Volume 1 – Arco 1
Capitulo 4: O Primeiro Eco da Energia!
Estrondos de destruição, que soavam como bombas explodindo, ecoavam pela rua.
Kyros flutuava no ar com seu chicote de água na mão direita, enquanto os quatro monstros, cheios de arranhões, rugiam contra ele com punhos cerrados.
Enquanto isso, Fenícios estava escorado na parede de um prédio, comendo um saco de pipocas, com um sorriso largo e olhos atentos.
Um dos monstros subiu nas costas do outro e saltou na direção de Kyros, cerrando o punho para lhe desferir um soco.
Como o chicote de Kyros era longo, ele não poderia atacar o monstro que vinha em sua direção, então observou o monstro que estava no chão, bem na lateral, a poucos metros de distância, e lançou o chicote contra a cabeça dele.
O chicote enroscou no pescoço da criatura. O monstro tentou soltar com as mãos, mas a pressão aumentou, e Kyros puxou o chicote, desviando do soco e girando no ar, usando o próprio chicote como apoio para o movimento.
A cabeça do monstro que estava no chão saiu flutuando no ar, e o corpo tombou.
De pé, desenrolando o chicote do corpo, Kyros começou a girar o braço direito, e o chicote acompanhou o movimento em alta velocidade, formando um disco de água.
Um dos monstros se sentou no chão, colocando os joelhos na altura da testa e, segurando as pernas, começou a rolar pelo chão como uma bola em alta velocidade.
Kyros estava preparado, mas outro monstro correu e chutou a bola, dando a ela ainda mais velocidade.
Kyros percebeu que não resistiria, saltou para o lado, e o monstro-bola atravessou um prédio inteiro, abrindo um túnel na estrutura.
O comandante Fenícios fechou o semblante, deixando a pipoca cair no chão. Uma veia quase saltou da testa.
— KYROS! Mais um prejuízo como esse e eu vou descontar tudo do seu salário!
Kyros, se levantando do chão, perdeu a expressão de maluco e ficou com um olhar triste, com o beiço de choro.
— Tenha misericórdia, comandante! Mais descontos e eu vou ter que catar latinhas na rua!
De braços cruzados e com um olhar sério e penetrante, Fenícios estalou o pescoço.
— Vamos. Deixa de brincadeiras e acaba logo com esse monte de lixo!
Kyros, voltando os olhos para os monstros, abriu um breve sorriso e relaxou os braços.
— É uma pena, mas eu não posso mais brincar com vocês. Ainda bem que nessa fase vocês não possuem tanto raciocínio, ou teriam que enfrentar o inferno dentro das entranhas das águas.
Bolhas emergiram do chicote, explodindo em pequenas nuvens de água. Duas dessas bolhas subiram até dez metros acima da cabeça de Kyros, uma ao lado da outra.
Uma grande onda de energia azul verteu do corpo do assistente, indo em direção às bolhas. Dentro delas, surgiram íris vermelhas, como olhos monstruosos observando a batalha. Os cabelos de Kyros começaram a flutuar com o brilho azul sombrio.
Ele estendeu a palma das mãos contra os monstros, e o chão começou a tremer enquanto gotas de água paravam no ar.
Mas, naquele momento, os monstros reagiram.
O monstro que havia sido chutado se ergueu. Seus músculos começaram a inflar, esticando a pele.
Veias pretas surgiram, pulsando como raízes vivas. Sua postura mudou — mais ereta, mais consciente.
Fenícios arregalou os olhos.
— Eles… evoluíram?
Outro monstro fincou as garras no chão. Uma névoa roxa subiu por seus braços, solidificando seu corpo numa armadura orgânica e grotesca.
Ele avançou pesado, a cada passo rachando mais o asfalto. O terceiro abriu a boca, expelindo um jorro de veneno roxo que corroía tudo que tocava.
Kyros levantou uma sobrancelha.
— Opa. Agora ficou interessante.
Ele estendeu a mão esquerda, e dezenas de pequenos glóbulos de água surgiram ao redor de seu braço.
Com um estalo de dedos, todos se transformaram em agulhas líquidas, afiadas como aço. Kyros girou o corpo — e as agulhas dispararam.
O monstro blindado ergueu o antebraço, e as agulhas ricochetearam como se estivessem batendo em metal. O venenoso correu em zigue-zague, desviando com movimentos animalescos.
Kyros resmungou:
— Tá… já não gostei.
O monstro musculoso avançou com um soco capaz de derrubar um caminhão. Kyros formou uma barreira de água, mas a força foi tão grande que o empurrou dezenas de metros para trás, fazendo-o atravessar o ar até se chocar contra uma caixa-d’água no alto de um prédio, rachando metade da estrutura.
Fenícios cerrou o punho.
— KYROS! Se quebrar mais uma caixa-d’água eu te faço pagar até os parafusos!
Kyros levantou as mãos, apavorado:
— CHEGA, COMANDANTE! Minha carteira não aguenta mais um ataque desses!
Mas os monstros não esperaram. O venenoso disparou outro jato roxo. Kyros recuou voando, erguendo um escudo de água espesso — que começou a derreter devido ao veneno.
— Okay… agora ficou feio.
Ele abriu os braços.
— Afogue-os… nos tentáculos infernais…
O chão inteiro tremeu. A água explodiu com força colossal, quebrando paredes, arrancando árvores e arrastando tudo ao redor.
E então…
O ar ficou pesado. As sombras tremeram. As bolhas com olhos vermelhos começaram a vibrar. Algo sobrenatural aconteceu naquele instante…
Enquanto Kyros quase morria tentando não destruir a própria casa, em outro canto da cidade havia alguém lidando com um problema muito mais grave:
O tédio absoluto.
Sentado na cama com uma revista amarela na mão, Dante, com os olhos vidrados que nem mesmo piscavam, procurava nos desenhos do seu herói de cabelos ruivos alguma coisa que explicasse aquela estranha sensação de empolgação que parecia arder em suas veias como fogo, e sobre aquela energia vermelha que surgira durante o treino.
O cabelo do seu herói ruivo subia em um pompadour alto, guiado para trás como uma onda perfeitamente esculpida. Seu moletom preto refletia o brilho do sol de dia e a luz da lua à noite.
As iniciais da Piece Patrol se destacavam em seu peito com duas estrelas em um vasto universo.
Apesar da altura de 1,62 metros, o herói ruivo tinha uma presença tão intimidadora que os monstros se borravam de medo antes mesmo de enfrentá-lo.
Uma luz vermelha brilhava ao redor de sua silhueta, como se ele mesmo fosse uma lâmpada.
O brilho vermelho que rasgava a escuridão era o prelúdio da morte para os inimigos da justiça.
Mesmo estando no topo, o herói, dentro do seu quarto, com as luzes apagadas, treinava todos os dias.
Ele começava despindo o torso superior, mostrando seu peitoral enorme e a barriga trincada, com muitas cicatrizes de batalha. Depois, ficava imóvel por um minuto, sem esboçar reação nenhuma.
De repente, seu corpo era instantaneamente coberto pelo brilho vermelho. Depois disso, ele começava a dar socos no ar, tão fortes que criavam ecos.
Ele socava até o suor escorrer do rosto e seus poros cobrirem os braços e o peito, que ficavam cristalizados. Ao todo, o herói dava mil socos no ar.
Dante fechou a revista, ficou de pé e, coçando a cabeça com incredulidade, tentou repetir os movimentos do herói.
— Ele ficou parado e a energia vermelha apareceu ao redor dele automaticamente!
Dante relaxou os braços, fechou os olhos e não se mexeu por um minuto. Nada aconteceu.
Frustrado, Dante arremessou a revista no chão, com a testa franzida e os olhos ardendo de ódio.
— Que revista mentirosa! Não aconteceu nada!
Apanhando a revista novamente, leu uma pequena mensagem de aviso no fundo:
— “Se você tentar repetir o treinamento e nada acontecer, recomendamos que procure um mestre.”
Dante virou o rosto com desprezo.
— O Esvanecer não teve mestre, então pra quê eu deveria ter?
(Dante apenas achava isso — a revista não dizia nada sobre.)
O ruivo se sentou no chão e juntou as mãos, numa posição clássica de meditação.
— Aumumumumumu… Aumumumum… Aumumumum… Aumumumumum…
Ele passou quase vinte minutos assim. Nada aconteceu. Abriu os olhos, franzindo a testa, e se levantou num salto.
— Assim também não! Será que serve uma palavra mágica?
Ele começou a mexer os braços com as mãos abertas, como se limpasse uma janela invisível.
— Abracadabra abracasam—
Nada.
— Omobuga aifeidital! Omobuga aifeidital!
Nada.
Dante ficou tão irritado que sua cabeça ficou vermelha — mas de estresse — parecia uma panela de pressão prestes a explodir. Movido pela fúria, ele preparou o punho para socar a parede e, naquele momento, a energia vermelha verteu do seu corpo.
Quando desferiu o soco, a parede rachou e afundou como uma pequena cratera.
Atônito, Dante olhou para as mãos, contemplando aquela energia sobrenatural brotar do seu corpo, iluminando teto e paredes.
Ele sentiu um alívio enorme, como se tirasse um peso das costas, e seu corpo, antes ardendo, ficou morno.
Dando pequenos saltos, sentiu-se mais leve. Desferindo socos no ar, percebeu que estava mais rápido. Tudo aquilo era efeito da energia?
A energia diminuiu, como a chama de um fósforo se apagando. Dante repetiu o movimento e ela voltou — mais forte — espalhando-se pelo quarto.
Com um sorriso largo e saltitando, comemorou:
— Eu aprendi a liberar a energia vermelha! E não precisei de nenhum mestre! Agora estou mais próximo de ser um herói da Piece Patrol, assim como o Esvanecer!
Mas sua comemoração foi interrompida por uma voz feminina suave:
— Meu Deus… por que a parede do banheiro está rachada?
Dante olhou a cratera e lembrou que aquela parede separava seu quarto do banheiro. Com os olhos estufados de pavor, correu até a porta.
— Mãe, eu posso explicar!
Nuvens cinzas cobriram o céu noturno. Raios rasgavam os céus, e a chuva intensa inundava o bairro. As ruas pareciam um dilúvio.
Até carros eram levados. O barulho da chuva parecia uma cachoeira, acompanhado de relâmpagos que iluminavam a noite por milésimos de segundo. Ventos arrancavam árvores.
Uma tempestade assustadora surgira do nada.
Quando amanheceu, civis se aglomeravam ao redor de um prédio abandonado. O motivo era um buraco colossal e perfeitamente limpo no centro do prédio, como se algo o tivesse perfurado.
— Foi um meteoro? — alguém perguntou.
— Impossível! A onda de choque teria destruído tudo ao redor!
— Então… o que fez isso?
Ninguém sabia responder.
No meio da multidão, o Treinador observava o prédio. Ele virou o rosto, abaixou o boné, cobrindo os olhos, e saiu tranquilamente com as mãos nos bolsos, mastigando um palito.
Ao som ensurdecedor do despertador de guitarra e bateria em estilo metal, Dante se levantou da cama. Os cabelos bagunçados e os olhos preguiçosos mudaram assim que ele lembrou da energia vermelha. Seu semblante cansado virou pura empolgação.
Ele levantou rápido, pegou seu cabideiro preto e correu para o banheiro. Depois do banho, vestiu a farda. Olhou para as próprias mãos e decidiu testar a energia mais uma vez.
Com um soco no ar, a energia verteu novamente, iluminando teto, paredes e suas roupas.
— Agora eu consigo liberar a energia sem esforço! Eu sou mesmo um gênio!
Ele relaxou o corpo, e a energia desapareceu. De repente, ouviu alguém batendo na porta com muita força.
— Filho! Aquele seu amigo verde vai quebrar a porta se você não sair logo!
Dante abriu um sorriso, empolgado para mostrar tudo a Dingo.
Saindo do quarto, viu sua mãe — cabelos brancos, pele cinzenta, olhos azuis — com um avental rosa e segurando uma frigideira de ovos. Ela colocou os ovos na mesa cheia de pães, manteiga e uma garrafa preta de café.
— É melhor comer depressa, senão vai perder o metrô! Enquanto isso, vou abrir a porta pro seu amigo boboca!
Dingo continuava socando a porta como um tambor gigante.
— Menino! Tu vai quebrar essa porta! — reclamou a mãe de Dante.
Dante encheu sua xícara verde descartável, cortou o pão, passou manteiga, enfiou tudo na boca, mastigou e tomou o café de uma vez só. Quase se engasgou.
Dingo entrou irritado:
— Acabou de comer, valentão? A louca da sua mãe quase me matou!
Dante colocou a xícara na mesa, agarrou o enorme lóbulo da orelha de Dingo e começou a arrastá-lo como um caminhão desgovernado.
— Já vou, mãe! Até mais tarde!
— Você vai arrancar minha orelha, seu boi da cabeça de fogo!!! — gritou Dingo, sendo arrastado e flutuando como uma pipa presa pelos lóbulos, segurando as próprias orelhas para não perdê-las.
Apoie a Novel Mania
Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.
Novas traduções
Novels originais
Experiência sem anúncios