Nitro: As Pegadas do Herói Brasileira

Autor(a): Lucas Aguiar Ferreira


Volume 1 – Arco 1

Capitulo 3: Aparições Ilustres!

A casa de Dante fica no bairro Squard, lugar bastante pacífico. Casas de tijolos pintadas de amarelo, laranja e branco mostravam a simplicidade no coração dos moradores.

A casa do Dante era uma azul com uma janela virada para rua, a do seu quarto. A porta, feita de madeira, tinha o símbolo de cruz estampado na porta. Chamava a atenção de todos que passavam.

Dante, suado, finalmente chegou em casa. Um dia cheio de imprevistos, mas conseguiu. Quando abriu a porta, viu o chão todo molhado, os móveis fora do lugar e as paredes ensaboadas. Uma zona familiar…

 — Hoje era o dia de faxina, pelo jeito — falou Dante para si.

Tirou as chuteiras, segurou-as com os dedos e depois se apresentou:

— Cheguei!

Um homem correu até Dante, animado pelo ritmo. Ele parou à frente: tinha pele prateada, seus cabelos eram brancos como algodão e as pupilas dele tinham o formato de losango, azuis como o céu. Vestido com uma camiseta branca e um samba-calção, era dessa forma que varria com a vassoura na mão.

— O meu garoto já chegou, e continua lindo! — Mostrou o sorriso largo. — Querida, o nosso bebê chegou!

Uma mulher, de camisola com figuras de peixe, veio ao encontro dos dois. Tinha cabelos brancos longos, pele cinza e olhos no formato de losango azul. Com o espanador na mão, combinava realmente com o marido.

— Olha que bebê lindo, parece um anjo!

Muito envergonhado com tanta demonstração de amor, Dante os cumprimentou seus pais da melhor forma que pôde. Tinha gratidão por lhe adotarem, nunca conseguiria expressar o bastante.

— Como foi o treino de hoje?

— Excelente! — Pensou em contar sobre as estranhezas de hoje, mas foi rápido para desistir.

— Vamos tomar banho? — perguntou o pai de Dante, com os olhos brilhando.

— Não, quero continuar tomando banho sozinho, pai! Acredite em mim!

O pai de Dante fez um biquinho triste. A mãe segurou o ombro dele e disse em decepção:

— Nosso bebê já é um rapazinho, Goller!

— Você tem razão, Nana!

Dante se apressou, escapou direto para o quarto antes que a situação piorasse. Seus pais não parariam de o tratar como criança. Abrindo a porta, o jovem jogou a bolsa no chão e, por garantia, trancou a porta para se trocar em segurança.

Pronto, se apressou em procurar uma revista que tinha com o nome “O Despertar da Força”. Contava a história do herói Ares quando ainda era estudante. Ele quebrava constantemente a cara de bandidos e se envolvia em confusão.

Certo dia, ao brigar contra alguém poderoso, descreveu uma estranha energia cobrir o seu corpo e lhe dar um incrível poder. Depois desse evento, ele não conseguiu usá-la novamente. Apenas ao treinar bastante, foi quando a dominou.

Poderoso, se tornou um herói famoso em pouco tempo.

— Poxa! A revista não mostra nenhuma informação de como dominar isso! Então como vou fazer? Era esse “poder” mais cedo, não era? Eu realmente… posso ser um herói!

Se levantou repleto de convicção, semblante bufante.

— Já cansei de quebrar-cabeça, bora tentar da maneira tradicional! Vou aprender a usar esse poder, custe o que custar!

                                                                    (...)

Já era tarde e a noite estava quente.

Luna rolava de um lado para o outro na cama. Queria se salvar desse calor, apelou até a um refri de dois litros. Ventilador não bastava.

— Preciso de mais refri! Hm… Tá tão tarde, seria perigoso ir na máquina de vendas sozinha…

Mesmo ao se questionar, a vontade de saciar sua sede falou mais alto.

Vestiu a camisa vermelha, calça bege e pegou a bolsinha. Pronta para a jornada, saiu pela calçada na escuridão da noite, com muito cuidado. Tinha que ser eficiente.

— Tá muito escuro, será que não é melhor eu ir mais rápido?

Naquela noite de lua cheia, uma névoa roxa cobria toda a rua, o barulho atormentador da gargalhada de uma hiena fazia os cabelos da lunariana se arrepiarem.

Apesar do súbito medo, acreditou estar delirando pela falta de hábito em sair a esse horário. Independente disso, sua intuição avisar ser mais perigoso voltar agora.

No supermercado, foi até a geladeira e pegou o que queria.

— Moça, já vamos fechar! — disse a funcionária.

— S-sim!

Era hora de voltar. Nervosa, a lunariana correu de volta para casa. Seria apenas mais uma noite, como qualquer outra. Em casa, estaria segura.

Uma mão pesada tocou no seu ombro, um baita susto, mas — ao virar — a angústia desapareceu.

— Luna, quantas vezes te avisei que você não pode sair à noite?

Tinha voz grossa. Essa pessoa de estatura média, vestia um casaco preto longo. Cobria a cabeça com o capuz e apenas seus olhos vermelhos se destacaram nas sombras.

— Tio Ruivo! — Não havia engano, era realmente ele. — Há quanto tempo! E me desculpa por ser teimosa… Fiquei com muita sede.

— Está disposta a sacrificar sua vida por um refrigerante?

— Não!... Minha intuição disse que alguma coisa boa ia acontecer, estou na expectativa. Nós Lunarianos somos muito intuitivos, acredite.

— Isso explica porque estão quase extintos! — Bateu a palma no rosto. — Da próxima vez que te encontrar na rua nestas horas, te dou umas palmadas!

— Haha… Daqui eu já consigo chegar em casa, obrigada.

Um barulho tomou a atenção do tio.

A súbita mudança na expressão dele fez com que ela ficasse apreensiva. O barulho tornou-se mais alto, horrível por se misturar ao vento e ser incerto. Todo a gratificação da conversa amistosa com o Ruivo foi esmagada.

Se revelou das sombras um monstro bípede com rosto de mosca. Apenas o tio o avistou. Por estar molhado e com folhas no corpo, interpretou que ele surgiu do parque próximo à região.

— Luna. — O homem ganhou a atenção dela antes do pior. — Olha só como a lua está bonita, Luna.

A jovem obedeceu e virou o rosto para céu. O Ruivo por sua vez estalou os dedos da mão direita, e o corpo do monstro começou a se contorcer, dos pés a cabeça, e explodiu imbuído por uma energia vermelha, sem deixar nenhum vestígio.

— O que foi isso, tio?

— Acho que deram uma lapada numa mosca.

— Não brinca, tio! Eu tô com medo!

— Não se preocupe, garota. Hah! Talvez seja eu a coisa mais assustadora andando pelas ruas essa noite.

                                                             (...)

A escuridão da noite foi embora, dando lugar ao azul-celeste da manhã.

Dante tinha olheiras enormes e, com os olhos revirados, ainda insistia em despertar a tal energia.

Com o corpo exausto, suas pernas tremiam de fraqueza. Sentou-se na cama. Esperou o coração e a respiração se estabilizarem.

No horário, Dingo bateu na porta para irem juntos à escola.

— Não posso acabar desse jeito ridículo! — Dante perdeu dessa vez. — Eu vou me tornar um herói.

Naturalmente, iria se arrumar atrasado para sair. Ao menos… se conseguisse se mexer. Estava preso, ao chão.

— Dante, meu herói, não me abandone! — Era questão de sobrevivência para Dingo esperar por ele, senão seria arremessado nos trilhos, mas se chegarem tardiamente, seriam executados pela professora.

Dante, calado, percebeu sua mãe entrar. Ah, claro, estava irritada com o amigo barulhento do lado de fora, entretanto o jovem não tinha condição de resolver a situação.

Uma luz azul tomou o corpo dele e o revigorou. O espanto foi tão grande pela situação surreal, que se aproximou com grande animosidade da mãe Nana.

— Como a senhora fez isso? — perguntou, afinal o que presenciou só poderia ser um poder surreal… ou estava vendo coisas?

— Amor de mãe. — Com um sorriso, afagou a cabeça dele.

Além de ter recuperado a energia, o corpo ficou mais leve. Era o resultado do treinamento, deveria pensar assim. Cansado, via coisas.

Arrumado, saiu de encontrou ao Dingo.

— Corre, mano!

Dingo arrastou o amigo pela rua, levantava uma nuvem de poeira.

Era outro dia movimentado para as crianças. Na casa, Nana e Goller tomavam o café tranquilamente.

Alguém bateu na porta.

— Será que o Dante esqueceu sua chave? — perguntou Goller.

Nana abriu a porta e se assustou ao ver um senhor familiar adiante. Era o mestre Ye. E já conheciam.

— Querido, vem aqui!

— O que foi, Nana?

Quando ele viu quem estava atrás da porta, também ficou em estado de choque.

— Há quanto tempo, Aquarianos. — Acenou com a cabeça. — Ainda se lembram de mim?

— E muito difícil esquecer de alguém como o senhor, “Zephyr”! — falou Goller.

— Ah, por favor, não me chame assim. Hoje em dia sou apenas um mestre de dojo e uso meu verdadeiro nome “Song Ye”.

— Então o que o senhor deseja, mestre Ye? — disse Nana.

— É bom revê-los, mas dessa vez vim falar do menino ruivo.

Goller e Nana o convidaram para entrar.

Sentados à mesa, Ye ficou com água na boca por estar repleta de pães, bolos e café na cesta. O mestre, sem perder tempo, colocou o guardanapo xadrez no pescoço e segurou os talheres, pronto para atacar.

— Eu aceito merendar com vocês!

Nana e Goller se olharam e balançando a cabeça em “não” entre si, pois a cara de pau do mestre não tinha limites. Tinham recebido uma figura em casa.

Degustando o café preto, uma lágrima escorreu do olho esquerdo do mestre que havia esquecido completamente do propósito da visita, mas o lanche era maravilhoso.

— Mestre, diga o que quer — falou Nana.

— O jovem Dante está próximo de manifestar o seu Nitro pela primeira vez e, por conta disso, em breve correrá um grande perigo graças ao Nitro especial que ele possui.

— A princípio, tentamos mantê-lo distante do mundo da luta, mas parece que o sangue dele falou mais alto no fim. — Goller ficou decepcionado.

— Então o que precisamos fazer para salvar o nosso filho?

— O garoto precisa ficar mais forte! Eu teria um grande prazer em treiná-lo!

— Nós aprovamos sua ideia, mas não sabemos se ele vai aprovar.

— Sem preocupação. Acreditem quando digo que sou muito experiente em convencer jovens como o filho de vocês!

De saída, o mestre se despediu:

— Foi um prazer conversar com vocês! É revigorante falar com uma família amorosa.

Ye sumiu com o vento; de mãos dadas com o marido, Nana desejou sorte ao mestre.

— Contamos com você, mestre Zephyr!

                                                                  (...)

Dante e Dingo corriam no frenesi até a estação, o trânsito que era o maior problema e logo o metrô ia passar.

— Dingo, não tem mais jeito! Você vai ter que usar o teletransporte!

— Tá maluco, cara? Minha mãe me proibiu de usar! Se ela descobrir que quebrei as regras, serei um marciano morto!

— É, mas se chegarmos atrasados na escola, a professora vai mandar uma advertência na sua agenda e você vai morrer de qualquer jeito!

— AaAaaaahh!

Imitando alguém muito musculoso numa postura inchada — com o cinto na mão — Dingo agarrou o braço do amigo.

— Ruivo infeliz, se minha mãe me bater, você me paga!

A imagem dos dois jovens se desfaz, como se fossem apagados; e reaparece próximo da estação.

— Por que não teletrasportou pra dentro do metrô?

— Não quero que outras pessoas, além de você, vejam essa habilidade!

Os dois correm mais tranquilos até a estação, sem perceber que estavam sendo perseguidos por um ser encapuzado, com uma jaqueta de couro preta, e uma calça de couro preta.

Seu rosto estava oculto atrás dos capuz, mais os seus lóbulos auriculares, enormes, se destacavam sobre o seu traje.

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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