Volume 1 – Arco 1
Capitulo 6: O deus Usurpador! ( Preliminar)
Inconsciente, Luna teve um sonho...
Vestida com um manto branco desgastado, uma mulher de pele cinzenta, olhos azuis, e cabelos brancos; carregava uma criança de aproximadamente três anos que era praticamente sua miniatura. — com exceção dos seus olhos que eram vermelhos como rubi.
Perambulando pelas calçadas de concreto, lotados de seres humanos, e extraterrestres.
A mulher vagava com a criança como se fosse uma alma atormentada, onde ninguém conseguia enxergar o seu sofrimento.
Na mesma calçada, coberta pela sombra de uma nuvem, alguém vestido com um sobretudo preto, estava com a cabeça curvada, ocultando o semblante com um capuz.
A aura obscura que transbordava dele fazia as pessoas trocarem da calçada, como se ele fosse o maior pecador do universo.
A mulher de cabelos brancos surpreendeu o homem oferecendo a sua filha, mas, com suas mãos manchadas de sangue ele se recusava toca-la. Até que a mulher falou alguma coisa no seu ouvido que o fez mudar de ideia.
O homem segurou a menina em seus braços, e a mulher de cabelos brancos, com os braços para trás, abriu um sorriso forçado.
De repente, um feixe de luz arrebatou a mulher, fazendo a menina entrar em desespero.
Em contato visual, o homem e a criança sorriam. — Eu sei que não posso preencher o vazio da ausência dos seus pais, mas farei tudo o possível!
A Menina esqueceu do sofrimento, e sorrindo sem parar, os céus olhos brilhavam ao olhar para aquele homem atormentado.
Sentindo que em meio às trevas surgiu uma pequena luz, beijando a cabeça da criança o homem falou:
— Eu vou te proteger, Luna!
De repente, o cenário mudou e o homem se transformou em Dante, que disse a mesma coisa.
— Eu vou te proteger, Luna!
Luna acordou do sonho, e olhando para os lados percebeu que estava em um quarto com paredes de madeira, com móveis do século XV. — Armário, estante, três cadeiras, e a cama onde a mesma estava deitada.
— Enfim, acordou Lunariana! Já estava pensando em jogar em você um balde de água fria!
— Quem é o senhor, onde estou? O que aconteceu com o Dante? Cadê o monstro?
— Calma, jovem! São muitas perguntas! Eu me chamo Song Ye, e essa é minha casa! O seu amigo está são e salvo! E o monstro eu já mandei para o inferno!
Preocupada com o bem estar do amigo, Luna perguntou ao mestre.
— O senhor sabe se o meu amigo está bem?
— O ruivinho?
— Sim!
— Não precisa se preocupar com ele, aquele jovem tem a saúde de um cavalo! E seu corpo tem uma resistência fora do normal!
— O senhor disse que eliminou o monstro, mas, ele é muito forte! O senhor não parece ser tão poderoso!
— Cuidado com as aparências, menina! Existem muitos inimigos que escodem a sua real natureza! Vejo que você entende bastante sobre o monstro que te atacou.
— Por que meu tio Ruivo me ensinou!
Quando ouviu o nome Ruivo, o mestre começou a transpirar em excesso.
— Esse seu tio é algum parente seu! Eu pergunto por que os jovens de hoje chamam todo homem maduro de tio!
— Não que eu saiba! Mas ele cuida de mim desde que eu era uma criancinha.
— Como ele é?
— Eu não sei muito bem descrever a aparência dele, mas, seus olhos vermelhos são muito bonitos.
Comprovando suas suspeitas, o mestre falou para si, em pensamento:
— Shiiii... estou encrencado!
— Querido, corre aqui na sala! — bradou Yanling, em outro cômodo.
— Queira me acompanhar senhorita!
Luna acompanhou Ye, e passando pelos cômodos da casa, sentiu pena de quem morava lá. Pois as paredes de tijolos estavam cheias de buracos, e o piso rangia enquanto andavam.
Yanling estava sentado em uma poltrona rasgada assistindo o jornal no televisor de 1930.
— O que foi, Yanling? Espero que não tenha me chamado pra ver cenas de novela!
— O que eu quero que você veja é bem mais dramático que uma novela!
Aproximou o seu rosto da tela, e reconheceu a pessoa de quem estavam falando.
— Parece que o sapão fugiu de novo da cadeia! E continua com a mania de copiar a técnica dos outros!
Quando o mestre viu ele usar a sua técnica se revoltou.
— Canalha, vai copiar as técnica da sua avó!
Olhando para o vilão apresentado no jornal, Luna percebeu uma certa semelhança com Dingo.
— Esse ser se parece muito com Dingo!
— Quem é Dingo? — perguntou Ye.
— É um marciano sem vergonha que estuda comigo!
— Existe um marciano na sua escola? — perguntou o mestre com os olhos estufados. — O seu amigo ruivo conhece ele?
— Sim, o Dingo conheceu o Dante cinco anos antes de mim! E são melhores amigos!
Tirando o leque da sua roupa, o mestre cobriu a boca dizendo para si:
— Isso será coincidência ou destino? Pensou o mestre, escondendo o seu semblante surpreso.
Luna era muito atormentada por sua fraqueza, e de joelhos ela decidiu dar um ponto final nisso.
— Mestre, eu quero me tornar forte, por favor me treine!
Ye começou a suar se nervoso, pois temia o guardião da menina. E tentou fazer ela mudar de ideia.
— Pra quê você quer ser forte, minha jovem? Existem tantas pessoas poderosas ao seu redor!
— Estou cansada de ver pessoas se arriscando para salvar a minha vida!
— É só você ficar trancada dentro de casa! Desse jeito ninguém correrá perigo!
— Mas eu preciso viver! Não posso ser uma prisioneira pelo resto da vida!
— O caminho da luta é muito perigoso! Você pode se machucar!
— Se for preciso morrer então eu morrerei!
Pensativo, Ye questionou as palavras da garota. — Não diga bobagens, garota! Se algum mal acontecer com você, quem vai se ferrar sou eu!
— Aceite de uma vez, marido! A menina não vai desistir!
Não podendo mais resistir o anseio da garota, Ye aceita-lhe como discípula.
— Muito bem, menina! Eu vou aceita-la como discípula! Mais conste que foi você que pediu...Mei, Vêm aqui!
Mei apareceu diante do seu pai, toda encharcada de suor, até suas roupas leggings estavam molhadas, revelando a intensidade do seu treinamento.
— Aqui estou, pai!
— Essa jovem lunariana será minha nova discípula! Quero que você ensine ela um pouco de Tíshù — técnica corporal — mas pegue leve!
— Pode deixar comigo meu pai! — virando o seu rosto para Luna, Mei falou — Acompanhe-me, garota!
— O meu nome é Luna!
— Então, me acompanhe, Luna!
Saindo do lugar, as duas se dirigem até o salão de treinamento.
(...)
Na sala de aula, tudo estava muito silencioso. Dante, estava preocupado com Luna, Dingo estava traumatizado com a morte dos vagabundos e até a campeã não estava nos seus melhores dias.
Spartane, muito desconfiada com o silêncio dos alunos, perguntou:
— A turma mais baderneira está em silêncio? Que milagre é esse?
A campeã Jade foi a primeira a se queixar. — Faz muito tempo que o meu pai anda indiferente comigo! Ele mau consegue olhar na minha cara! Mesmo eu tendo me esforçado ganhando tantos torneios!
— O seu pai é um homem muito ocupado! E é a figura mais importante da cidade Central. Ele admira sua habilidade, mas, às circunstâncias da vida o fizeram um homem de poucas palavras! Antes de critica-lo você devia procurar conhecê-lo mais um pouco...E você marciano? Por que está calado?
— Fui testemunha de um assassinato brutal, e as cenas terríveis não saíram da minha mente!
— Sinto muito, Dingo! Mas em algum momento você teria que presenciar como esse mundo é cruel! — Olhando para as carteiras e não vendo Luna a professora perguntou. — Cadê a lunariana que fala pelos cotovelos?
Dante levantou o braço direito para responder a pergunta da professora, e ela dá-lhe permissão.
— A ausência de Luna é um dos motivos para eu estar abatido! Ontem, na saída da escola, a Luna foi atacada por um monstro chamado Piolho que tinha a semelhança de uma barata!
Spartane se assustou com a notícia, e exigiu que Dante revelasse o estado da garota.
— Ela ainda está viva? E se estiver viva em que hospital ela se encontra?
— Ela continua viva mas não se encontra em nenhum hospital! O homem que me salvou chamado Ye, disse pra mim que a sua esposa Yanling cuidaria da garota.
Ao ouvir o nome da mulher, Spartane começou a tremer, e quase caiu no chão.
— Yi...Yi...Yanling? Você disse que o nome da mulher é Yanling?
— Sim!
Spartane, ficou abalado quando ouviu o nome da mulher de Ye, como se ela já a conhecesse.
— O valentão não conseguiu proteger nem a amiga? Era mais inútil do que eu pensei! — provocou Jade.
Dante se levantou da carteira, em furia, e disse:
— Vê se cala essa boca sua anã! Se fosse você no meu lugar teria morrido!
— Se fosse eu no seu lugar a menina não teria se machucado! E provavelmente não precisaria de ninguém pra me salvar!
Dante se encheu de ódio com aqueles comentários, e decidiu que no final da aula acertaria as contas com a campeã.
A professora começou a sua aula, e Dante não conseguia pensar e, outra coisa a não ser chutar o rabo da campeã.
Na hora do intervalo, Jade estava comendo um hambúrguer, e para degustar o seu sabor ela mastigada lentamente, revirando os olhos.
Dante, com a testa franzida, e de punhos cerrados se aproximou da campeã, e chutando a sua mão direita derrubou o hambúrguer no chão.
— Se faz de doido é? Como ousa chutar o meu hambúrguer?
— O hambúrguer não é a única coisa que eu quero chutar!
— Se você quer tanto morrer vou realizar o seu desejo!
Os dois tomam posição de luta, e centenas de alunos ficaram ao seu redor, formando uma gaiola de seres humanos.
Dante avançou contra a jovem deferindo-lhe um soco direto com o braço direito. Jade segurou o punho do ruivo, facilmente, usando a palma da mão esquerda, achando o ataque muito fraco.
— Isso é o melhor que pode fazer? É ainda pior dos que os últimos colocados do torneio!
Dante desferiu um chute de perna direita no rosto de Jade, mas, ela bloqueou com o antebraço direito com facilidade.
— Chama isso de golpe?
Saltando para trás, Dante preparou uma nova invertida. Correndo até a lutadora, o ruivo começou a deferi-lhe uma chuva de socos.
Muito ágil, a lutadora, se esquivava dos ataques com facilidade mexendo a cabeça de um lado para outro e movimentando o seu tronco para cima e para baixo.
Desistindo de atacar com os punhos, ele apoiou as duas mãos no chão, e com um giro desferiu um chute de perna direita no rosto da campeã que nem se mexeu.
— Seus golpes são bons, mas falta força!
A campeã agarrou a perna direita do ruivo, e o girou em pleno ar, jogando-o em seguida de cara no chão.
Dante se levantou, planejando desferir um soco em Jade, mas, ela se adiantou e deu-lhe um soco de punho direito no estômago, que o jogou a um metro de distância.
— Isso é um soco de verdade!
Dante, ficou sem ar depois do soco da campeã, sangue começou a escorrer da sua boca, e sua vista começou a escurecer.
— Eu não posso ser derrotado por essa anã desse jeito patético! — mais sangue saiu da sua boca. — Essa não pode ser minha realidade!
Dante se levantou com muita angústia, e dando um brado de fúria liberou o seu Nitro vermelho.
A lutadora ficou admirada, não pela continuidade de Nitro, mas pela sua cor ser avermelhada.
— Como um idiota como você possui esse Nitro?
— Ficou assustada não é? Agora podemos iniciar a verdadeira luta!
— Que assim seja! Vamos libere o seu poder!
— Liberar? — perguntou Dante, muito confuso.
— Você não sabe liberar o Nitro?
— Para mim ele já está liberado!
Jade com a mão no rosto, estava completamente desapontada com o valentão da sua escola, e decidiu dar uma demonstração.
— Olhe bem, ruivo estupido! Isso é liberar o Nitro!
Jade descansou os braços, e de repente, um Nitro verde escurecido transbordou do corpo de Jade.
Dante se sentiu angustiado como se aquele Nitro transmitisse uma hostilidade semelhante ao Piolho que enfrentou ontem.
Jade distribuiu a energia pelo o seu corpo, e proclamou:
— O mundo está em minhas mãos, e a Terra obedece ao meu chamado...
Imediatamente o céu foi coberto por uma nuvem carregada de chuva, muito sinistra, e o vento soprou com violência quebrando os vidros da escola.
O cabelo curto de Jade se eriçou, e seus olhos roxos brilharam, dando-lhe uma aparência “divina”.
Dingo sem saber o que estava acontecendo se aproximou do lugar e viu Dante em posição de ataque contra a sua ídolo.
— Mas que idiota! Eu disse que a Jade Deusa era muita areia pro caminhãozinho dele!
De repente, tanto o Nitro de Dante como o de Jade sumiram; o céu tempestuoso desapareceu, e o sol do meio-dia iluminou toda a escola.
A campeã ficou sem entender o que tinha acontecido, mas olhando para quem vinha logo conseguiu entender.
Uma senhora alva, loira, de olhos verdes, vestida com um paletó e uma saia azul, se aproximou.
— Posso saber que o motivo dessa confusão?
Ao ver aquela senhora, a campeã abaixou a cabeça, e não abriu mais a sua boca.