Volume 1
— Capítulo 2: Contrato —
O entardecer dourado derramava sua luz sobre a entrada da mansão Von-Doix, agora inacessível para mim. O brilho quente pintava a floresta fria e nevada com tons dourados, mas eu sabia que essa ilusão não duraria muito.
Ao meu lado, apenas uma pequena bolsa com escassos mantimentos. Na verdade, além do crucifixo, pendendo em meu pescoço, eu não possuía mais nada de valor.
Logo a noite cairia. Poucos suprimentos, nenhum destino, nenhuma ideia de onde ir. Ótimo. Não podia ser pior.
Nunca saíra da mansão, mas, pelo que sabia, as terras dos Von-Doix estendiam-se em um domínio isolado, muito distante da cidade mais próxima. O que diabos eu deveria fazer agora?
Sem muitas opções, decidi me embrenhar na floresta. A mansão situava-se em um vale, então, em teoria, se eu seguisse sempre em frente, dentro de alguns dias encontraria civilização.
Mas a grande questão era: eu conseguiria sobreviver até lá?
O início da caminhada foi silencioso, e o tempo avançava sem piedade. Em poucas horas, a escuridão tomou conta do mundo, tornando tudo ainda mais frio e inóspito. Busquei desesperadamente por abrigo—uma caverna, uma encosta, qualquer reentrância que me protegesse do vento cortante. Nada.
Restava-me apenas continuar andando. Dormir ao relento parecia um convite para a morte, então talvez fosse melhor seguir viagem. O som abafado das minhas botas afundando na neve tornou-se minha única companhia.
O amanhecer trouxe consigo um sol pálido, mas o frio persistia, rasgando minha pele como lâminas invisíveis. Parando para recuperar o fôlego, usei um pouco dos meus suprimentos. Eu não tinha muito. Talvez dessem para mais um ou dois dias, no máximo.
Quando a noite caiu novamente, decidi que não poderia repetir a experiência da véspera. Próximo a um barranco, montei um abrigo improvisado. Juntei galhos secos para formar a estrutura de uma cabana e usei os cordões das roupas para amarrá-los. O resultado não era firme, mas também não parecia prestes a desabar. Cobri tudo com folhas secas, criando uma barreira frágil contra a neve, e forrei o chão para evitar o contato direto com o gelo.
Não foi o suficiente.
O vento uivava pelas frestas, e o frio se infiltrava até os ossos. Dormir era uma impossibilidade. Tremendo, agarrei-me ao próprio corpo, tentando reter o pouco calor que me restava. Rezei, implorando pelo amanhecer.
Quando o sol enfim tocou minha pele, acordei com uma dor latejante na cabeça. Meu corpo parecia pesado, meu raciocínio turvo. Talvez estivesse doente. Mas eu não tinha tempo para isso.
Continuei andando. O som monótono das botas afundando na neve persistia, um lembrete constante de minha fragilidade. Os suprimentos se esgotavam, minha visão ficava turva, e cada passo exigia um esforço maior.
Mais uma noite chegou, e, mais uma vez, me refugiei em um abrigo improvisado. A única fonte de calor era o meu próprio corpo, encolhido contra o frio impiedoso.
Foi então que um pensamento se insinuou em minha mente. Eu sabia, no fundo, que minhas chances eram mínimas. Algo sombrio e gelado começou a se expandir dentro do meu peito. Medo.
O sol era um agressor impiedoso, queimando minhas pálpebras fechadas. Minha cabeça latejava, a fome me consumia. Usei o que restava dos suprimentos. Agora, tudo que me restava era caminhar.
A neve engoliu meus passos, tornando-se minha única testemunha. Meu corpo ficava mais lento. Meu equilíbrio oscilava. E, em algum momento, parei de pensar.
Restava-me apenas seguir em frente.
Quando a lua subiu ao céu, minha visão já era um borrão. Meu corpo cedeu.
Caí de joelhos na neve macia, sem forças para continuar. O medo da morte apertava meu peito, mas, para minha surpresa, ele não estava sozinho. Algo mais borbulhava sob a superfície. Ódio. Frustração.
A culpa não era apenas daqueles desgraçados, embora eu soubesse que nunca haviam planejado que eu saísse vivo de qualquer forma. Mas a fúria que ardia dentro de mim ia além deles.
Eu odiava a mim mesmo.
Por estar naquela situação miserável. Por minha inexperiência. Pelos livros que li e que, no fim, não serviram para nada. Por observar meus irmãos treinando, aperfeiçoando suas habilidades com éther, enquanto eu continuava preso nessas correntes de merda.
— PORRA, QUE COISA FRUSTRANTE! — Gritei para o vazio, gastando minhas últimas forças.
E então, algo mudou. O frio começou a desaparecer. Um calor inesperado envolveu meu corpo, acolhedor, quase terno.
Era o fim da minha curta jornada de quatorze anos. Pfft. Que patético. De que adiantou manter a fé, no final das contas?
Pensei que estava pronto para atravessar o túnel. O que me esperava do outro lado? Mas, quando ergui o olhar antes de fechar os olhos, percebi que não era exatamente oque eu esperava.
Oque que é isso?
Diante de mim, suspenso no ar como uma visão de pesadelo, um gato negro sorria. Mas não era um sorriso comum, era largo demais, afiado demais, um rasgo de ironia que flutuava antes mesmo do próprio felino. Seus olhos amarelos brilhavam em meio à penumbra, faiscando com uma curiosidade perversa.
— Ah... como eu adoro esse aroma—murmurou ele, inspirando profundamente, como se saboreasse algo invisível no ar—. A linha tênue entre o medo e o ódio... cítrico, porém inflamável.
A criatura se deleitava, sua voz tilintava de forma muito eloquente.
— Vejo que chegou ao fim da linha, filhotinho. Hehehe—continuou, sua risada reverberando como um eco distorcido.
— Era só oque me faltava. Mas que merda é você agora? O demônio?
Meu peito arfava. Tudo aquilo só podia ser um delírio febril, um fragmento da insanidade que precede a morte. Revirei os olhos, a paciência se esvaindo tão rápido quanto minha vida.
O gato inclinou levemente a cabeça, seus olhos faiscando com algo próximo ao escárnio.
— Ora, ora... quanta educação. Veio da família?—ronronou, sua voz carregada de um sarcasmo cortante
— Eu já tive muitos nomes, mas pode me chamar de Cheshire. O prazer é todo meu.— Ele riu, zombeteiro, os dentes brancos reluzindo na escuridão.
Cheshire? Acho que já vi esse nome em algum lugar, possivelmente um dos livros que li na mansão, era um conto sobre uma garota perdida em um mundo mágico ou alguma coisa assim. Tsk, isso não importa
— E quanto ao que sou... Digamos que sou apenas um gato preto flutuante, completamente comum. Hehehe— Cheshire gargalhava, um som áspero e arrastado, enquanto seus olhos pareciam perfurar minha alma.
— E você, filhotinho... creio que seja Artemy Von-Doix, certo?
Meu corpo, que já estava a beira da morte, enrijeceu.
— O quê...? Como você?
Aquele maldito sorriso se alargou.
— Que curioso...—sussurrou ele, inclinando-se como se examinasse algo invisível—. Seu nome está tão nítido... mas o sobrenome parece meio borrado. Algum ‘problema familiar’, garotinho? Hehehe...
Um arrepio desceu por minha espinha. Quem era esse gato? Como ele sabia tanto? E o que, no fim das contas, ele queria comigo?
— O que eu quero de você, Artemy, é simples—Cheshire cantarolou, girando no ar como um espectro travesso—. Vim lhe oferecer um contrato.
— Um contrato?—minhas sobrancelhas se uniram em desconfiança—. Se for para vender minha alma por vida eterna ou algo do tipo, já aviso que não tô interessado.
Cheshire revirou os olhos, como se minha resposta fosse entediante.
— Ah, não, não, por favor... Almas?—ele riu, sua voz transbordando ironia—. Isso é mais com aquele corvo tagarela.
Ele girou no ar mais uma vez, sua cauda formando espirais preguiçosas antes de se erguer abruptamente.
— O que eu quero é uma troca simples. Para ti, lhe ofereço uma nova chance de seguir em frente. Não precisa ser um gênio para perceber que você está na beira do abismo. Deve ter, o quê...? Alguns minutos de vida, talvez? Hehehe...
As palavras dele eram afiadas como lâminas, arrancando de mim a ilusão de controle.
— E tudo que peço é algo que você ainda não sabe o que é... Algo que pode ou não ser importante para você.— Seu sorriso se alargou de forma antinatural. Ele estava se divertindo.
— Pfft isso é absurdamente vago. Além disso, não tem lugar para mim nesse mundo de merda. Gato!—Soltei uma risada vazia, desprovida de qualquer humor.
— Ah... está falando dessas correntes?—ele indicou algo invisível com um gesto de suas patas—. Você realmente não consegue ver, não é? Hehehe— Cheshire gargalhava como se estivesse diante da maior piada já vista.
— Ah como você e hilario filhotinho, mas... independente da sua escolha, se fosse você a faria logo— Então, ele ergueu as patas e imitou o badalar de um relógio.
— Tique-taque... Posso ouvir seus batimentos enfraquecendo, garotinho.
Minha mente fervilhava. Aceitar significava embarcar no desconhecido, vender algo que eu nem sabia possuir. Mas o que importava? Esse mundo nunca teve lugar para mim. A lógica dizia que eu deveria desistir.
Mas aquele olhar... aquele maldito olhar, do homem que deveria chamar de pai, que me atravessava como se eu fosse nada...
Eu não queria mais ser visto de cima.
Eu não queria mais ser desprezado.
E quer saber de uma coisa?
Foda-se.
— Eu aceito—cuspi, usando minhas últimas forças para selar meu destino.
O sorriso de Cheshire cintilou como um corte na escuridão.
— Ótima escolha, filhotinho. Agora, com isso dito... pode descansar. Durma.
Seus olhos brilharam em um lampejo dourado. Num instante, tudo escureceu.
E a última coisa que vi foi aquele sorriso bizarro, pairando no vazio como um fantasma iluminado pelo luar.
Então, a consciência me abandonou.
Após um longo e extenuante dia de caça, uma figura solitária caminhava sob o brilho pálido do luar. Nas costas, repousava um rifle imponente, e o corpo estava envolto em pesadas roupas de pele, troféus arrancados das feras que desafiara. O velho caçador buscava retornava à sua modesta cabana
— Auuuuuu...
Um uivo lupino atravessou o silêncio da floresta, ecoando entre as árvores retorcidas e congeladas. O homem parou abruptamente, os olhos endurecidos percorrendo a escuridão.
— Achei que já tinha limpado essa área... Que droga, hein? — resmungou, com um tom carregado de irritação e cansaço.
Com um suspiro resignado, decidiu investigar a origem dos sons, mergulhando mais uma vez no manto branco que cobria o chão. Cada passo afundava na neve, seus sentidos alerta, prontos para enfrentar o que quer que surgisse.
No entanto, não era uma fera que o aguardava. Sob o véu prateado do luar, ele viu algo inesperado: um garoto, inerte, estirado sobre o gelo.
Sem hesitar, o velho caçador aproximou-se do jovem, suas mãos calejadas buscando pelo pulso frágil. A batida era tênue, quase imperceptível, mas estava lá.
— Você teve sorte, hein, garoto? — murmurou com um sorriso cansado. — Parece que ainda não é a sua hora.
Com esforço, ergueu o corpo leve sobre os ombros e retomou o caminho para sua cabana. A neve
continuava a cair, mas agora, sob o peso de um estranho destino
Aos poucos, recuperei meus sentidos. Primeiro, a audição. Um som fraco de fogo crepitando sussurrava
ao meu redor, trazendo um estranho consolo. Em seguida, o olfato despertou, presenteando-me com o aroma tentador de comida. Algo bem temperado, capaz de despertar a fome mais profunda. Por último, a visão.
Ao abrir os olhos, vi apenas um teto de madeira, iluminado pela luz amarelada e bruxuleante de uma lareira. O cenário ao meu redor se revelou uma cabana simples. A madeira envelhecida parecia guardar histórias antigas, enquanto móveis rústicos, esculpidos à mão, davam vida ao ambiente.
Nas paredes, troféus de caça — animais empalhados, presas e dentes — compunham uma atmosfera sombria. Ao meu lado, uma figura sentada limpava meticulosamente um rifle de caça.
— Finalmente acordou, moleque — sua voz soou grave, carregada de um humor seco. — Parece que você é ruim de morrer.
Tentei responder, mas minha garganta só produziu um ruído rouco.
— Nem falar você consegue, hein? — Ele riu baixinho. — Vamos lidar com isso.
Levantou-se e caminhou até a lareira, onde pegou uma tigela de ensopado fumegante. Voltou para mim e, sem dizer nada, ajudou-me a recostar na cama antes de colocar o alimento em minhas mãos trêmulas. O cheiro fez meu estômago protestar, e eu comi com voracidade, ignorando o calor da sopa queimando minha língua.
— Vai com calma, garoto. A comida não vai fugir.
Mas já era tarde. A tigela esvaziou-se em questão de segundos, e um calor reconfortante espalhou-se por meu corpo exausto. A energia voltou aos poucos, com a lucidez. Olhei para o homem à minha frente, minha mente ainda confusa, revirando as memórias recentes como se fossem um sonho distante.
Eu devia ter morrido na neve. No último instante, achei que estivesse delirando... mas era real. Contra todas as probabilidades, eu sobrevivi.
— Obrigado, senhor.
Minha voz saiu fraca, mas carregada de gratidão.
Ele me observou por um instante antes de perguntar, sem rodeios:
— O que diabos você estava fazendo sozinho no meio da floresta? Não estamos nem perto de qualquer civilização.
O silêncio caiu sobre mim como uma sombra. Uma sensação amarga começou a borbulhar em meu peito, misturando-se ao ódio que já carregava. Ódio de tudo que me trouxe até ali. Ódio de mim mesmo.
Minha família sempre foi um lixo, mas no fim... eu fui fraco. Minha inexperiência, minha falta de força me arrastaram para um abismo quase sem volta.
— Eu... tive alguns problemas familiares. Só isso.
Minhas mãos cerraram-se com tanta força que senti a pele se romper, sangue quente escorrendo entre meus dedos.
O velho não respondeu de imediato. Continuou limpando sua arma com a mesma paciência de antes, até que, por fim, murmurou:
— Problemas, hein? Dá para ver a frustração estampada no seu rosto.
Ele ergueu os olhos para mim, seu olhar firme como uma lâmina afiada.
— Conheço essa cara. Você sente que não tem lugar no mundo, não é?
Ergui a cabeça, meu coração tropeçando dentro do peito. Ele acertou em cheio.
— A verdade mais cruel sobre a vida, é que ela não liga para suas dores. Nem para seus problemas. No fim das contas, se você não se levantar e seguir em frente, ninguém vai fazer isso por você.
Deixou as palavras no ar por um instante, então concluiu:
— Mas não existe ser humano sem um lugar. Dos mais atormentados aos mais honrados, todos têm um propósito. E, se acha que não tem um... então crie-o com suas próprias mãos.
Aquelas palavras caíram sobre mim como trovões. Mas antes que eu pudesse responder, um arrepio percorreu minha espinha.
No canto escuro da cabana, algo se movia. Olhos amarelos brilharam na penumbra, acompanhados por um sorriso amplo e distorcido.
Aquilo me lembrou de algo que eu nunca poderia esquecer. Algo que carregava comigo.
As correntes que me marcavam como um amaldiçoado.
Soltei um riso baixo e sarcástico.
— Belas palavras, velhote. Mas acho que a realidade não é tão simples assim.
Levantei a manga do casaco, revelando as marcas negras que serpenteavam pela minha pele como raízes vivas. Elas pulsavam de maneira quase imperceptível, um símbolo inconfundível. As minhas correntes
O homem estreitou os olhos ao ver aquilo.
— Você não deve saber o que é isso... mas percebeu, não foi? Não sente nenhum pingo de éther em mim.
A expressão dele se fechou em uma carranca quando finalmente compreendeu.
— Zero de éther — murmurou, pensativo. — Você é bem diferente, garoto. Nunca vi nada assim.
Mas, ao contrário do que eu esperava, ele não demonstrou repulsa nem medo. Apenas analisou a informação com calma, antes de soltar um pequeno sorriso.
— Interessante. Mas você não é tão diferente assim de mim.
Abaixou a arma e, depois de um instante, estendeu-a para mim. Seu sorriso se alargou, carregado de confiança.
— Meu éther também é fraco. Praticamente nulo. Mas... Se tem uma coisa que aprendi — Ele ergueu uma sobrancelha. — As pessoas superestimam demais o éther.
Em meio à densa floresta, a primavera parecia ter finalmente despontado, trazendo consigo um clima gradualmente mais ameno.
As árvores e flores, após suportarem um longo inverno, desabrochavam em cores vibrantes. A brisa suave carregava o perfume fresco da natureza renascida. Sobre a grama macia,
uma jovem lebre se aproximava cautelosamente de uma fruta caída à sombra de uma árvore frondosa, vislumbrando ali uma refeição fácil, capaz de lhe garantir mais um dia de vida. Porém, em sua inocência, jamais poderia prever que aqueles seriam seus últimos instantes.
Bang!
O som seco e poderoso de um tiro reverberou pela floresta. A cinquenta metros dali, o cano fumegante de um revólver repousava nas mãos de um jovem. Ele suspirou enquanto girava o tambor da arma, destravando o cão com movimentos metódicos. Seus olhos, de um amarelo cintilante, observavam pela mira, cheios de precisão e tranquilidade.
— Acho que, com isso, o almoço está garantido, né? — murmurei, com uma leve ponta de humor.
— Olha só! — Uma voz conhecida ecoou ao meu lado, melodiosa e provocativa. — Parece que seus olhos andam cada vez mais afiados, hein?
A figura de um gato preto, de sorriso largo e espectral, flutuava tranquilamente ao meu lado.
— Na verdade, Cheshire, acho que meus olhos sempre foram assim... Eu só nunca os usava como deveria — respondi, com um tom sério que contrastava com a leveza do gato.
A última semana havia sido incomum, para dizer o mínimo. Quando pensei que tudo estava perdido, que minha vida se esvaía entre os dedos, fui resgatado por um velho caçador chamado Magnus. Um homem de hábitos simples e vida reclusa, morador de uma cabana escondida no coração da floresta.
Magnus era estranho, sem dúvida, raramente falava sobre si. Mas, por trás daquela reserva, havia uma força descomunal, tanto física quanto de espírito.
Mais intrigante ainda, o contrato com Cheshire não era um delírio como eu imaginara. Era real. Aceitar isso foi difícil, mas, no fim, tornou-se o impulso necessário para tomar uma decisão: não mais viver à margem. Eu me tornaria alguém impossível de ser ignorado.
Meu primeiro passo? A Academia de Arcadya.
Conhecida como a maior instituição de ensino de arcanismo, combate e alquimia do continente de Lydia, Arcadya moldava os pilares do futuro da humanidade. Era o berço dos grandes nomes, com a melhor formação possível e a promessa de sucesso garantido para seus graduados.
No entanto, o acesso à academia era proibitivo para a maioria. Suas taxas eram exorbitantes, permitindo apenas às famílias mais ricas e influentes enviar seus herdeiros.
Eu sabia que não tinha como pagar. Já não era mais um nobre. Fui renegado, expulso como uma mancha indesejada. Mas havia uma brecha.
A tradição peculiar da família Von-Doix garantia a cada herdeiro, ao completar cinco anos, uma inscrição automática na academia, um gesto que simbolizava a confiança inabalável no sangue da linhagem.
Irônico. Se minha condição de "acorrentado" tivesse sido descoberta antes daquela idade, eu jamais teria recebido esse benefício. Aqueles hipócritas do caralho... tsk.
Ainda assim, eu sabia que meu nome estava registrado. Uma formalidade que, muito provavelmente, todos já haviam esquecido. Mas anos escondido na mansão para evitar meus irmãos me fizeram ouvir mais do que deveria.
Honestamente, me dói ter que usar qualquer coisa vinda daquela família, mas não tem jeito. Para subir, vou ter que engolir meu orgulho e usar o que tenho disponível.
Dois anos. Eu só precisava esperar dois anos para atingir a idade mínima de dezesseis. Nesse tempo, me prepararia. Arcadya seria minha porta de entrada para o mundo. E, começando de baixo, carregando o peso do desprezo e da rejeição, eu vou mostrar para todos esses desgraçados que eu existo.
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