Nisōiro Brasileira

Autor(a): Pedro Caetano


Volume V – Arco 15

Capítulo 153: OPERAÇÃO ECO.6.1 (A Linha)

DIA 2, CAPITAL NOVO CAMINHO — CHEGADA A NOITE SOMBRIA.

 

Guiados pelos sons da batalha, Yato conduz o pequeno grupo de mirins pelos arredores da ilha central de Novo Caminho até finalmente sentirem energia Aka por perto. Foi então que receberem uma enorme onda de choque vindo daquela direção, o que fez eles se apressarem. Até que pressentiram a presença de aliados vindo de um antigo depósito despedaçado no caminho. Não havia portas, ou qualquer fachada. 

 

O segundo andar estava completamente arrasado, seu piso servia de único teto para o primeiro andar onde Senshis estavam circundando corpos no chão, sendo tratados de seus ferimentos.

 

— Estão tratando os feridos aqui? — a voz de Yato engrossou.

 

— Vice comandante — percebia um Senshi — ainda bem que você finalmente apareceu, nosso inimigo é diferente de tudo o que já enfrentamos. 

 

Os jovens que estavam com Yato circundavam a enorme sala escura, sendo reparados pelos adultos, quando Masori trocou olhares com seus amigos do lado de um dos corpos que ali estavam em macas: 

 

— Yukirama! 

 

O chamado da garota fez os mirins correrem em sua direção, chamando atenção dos adultos:

 

— Trouxe o restante dos mirins com você? Um deles ficou num estado bem peculiar. 

 

— Deve ser uma das garotas que eles falaram — concluiu Yato, se aproximando deles.

 

Tomados pela curiosidade, eles se aproximaram do corpo, encontrando Emi no piso sujo do que deveria ser um dos quartos daquela casa.

 

— É ótimo que estejam bem — dizia Masori ao lado. 

 

— O que… Como isso aconteceu? — Usagi agachou para perto — Você está péssima. E esse braço?

 

— Ela ainda está viva — Tsuneo rodeava o corpo de Emi — por que está vibrando? 

 

— Masori — Kento checou o pulso dela — A pulsação dela está leve. 

 

Apesar do falatório entre os mirins, Yukirama permaneceu em silêncio. Ele apenas se sentou ao lado de Emi, enquanto Yato colocava as mãos sobre a  cabeça da garota tentando reanimá-la, foi então que ela cuspiu sangue ainda sem despertar. 

 

— Mas o que aconteceu? — se desesperou Masori. 

 

— Eu quem pergunto — se levantou Yato — que tipo de ataque ela…

 

De repente as portas do depósito foram arreganhadas, os muitos homens abriram espaço para Date carregando a comandante em seus ombros, antes de repousar ela entre os feridos, dirigindo seu olhar a Yato: 

 

— Olha quem está aí, será que pode dar uma força aqui?

 

O confiado de Ryoma percebia a Principal desacordada com a pele pálida, e ouvidos sangrando:

 

— Então vocês encontraram aquela súdita. 

 

— Na mosca — se levantava — Tomoe arriscou tudo que tinha para acertar um golpe na inimiga e atrapalhar ela a lançar um ataque em todos nós. Está viva, mas suspeito que tenha perdido a audição. 

 

— Deixe ela comigo, mas vim aqui para solicitar um reagrupamento urgente — despejou energia em direção de Tomoe — Tsuyuki está com outra súdita próximo daqui, mas já está tudo encaminhado. Precisamos encontrá-los antes que as coisas piorem. 

 

— Senhor Yato! — um mirim gritava. 

 

Os adultos viam a aproximação dos mirins, com Emi com os olhos revirados, tendo sangue se esvaindo de suas feridas, nariz e boca sem cessar. 

 

— Ela está piorando! Parece estar tendo hemorragias — sinalizou Kento.

 

— A súdita não estava exagerando — observou Date — essa mirim está morrendo. 

 

— Mas… o-oque? Não, não pode — dizia Masori segurando a mão de Emi. 

 

— As vibrações ainda estão sob os orgãos dela — avisava Date mostrando seu olho reluzente — eu posso ver, suas veias estão estourando uma a uma. 

 

Um tumulto ameaçou a ser gerado entre os muitos soldados, Riki vinha na direção de Date para alertar: 

 

— A súdita, ela se levantou! 

 

— Eu e você iremos cuidar dela, os outros quero que acompanhem Yato para reagrupar com o outro fronte, precisamos unir forças! 

 

Date finalizou sua ordem, dando as costas para os mirins que ali estavam com os olhos arregalados, Yato permanecia cuidando da Principal ao tempo que Kento examinava a amiga que morria aos poucos. 

 

— É tudo culpa minha — Masori abraçava os joelhos, segurando o braço quebrado com força — Eu tinha ela na mira. E eu errei.

 

— Não pode ter sido assim tão simples — insistiu Tsuneo — É de um súdito que estamos falando. Acha mesmo que o tiro teria acertado?

 

— Teria distraído ela — ela retrucou.

 

— Vice comandante — se aproximou Yukirama — realmente não tem o que ser feito? — apontou para Emi. 

 

— Vocês ouviram o principal — levou uma das mãos ao ouvido de Tomoe — se as veias já estouraram a ponta da hemorragia se tornar externa, já é tarde demais. 

 

— Posso tentar acordá-la — dizia Kento colocando a mão sob a testa de Emi — mas se a hemorragia está ocorrendo, a dor seria insuportável. 

 

— Eu recomendo que poupem ela do sofrimento — disse Yato assustando a todos — mesmo que queiram se despedir, com o estado dela é inútil. 

 

— Poupar? Despedir? — Masori ficou de pé — O que pensam que estão falando? Ela está viva! Por que continua curando a comandante? Temos que curar ela! — ameaçou ir na direção de Yato. 

 

— Chega — Yukirama segurou Masori — Agora não é hora de…

 

— Para, solta, me solta — empurrava Yukirama com sua única mão — Vocês ficaram malucos. Usagi, você esqueceu do deserto? Vai deixar ela para trás assim depois do que houve com o Katsuo? Tsuneo, você quis matar a gente pelo Etsuko, vai fazer a mesma coisa com a Emi?


Os olhos dos mirins se encheram de lágrimas, sem nenhuma resposta. Yukirama tentou afastar Masori de perto da amiga, mas ela insistia em ficar.

 

— Eu também estive no deserto — Yato mostrava suas cicatrizes — e podem acreditar, eu daria tudo para ter meus companheiros de volta… se espernear fosse realizar isso, já teria feito — Masori contia seus movimentos — então, aproveitem esse último ato, pela companheira de vocês. 

 

Yato levantava com Tomoe em seu colo, se agrupando com outros Senshis para além do depósito. Os mirins permaneceram ali, ao redor de Emi até que a luz vermelha saia das mãos de Kento:

 

— Se eu expelir energia através dos ferimentos talvez possa acordá-la com pouca dor para nos despedirmos. 

 

— Pouca dor? Não é melhor acabarmos com a dor de vez? — questionou Tsuneo.

 

— Ninguém vai matar ninguém — disse Masori — Ninguém encosta nela.

 

— Ela só está sofrendo — disse Yukirama — Quer mesmo guardar a imagem dela definhando pelo resto da vida?

 

— E você? Vai ser você que vai pegar a espada e dar o golpe de misericórdia? — perguntou Kento ainda transferindo energia, encarando Yukirama.

 

— Nenhum de nós quer fazer isso, né? — perguntou Usagi.

 

— Transfiram suas energias junto a mim e ela acordará irei conter a dor dela… mas isso não irá salvá-la — lamentava Kento. 

 

De repente o mesmo sentiu as mãos tocando uma a uma as costas dele, Masori foi a primeira com mais lágrimas descendo de seu rosto, Yukirama era o último a compartilhar tendo sua expressão contida em contraste dos outros. 

 

Bastou alguns minutos para os olhos de Emi finalmente abrirem, ela tossiu sangue uma vez mais antes de falar com uma voz fragilizada:

 

— Droga… que sonho foi esse, vocês… não param de brigar? 

 

— Emi — pegou na mão da amiga — nós… estamos aqui, está tudo bem. 

 

— Onde é que… espera, estou descansando — olhou ao redor — então nós vencemos? 

 

Tsuneo escondia suas lágrimas, Kento continuava com os esforços para conter a dor da amiga, enquanto Masori expressou um sorriso falso:

 

— Graças a você, quem diria que a preguiçosa ia dar conta do recado. 

 

— Ah verdade — trocou olhares com a amiga que segurava o choro — o sino né? Foi ideia sua, sem você ia demorar mais para descansarmos.

 

— Agora você já pode descansar — Kento sentia o pulso se enfraquecendo completamente. 

 

— Posso… então, parem de me perturbar — voltava a fechar seus olhos. 

 

O choro contido dos mirins, agora era extravasado por todos eles, com exceção de Yukirama que apenas observava Masori gritando colando o rosto da amiga já sem vida com o seu. 

 

 

Do lado de fora, Date e Riki se aproximavam da súdita caída. Entre gemidos de dor e estalar de ossos, enquanto suas mãos se contorciam em volta do rosto, sangue espirrava no chão. Quando finalmente revelou a face, a ponte de seu nariz tinha feito uma curva aguda para a esquerda.

 

— A fé desta súdita é capaz de aguentar paus e pedras — dizia com a mesma voz envelhecida para então voltar para sua própria — Pena que a outra é frágil como todo inseto. 

 

— Mais algum plano? — reconhecia Riki — Ou podemos admitir que foi tudo para nada?

 

— Se ela quisesse nos atacar já teria feito — apontou para a Súdita — olha pra ela, não consegue nem dar um passo sem segurar o nariz. Isso vai acabar rápido — erguia suas duas espadas. 

 

— Espera! — alertou Riki. 

 

Date já havia partido para Shunara, quando uma rocha desceu sobre ele de repente, e depois outra. Ele retornou para perto de Riki, cortando os projéteis que vinham na sua direção.

 

Sobrevoando Shunara por uma plataforma de terra, estava uma criança de vestes negras parecidas. 

 

— Era só ter avisado da artilharia — disse Date — eu ainda poderia…

 

— Essa criança é a outra Súdita do deserto — concluiu Riki.

 

— E daí? — se erguia novamente — podem vir quantos quiserem. Para mim não faz diferença.

 

— Meu receio é de quantos estamos falando — disse Riki tocando em seu ombro — Conheci súditos no deserto que ainda não deram as caras. Não duvido das capacidades de vocês Principais depois de Oásis, mas nem eu, você ou ninguém suporta três ou mais súditos ao mesmo tempo. 

 

— Eu dou conta. Vim para isso — Date estalou o pescoço, sacudiu a poeira das botas — Se você vem ou não, é problema seu.

 

— Não é com a gente que estou preocupado — Riki apontou para trás.

 

Na direção de toda a tropa que Tomoe havia resgatado, junto com Yato e os mirins que fizeram seu caminho para encontrá-los. O vice-comandante carregava Tomoe nos braços. A sinalização foi o suficiente para Date e Riki darem meia volta para alertar os demais.

 

Shunara subia na plataforma de Nubi, as duas prontas para avançar. Balançando a cabeça negativamente, Date respirou fundo e soltou:

 

— Corram! Sumam dessa cidade!

 

Todos dispararam dali, exceto por Yato que aguardou os dois da dianteira. Juntos, o trio fugiu com um olho em seus homens e outro nas súditas, que vinham em seu encalço.

 

— Aquela ali é quem eu penso que é? — disse Yato, reconhecendo Nubi.

 

— Pode parecer só uma criança, mas é uma súdita. 

 

— Ei, o que há com você? — Date percebia Yato vacilante, quase derrubando Tomoe — Dá ela aqui.

 

— Algum problema? — perguntou Riki — Ficou pálido depois que viu a menina.

 

— Essa é a súdita que estava ocupada com Tsuyuki — o relato fez Date trincar os dentes — se ela está aqui, o que aconteceu aos outros? 

 

— Ei você — gritou Date — o que aconteceu lá? 

 

Nubi apenas ficou quieta observando eles com a mesma expressão de sempre. Date retirava suas espadas da bainha, porém de repente os metais pareciam ser puxados de suas mãos, com seu olho ele pôde enxergar uma força invisível sob as lâminas vindo da direção contrária. Fraquejando numa das mãos, ele abriu mão de uma espada, para agarrar a segunda com os dois braços.

 

Ao se virarem, encontraram o sorriso cínico de mais uma súdita que apontava a espada roubada na direção deles, arregalando os olhos de Riki.

 

— Olha quem temos aqui — declarou Mayuri. 

 

— Você! — a aura de Riki reluziu. 

 

Porém seu ombro foi puxado por Yato, Date carregava Tomoe para longe em seus braços enquanto o vice comandante e o enviado de Yasukasa o acompanhava:

 

— Vamos, eu odeio admitir, mas não temos chance contra isso. 

 

As súditas ameaçaram seguir os líderes das tropas mas logo ouviram o chamado de Mayuri:

 

— Chega Digama e Delta, poupe esforços. Temos um cronograma a seguir. Agora só precisamos traçar a linha do plano.



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