Nitro: As Pegadas do Herói Brasileira

Autor(a): Lucas Aguiar Ferreira


Volume 1 – Arco 1

Capitulo 7: A Campeã Sola! (Preliminar)

Inconsciente, Luna teve um sonho...

Vestida com um manto branco desgastado, uma mulher de pele cinzenta, olhos azuis, e cabelos brancos; carregava uma criança de aproximadamente três anos que era praticamente sua miniatura. — com exceção dos seus olhos que eram vermelhos como rubi.

Perambulando pelas calçadas de concreto, lotados de seres humanos, e extraterrestres.

 A mulher vagava com a criança como se fosse uma alma atormentada, onde ninguém conseguia enxergar o seu sofrimento.

Na mesma calçada, coberta pela sombra de uma nuvem, alguém vestido com um sobretudo preto, estava com a cabeça curvada, ocultando o semblante com um capuz.

A aura obscura que transbordava dele fazia as pessoas trocarem da calçada, como se ele fosse o maior pecador do universo.

A mulher de cabelos brancos surpreendeu o homem oferecendo a sua filha, mas, com suas mãos manchadas de sangue ele se recusava toca-la. Até que a mulher falou alguma coisa no seu ouvido que o fez mudar de ideia.

O homem segurou a menina em seus braços, e a mulher de cabelos brancos, com os braços para trás, abriu um sorriso forçado.

De repente, um feixe de luz arrebatou a mulher, fazendo a menina entrar em desespero.

Em contato visual, o homem e a criança sorriam. — Eu sei que não posso preencher o vazio da ausência dos seus pais, mas farei tudo o possível!

A Menina esqueceu do sofrimento, e sorrindo sem parar, os céus olhos brilhavam ao olhar para aquele homem atormentado.

Sentindo que em meio às trevas surgiu uma pequena luz, beijando a cabeça da criança o homem falou:

— Eu vou te proteger, Luna!

De repente, o cenário mudou e o homem se transformou em Dante, que disse a mesma coisa.

— Eu vou te proteger, Luna!

Luna acordou do sonho, e olhando para os lados percebeu que estava em um quarto com paredes de madeira, com móveis do século XV. — Armário, estante, três cadeiras, e a cama onde a mesma estava deitada.

 — Enfim, acordou Lunariana! Já estava pensando em jogar em você um balde de água fria!

— Quem é o senhor, onde estou? O que aconteceu com o Dante? Cadê o monstro?

— Calma, jovem! São muitas perguntas! Eu me chamo Song Ye, e essa é minha casa! O seu amigo está são e salvo! E o monstro eu já mandei para o inferno!

Preocupada com o bem estar do amigo, Luna perguntou ao mestre.

— O senhor sabe se o meu amigo está bem?

— O ruivinho?

— Sim!

— Não precisa se preocupar com ele, aquele jovem tem a saúde de um cavalo! E seu corpo tem uma resistência fora do normal!

— O senhor disse que eliminou o monstro, mas, ele é muito forte! O senhor não parece ser tão poderoso!

— Cuidado com as aparências, menina! Existem muitos inimigos que escodem a sua real natureza! Vejo que você entende bastante sobre o monstro que te atacou.

— Por que meu tio Ruivo me ensinou!

Quando ouviu o nome Ruivo, o mestre começou a transpirar em excesso.

— Esse seu tio é algum parente seu! Eu pergunto por que os jovens de hoje chamam todo homem maduro de tio!

— Não que eu saiba! Mas ele cuida de mim desde que eu era uma criancinha.

— Como ele é?

— Eu não sei muito bem descrever a aparência dele, mas, seus olhos vermelhos são muito bonitos.

Comprovando suas suspeitas, o mestre falou para si, em pensamento:

— Shiiii... estou encrencado!

— Querido, corre aqui na sala! — bradou Yanling, em outro cômodo.

— Queira me acompanhar senhorita!

Luna acompanhou Ye, e passando pelos cômodos da casa, sentiu pena de quem morava lá. Pois as paredes de tijolos estavam cheias de buracos, e o piso rangia enquanto andavam.

Yanling estava sentado em uma poltrona rasgada assistindo o jornal no televisor de 1930.

— O que foi, Yanling? Espero que não tenha me chamado pra ver cenas de novela!

— O que eu quero que você veja é bem mais dramático que uma novela!

Aproximou o seu rosto da tela, e reconheceu a pessoa de quem estavam falando.

— Parece que o sapão fugiu de novo da cadeia! E continua com a mania de copiar a técnica dos outros!

Quando o mestre viu ele usar a sua técnica se revoltou.

— Canalha, vai copiar as técnica da sua avó!

Olhando para o vilão apresentado no jornal, Luna percebeu uma certa semelhança com Dingo.

— Esse ser se parece muito com Dingo!

— Quem é Dingo? — perguntou Ye.

— É um marciano sem vergonha que estuda comigo!

— Existe um marciano na sua escola? — perguntou o mestre com os olhos estufados. — O seu amigo ruivo conhece ele?

— Sim, o Dingo conheceu o Dante cinco anos antes de mim! E são melhores amigos!

Tirando o leque da sua roupa, o mestre cobriu a boca dizendo para si:

— Isso será coincidência ou destino? Pensou o mestre, escondendo o seu semblante surpreso.

Luna era muito atormentada por sua fraqueza, e de joelhos ela decidiu dar um ponto final nisso.

— Mestre, eu quero me tornar forte, por favor me treine!

Ye começou a suar se nervoso, pois temia o guardião da menina. E tentou fazer ela mudar de ideia.

— Pra quê você quer ser forte, minha jovem? Existem tantas pessoas poderosas ao seu redor!

— Estou cansada de ver pessoas se arriscando para salvar a minha vida!

— É só você ficar trancada dentro de casa! Desse jeito ninguém correrá perigo!

— Mas eu preciso viver! Não posso ser uma prisioneira pelo resto da vida!

— O caminho da luta é muito perigoso! Você pode se machucar!

— Se for preciso morrer então eu morrerei!

Pensativo, Ye questionou as palavras da garota. — Não diga bobagens, garota! Se algum mal acontecer com você, quem vai se ferrar sou eu!

— Aceite de uma vez, marido! A menina não vai desistir!

Não podendo mais resistir o anseio da garota, Ye aceita-lhe como discípula.

— Muito bem, menina! Eu vou aceita-la como discípula! Mais conste que foi você que pediu...Mei, Vêm aqui!

Mei apareceu diante do seu pai, toda encharcada de suor, até suas roupas leggings estavam molhadas, revelando a intensidade do seu treinamento.

— Aqui estou, pai!

— Essa jovem lunariana será minha nova discípula! Quero que você ensine ela um pouco de Tíshù — técnica corporal — mas pegue leve!

— Pode deixar comigo meu pai! — virando o seu rosto para Luna, Mei falou — Acompanhe-me, garota!

— O meu nome é Luna!

— Então, me acompanhe, Luna!

Saindo do lugar, as duas se dirigem até o salão de treinamento.

                                                                 (...)

Na sala de aula, tudo estava muito silencioso. Dante, estava preocupado com Luna, Dingo estava traumatizado com a morte dos vagabundos e até a campeã não estava nos seus melhores dias.

Spartane, muito desconfiada com o silêncio dos alunos, perguntou:

— A turma mais baderneira está em silêncio? Que milagre é esse?

A campeã Jade foi a primeira a se queixar. — Faz muito tempo que o meu pai anda indiferente comigo! Ele mau consegue olhar na minha cara! Mesmo eu tendo me esforçado ganhando tantos torneios!

— O seu pai é um homem muito ocupado! E é a figura mais importante da cidade Central. Ele admira sua habilidade, mas, às circunstâncias da vida o fizeram um homem de poucas palavras! Antes de critica-lo você devia procurar conhecê-lo mais um pouco...E você marciano? Por que está calado?

— Fui testemunha de um assassinato brutal, e as cenas terríveis não saíram da minha mente!

— Sinto muito, Dingo! Mas em algum momento você teria que presenciar como esse mundo é cruel! — Olhando para as carteiras e não vendo Luna a professora perguntou. — Cadê a lunariana que fala pelos cotovelos?

Dante levantou o braço direito para responder a pergunta da professora, e ela dá-lhe permissão.

— A ausência de Luna é um dos motivos para eu estar abatido! Ontem, na saída da escola, a Luna foi atacada por um monstro chamado Piolho que tinha a semelhança de uma barata!

Spartane se assustou com a notícia, e exigiu que Dante revelasse o estado da garota.

— Ela ainda está viva? E se estiver viva em que hospital ela se encontra?

— Ela continua viva mas não se encontra em nenhum hospital! O homem que me salvou chamado Ye, disse pra mim que a sua esposa Yanling cuidaria da garota.

Ao ouvir o nome da mulher, Spartane começou a tremer, e quase caiu no chão.

— Yi...Yi...Yanling? Você disse que o nome da mulher é Yanling?

— Sim!

Spartane, ficou abalado quando ouviu o nome da mulher de Ye, como se ela já a conhecesse.

— O valentão não conseguiu proteger nem a amiga? Era mais inútil do que eu pensei! — provocou Jade.

Dante se levantou da carteira, em furia, e disse:

— Vê se cala essa boca sua anã! Se fosse você no meu lugar teria morrido!

— Se fosse eu no seu lugar a menina não teria se machucado! E provavelmente não precisaria de ninguém pra me salvar!

Dante se encheu de ódio com aqueles comentários, e decidiu que no final da aula acertaria as contas com a campeã.

A professora começou a sua aula, e Dante não conseguia pensar e, outra coisa a não ser chutar o rabo da campeã.

Na hora do intervalo, Jade estava comendo um hambúrguer, e para degustar o seu sabor ela mastigada lentamente, revirando os olhos.

Dante, com a testa franzida, e de punhos cerrados se aproximou da campeã, e chutando a sua mão direita derrubou o hambúrguer no chão.

— Se faz de doido é? Como ousa chutar o meu hambúrguer?

— O hambúrguer não é a única coisa que eu quero chutar!

— Se você quer tanto morrer vou realizar o seu desejo!

Os dois tomam posição de luta, e centenas de alunos ficaram ao seu redor, formando uma gaiola de seres humanos.

Dante avançou contra a jovem deferindo-lhe um soco direto com o braço direito. Jade segurou o punho do ruivo, facilmente, usando a palma da mão esquerda, achando o ataque muito fraco.

— Isso é o melhor que pode fazer? É ainda pior dos que os últimos colocados do torneio!

Dante desferiu um chute de perna direita no rosto de Jade, mas, ela bloqueou com o antebraço direito com facilidade.

— Chama isso de golpe?

Saltando para trás, Dante preparou uma nova invertida. Correndo até a lutadora, o ruivo começou a deferi-lhe uma chuva de socos.

Muito ágil, a lutadora, se esquivava dos ataques com facilidade mexendo a cabeça de um lado para outro e movimentando o seu tronco para cima e para baixo.

Desistindo de atacar com os punhos, ele apoiou as duas mãos no chão, e com um giro desferiu um chute de perna direita no rosto da campeã que nem se mexeu.

— Seus golpes são bons, mas falta força!

A campeã agarrou a perna direita do ruivo, e o girou em pleno ar, jogando-o em seguida de cara no chão.

Dante se levantou, planejando desferir um soco em Jade, mas, ela se adiantou e deu-lhe um soco de punho direito no estômago, que o jogou a um metro de distância.

— Isso é um soco de verdade!

Dante, ficou sem ar depois do soco da campeã, sangue começou a escorrer da sua boca, e sua vista começou a escurecer.

— Eu não posso ser derrotado por essa anã desse jeito patético! — mais sangue saiu da sua boca. — Essa não pode ser minha realidade!

Dante se levantou com muita angústia, e dando um brado de fúria liberou o seu Nitro vermelho.

A lutadora ficou admirada, não pela continuidade de Nitro, mas pela sua cor ser avermelhada.

— Como um idiota como você possui esse Nitro?

— Ficou assustada não é? Agora podemos iniciar a verdadeira luta!

— Que assim seja! Vamos libere o seu poder!

— Liberar? — perguntou Dante, muito confuso.

— Você não sabe liberar o Nitro?

— Para mim ele já está liberado!

Jade com a mão no rosto, estava completamente desapontada com o valentão da sua escola, e decidiu dar uma demonstração.

— Olhe bem, ruivo estupido! Isso é liberar o Nitro!

Jade descansou os braços, e de repente, um Nitro verde escurecido transbordou do corpo de Jade.

Dante se sentiu angustiado como se aquele Nitro transmitisse uma hostilidade semelhante ao Piolho que enfrentou ontem.

Jade distribuiu a energia pelo o seu corpo, e proclamou:

— O mundo está em minhas mãos, e a Terra obedece ao meu chamado...

Imediatamente o céu foi coberto por uma nuvem carregada de chuva, muito sinistra, e o vento soprou com violência quebrando os vidros da escola.

O cabelo curto de Jade se eriçou, e seus olhos roxos brilharam, dando-lhe uma aparência “divina”.

Dingo sem saber o que estava acontecendo se aproximou do lugar e viu Dante em posição de ataque contra a sua ídolo.

— Mas que idiota! Eu disse que a Jade Deusa era muita areia pro caminhãozinho dele!

De repente, tanto o Nitro de Dante como o de Jade sumiram; o céu tempestuoso desapareceu, e o sol do meio-dia iluminou toda a escola.

  A campeã ficou sem entender o que tinha acontecido, mas olhando para quem vinha logo conseguiu entender.

Uma senhora alva, loira, de olhos verdes, vestida com um paletó e uma saia azul, se aproximou.

— Posso saber que o motivo dessa confusão?

Ao ver aquela senhora, a campeã abaixou a cabeça, e não abriu mais a sua boca.

 

 

 

 

 



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