Vol 9
Capítulo 4: Memórias do Passado
Como sua reunião de pais e professores estava marcada para hoje, Amane, é claro, tirou o dia de folga do trabalho. Depois que a reunião terminou, ele acompanhou Shihoko de volta para o apartamento.
Mahiru geralmente passava a maior parte do tempo na casa de Amane, e hoje não era exceção. Como ela estava esperando por ele na sala de estar, ela foi rapidamente até a porta da frente depois de ouvir o som dela destrancando. Shihoko não estava mais surpresa com isso, então parecia que agora ela também considerava isso comum.
Amane não tinha certeza se deveria se sentir insatisfeito ou envergonhado sobre como ela havia aceitado isso como a norma. No entanto, como agora era tão típico deles que ninguém mais comentava sobre isso, ele imaginou que sua única opção era deixar para lá.
“Oh, Shihoko-san, você veio visitar.” Mahiru a cumprimentou com um sorriso entusiasmado, como se estivesse recebendo um parente em casa para uma visita anual. Embora eles tivessem se encontrado durante o festival cultural, os muitos eventos que ocorreram desde então fizeram com que parecesse uma memória distante.
[Mon: Ela na maior vibe: “Minha casa também agora!” Amooo!]
Ainda mais entusiasmada do que Mahiru estava Shihoko, que exclamou alegremente: “Oh meu Deus, Mahiru-chan, você parece bem!” Ela abraçou Mahiru com força, com uma expressão de alegria no rosto.
Mahiru, embora com as bochechas vermelhas, aceitou seu abraço alegremente, então Amane não teve motivos para reclamar. Dito isso, Amane não pôde deixar de perceber como Shihoko continuou compartilhando um reencontro muito mais emocional com Mahiru do que com ele, seu próprio filho. As duas continuaram a aproveitar seu momento afetuoso por um tempo até que Shihoko, percebendo o olhar confuso de Amane, disse: “Amane pode ficar com ciúmes, então vou deixar por isso mesmo,” entendendo completamente mal a situação. Isso só fez o olhar de Amane se aguçar ainda mais.
“Você veio para a reunião do Amane-kun hoje?”
“Sim, exatamente. Sendo esta época do ano, reuniões como essas são inevitáveis. E agora que o Amane está na segunda metade do segundo ano, seu professor aplicou um pouco de pressão para garantir que eu comparecesse.”
Embora fosse raro um aluno da escola de Amane morar sozinho, a administração da escola reconheceu sua situação. Durante as reuniões anteriores, eles não tiveram problemas com a ausência dos pais dele... No entanto, com os exames se aproximando, a escola estava preocupada com a falta de coordenação entre seus pais e professores e, como resultado, eles pediram que Amane trouxesse seus pais para a próxima reunião, se possível.
Amane achou que seria estranho se seus pais estivessem ausentes em todas as reuniões. Como ele também entendia as preocupações de seu professor sobre os próximos exames, Amane fez questão de pedir que seus pais comparecessem dessa vez.
“O Shuuto-san está trabalhando?” Mahiru perguntou.
“Sim, ele está. É um período movimentado para ele, então ele não conseguiu tirar folga. Embora, pessoalmente, eu adoraria uma reunião a quatro.”
“Isso seria incrivelmente pressionador, então nem sugira. Reuniões regulares já fazem com que nós, alunos, nos sintamos estranhos o suficiente.”
Shihoko riu, “Oh, tenho certeza que sim. Você deveria se acostumar com o constrangimento enquanto tem a chance, Amane. Depois que você se formar, você não terá mais nenhuma dessas reuniões.”
Para os alunos, as reuniões de pais e professores eram uma provação universalmente estranha e um tanto intimidadora, mas para os pais, elas passavam muito facilmente.
Era isso, ou Shihoko simplesmente tendia a passar por elas casualmente. Vendo sua mãe aproveitando completamente sua posição como mãe, Amane suspirou profundamente.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
Como já eram meados de novembro, a estação nas quais as temperaturas caíam e as bebidas quentes tinham um gosto melhor, o chá que Mahiru fez estava delicioso o suficiente para aquecer todo o seu corpo. Tendo cedido o sofá para Mahiru e Shihoko, Amane sentou-se de pernas cruzadas no chão, tomando seu chá lentamente enquanto olhava para as duas. Mahiru ainda parecia estar se dando melhor com sua mãe do que ele.
“Sua reunião de pais e professores é amanhã, certo, Mahiru-chan?” Shihoko imediatamente pisou em uma mina terrestre de um tópico sensível, fazendo Amane quase engasgar com sua bebida. No entanto, ele conseguiu mascarar sua reação enquanto limpava a garganta, sabendo que exagerar só provocaria Mahiru.
Olhando para Mahiru, Amane notou que ela tinha seu sorriso habitual no rosto.
“Sim, embora seja certo que será mais uma reunião de aluno e professores. Não informei meus pais, então não será uma reunião genuína de pais e professores,” disse Mahiru.
Mesmo após receber o aviso sobre a conferência de pais e professores, Mahiru nunca havia tocado no assunto em uma conversa nem havia informado seus pais, o que era de se esperar. Shihoko, que sabia uma coisa ou duas sobre a situação familiar de Mahiru, observou sua expressão calma e inalterada. Com seu comportamento habitual, Shihoko soltou um “Hmm,” soando pensativa, mas igualmente imperturbável.
“Em outras palavras, há espaço para eu ir com você.”
“Mãe.” Ao ouvi-la dizer algo tão ultrajante, Amane começou instintivamente a se levantar.
[Del: Observação, Pais e Parentes possuem a mesma palavra em tradução: Parents.]
Apesar disso, Shihoko continuou com uma expressão completamente séria. “Uma reunião de pais e professores é apenas isso — uma reunião de pais e professores. Em nenhum lugar especifica qual parente tem que comparecer. Contanto que seja um responsável, qualquer um pode ir, certo?” Shihoko descreveu seu plano como se fosse um golpe de gênio. “Além disso, ela é praticamente minha filha, então não há mal nenhum em ouvir sobre seu plano para o futuro. Do jeito que eu vejo, não sou diferente de uma responsável.”
“O que você está dizendo com essa cara séria? Não tem como nosso professor não dizer nada.”
“Então que tal pedir para o Shuuto-san ir? Eles podem não notar à primeira vista.”
“Mas você mesma disse que o pai não poderia tirar o dia de folga.” Embora Amane percebesse que suas respostas estavam fracassando, ele não conseguiu deixar de dizer algo — suas palavras continuavam saindo. “Na verdade, esse nem é o ponto. Você tem que pensar em como a Mahiru se sente também. Se alguém de fora de repente se junta a uma conversa sobre o futuro dela, mesmo que vocês sejam próximas, a Mahiru pode ficar desconfortável.”
“Ah, esse é um ótimo ponto. Que boba eu, me precipitei.”
“Não, estou feliz que você se sinta assim!” Mahiru exclamou.
“Você não precisa ser atenciosa com a minha mãe, sabia?”
“Não é que eu esteja sendo atenciosa, é só que, hum... Isso realmente me deixou feliz, e estou grata. Esses são meus verdadeiros sentimentos.” Mahiru balançou a cabeça gentilmente, sem mostrar sinais de mentira. Ela não parecia abrigar nenhum sentimento de desconforto ou confusão sobre a oferta de Shihoko. No entanto, estava claro que sua felicidade genuína não era toda a história. Enquanto Mahiru demonstrava uma mistura de desejo e admiração, também havia uma pitada de resignação em sua expressão.
“Como seria maravilhoso se isso pudesse acontecer.” Apesar de Mahiru não dizer nada, Amane sentiu como se pudesse ouvir essas palavras.
“Já que isso inevitavelmente envolve ter que discutir meus assuntos familiares, acredito que o professor pediria para você se abster. Mesmo que você se esforçasse para comparecer, provavelmente seria uma perda de tempo...”
No entanto, Mahiru rapidamente retornou ao seu sorriso habitual, agarrando a mão de Shihoko e olhando para seu rosto. O vislumbre fugaz de emoção agridoce que momentaneamente cruzou o rosto de Mahiru não era mais visível.
“Hum, por favor, permita-me aceitar seus sentimentos. Fico feliz que você pense em mim como sua f-filha, Shihoko-san.”
“Minha nossa! Você já é praticamente minha filha.”
“Mãe,” interrompeu Amane.
Shihoko respondeu com uma risada. “Até o Amane está ficando todo tímido agora.”
“Eu vou ficar bravo.” ele resmungou. Quer Shihoko tenha notado a mudança sutil de Mahiru ou não, ela usou Amane como um meio para mudar de assunto e aliviar o clima. Ele imediatamente concordou, embora não sem lançar um leve olhar para sua mãe.
Shihoko gostou muito da reação de Amane e olhou para Mahiru com um sorriso brincalhão. Ela sussurrou provocativamente: (Mahiru) “Ele está apenas escondendo seu constrangimento, não é~?” com um sorriso despreocupado.
“É isso que o torna tão fofo — ele é tão fácil de ler. Certo, Mahiru-chan?”
“O Amane-kun é sempre fofo.”
“Mahiru...”
“Oh, você não sabia? Eu sempre acho que você é legal e fofo, Amane-kun.”
Para as mulheres, “fofo” era um tipo de elogio, frequentemente usado com o significado de achar algo cativante. No entanto, depois de considerar como Mahiru geralmente se comportava, havia uma possibilidade real de que ela realmente o achasse fofo no sentido infantil, o que tornava seu comentário particularmente difícil de ignorar. Em vez de fofo, Amane desejava ser visto como legal. Ao mesmo tempo, no entanto, ele estava ciente de que havia mostrado a Mahiru alguns de seus lados mais lamentáveis antes, o que seria bastante frustrante para ele se essa fosse a razão pela qual ela o percebia como fofo. Embora ele não tenha expressado nenhuma reclamação, ele se sentiu justificado em enviar a ela um olhar de desaprovação.
Vendo que Amane não deixaria sua insatisfação diretamente conhecida, Shihoko continuou a sorrir para ele maliciosamente. “Uau! Você deve realmente ser honesto com a Mahiru-chan. Ela consegue ver lados de você que você nem mostra para seus pais~”
Mahiru riu. “Eu acho que o Amane-kun é sempre honesto.”
“Eu só posso esperar que ele seja,” Shihoko respondeu. “Agora, o Amane não mostra muita honestidade quando está comigo. Ele costumava ser tão adorável e direto quando era mais novo.”
“Eu acredito que a maioria dos garotos da idade dele luta para ser honesto com suas mães. O constrangimento deles parece levar a melhor. Mas mesmo que suas palavras possam ser fortes, o Amane-kun ainda é gentil. Eu acho maravilhoso como ele fica todo quieto quando percebe que falou demais.”
“Exatamente. Ele está naquela idade agora em que quer agir duro. Mas a personalidade dele não mudou nada, então não estou preocupada com isso.”
“Por que meu apartamento sempre vira território inimigo...” Amane murmurou.
Mesmo na casa dos pais, ele sentia que estava em território inimigo, então não esperava se sentir da mesma forma nem em seu próprio apartamento. Quando Shihoko estava por perto, Mahiru nem sempre estava do seu lado — às vezes, ela se juntava silenciosamente a Shihoko contra ele, então Amane não podia se dar ao luxo de baixar a guarda. Desta vez, também, Mahiru uniu forças com Shihoko para diminuir seu HP.
“Ah, é porque qualquer lugar que eu vá vira meu território, não?”
“Já chega, mãe. Sério, você é um verdadeiro pé no saco.”
“É isso que eu quero dizer, Mahiru-chan. O jeito que ele tenta esconder seu constrangimento é adorável.”
Enquanto Shihoko ria, acrescentando: “São apenas palavras, afinal,” Mahiru riu junto. Foi nesse momento que o medidor de HP de Amane chegou ao vermelho.
“Vocês se dão muito bem, não é?” Mahiru riu.
“Isso não é o que você chamaria de ‘se dar bem’, Mahiru...”
Percebendo a tremenda exaustão mental de Amane, Mahiru riu baixinho e disse: “É assim que parece olhando de fora,” enquanto piscava para ele adoravelmente.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
Shihoko ficou por cerca de uma hora antes de sair graciosamente às pressas, exclamando que tinha trabalho no dia seguinte. A atmosfera animada rapidamente se acalmou, retornando a uma de calma e tranquilidade.
Amane sentiu-se aliviado que a atmosfera pacífica de sempre tivesse retornado, mas parte dele desejava que Shihoko pudesse ter ficado um pouco mais, visto que Mahiru gostava da companhia dela. No entanto, como Shihoko frequentemente fazia comentários que o irritavam, talvez sua partida antecipada tenha sido, na verdade, para melhor. Se ela não o provocasse com tanta frequência, Amane gostaria que ela ficasse ao lado de Mahiru.
“Hehe, estou feliz em ver que a Shihoko-san está bem.” Mahiru recostou-se no sofá com um sorriso confortável.
Amane, sentado ao lado dela, com um sorriso irônico, tomou mais um gole de seu chá agora frio. “Ahh, bem, ela é sempre enérgica, mas é bom ver que ela está bem. Eu só queria que ela se acalmasse um pouco, no entanto. Tipo, de verdade.”
“Eu acho que é uma coisa boa,” Mahiru respondeu. “É bem ela.”
“Bem, eu acho que você poderia colocar dessa forma.”
“Hehe, você não é bom em lidar com a natureza animada da Shihoko-san, é?”
“É mais que eu não sou bom em como eu continuo no meio do tiroteio.”
Mahiru, apesar de ser parcialmente responsável por aumentar a vivacidade de Shihoko, simplesmente riu, sem saber do efeito que ela tinha. Na mente de Amane, enquanto Mahiru estivesse se divertindo, então ele não tinha intenção de culpá-la por isso.
Sim, eu talvez tenha que aprender a lidar melhor com minha mãe, afinal, Amane pensou consigo mesmo. Ele suspirou, sabendo que era algo que ele não conseguia fazer há dezessete anos.
“A Shihoko-san parecia estar bem ocupada,” Mahiru comentou suavemente, talvez se lembrando da conversa deles e de como Shihoko tinha se despedido às pressas.
“Sim, ela tem alguns prazos no trabalho, aparentemente. Sou grato por ela ter vindo. O papai queria vir também, mas ele está muito ocupado agora, então ele não pôde vir.”
“Hehe, você é muito amado, não é?” Com um sorriso gentil e invejoso, Mahiru falou em um tom sincero. Amane mordeu o lábio levemente enquanto absorvia suas palavras, enquanto Mahiru simplesmente o olhava suavemente. “Eu posso ler você como um livro, Amane-kun. Você estava profundamente preocupado com minha reunião, não estava?”
Amane enrijeceu, sentindo como se uma faca afiada tivesse sido atirada nele bem quando ele menos esperava. Percebendo sua reação, Mahiru sorriu ternamente e disse: “Parece que eu estava certa,” em uma voz muito gentil. Na realidade, Amane deveria ter agido como se nada estivesse em sua mente. Mahiru percebeu que as preocupações que ele abrigava poderiam sobrecarregá-la. No entanto, depois de ver a expressão que ela tinha, Amane não conseguiu rir e esconder seus sentimentos.
“Essa maneira de mostrar gentileza é bem típica de você, Amane-kun. Mesmo assim, não quero aumentar seu fardo, então você não precisa se preocupar com isso,” disse Mahiru enquanto sorria para o olhar estranho no rosto de Amane.
Era como se ela tivesse visto através de todos os seus pensamentos. A expressão de Mahiru não carregava nenhum traço de dor — em vez disso, ela processou tudo calmamente, pronta para aceitar sua situação e sua realidade.
“Amane-kun, você não precisa se preocupar com isso, okay? Está claro que meus pais são os culpados. É estranho que eles se recusem a assumir a responsabilidade pelo que criaram.”
“Sim...”
“E, além disso, eu tinha certeza de que meus pais nunca viriam, e é por isso que decidi não contar a eles sobre a reunião. Como resultado, não havia como eles comparecerem,” explicou Mahiru.
“Como eu mesma cortei a possibilidade de isso acontecer, não tinha expectativas para começar,” ela disse.
“Desta vez, eu trouxe isso para mim,” ela disse.
Depois de olhar para o sorriso fugaz e delicado de Mahiru, não havia como Amane permanecer calmo e composto.
“É impossível segurar firme o fio extremamente fino e frágil a qual é a possibilidade de eles se importarem comigo. Ele quebraria muito facilmente. Não quero suportar a tensão emocional de me agarrar a uma chance tão pequena, o que provavelmente resultaria em eu lutar em vão. Isso é para o melhor.”
“Mahiru…”
“Não preciso que meus pais estejam presentes em uma reunião de pais e professores. Posso tomar decisões por mim mesma.” Mahiru falou com firmeza, sua voz era clara e firme. Com um olhar pensativo, ela olhou para Amane com um sorriso calmo. O calor que ela mostrava geralmente a ele não estava em lugar nenhum.
“Mesmo sem consultar meus pais, sei que não há problemas com minhas notas e desempenho acadêmico. Parece que também tenho seguro de ensino, então não estou preocupada com o dinheiro. Além disso, há fundos separados reservados para minha universidade ou futuro emprego. De certa forma... Tenho sorte que eles garantiram que eu não encontraria nenhum problema financeiro. Considerando a falta de presença deles na minha vida, eles forneceram o melhor suporte financeiro. Por isso, sou grata.”
As palavras de Mahiru implicavam que, além de apoio financeiro, seus pais não lhe deram nada. Ela soltou um suspiro de autodepreciação. Até sua respiração, que deveria ser quente, parecia quase fria.
“Na verdade, sou uma pessoa bastante afortunada. Eles trouxeram uma pessoa maravilhosa, Koyuki-san, para minha vida e, talvez por um pequeno sentimento de culpa, garantiram que nunca me faltasse nada. Graças a isso, cresci como qualquer outra pessoa,” disse Mahiru.
Por outro lado, sem Koyuki, Mahiru teria certamente crescido trilhando o caminho errado. Apesar disso, Amane ainda não conseguia se sentir genuinamente feliz com tudo isso.
“Não é grande coisa,” continuou Mahiru. “Posso decidir tudo sozinha, sem meus pais me orientando... Então, você não precisa parecer tão triste, sabe?”
“Desculpe.”
“Por que você está se desculpando? Meu Deus.”
Amane sabia que simpatia, consolo ou acordo baratos só machucariam Mahiru ainda mais. Ele só conseguia aceitar as palavras dela e as lágrimas invisíveis que elas carregavam. Enquanto ele agarrava a mão esbelta de Mahiru, o calor dela, agora mais baixo do que o normal, gradualmente se misturou ao dele.
Espero que pelo menos um pouco do meu calor possa se tornar o dela, Amane pensou, envolvendo firmemente a palma ligeiramente trêmula de Mahiru e gentilmente se aproximando dela.
[Del: “...Só estou, com ciúmes do calor, eu não tenho... Quero que você compartilhe um pouco comigo.” – SS Vol 2, A Verdade Revelada. / Mon: Delcionário de Otonari em ação! akakak. / Kura: Qual o segredo dessa memória?]
Parecia que Mahiru achava incomum Amane iniciar contato físico sem hesitação. Seus olhos se arregalaram um pouco antes de ela apertar os olhos com um sorriso tímido, quase delicado. “Está tudo bem, não se preocupe. A maneira como vejo meus pais não vai mudar — é tarde demais para isso agora. Seria mentira dizer que não estou magoada, mas também não diria que estou particularmente triste com isso. Para mim, é simplesmente uma coisa comum e cotidiana.”
“Você se sente assim, mesmo sabendo que não deveria ser considerado comum?”
“Sim. O fato é que se tornou meu normal. Não há nada a ganhar em fechar os olhos para a verdade. Eventualmente, tudo voltará de uma forma ou de outra.”
A Mahiru provavelmente pensou que não era tão forte quanto acreditava ser, mas para mim, ela é muito mais resiliente e fiel a si mesma do que eu pensava inicialmente, Amane percebeu. Sentindo isso, ele apertou seu aperto em sua mão gradualmente aquecida.
“Eu me consolidei com isso, então está tudo bem. E exatamente porque passei um tempo sozinha que pude conhecê-lo, Amane-kun. Isso é algo pelo qual sou grata.”
“…Entendo.” Para Amane, Mahiru parecia tão brilhante e cativante enquanto desvendava seus sentimentos com tanta dignidade. Desta vez, em vez de apenas segurar sua mão fria, ele envolveu todo o seu corpo ao redor do dela e a puxou para perto. Seu corpo esguio tremeu de surpresa, mas logo relaxou em seu abraço.
Apesar de seu corpo pequeno, Mahiru viveu uma vida honesta e íntegra, nunca se desviando. Simplesmente relaxar no abraço de Amane a fez se sentir segura, mostrando o quanto ela confiava e dependia dele. Depois de se revirar para encontrar um lugar confortável onde pudesse ver o rosto dele, Mahiru olhou para Amane com um sorriso ligeiramente preocupado.
“Você é tão preocupado, Amane-kun. Não sou tão fraca a ponto de me abalar com algo assim. Se eu deixar as coisas me afetarem toda vez, não conseguirei continuar marchando para frente.”
“Não se trata de ser forte ou fraca,” Amane começou. “...Eu simplesmente não consigo engolir como algo tão doloroso se tornou comum para a mulher que amo. É... frustrante. Quero estar lá para protegê-la, mas sou constantemente lembrado de que há coisas sobre as quais não posso fazer nada.”
O ambiente em que Mahiru nasceu e foi criada, bem como sua atual situação familiar, estavam além do alcance de Amane. O passado não podia ser mudado, e o presente estava fora de seu alcance.
Não importa o quanto ele a estimasse ou o quão fortemente ele desejasse protegê-la, havia pouco que Amane pudesse fazer enquanto ele permanecesse como alguém de fora. Cruzar essa linha à força significaria pisotear o coração delicado de Mahiru. Portanto, a única coisa que Amane podia fazer agora era envolvê-la gentilmente, garantindo que seus pontos delicados permanecessem ilesos, enquanto a protegia de barulho e danos desnecessários.
“Este problema é só meu... Não é que eu esteja rejeitando seu apoio. É uma questão que eu devo confrontar por conta própria. Somente eu, como a pessoa envolvida, posso resolver isso.” Mahiru entendia que não havia nada que Amane pudesse fazer sobre isso, nem ela desejava que ele fizesse algo em particular.
Amane interpretou que Mahiru desejava que ele não resolvesse seus problemas, mas simplesmente fosse sua rocha, nunca soltando sua mão. Enquanto ela silenciosamente o olhava de dentro de seus braços, Amane gentilmente assentiu suavemente.
“É impossível para mim entender completamente todos os seus sentimentos, Mahiru. Afinal, fomos criados em dois ambientes completamente diferentes.”
“Eu concordo. No final das contas, eu sou eu, e você é você. Você pode tentar se colocar no meu lugar, mas não será capaz de entender completamente como é.”
“É,” Amane concordou.
Gostando ou não, esse fato continuava sendo uma realidade irreversível. Amane era Amane, e Mahiru era Mahiru. Eles podem ter se cruzado e suas vidas podem ter se cruzado, mas eles nunca poderiam se tornar um. Mahiru, como indivíduo, nunca poderia se tornar outra pessoa, nem ninguém poderia entender completa e perfeitamente as nuances guardadas nas profundezas de seu coração. Suas emoções eram somente dela. Seus pensamentos eram algo que só ela podia realmente entender.
Compreendendo isso, Amane não tinha intenção de forçar Mahiru a revelar seus sentimentos, nem tentaria fazer algo por ela contra sua vontade.
“Mas eu realmente amo como você tenta me entender, Amane-kun. Como você fica ao meu lado e cuida de mim sem forçar suas próprias opiniões.”
“…Sim.”
“Eu posso dizer o quanto você me estima e se importa comigo. Graças a isso, eu sempre me sinto tão abençoada como pessoa.”
As palavras que ela proferiu pareciam vir direto do seu coração. Mahiru, com um sorriso suave e inocente, aninhou sua bochecha contra o peito de Amane, aproveitando seu calor confortavelmente enquanto se inclinava para ele. Este gesto era sua maneira única de mostrar o mais alto nível de mimo. Em resposta, Amane beijou gentilmente seus cabelos cor de linho e descansou sua testa contra o topo de sua cabeça.
“…Eu vou te fazer ainda mais feliz, então se isso começar a ser demais, não se esqueça de me dizer. Você tende a reprimir as coisas e dizer que está tudo bem.”
“Como eu disse, está tudo bem. Ah — eu realmente quero dizer isso dessa vez.”
“…Há momentos em que você diz que está bem mesmo quando não está.”
“Eu terei cuidado de agora em diante. Eu sei que se eu estiver com dor, isso machuca você também. Afinal, é o quanto você me ama, Amane-kun.” Mahiru falou com mais clareza e confiança inabalável do que nunca, sem dúvida aceitando a forma de amor de Amane.
Depois de vê-la ficar confiante o suficiente para dizer algo tão embaraçoso, o coração de Amane se encheu de ainda mais amor por Mahiru. Ele a abraçou com mais força, querendo derreter-se ainda mais em seu calor. Mahiru simplesmente sorriu e acolheu seu abraço.
“Se eu fosse mais jovem, desesperada e propensa a ficar chateada, eu poderia ter dito algo como: ‘Você foi criado com tanto amor, o que você saberia?’, o que levaria a uma discussão.”
“Se você tivesse realmente dito isso, então eu não teria como argumentar contra isso.”
Amane sabia que ele havia sido criado com uma abundância de amor e cuidado de seus pais, então se Mahiru dissesse algo assim, não haveria nada que ele pudesse dizer para refutar. Ele só conseguia se ver se desculpando. No entanto, mesmo um pedido de desculpas poderia irritar alguém, dependendo da situação.
Não importa o que seria dito, aqueles que tinham algo poderiam facilmente provocar aqueles que não tinham. Esta era uma lição que Amane entendeu muito bem por suas próprias experiências.
“Mas dizer isso só serviria para machucar nós dois, então não pretendo fazer isso,” esclareceu Mahiru.
“...Você pode não dizer isso em voz alta, mas não se sentiu assim antes?”
“Bem, certamente não posso alegar que nunca me senti.” Amane não ficou surpreso.
Na verdade, ele sentiu uma estranha sensação de alívio com a facilidade e clareza com que Mahiru confirmou o que ele secretamente temia. Ninguém vivia sua vida apenas com emoções positivas, e perceber que Mahiru, que raramente demonstrava o oposto, também tinha tais sentimentos, o fez estimá-la ainda mais.
“Mesmo se eu reclamasse, é algo que não pode ser mudado ou melhorado. Não resolveria nada. Culpar seu ambiente, que está além do seu controle, também não resolveria nada, certo? Eu me arrependeria assim que as palavras saíssem da minha boca. Tenho certeza disso.” A expressão de Mahiru permaneceu calma enquanto ela racionalmente explicava: “Não quero começar uma briga, nem quero machucar você. Para começar, é natural ter diferenças... Minha família não tinha o afeto encontrado na maioria das famílias, então éramos exatamente o oposto da maioria. Muitas situações me lembraram desse fato. Eu tinha sentimentos de ciúmes durante o ensino primário e fundamental, e desde então refleti sobre todos eles.”
É um milagre que ela não tenha ficado cansada depois de tudo isso, Amane pensou, mas então percebeu que a presença de Koyuki deve ter desempenhado um papel significativo.
“Eu não experimentei os conflitos que vêm de ser amada ou o quão irritantes pais intrometidos podem ser, então não posso realmente dizer nada sobre essas frentes. É por isso que, embora eu fique um pouco ciumenta às vezes... Acho que estou lidando com tudo de uma forma saudável,” concluiu Mahiru. Ela olhou para Amane preocupada, fazendo Amane sorrir amargamente para si em sua própria pena.
Qual de nós está se preocupando com quem aqui...?
“Mahiru, você raramente deixa suas emoções tomarem conta de você, e eu entendo que você conhece bem seus próprios sentimentos e os aceita... Ah — Está tudo bem em dizer que eu entendo você aí?”
“Sim. Afinal, você está absolutamente certo... Eu posso sentir que você sempre fica de olho em mim,” Mahiru disse com uma risadinha suave.
“Claro que sim,” Amane respondeu. “Você é quem eu amo — eu sempre estarei observando você.” Como ela era quem ele amava, Amane queria conhecê-la melhor. Como ela era quem ele amava, ele queria poder entendê-la. Como ela era quem ele amava, ele queria ter certeza de que ela estava confortável. Ele queria fazer coisas que a deixassem feliz. Ele queria mantê-la longe de qualquer coisa desagradável.
Havia muitas razões, mas, para simplificar, porque ele amava Mahiru, ele queria cuidar dela e protegê-la. Ele queria olhar além da superfície e vê-la como ela realmente era, então ele deixou isso claro sem esconder. Mahiru, aninhada em seus braços, se contorceu levemente em resposta e bateu repetidamente a cabeça contra seu peito.
“...Você está começando a se parecer mais e mais como o Shuuto-san com a forma como você consegue dizer coisas assim tão calmamente, Amane-kun.”
“Como você tirou isso dessa conversa?”
“Eu só reparei!”
Quando Mahiru de repente mencionou o nome de Shuuto, Amane sentiu um ponto de interrogação praticamente aparecer acima de sua cabeça. Mahiru, no entanto, se virou como se dissesse que nenhuma explicação era necessária e bateu a cabeça em seu peito mais uma vez.
Ela está apenas tentando esconder que está envergonhada, pensou Amane. Ele gentilmente deu um tapinha de reconforto nas costas de Mahiru, ao que ela retribuiu com um leve beicinho. Amane riu, pensando, Isso é adorável também, o que pareceu ter libertado Mahiru de seu modo amuado. “Môu,” ela disse ternamente, não tentando mais resistir ou protestar.
“Ainda assim, fico feliz que você pense que estou agindo mais como meu pai. Ele realmente é um homem honesto,” disse Amane.
“Não foi bem isso que eu quis dizer, mas você também não está errado, então acho que funciona. Tenha orgulho disso, okay? Tenho certeza de que a Shihoko-san diria o mesmo,” respondeu Mahiru.
“Minha mãe está loucamente apaixonada pelo papai, então sinto que a linha está bem alta.”
“Hehe, quem sabe?”
Quando Amane olhou para o rosto alegre de Mahiru, ele encontrou um sorriso travesso e olhos contentes. Claramente de bom humor, ela se recostou no peito dele, fazendo Amane inclinar a cabeça curiosamente. Ele naturalmente suavizou sua expressão e abraçou a afetuosa Mahiru calorosamente enquanto ela se aconchegava nele. Juntos, eles compartilharam o calor um do outro.
Enquanto saboreava afetuosamente a sensação de Mahiru aninhando-se nele com a doçura cativante de um gatinho, Amane de repente expressou algo persistente em sua mente.
“Ah, a propósito...”
“Sim?”
“Você realmente acha que eu puxei meu pai?”
“Sim, você é a cara dele. Hum, não apenas na aparência, mas especialmente em como você age e fala,” explicou Mahiru.
Como eles eram pai e filho, era lógico que eles se pareciam. No entanto, Amane havia perguntado isso como um prefácio para outra pergunta que ele queria fazer.
“Se sim, você puxou a Koyuki-san?”
“Huh? E-eu?” Confusa, Mahiru gaguejou em uma voz estridente. A pergunta parecia ser uma que ela não havia considerado antes.
“Sim. Depois de tudo o que você me disse, isso só me faz pensar se você se parece com a Koyuki-san.”
Personalidade e comportamento podem ser determinados pela genética, ou podem ser influenciados pelos traços de pessoas próximas a você. Embora não houvesse como dizer qual estava em jogo para Mahiru, ela certamente não parecia ter semelhanças com sua mãe, e pelo que Amane tinha ouvido, ela também não parecia ter puxado seu pai. Portanto, não seria surpreendente pensar que ela se parecia com Koyuki, que provavelmente teve um impacto significativo em seu desenvolvimento pessoal.
“E-eu não tenho certeza... Hum, é verdade que a Koyuki-san me ensinou muitas coisas, então nesse sentido, podemos ser semelhantes... Mas não é nada que você possa confirmar até ver por si mesmo...”
“Sim, acho que você está certa. Mas aposto que você puxou a ela.”
“E você diz isso com base em quê...?”
“Intuição, eu acho? Eu realmente acho que vocês podem ser semelhantes, no entanto. Provavelmente.”
“Nossa.”
Pode parecer uma declaração irrefletida ou negligente, mas estranhamente, Amane tinha certeza de que era verdade.
Mahiru mencionou que admirava Koyuki, descrevendo-a como uma pessoa muito elegante, bondosa e gentil. Para Amane, Mahiru personificava exatamente essas mesmas qualidades. Conscientemente ou não, seus comportamentos semelhantes dificultavam acreditar que não eram parecidas. Embora Amane não tivesse como confirmar isso, já que não conhecia Koyuki, ele tinha certeza de que ela devia ser uma mulher maravilhosa, assim como Mahiru.
“Pensando nisso de novo, eu gostaria realmente de conhecê-la algum dia. Ela é importante para você, não é?”
“Sim, ela é a pessoa que mais cuidou de mim e é muito querida para mim. Hum, na verdade, já faz um tempo, então eu gostaria de vê-la novamente. Mas ela tem suas próprias circunstâncias e, considerando seus problemas de saúde, não posso impor a ela. Nós trocamos cartas ocasionalmente, mas... Eu ainda adoraria vê-la,” Mahiru respondeu.
“Entendo... Você escreve regularmente?”
“Sim, embora eu só escreva aproximadamente uma vez por estação para evitar incomodá-la do nada. Eu guardei todas as cartas dela em segurança. Elas são meus tesouros.”
“Sim.”
Mahiru falou com as bochechas coradas e um sorriso genuíno. O brilho em seus olhos deixou claro o quanto ela amava Koyuki. Ver o quão profundamente Mahiru a admirava deixou Amane ainda mais ansioso para conhecer a mulher que teve um impacto tão profundo na vida de Mahiru.
“...Ah, lembrei. Eu tenho uma foto que a Koyuki-san adicionou em uma de suas cartas. Por favor, espere um momento, eu vou buscá-la em minha casa,” Mahiru disse. Ela gentilmente se libertou do abraço frouxo de Amane, levantou-se e deu a ele um sorriso brilhante antes de ir para seu apartamento.
“Você tem certeza? Você não precisa ter todo esse trabalho...”
“Você parece curioso sobre que tipo de pessoa que a Koyuki-san é. Além disso, eu gostaria que você soubesse mais sobre ela também.”
“Quero dizer, ela é basicamente sua mãe substituta... Ela é alguém importante para a mulher que eu amo, então é claro que eu gostaria de saber sobre ela.”
“...Lá vem você de novo com isso. Môu,” Mahiru murmurou. Mesmo que fossem sentimentos genuínos de Amane, Mahiru fez beicinho e estufou as bochechas. No entanto, sua alegria era inconfundível enquanto seus olhos relaxavam de felicidade. Ela saiu correndo do apartamento, seus chinelos batiam suavemente no chão.
Como esses itens eram preciosos para ela, Mahiru deve tê-los mantido bem-organizados. Ela rapidamente retornou ao apartamento de Amane, segurando uma caixa fofa com o cuidado que alguém teria para carregar um bebê. Depois de um breve, “Voltei,” ela se sentou no sofá e colocou a caixa no colo.
A caixa tinha o tamanho perfeito para caber cartas. Mahiru removeu a tampa com cuidado, revelando envelopes alinhados ordenadamente por dentro. Havia um pequeno bilhete ou memorando no topo da pilha. Aplaudindo internamente sua organização meticulosa, Amane observou os dedos brancos e pálidos de Mahiru moverem cuidadosamente o memorando para o lado para pegar um envelope específico. Adornado com um padrão de renda, o envelope era bem cortado, o que o tornava provável de ser aberto usando um abridor de cartas. Isso tornou fácil para Mahiru tirar a fotografia que estava dentro.
Mahiru estendeu um pedaço de papel brilhante e entregou a Amane. Em seu rosto havia uma foto de uma mulher segurando um bebê enfaixado, um sorriso sereno estava em seu rosto. A mulher tinha uma expressão gentil e um tanto calma, e Amane imaginou que ela provavelmente era mais velha que seus próprios pais. Ela olhou para o bebê em seus braços com um sorriso cheio de felicidade e graça.
“Esta é a Koyuki-san. Ela parece estar na casa de seu filho com a esposa dele e a família, cuidando do seu neto. Seu filho deve ter tirado a foto.”
“Então é por isso que ela está segurando um bebê... Eu sabia, no entanto. Sinto que ela se parece com você em alguns aspectos.”
“Deve ser sua imaginação. Não somos parentes de sangue.”
Amane sentiu como se pudesse ouvir a voz no coração de Mahiru continuando atrás dela, dizendo: “Como seria bom se fôssemos.” o que o doeu. Ainda assim, determinado a não deixá-la sentir seus sentimentos, Amane deliberadamente manteve seu tom leve e alegre.
“Hmm. Se você me perguntar, isso não é sobre ser parente de sangue. Acho que depois de passar um tempo com alguém, as pessoas começam a se parecer umas com as outras em certos aspectos. No modo de falar, como pensam e como agem.”
Sangue não era a única coisa que moldava uma pessoa. Embora a genética tenha certamente desempenhado um papel, Amane acreditava que era o apoio de Koyuki que tinha o maior efeito na Mahiru que ele conhecia hoje. Ver sua foto só convenceu Amane desse fato ainda mais.
“No mínimo, acho que você sorri como a Koyuki-san,” disse Amane.
Mahiru provavelmente nunca tinha visto objetivamente seu próprio sorriso.
Mahiru não só não gostava de ter sua foto tirada, como raramente tirava fotos. Pior ainda, ela frequentemente dava um sorriso forçado quando sabia que uma foto estava sendo tirada. Ela não tinha consciência do sorriso genuíno que mostrava quando estava sozinha com Amane.
Apesar de uma boa dose de hesitação, Amane pegou seu telefone, rolou pela galeria e inclinou a tela em direção a Mahiru para mostrá-la. Ele uma vez capturou um momento em que Mahiru estava sorrindo alegremente enquanto passava um tempo com ele, mas ela simplesmente corou e o perdoou por tirar a foto sem nunca olhar ela mesma.
Mahiru se absteve de verificar a foto por respeito à sua privacidade, pois estava em seu telefone, o que foi uma oportunidade perdida. Se ela tivesse olhado, teria percebido o quanto se parecia com Koyuki.
“Você tem um sorriso tão lindo, viu? O jeito como os cantos da sua boca se curvam, o olhar nos seus olhos, o jeito como as bordas dos seus olhos suavizam — são todos exatamente iguais. Eu sei que é só uma foto, mas as impressões que você dá são idênticas.”
Exibido na tela estava o sorriso de Mahiru, um tão doce e lindo quanto o de Koyuki. Era um sorriso que mostrava tamanha satisfação que era como se ela tivesse reunido toda a felicidade do mundo. Vendo seu próprio sorriso genuíno pela primeira vez, Mahiru olhou fixamente para a tela do telefone de Amane. Ela então tocou suas próprias bochechas com os dedos em descrença, seus olhos olhando para frente e para trás entre a foto de Koyuki e a tela do telefone.
“…Esta é a primeira vez que alguém me diz isso.”
“Bem, provavelmente porque ninguém mais viu, certo? Se não houver mais ninguém além de vocês duas, então você não saberia. Acredito que há algumas semelhanças que você mesmo não consegue notar. Se a conhecesse, eu provavelmente ficaria ainda mais convencido.”
Embora apenas uma única foto não fosse o suficiente para avaliar tudo, Amane tinha certeza de que sua previsão se tornaria correta.
“…Semelhantes.” Mahiru murmurou. Ela refletiu sobre as palavras de Amane, saboreando-as. Ela exalou e sussurrou, “Estou tão feliz,” com uma voz trêmula antes de se encostar no braço de Amane.
Mahiru olhou para baixo e escondeu o rosto enquanto pressionava a cabeça contra ele. Mesmo sem olhar, Amane percebeu que a expressão em seu rosto não era negativa. Ele a observou enquanto ela segurava a foto cuidadosamente contra o peito para evitar vincos, e sorriu. Silenciosamente, ele ficou ao lado dela até que ela estivesse satisfeita.
✧ ₊ ✦ ₊ ✧
“Mahiru, caiu.”
Quando ela olhou para cima, Mahiru parecia como sempre, mas havia uma pitada de orgulho aparecendo em seu rosto relaxado enquanto ela cuidadosa e delicadamente devolvia a foto caída ao seu devido lugar.
Naquele momento, um bilhete colocado em cima do maço de cartas havia escorregado, que Amane casualmente pegou. O lado com a escrita estava voltado para cima, então seus olhos naturalmente traçaram a tinta que adornava o pequeno bilhete. As palavras foram escritas de forma organizada e habilidosa, com um tipo de elegância diferente da caligrafia de Mahiru. Escritas na nota estavam três linhas: a primeira uma série de letras romanas, a segunda uma série de números e a terceira uma combinação de kanji, hiragana e números.
[Del: Mas que déjà vu hein, houve uma vez também que algo foi visto acidentalmente, logo antes de um aniversário… / Mon: Letras romanas, série de números?? Por que isso me parece ser o contato dela? / Kura: Acho que o Amane tem sorte para encontrar certos dados.]
Amane teve um breve vislumbre da nota e, após perceber que não deveria olhar muito de perto, ele desviou rapidamente o olhar. Então, ele colocou gentilmente a nota de volta na caixa do tesouro de Mahiru.
“Ah, obrigada,” disse Mahiru.
Sorrindo inocentemente, Mahiru não achou a reação de Amane suspeita. Ela simplesmente agradeceu sinceramente, fechou a tampa e segurou a caixa perto do peito como se fosse algo precioso.
Alguém que Mahiru estimava. Uma existência preciosa para ela, que ela havia demonstrado apenas para Amane. Observando Mahiru mostrar o profundo respeito que sentia por Koyuki, Amane afagou a cabeça dela, saboreando sua alegria enquanto tentava ignorar a culpa que lentamente brotava dentro dele.
“…O que devo fazer?”
Comentários do Tradutor/Revisores:
-DelValle: Olha, que capítulo hein, devo dizer. Foi uma leitura para mim ao menos muito frutífera, para dizer o mínimo. É agradável sentir o calor desses 2, e aprender também.
-Mon: Sinceramente, eu achei tão legal a forma como nos foi apresentado, indiretamente, que o Amane continua prestando atenção na Mahiru como ela pediu lá nos primeiros capítulos… Pelo menos essa foi a impressão que me foi passada!
-Kurayami: Nossa, esse capítulo foi insano e fofo ao mesmo tempo. Se a Shihoko tivesse insistido um pouco mais… Quem sabe hein? A propósito, o Amane anotou os números da carta mentalmente?
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