Volume 1 – Arco 1
Capitulo 8: Tomei uma decisão! (Preliminar)
Ainda bem que a mulher interferiu nessa luta, pois o jovem Dante já havia percebido a superioridade da campeã, mas, por seu orgulho, estava disposto a morrer.
Aparentemente ele estava como sempre, mas por dentro se sentia humilhado, não por apanhar de uma menina, mas por apanhar de alguém.
Depois da derrota contra o monstro barata, esse episódio foi suficiente para destruir toda a confiança que restava no garoto.
— O pátio da escola não é um ringue! Quantas vezes você precisa ouvir isso, Dante?
Depois de uma surra como aquela, ficar de castigo seria a gota d’água, então o ruivo resolveu bajular a mulher.
— Diretora Lucia, como é bom ver a senhora! Cada dia que passa a senhora está mais linda!
— E cada dia que passa você se envolve em uma nova encrenca! Você não tem vergonha, menino? — perguntou a diretora, de testa franzida, olhando para o jovem.
Olhando para Jade com semblante sério, a diretora disse:
— Não haverá próxima vez para você, menina! Lembre-se disso!
— Claro, senhora diretora! — respondeu Jade com voz baixa.
— Spartane, vem aqui! — falou a diretora com tom de voz normal.
Spartane veio correndo de dentro da escola e, chegando em frente à diretora, ficou na posição de sentido.
— Aqui estou, diretora! — olhando para os seus alunos, Spartane percebeu que eles cometeram alguma gafe — A senhora não precisava se incomodar! Eu mesmo daria uma lição nesses alunos rebeldes!
— Eu não posso simplesmente deixar tudo em suas costas! E eu sei que você está muito ocupada, graças à decisão da organização relacionada às três jovens rebeldes.
— Eu fico lisonjeada que a senhora reconheça o meu esforço, mas em primeiro lugar eu sou uma professora! E agora mesmo irei punir esses dois!
— Não será preciso! Agora eu mesmo resolvo! Jade, está dispensada! Dante, para o meu escritório!
Quando a professora e a diretora deram as costas, Jade mostrou a língua para Dante, que irritado levantou o punho direito cerrado, ameaçando-a.
Dingo segurou o braço da diretora e intercedeu pelo amigo.
— Tia Lúcia, perdoa o Dante, a senhora sabe que ele nunca bateu bem da cabeça!
— Que história é essa? Seu traidor!
— Fica calado, cara! Eu vou tentar limpar a tua barra! — falou isso bem na frente de Lúcia e Spartane.
— Cai fora, anão de marte! Ou vai sobrar pra você! — falou Spartane, bastante irritada.
Dingo recuou e Dante foi levado para a temida sala da direção, onde nenhum aluno ousava pisar.
— Meu Deus, o Dante foi conduzido à antessala do inferno! Dizem que ninguém que entrou naquela sala saiu com vida! Coitado do meu amigo, vou orar pela sua alma!
A sala da diretora não tinha nada de assombroso; suas paredes eram brancas, o piso era de madeira e um lustre de três aros prateados iluminava o lugar.
A parede direita tinha três quadros, e em cada quadro uma pessoa diferente. A pessoa do primeiro quadro era um homem pardo, de cabelo ondulado, com um bigode peculiar, vestido com um macacão de couro preto. Ele estava de pé, em um arranha-céu sob uma esplêndida lua cheia.
O segundo era um adolescente de pele alva, cabelos longos negros e olhos pretos. Ele estava vestido com um casaco de couro com espinhos nos ombros e uma calça de couro com símbolos de caveiras na altura das coxas. Ele estava em um corredor escuro, onde apenas sua imagem era iluminada.
O terceiro era um adolescente alvo, de topete ruivo virado para o lado, óculos fundo de garrafa, vestido com uma blusa social branca e uma calça social marrom. De punhos cerrados, o ruivo caminhava por uma calçada de concreto sob os intensos raios do sol.
O adolescente ruivo era muito parecido com Dante, a ponto do jovem olhar para ele por muito tempo para ter certeza que não era nenhuma foto sua feita por inteligência artificial.
— Dante, sente-se! — apontou a diretora para uma das cadeiras vermelhas que ficavam atrás de sua escrivaninha marrom, de frente para sua poltrona preta.
Atrás da poltrona da diretora havia uma janela de vidro larga que dava para o jardim, cheio de flores azuis e amarelas, além de goiabeiras e bananeiras. Vendo que Dante poderia se distrair com a beleza do jardim da diretora, Spartani fechou a cortina.
Embora estivesse com medo, Dante cruzou os braços e colocou as pernas na escrivaninha da professora.
— Que folga é essa, pivete? Quer perder as duas pernas? — ameaçou a professora, cerrando os punhos.
— Se eu já vou perder a cabeça, as pernas não importam! Além do mais, a vovó Lúcia me conhece desde garoto!
— O assunto que eu tenho para tratar com você é sério, Dante! — disse a diretora, sentada na poltrona com os cotovelos sobre a escrivaninha.
— Eu sei que é sobre o meu comportamento mas...
— Não é só o seu comportamento! — falou a professora com tom de voz alto. — Você correu um risco verdadeiro de morte! Jade é muito diferente de todos os adversários que você enfrentou, afinal, ela teve um mestre que ajudou a refinar o seu estilo de luta!
— Mas eu também tenho o meu estilo de luta...
— Na verdade, você não tem uma disciplina marcial, apenas age por instinto, como animais irracionais! Técnicas de luta são movimentos minuciosamente estudados para ampliar as habilidades de um indivíduo. — disse Spartane, de braços cruzados.
— Escute, Dante, a força que você tanto se orgulha é inútil ao se comparar com a realidade!
A afirmação da diretora penetrou até a alma do jovem ruivo, deixando-o cabisbaixo.
— Não se entristeça, Dante! O seu problema é muito fácil de resolver! É para isso que existem dojos de artes marciais espalhados por todo o planeta!
No mesmo instante, Dante se lembrou do convite do velho Ye, mas ainda tentava resistir à ideia de ser treinado por alguém.
— Mas ser treinado por alguém é trapaça!
— Então você quer dizer que todos os heróis de Piece Patrol são trapaceiros? Pois todos já tiveram pelo menos um mestre! — disse a diretora com um sorriso breve.
— Até o Ares? — Dante se referia ao seu herói favorito de Piece Patrol.
— Sim, até mesmo o Ares! E ele era tão teimoso quanto você!
— A senhora conheceu ele? — arregalou os olhos.
— Todos os heróis já passaram por esta escola um dia! Olhando para você, muitas vezes, tenho a sensação de estar falando com ele.
Ouvindo que seu herói predileto estudou na mesma escola, Dante ficou muito empolgado. E para alcançar seu sonho, decidiu seguir os passos do herói.
— A senhora me convenceu, diretora! Decidi aceitar aquele velho... perdão! Decidi me matricular em um dojo de artes marciais.
— Muito bem, você é um menino esperto! Agora eu quero te dar um conselho. Tome cuidado ao desafiar Jade! O mestre dela é um dos executivos mais respeitados de Piece Patrol, Alien Cross!
Dante se levantou da cadeira, abriu um sorriso para a diretora e disse:
— Não me importa quem é o mestre dessa menina, se ele entrar no meu caminho eu também vou chutar a bunda dele!
Dante se retirou da sala, e Spartane, sem entender os planos da diretora, questionou:
— Mestra, desse jeito o garoto vai ficar mais convencido!
— Não adianta afastar esse garoto do mundo da luta! Está impregnado no seu DNA!
Saindo da sala da direção, o ruivo caminhou em direção a Dingo, que estava sentado em um dos bancos de madeira do jardim.
Dingo, curioso para saber o que aconteceu, perguntou:
— E aí, quantos anos de vida elas cobraram?
— Nenhum! Foi somente uma conversa! E graças a essa conversa, eu tomei uma decisão!
— Qual?
— Vamos entrar para um dojo de artes marciais!
— Vamos é muita gente!
— Sim, eu e você!
Dante estava decidido, enquanto o pobre marciano reprova essa ideia em pensamento.
(...)
Ofegante, Luna estava de joelhos no chão, com hematomas no rosto e no braço. Seu rosto estava manchado de sangue e muito inchado, quase fechando os olhos.
— Vamos, garota, isso é só o aquecimento! — Mei massageava os punhos, olhando para Luna com um semblante muito sério.
Observando tudo pela janela do segundo andar, que dava para o salão, Ye observava as habilidades da lunariana.
— Essa menina é muito inexperiente em domínio marcial! Sua habilidade ofensiva é comparável à de uma ovelha. Isso é preocupante! — Ye abriu o leque e começou a se abanar — Mas ela tem uma qualidade!
Luna se levantou e partiu para cima de Mei, tentando lhe acertar um soco com o a mão direita.
Mei bloqueou facilmente com a palma da mão esquerda e em seguida desferiu um cruzado no estômago da menina, fazendo-a curva-se.
Luna caiu novamente no chão e vomitou saliva em grande quantidade.
— Sem dúvida, a resistência dela é sua melhor qualidade! Desde que começou o treinamento, há cinco horas, ela vem suportando golpes que poderiam nocautear facilmente uma pessoa comum!
— Querido, se ela continuar apanhando desse jeito, vai acabar morrendo!
— Não se preocupe, Yanling! Mei sabe até onde pressioná-la!
Mei desferiu um cruzado de direita no rosto de Luna e depois um cruzado de esquerda no outro lado.
Agarrando Luna pela cintura com a mão esquerda e segurando sua blusa no tórax, Mei ergueu Luna no ar e a lançou violentamente no chão.
— Realmente quer entrar no mundo violento da luta, garota? Se você não se machucar, terá que machucar outras pessoas! O preço que pagamos para ser forte exige muito suor e muitas lágrimas.
Com dificuldade, Luna tentou se levantar, mas suas pernas já estavam sem forças. Ajoelhada, apoiando-se nas palmas das mãos, ela respondeu:
— Se esse é o preço para deixar de ser uma menina frágil, darei até mesmo minha vida!
Luna ergueu seu rosto manchado de sangue revelando uma nova determinação.
O mestre, olhando para a lunariana, percebeu que uma aura incomum começou a emanar sutilmente do corpo de Luna.
— Santo Deus, o que é aquela aura cinza? — Ye sorriu. — Então esse deve ser o verdadeiro motivo para a perseguição à menina. Parece que não foi uma má ideia tê-la como discípula!
(...)
Dante e Dingo travavam um duelo no metrô de seu bairro. O marciano e o humano competiam, empurrando um ao outro em direções opostas, mas o marciano era tão baixo que Dante o empurrava em direção ao chão.
— Para abandonar os amigos você é forte, não é?
— Abandonar coisa nenhuma! Só estou tentando cuidar da minha vida!
— Se não fosse por mim, sua vida já tinha terminado nos trilhos do metrô!
— Pelo menos a morte nos trilhos seria mais rápida do que ser espancado até a morte!
— Se você ficar forte ninguém vai te espancar!
— Mas vou ter que ser espancado pra ficar forte!
Dante recolheu as suas mãos e Dingo caiu de cara no chão.
— Muito bem, seu marciano egoísta, se você quer ir embora, pode ir!
Dingo se levantou e sacudiu a poeira da roupa. — Adeus!
Dingo se teletransportou, deixando seu amigo bastante decepcionado.
Andando pelas ruas, sob o sol da tarde, o marciano resmungava o egoísmo do amigo, em querer arrasta-lo pra todo o lugar.
Depois de andar por alguns minutos, o marciano entrou em choque quando viu uma criaturazinha verde, do tamanho de um recém-nascido, usando um vestido azul, sendo carregada por um bando de bandidos.
Eles estavam vestidos com jaquetas de couro, com o símbolo de serpente nas costas, e bermudas pretas.
— Larguem minha irmã, seus idiotas? — falou Dingo com os punhos cerrados.
— Irmãozinho, me salva! — disse a marciana.
O homem branco, de cavanhaque e dreads, tampou a boca da criança.
— Vejam só, mais uma criatura verde! Vamos levar duas em uma viajem só!
Dingo, correu em direção aos bandidos, querendo salvar sua irmã.
Um dos bandidos, negro com o cabelo afro, desferiu um chute no peito do marciano, lançando-o violentamente a três metros no chão.
Com a voz arrastada, o homem apontou o dedo para Dingo. — Fica quietinho aí, pivete! Ou o bagulho vai ficar louco!
Dingo se levantou, com a palma da mão no peito, e correu contra o bandido de cabelo afro, que ia repetir o chute, mais foi surpreendido com o repentino desaparecimento do marciano.
— Pra onde foi o moleque? Será que o meu chute fez ele desaparecer?
Dingo reapareceu do lado esquerdo do bandido, dando-lhe um soco no rosto.
Dando dois passos para o lado, o bandido cuspiu um pouco de sangue no chão.
— Você vai me pagar, seu merdinha!
O bandido desferiu um chute frontal no rosto de Dingo, que caiu no chão.
— Vou te ensinar a ter respeito por mim!
O bandido começou a chutar o marciano, no estômago, e zombava dele com gargalhadas nefastas.
Enquanto apanhava, Dingo lembrou do que o seu amigo disse, que se ele ficasse mais forte poderia parar de apanhar. O marciano chorou.
De repente, uma pedra de calçamento acertou o rosto do bandido, lançando-o a três metros de distância.
— Esta será a última vez que eu te protejo, seu ingrato!
Dante apareceu, caminhando com as mãos no bolso, perto do amigo.
O marciano, com os olhos cheios de lágrimas, contemplava seu amigo de pé, encarando os bandidos com o seriedade.
— Posso não ser capaz de vencer aquela mini-monstro, mas ainda posso chutar a bunda de alguns bandidos de merda! Então, qual vai ser o primeiro?
Mesmo armados, os bandidos sentiram-se pressionados diante da postura intimidadora do jovem de cabelo ruivo.