lembre…” Oohashi lamentou.

“Ah…”

“Quanto a mim, bem, eu apenas estudei normalmente e depois passei normalmente. Claro, eu tive que estudar muito mais do que quando entrei no ensino médio,” explicou Miyamoto.

“Fujimiya-chan, cuidado. Esse cara pode parecer um playboy chamativo, mas não se deixe enganar — ele é realmente muito experto sem nem tentar. Melhor não confiar em tudo que ele diz, ou então isso vai voltar para te morder,” alertou Oohashi.

   Como Amane nunca teve a oportunidade, ele nunca perguntou aos seus veteranos sobre suas notas. De acordo com Oohashi, Miyamoto teve excelentes resultados, embora ela admitisse o fato amargamente.

“Bem, eu tinha notas melhores do que você, sim. Eu levava meus estudos muito a sério.”

“Seu playboy da moda miserável!”

“Hah hah hah. Diga o que quiser. Trabalho duro nunca vai te trair.”

“Tanto faz.”

   Apesar de serem velhos amigos, as respostas afiadas de Oohashi fizeram Amane se sentir um pouco nervoso. No entanto, como Miyamoto não parecia dar a mínima para eles, ele imaginou que era assim que eles normalmente se tratavam.

   O Itsuki e eu também falamos um com o outro da mesma maneira, Amane refletiu, então acho que não há necessidade de se preocupar. Mesmo assim, ele não conseguia se livrar do seu sentimento de desconforto. Talvez o Miyamoto-san goste realmente de ser tratado assim?

   Não era o lugar dele comentar, mas Amane tinha uma vaga ideia sobre os sentimentos que Miyamoto tinha em relação a Oohashi. Embora ele esperasse que os sentimentos de Miyamoto fossem correspondidos, ele sabia que não deveria meter o nariz rudemente nos negócios de outras pessoas. Como tal, tudo o que ele podia fazer era cuidar da situação ao lado de Souji, que também entendia a situação em que Miyamoto estava.

“As coisas ficam super agitadas nessa época do ano. Há exames, aconselhamento de carreira e depois o Natal para pensar. Ah, e a propósito, ajustar seus turnos em torno dos exames mais cedo ajudaria muito a dona.”

“Ah, já enviei os dias que posso fazer com antecedência,” explicou Amane. “Pretendo reduzir minhas horas um pouco antes dos meus exames para ter mais tempo para estudar.”

   Com isso, Amane também havia considerado o tempo extra necessário para se preparar para o aniversário de Mahiru, mas isso não significava que ele poderia tirar todos os dias de folga. Ele estava determinado a fazer ótimo uso do tempo que tinha para administrar tudo com eficiência.

“Tudo bem, entendi. Se soubermos com antes, podemos preparar as coisas com antecedência.”

“E sobre seu turno no Natal... Tenho certeza de que você quer passar o dia com sua querida namorada, certo? Você não quer negligenciá-la, quer?”

“Bem, isso é...”

   Amane tinha ouvido falar que trabalhadores sem um parceiro muitas vezes acabavam trabalhando nos turnos de Natal, mas ele nunca imaginou que seria ele quem forçaria os rearranjos. De certa forma, era lógico que se ele fizesse planos para o Natal, colegas de trabalho que não tivessem tais planos teriam que cobrir seus turnos. Agora percebendo esse fato, Amane sentiu uma onda de culpa tomar conta dele, e ele sentiu uma forte vontade de se desculpar pelo problema.

   No entanto, apesar disso, Miyamoto deu a ele um sorriso brilhante. “Está tudo bem, não se preocupe com isso. Vá se divertir com sua namorada.”

“Mas então só eu terei o dia de folga...” Amane lamentou.

“Não se preocupe com isso. Há alguém que trabalha no turno da manhã que você ainda não conheceu, e eles já nos disseram que cobririam você. A dona aumenta nossos salários no Natal até o final do ano, então eles querem ganhar algum dinheiro extra. Vou fazer mais turnos também.” Miyamoto riu, “Durante uma temporada movimentada como essa, todos os estabelecimentos na indústria de restaurantes inevitavelmente ficam extremamente ocupados. A proprietária, Fumika, compensa esse período agitado aumentando o salário por hora e nos dando bônus adicionais, além disso. Para aqueles de nós sem planos, é a chance perfeita de encher a carteira.”

“Afinal, você não tem uma parceira, tem~?”

“Cala a boca. Assim como você também.”

“Como você sabe que terminamos?”

“Você continuou falando sobre isso. Você não se lembra?”

“C-calma, calma, por favor, abaixem a bola.” Sempre que os dois ficavam conversando, eles, por algum motivo estranho, começavam a discutir sobre uma coisa ou outra. Intervindo, Amane se virou para eles e tentou separá-los. Então, ele mudou de assunto. “Na verdade, tem uma coisa que eu gostaria de perguntar.”

“Ah?”

“Como é a vida universitária? Já fui a eventos abertos no campus antes e, embora eu consiga sentir a atmosfera de lá, não sei realmente como é para as pessoas que realmente vão lá.”

“Ahh, sim, os alunos do ensino médio sempre ficam presos nisso.”

   A tentativa de Amane de mudar de assunto foi um sucesso. Tanto Miyamoto quanto Oohashi tinham expressões pensativas desprovidas de despeito, seus olhos ficaram vagando aleatoriamente em nenhuma direção específica. Amane se absteve de dizer o quão semelhantes eles eram em voz alta.

“É difícil colocar em palavras, mas não é como uma continuação do ensino médio... Ou algo assim. Embora isso não se aplique a todos os departamentos e cursos, as aulas não são tão regulares quanto no ensino médio. Elas ainda seguem um cronograma, mas as minhas aulas não eram tão apertadas quanto costumavam ser. O período de exames era muito mais lotado.”

“É, por que eles nos deram tantas aulas de uma vez? Parecia o momento mais movimentado da minha vida.”

“Talvez você não estivesse por dentro de tudo?”

“Quieto, você.”

   Por que esses dois sempre começam a discutir sempre que conversam? Amane se perguntou, mas ele simplesmente atribuiu isso à sua própria maneira única de se comunicar. De acordo com Souji, que já estava acostumado há muito tempo, ‘Esses dois sempre entram em discussões.’ e Amane não pôde deixar de pensar que ele estava certo.

“Eu realmente gosto das palestras sobre assuntos que me interessam, mas as palestras sobre os cursos obrigatórios que não me interessam são, francamente, muito chatas. Não há como evitar, no entanto.”

“Literalmente ninguém gosta delas... Elas são importantes para obter créditos, mas ainda assim. Eu adoraria simplesmente abandoná-las completamente. Eu até pensei em pular.”

“É importante entender o básico, como eu continuo dizendo—”

“Okay, e daí!?”

“Okay, okay.” Amane tentou acalmar ambos.

“Bem, diferente do ensino médio, é mais proativo. O foco principal é a exploração acadêmica, e você tem que gerenciar como você faz todo o seu trabalho sozinho, então há muito mais responsabilidade consigo mesmo. Já que até certo ponto, você escolhe o que quer estudar, é importante escolher sabiamente. Além disso, se você não é uma pessoa matinal, você ficará cansado do primeiro período. Ele vai te destruir. O momento mais perigoso é quando você se acostuma com a universidade e baixa a guarda.”

“Esse é um conselho sincero. O próprio Daichi quase dormiu demais algumas vezes.”

“Essa foi minha própria tolice.”

“É! Toma essa, seu grande idiota~!”

“Como se você fosse alguém para falar. Você dormiu demais várias vezes no ensino médio.”

   A conversa deles estava começando a parecer um ato de comédia de casal, o que fez Amane perceber que ele tinha se acostumado bastante com seus veteranos.

“De novo, depende da universidade, mas morar no campus é uma ótima experiência,” Miyamoto continuou. “Não é exatamente um paraíso de sonho, mas é muito mais relaxante do que você imagina. Se você entra ou não em algum círculo é com você, mas você pode ganhar muito conhecimento e conexões que normalmente não faria... Bem, ter pessoas com quem você pode conversar e compartilhar informações pode ser útil, mas você encontra pessoas que chamamos de ‘Destruidores de relacionamentos’, eles gostam ocasionalmente de arruinar os relacionamentos dos outros e expô-los ao perigo, o que pode ficar realmente assustador muito rápido.”

[Kura: Perdão pela intromissão no meio da conversa. Mas a parceira do Amane anda bem armada sabe…]

“Ei, não nos assuste assim,” disse Amane.

“É realmente assustador, sabia?” Atestou Miyamoto.

“Uh, claro, eu acho... sabe...”

“Não quero ouvir mais, então vamos terminar isso aqui, okay?” Os dois deram a Amane um vislumbre de um abismo desconhecido para ele — só de ouvir sobre isso foi o suficiente para lhe dar arrepios. Miyamoto e Oohashi assentiram solenemente, tendo claramente testemunhado algo realmente horrível.

“Envolver-se em casos amorosos pode ser assustador,” alertou Miyamoto.

“Vou manter isso em mente,” respondeu Amane.

   Depois de tudo isso, Amane gravou em sua mente que o maior obstáculo que ele poderia enfrentar não eram palestras ou tarefas, mas relacionamentos com pessoas. Ele resolveu se proteger para evitar se envolver em situações estranhas.

“De qualquer forma, não tenho intenção de abordar nenhuma garota além da minha namorada. Mesmo se eu entrar para um círculo, vou lembrar de manter uma distância apropriada. Não quero ser suspeito de traição.”

“Fujimiya, você é inteligente o suficiente para não se envolver em nada estranho. Mas mesmo assim, não consigo me livrar da sensação de que você pode se envolver em algo confuso sem perceber.”

“Você não poderia dizer algo tão sinistro!?” Amane estremeceu e implorou por misericórdia, mas Miyamoto simplesmente riu em resposta, “Ha ha ha, estou apenas brincando.” No entanto, a piada não soou bem para Amane, e o medo ainda o atingiu.

[Del: Brincadeira tem hora. / Mon: kakakaakakaka!]

“De qualquer forma, se algo acontecer, não tenha medo de nos consultar sobre isso. Gostaria de pensar que terei terminado minha busca por emprego até lá.”

“Sim, seria melhor se nada acontecesse, Fujimiya-chan.”

“…Ouvir tudo isso torna muito difícil perseguir o sonho da vida universitária,” Amane admitiu.

“Você estava sonhando com isso?”

“Não, de forma alguma. Para mim, é mais um trampolim para se tornar um adulto trabalhador, uma parte necessária do processo de conseguir um emprego... É realmente aceitável pensar dessa forma? Matricular-se na universidade para garantir um emprego em vez de avançar na busca por conhecimento?”

   Para Amane, a universidade não era algo para ser apreciado — ele a via mais como uma preparação adicional necessária para conseguir um emprego.

   Claro, ele tinha a coragem e o entusiasmo para estudar a área em que estava interessado, mas não estava necessariamente fazendo isso por carreira. Para Amane, ir para a universidade era mais sobre enriquecer suas opções futuras na vida.

   Embora ele entendesse que as universidades eram fundamentalmente instituições específicas para pesquisa acadêmica, ele não podia se comprometer inteiramente com a busca por conhecimento. Isso o fez se perguntar se isso era realmente aceitável, mas Miyamoto, que atualmente era um estudante universitário, respondeu à pergunta de Amane em um tom exasperado.

“Só um cara sério como você se preocuparia com algo assim. Não é perfeitamente normal? Na verdade, não acho que você encontrará muitos estudantes do ensino médio tão determinados a ponto de dizerem: ‘Eu realmente quero conseguir esse emprego! Então, vou para essa universidade e faço esse curso!’ A maioria das pessoas escolhe estudar algo que lhes interessa ou porque acha que terá dificuldade em conseguir um emprego sem um diploma. Você também tem pessoas que vão só porque todo mundo que elas conhecem também está indo, ou porque isso lhes dá uma pausa maior antes de ter que encontrar um emprego.”

“Ugh, isso mexe com você.”

“Rino, você deveria ser grata à moça que te fez chorar no ensino médio.”

“Eu sou grata à minha mãe, acredite ou não. E agora tenho objetivos, então não há problemas nisso.”

“Oh, sério?”

“Cai fora.”

“...Bem, todo mundo tem suas próprias razões, e seria bobagem julgá-los por isso. Em vez de se concentrar no porquê, pense no que você quer alcançar na universidade e como quer usar isso na sua vida. No final do dia, depois da formatura, todos nós temos que andar com nossos próprios pés, e nossos resultados moldarão quem somos e como somos vistos. Se você está satisfeito com isso, então é isso. Não se preocupe com o que os outros têm a dizer.”

   Com um tapinha gentil em suas costas, de Miyamoto, as preocupações que pesavam sobre Amane diminuíram um pouco. Essas não eram as palavras de um pai, nem de alguém com interesses compartilhados, nem mesmo de um amigo muito próximo. Eram as palavras de um veterano tanto em seu trabalho de meio período quanto na vida, e foi exatamente por isso que suas palavras ressoaram no coração de Amane, fazendo-o sentir como se uma brisa refrescante tivesse passado por ele.

   Se ele tivesse ouvido essas palavras de Shihoko ou Itsuki, Amane poderia tê-las entendido de uma maneira diferente, mas ouvi-las de Miyamoto fez toda a diferença. Ele se sentiu grato por ter ouvido essas palavras dele.

“Oh, vocês estão discutindo sobre a universidade, talvez?”

   Enquanto ele silenciosamente refletia sobre as palavras de Miyamoto, Fumika apareceu por trás com movimentos vagarosos. Ela devia estar trabalhando na área onde os funcionários geralmente não iam, pois era a primeira vez que ele a via hoje. Ela usava seu sorriso gentil e doce de sempre, e um aroma perfumado de doces assados, aparentemente infundido com sua presença reconfortante, flutuava pelo ar.

“Ei, Proprietária. Bom trabalho hoje.”

“Esse cheiro é delicioso.”

   Fumika riu, “Eu estava trabalhando em uma receita para um bolo potencialmente por tempo limitado nos fundos. Estou pensando em colocá-lo em nosso menu no Natal.”

“Ah, não é de se admirar que não tenhamos visto você por aqui.”

   Fumika estava ocupada trabalhando em sua cozinha particular nos fundos, o que explicava o aroma delicioso que ela carregava. Ela era bastante exigente quando se tratava de sua confeitaria, e apenas os bolos que foram aprimorados ao longo do tempo para atender aos seus altos padrões eram oferecidos aos clientes. Aparentemente, ela criava um bolo de Natal diferente a cada ano e passava um tempo considerável aperfeiçoando suas receitas nos bastidores.

“Por favor, tenha misericórdia de mim,” Oohashi chorou. “Não comi nenhum lanche e agora estou com pouca energia... Também é quase hora do jantar... *Sniff sniff*, isso cheira tão bem.”

“Meu bem, esse é o momento perfeito — eu só estava precisando de um provador. Só não conte aos outros funcionários, okay? Mantenha em segredo quando você experimentar alguns.”

“Meu... Deus...” Oohashi juntou dramaticamente as mãos em sinal de adoração, fazendo Fumika rir alto.

   Percebendo Amane olhando, Fumika sorriu para ele e acenou para ele e Miyamoto. “Vocês dois venham também. Espero que não se importem com doces.”

“Viva! Seus bolos são deliciosos.”

“Meu Deus, você me lisonjeia.”

“Não, eles realmente são.”

   Enquanto Fumika ria suavemente, Miyamoto e Oohashi andavam na frente.

   Percebendo que Amane não havia se movido, Fumika dirigiu seu olhar para ele.

   Após uma breve pausa, Amane olhou diretamente em seus olhos. “Hum, Proprietária, você tem um momento?”

“Desculpe?” Fumika parecia completamente confusa, sem ter ideia do que Amane queria dizer.

   Amane fechou os olhos por um momento, pensando se deveria ou não falar.

   Apesar de sua introdução repentina, Fumika o contratou quase na hora. Ela tinha sido flexível com seus turnos, fornecia seus próprios grãos de café para Mahiru e, em geral, cuidava bem dele. Ele devia muito a ela. Sem ela, o ambiente de trabalho confortável que ele estava desfrutando não teria sido possível.

   Por causa de tudo isso, Amane não tinha certeza se era aceitável confiar ainda mais nela — mas tinha certeza de que ela era a pessoa certa para perguntar.

   Sentindo-se um pouco culpado enquanto Fumika olhava curiosamente para ele, Amane hesitou, mas então começou a falar, determinado a garantir uma peça crucial para o próximo X-Day e garantir seu sucesso.

“…Você por acaso conhece alguma receita de bolo que até um amador poderia fazer?”

✧ ₊ ✦ ₊ ✧

   Tendo terminado seu trabalho de meio período e retornado para casa o mais rápido possível, Amane observou os passos graciosos, mas animados, de Mahiru enquanto ela corria até ele. Ao ver isso, uma sensação de alívio tomou conta dele.

   Ele havia mandado uma mensagem para Mahiru a bordo do trem para avisá-la que ele poderia chegar tarde em casa, mas como ele estava mais atrasado do que o normal, ele pensou que ela poderia estar preocupada mesmo assim. Como se viu, suas preocupações estavam certas, embora, felizmente, ela não parecesse muito ansiosa sobre isso.

“Oh, bem-vindo de volta, Amane-kun. Você está um pouco atrasado esta noite, não é?”

“Estou em casa. Desculpe, tive que ficar para ajudar com algumas coisas. Não foi grande coisa. Aconteceu alguma coisa enquanto eu estava fora, Mahiru?”

“Hmm, nada de especial não. Se eu tivesse que dizer, então suponho que o ensopado que eu estava preparando para o jantar ficou perfeito, se é que posso dizer.”

“Sério? Mal posso esperar para experimentar.”

   Amane ficou satisfeito ao ouvir que o prato cozido que Mahiru preparou enquanto esperava por ele tinha ficado tão bom, então, enquanto ele colocava seus chinelos, ele não conseguiu deixar de relaxar e sorrir.

   Mahiru tinha um sorriso cheio de confiança. “Por favor, pode criar expectativa por isso.”

   Mesmo com o lanche que Fumika permitiu que ele experimentasse, não havia como satisfazer totalmente o apetite de um garoto do ensino médio. Como ele estava ansioso para comer o jantar de Mahiru, Amane correu para casa o mais rápido que pôde.

[Del: Uhum, ainda mais se pratica exercícios e coisas assim. Slk, às vezes abre a geladeira e dá vontade de pegar o que vier pela frente.]

“Estou ansioso para o nosso jantar hoje à noite,” disse Amane com um sorriso enquanto tirava o casaco. Mahiru tirou naturalmente o casaco dele — ou melhor, ela o pegou meio modestamente. Parecia que ela queria guardá-lo para ele.

[Mon: Tottaly Wife material (Certamente uma esposa)]

“Ah, obrigado por cuidar do meu casaco.” Embora não houvesse necessidade de ela ir tão longe, ela parecia ansiosa para fazê-lo, Amane não tinha razão para recusar e simplesmente deixá-la pegar o casaco.

   Mahiru olhou para seu casaco com um sorriso. Então, de repente, ela mudou seu olhar para a mão de Amane. “...Isso é uma mancha vermelha no seu dedo, Amane-kun?”

   Mahiru — de fato, era uma garota excepcionalmente observadora e atenciosa.

   Mais cedo hoje, Amane realmente tingiu seu dedo levemente. Dito isso, foi apenas por um breve momento, e a queimadura esfriou rapidamente sem nem mesmo deixar uma bolha. Como aquela parte de sua pele só ficou um leve tom de vermelho, Amane não esperava que ela notasse nada.

“Ahh… Posso ter queimado levemente na chapa da cozinha. Foi só por um momento, então é apenas uma queimadura leve, na verdade. Eu tratei direito também. Está só um pouco vermelho.”

“…Dói?”

“Agora? Não tanto. Foi um erro meu, então vou lidar com isso.”

   Mahiru, adoravelmente, demonstrou seu descontentamento com um beicinho, apesar de não ser algo com que ela precisasse se preocupar. Em uma tentativa de acalmá-la, Amane deslizou gentilmente a mão ao longo dos fios sedosos de seu cabelo brilhante e louro. Enquanto ele usava aquela mão que havia queimado, agora não havia mais dor, mesmo quando ele tocava em algo.

“Não se preocupe, está tudo bem. Meus superiores disseram que queimaduras leves acontecem o tempo todo quando você trabalha em uma loja que lida com alimentos.”

“...Por favor, tome cuidado para não se machucar seriamente, okay?”

“Vou jogar pelo seguro para não te deixar preocupada, Mahiru.”

“Excelente.”

   Amane também queria evitar causar preocupações desnecessárias para Mahiru, então ele jurou a si mesmo que seria mais cuidadoso e garantiria que não repetiria o mesmo erro.

   Em resposta à promessa sincera de Amane, Mahiru lançou-lhe um olhar preocupado. “Amane-kun, seu bem-estar vem em primeiro lugar,” ela então disse, antes de ir guardar o casaco de Amane em seu quarto. Depois dele a observava ir, Amane foi até o banheiro para lavar as mãos após voltar para casa.

   Ele sentiu uma pontada de culpa por não mencionar a causa exata da queimadura.

 

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