Nitro: As Pegadas do Herói Brasileira

Autor(a): Lucas Aguiar Ferreira


Volume 1 – Arco 1

Capitulo 10: O homem de cabelo vermelho! (Preliminar)

 

 

O bairro Angelis, o mais moderno da Cidade Central, era repleto de edifícios e arranha-céus, além de muitos parques naturais onde conviviam seres humanos e extraterrestres.

 O maior arranha-céu da cidade estava localizado neste bairro, com cinquenta andares, coberto por uma pele de vidro preta e em formato de lança.

Este prédio era a sede da Piece Patrol, coordenada por um de seus executivos mais importantes.

Sobre a calçada de concreto do arranha-céu, havia quatro postes chineses da época colonial, mais antigos que o próprio arranha-céu e preservados como patrimônio histórico.

Era domingo, e o sol das nove horas estava tão intenso quanto o do meio-dia. Uma limusine rosa estacionou em frente ao arranha-céu.

Um segurança saiu pela porta da frente do lado direito e caminhou até a última porta do veículo, no lado esquerdo.

Ao abrir a porta, Jade saiu, vestida com uma blusa rosa, saia e sapatilhas brancas, com o cabelo curto penteado para trás e brincos rosa em formato de estrelas.

Os seguranças ficaram chocados, pois nunca tinham visto a campeã se vestir de forma tão infantil, mas sabendo com quem ela iria se encontrar, entendiam que a jovem estava muito feliz.

Ela subiu a calçada e passou pelo portão de vidro automática. Atrás da porta, havia um tapete vermelho estendido por um extenso corredor, iluminado por lustres redondos enfileirados.

As paredes eram castanho-escuros, e jarros brancos de barro, com figuras de animais, estavam dispostos no corredor a cada cinco metros.

Depois de atravessar o longo corredor, ela chegou à primeira recepção, com um balcão cinza com uma pedra de mármore.

 Quatro homens com jaquetas e calças cinza, acompanhados de mulheres com jaquetas e saias cinza, se apresentaram diante da campeã.

Uma das mulheres, com cabelos loiros longos e cacheados, pele branca e olhos verdes, saudou a campeã:

— É uma honra rever a senhorita! Como podemos ser úteis?

— Não vim aqui por vontade própria! Só vim porque ele me ordenou!

Um homem bronzeado, com moicano preto e pontas loiras, e olhos marrons avisou a campeã:

— Ele está esperando a senhora no escritório, ele está uma fera!

A jovem loira deu um soco nas costelas do homem.

— Raul, não seja tão inconveniente!

— Eu só quis que nossa campeã soubesse, Paola!

— Não se preocupem, pessoal. Desde que eu nasci, ele sempre foi uma fera!

A campeã, desanimada, pois já esperava o sermão que iria ouvir, caminhou até o elevador e apertou o botão no lado direito, fazendo as portas se abrirem. Entrando no elevador, ela escolheu o vigésimo segundo andar.

Quanto mais o elevador subia, mais a campeã demonstrava ficar ansiosa, batendo o pé no chão e estalando os dedos.

Seus pensamentos se resumiam em como a pessoa iria recebê-la; com um semblante frio, sem sentimentos, ou com um breve sorriso contente pela sua visita.

Seguindo o modelo do salão do primeiro andar, o vigésimo segundo era todo pintado de castanho-escuro, e lustres redondos faziam a iluminação.

Andando sobre a cerâmica preta, a campeã chegou até um balcão onde uma mulher loira de pele bronzeada, seios avantajados, vestida com terno e saia azul, retocava sua maquiagem, ignorando a presença da garota.

— Com licença, Alessandra, eu tenho um horário marcado com o seu chefe!

— Ah... é a senhorita Jade! Por um momento pensei que fosse um macaquinho vestido de menina!

— Alguém da sua família trabalha aqui? Porque além de você, não vejo nenhum macaco!

Fechando seu estojo de maquiagem, Alessandra começou a encarar a campeã, que cruzou os braços e a encarou de volta. De repente, Alessandra recebeu uma ligação.

— Recepção presidencial, quem fala?

— Mande a garota entrar! — disse uma voz calma e intimidadora.

— Claro que sim, chefe! — falou a secretária de um jeito bem educado.

Desligando o telefone, a secretária falou para a campeã:

— Ele está te esperando!

Jade se dirigiu até uma porta bem grande, e antes de entrar mostrou a língua para Alessandra, que fez o mesmo de volta.

 Passando pela porta, Jade entrou em uma sala enorme, com paredes de vidro fumê. O piso verde-claro, quando atingido pela luz do sol, refletia a imagem da cidade no chão.

Atrás de uma mesa de vidro estava um homem de topete vermelho, vestido de terno e calça preta, e sapatos pretos. Ele estava de costas para a jovem, com os olhos voltados para a cidade e não virou o rosto.”

— Olá, mestre!

— Você não tem vergonha, Jade? — falou o homem com tom de voz áspero. — Acha pouco as cinco escolas das quais você foi expulsa?

— Mas a culpa não foi minha! O menino implicou comigo e eu bati nele!

— Não te ensinei a lutar para você bater em um João-ninguém, mas para você se tornar uma garota determinada a alcançar seus objetivos!

— Como eu serei uma grande guerreira se o senhor ainda me trata como uma criança?

— Você é uma criança! E seus títulos não mudarão isso! Mas, por ser uma adolescente, é esperado de você mais maturidade! E já que você insiste em agir como uma menina de cinco anos, terei que tomar providências!

— Que tipo de providência? — perguntou a campeã esperando o pior.

— A partir de hoje, você vai usar transporte público, esqueça a limusine! E sua mesada de 10 mil cairá para cem!

Desesperada, a campeã questionou:

— Mas assim o senhor vai me levar à falência! O que dirão minhas amigas da sociedade quando souberem que Jade Angelis vai de ônibus para a escola? E ainda por cima pobre?

— Deveria ter pensado nisso quando resolveu trazer vergonha ao meu nome! Agora retire-se! Estou ocupado!

— Tudo bem, papai, ou melhor, Sr. Alien Kross!

Jade se retirou da sala e passou rapidamente pelo balcão de Alessandra. A recepcionista, que tinha escutado tudo por trás da porta, zombava da garota, rindo muito. Jade pegou o elevador e desceu de volta ao primeiro andar. Caminhando pelo corredor, ela ainda conseguia ver sua limusine, e acelerou os passos, pretendendo entrar nela antes que seu pai passasse a ordem para o motorista.

Quando estava a um passo de entrar, a limusine foi embora, deixando a garota frustrada.

— Mas que droga, por que meu pai me odeia tanto?

Um ônibus passou pela garota, e ela cogitou ir para a parada. Abaixando a cabeça, agarrou sua saia com as duas mãos.

— O senhor acha mesmo que eu vou de ônibus?

Rasgando a saia, Jade, que estava com um calção leggings por baixo, flexionou suas pernas, mostrando seus músculos definidos. Jade correu em direção à sua casa, e sua velocidade ultrapassou a média de uma moto.

                                                             (...)

Como combinado, Dante e Dingo vão até o dojo de Ye. Dingo bate na porta de madeira com muita força, e toda a casa começa a balançar.

— Olha, Dante, parece que eu já fiquei forte sem treinar!

— Não, é só essa casa que está caindo aos pedaços!

Ye sai para fora e pergunta:

— Quem foi o idiota que provocou esse terremoto na minha casa?

— Se minha batida pareceu um terremoto, então uma brisa deve ser um furacão!

— Todos nessa casa possuem ouvidos, é só chamar que eu venho atender!

— Mestre, vamos treinar ou não? — perguntou Dante, impaciente.

— Claro que sim, entrem!

Os dois entram pela porta de madeira e se assustam com o interior da casa.

— Meu Jesus, viver em uma casa assim é melhor morar na rua!

Ignorando o comentário de Dingo, o mestre levou os jovens até o salão de treinamento.

Chegando lá, Dante se assusta com manchas de sangue no chão.

— O que é essa mancha vermelha no chão? Não pode ser tinta!

— Realmente não é tinta! Ultimamente sua amiga tem se esforçado muito!

Imaginando que sua amiga estava muito doente, o ruivo se entristece, cerrando os punhos.

— Antes de ensinar qualquer coisa a vocês, eu quero analisar suas habilidades de luta!

— Legal! Desde aquele dia que o senhor me salvou, quis lutar com você!

— Calma aí, menino de cabelo ruivo, o seu adversário não será eu!

De repente, Mei apareceu com os braços cruzados, vestida com sua camisa regata branca e calção leggings. Ela estava calçada com chinelas verdes, e em suas mãos, luvas da cor laranja.

Vendo a filha do mestre, Dingo se espanta.

— Veja, é o saco de pancadas!

Mei faz um semblante aborrecido ao escutar o apelido de mau gosto.

— Como assim saco de pancadas? Você conhece ela? — perguntou Dante.

— Sim, ela é a lutadora que já enfrentou a campeã uma dezena de vezes e sempre levou uma surra humilhante. Pau pra dez ela levava sozinha!

Mei libera seu Nitro laranja, e seu semblante era de alguém que cometeria um homicídio naquele momento.

— Eu tenho uma dúvida: será que os marcianos também podem ir de vala!

Com muito medo, Dingo se escondeu atrás do seu amigo.

— Sai de trás de mim, seu anão!

— Qual é, Dante, não pode proteger o seu amigo?

— Não me faça entrar em lutas desnecessárias!

— Os dois irão lutar contra a minha filha agora!

— Lutar com sua filha? Pensei que eu iria lutar com você!

— Um inseto como você não pode se comparar ao meu pai!

Dante ficou aborrecido com o comentário da garota mas não podia discordar que aquele homem era muito mais forte que ele.

Cerrando os punhos, o ruivo dá um passo na direção de Mei, a encarando.

— Eu tenho que concordar que não tenho nenhuma chance contra o seu pai, mas eu aposto que consigo vencer você em uma luta!

— Isso que vamos ver!

Dingo e o mestre dão um passo para trás, enquanto Dante e sua adversária se colocam em posição de ataque.

Dante, com o punho direito para frente, e o punho esquerdo para trás, encarava a filha do mestre.

Mei colocou o punho direito aberto para frente e, com os dedos da mão esquerda, segurava o seu antebraço direito.

Ambos avançam um contra o outro, usando uma chuva de socos que se chocavam, causando um forte estrondo.

Os socos de Dante, direcionados ao rosto da garota, eram facilmente anulados pelos movimentos do wing chun de Mei.

Por outro lado, os ataques de Mei eram certeiros, e mesmo o jovem bloqueando os ataques com os braços, sentia que seus ossos iam quebrar.

Ao contrário da luta contra Jade, Dante se mantinha em pé de igualdade com Mei, e sua falta de habilidade era ocultada pela sua experiência em briga de rua.

— Podem parar de lutar, já é o suficiente!

Dante e Mei, obedecendo às ordens do mestre, param a luta.

— Qual é, mestre? A luta mal começou!

— Não é mais necessário que lutem! Já identifiquei seus pontos positivos e negativos! Agora é a vez do marciano!

Com o semblante de pânico, Dingo deu um passo para trás na intenção de fugir.

— Como assim é a minha vez? Eu não sei lutar! E mesmo que eu soubesse não ia fazer diferença pois sou muito fraco!

— Muito fraco, não é? — debochou Ye.

Ye avança, de repente, contra o marciano, em uma velocidade tão assustadora que Dante e Mei não conseguiram ver, e erguendo o braço direito desfere um soco em Dingo que bloqueia usando a sua mão direita.

Dante vira-se para o lado e vê o mestre, que estava na sua frente com o punho estendido na direção do rosto do seu amigo, que segurava a mão de Ye com a mão direita.

— Um marciano da linhagem daquele marciano jamais será fraco! E agora? Ainda vai insistir com essa mentira?

— Dingo, como você bloqueou esse ataque? Nem eu consegui acompanhar os movimentos dele!

Dingo estava sem palavras, e recolhendo a mão, abaixou a cabeça.

— O seu amigo não luta porque é fraco e sim porque não gosta de lutar! Os marcianos são uma raça guerreira que possui uma força superior.

— O que o senhor quer dizer com superior, papai?

— Eles podem matar ou ferir gravemente um ser humano comum! Por ser uma pessoa gentil, o jovenzinho verde não gosta de lutar, mas se ele continuar fugindo das suas lutas, em breve verá o seu mundo se transformar em um caos.

— Não quero que minhas mãos fiquem banhadas de sangue!

— É melhor ver as mãos banhadas de sangue do que ver o sangue da sua família esparramado no chão! Mas não se preocupe, não vou ensinar vocês a derramar sangue! A única coisa que eu desejo é ajudá-los com o seu primeiro passo!

— E qual será o primeiro passo, papai?

— Atingir o nível competidor!

— Nível competidor? O que é isso? — perguntou Dante.

— Para alcançar o topo da hierarquia de classificação de poder é preciso subir cinco degraus: competidor, soldado, cavaleiro, campeão e herói. Todos os heróis que vocês conhecem subiram por esses degraus.

— Onde a tal da Jade se classifica?

— Nível competidor intermediário!

— Que fake é esse, mestre? Ela venceu o torneio de artes marciais várias vezes, como ela ainda é classificada como competidor? — questionou Dingo.

— Todos os participantes do torneio possuem níveis competidores ou são restringidos de usar o seu potencial, por ser um evento popular! Apesar de ser uma prodígio, Jade tem um longo caminho a percorrer!

Dante ficou muito animado ao descobrir que a baixinha não estava tão longe de alcançar.

— Mestre, estou pronto para aprender!

— É assim que eu gosto! Bem, vamos ao primeiro treinamento.

 

 

 



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