Volume V – Arco 15
Capítulo 152: OPERAÇÃO ECO.5 (Fogo e Som)
DIA 2, CAPITAL NOVO CAMINHO — O SOL SE DESPEDE.
Os reforços trazidos por Tsuyuki avançaram contra Nubi e o urso. Keiko ia na frente, deslizando pelo chão de gelo fino que criava no caminho adiante, atravessando os obstáculos postos pela súdita para parar bem ao lado de Imichi.
Impaciente com mais um inimigo furando sua defesa, Nubi simplesmente desceu todos os objetos que controlava sobre os Senshis desordenadamente. A barricada que surgiu disso, obrigou Tsuyuki a dar a volta com seus homens, enquanto ela recarregava seu próximo ataque com endereço certo: o corredor branco e o prodígio de gelo.
— Essa aqui é muita coisa para você — disse Imichi — Fica com o grandalhão, os Senshis poderão te ajudar.
— Você não é ninguém para mandar em mim.
Imichi apenas correu na direção de Nubi, enquanto o urso descia sua enorme pata sobre Keiko, que foi forçado a se defender formando uma cobertura de gelo. O Shiro por sua vez, sacava sua adaga contra sua oponente pela primeira vez, só que diferente da sua última luta ela decidiu erguer o próprio chão sobre ele. No pouco chão que lhe restava na plataforma suspensa, o homem da capa branca simplesmente chegou na beirada e saltou. Em pleno ar, cortou o bloco de chão em vários pedaços e uniu as mãos:
— Kazeuzu.
Toda aquela torrente se tornou caótica, circulando Nubi, que se viu obrigada a descer para o chão enquanto os céus eram poluídos com a técnica do Shiro. Contudo, o mesmo que fez aquela técnica, contava com a sua recuada vertical. Assim que Nubi aterrissou, lá estava Imichi. Em frações de segundos, a súdita levantou duas paredes que fecharam no braço estendido de Imichi, cujos dedos falharam de alcançá-la por meros centímetros.
— V-Você sabe que não pode me vencer — Imichi empurrava as paredes com o outro braço.
— Eu não me importo.
Mais destroços convergiram até Imichi para esmagá-lo. Ele se preparou para vibrar, porém uma nevasca congelou o ar. Keiko deslizou para as costas de Nubi, que puxou uma das paredes que prendiam o Shiro para se proteger, colidindo-as com a larga lâmina de gelo do garoto. Com a segunda, empurrou Imichi o mais longe que pôde até que ele decidira atravessar o objeto com sua vibração.
Enquanto circulava pela luta das duas crianças, o corredor pôde ver que Keiko congelara os membros do urso, permitindo aos Senshis a chance de atacar.
Os poderes de Nubi e os raios do urso na tentativa de se libertar abriam trincheiras no terreno, por onde os Senshis escavavam com seus poderes de fogo a mando de Yato. Enquanto se entocavam-se ali, o grupo lançava ataques esporádicos antes de voltar ao esconderijo, até que foram detectados pelos novos reforços:
— Vice-comandante — Tsuyuki descia para a fossa — Você está vivo!
— Eu e você, garoto — olhou por cima da trincheira vendo Senshis novos avançando sobre o urso — Presumo que os reforços tenham chegado.
— Positivo, o Principal Date coordenou nosso avanço, seu foco está em outro lugar. Está atrás da Comandante Tomoe.
Um sono passou a soar, ecoando pelo campo de batalha. Yato notava a direção do barulho:
— Isso pode ser…
— Vice-comandante Yato — Yukirama saltava para dentro da trincheira, seguido por outros mirins — Permissão, senhor.
— Concedida.
— Duas de nossas companheiras mirins não estão aqui entre seus homens. Vocês se separaram na explosão?
— Eu já falei, Yukirama — insistiu Usagi — Estávamos separados desde o começo. Se temos alguma chance de encontrá-las será com a Comandante Tomoe.
— É impossível dividirmos nossas forças lutando contra dois súditos, mesmo com o Shiro — disse Yato, encostando nas paredes para pensar.
— Conta outra senhor — Tsuyuki sorria se aproximando — eu, o branco e o garoto do gelo podemos finalizar as coisas por aqui.
— O que está pensando, irmão? — Tsuneo tomou a frente.
— Isso é conversa de adulto, maninho — rejeitou o irmão.
— Tenho minhas dúvidas se está pronto para isso — retrucou Yato.
— Foi você quem me preparou para isso — explicava vendo o urso rugir — Vamos perder se os dois Principais não darem conta do outro problema. É necessário verificar os danos da explosão e guiar os perdidos. Você é meu veterano, tem as melhores chances de contribuir com uma parte dos reforços.
— Você realmente já pensa como um comandante — reconheceu Yato — mas não vou dividir as tropas, eu vou sozinho.
— Por favor — disse Yukirama — Nos deixe ir também.
— O garoto tem razão, os mirins são peso morto aqui — disse Tsuyuki — Faria bem em levá-los. Nossos homens já terão o urso domado em breve. Ainda temos o garoto do gelo recuperado, estamos na vantagem.
— Eu vou ficar — insistiu Tsuneo.
— Não é hora de pirraça, Tsuneo — se aproximou pegando-o pelos ombros — até por que, você já é um homem.
— Mas… você disse que preciso ter vontade de lutar — mostrava a espada na bainha.
— Terá seu momento para isso — virou-se de costas — Leve eles Senhor Yato, junte-se com Tomoe e vamos nos reagrupar de uma vez por todas.
Tsuneo tentou chamar pelo irmão que permaneceu ignorando, por último foi puxado pelos amigos com Usagi tentando acalmá-lo:
— Isso acaba daqui a pouco. Relaxa.
— Está decidido. Venham, garotos — proclamou Yato, subindo para fora da trincheira — O restante dos meus homens são seus agora, Tsuyuki. Termine o serviço.
— Pode deixar — bateu continência — Quando voltarem aqui, não vai ter sobrado nada.
Pouco tempo após a partida de Yato, a batalha prosseguia. Keiko erguia espinhos retorcidos de gelo, que convergiam para Nubi, cujos pés não tinham força para mover o chão liso criado pelo prodígio.
A garota com a face desiludida usou seu iro projetando para além da aura, agora controlando os próprios construtos de gelo do adversário. Os espinhos se estilhaçaram num instante e o piso se desmanchou. O próprio Keiko foi lançado para longe. Por fim, as formações cristalinas que cobriam o urso também racharam com a fúria da súdita do caos.
— Droga — Imichi corria na direção dos Senshis — Todo mundo para fora.
A primeira pata do urso desceu sobre Imichi, que cortou-a com a sua arma evitando a colisão direta. Mesmo assim, o membro se reconstruiu em poucos instantes. Raios desceram na direção do corredor, que fazia inúmeros cortes ao longo da fera.
“Se tiver precisando se regenerar, não vai atacar ninguém. Preciso de tempo antes que…”
De repente, a essência daquela energia verde não se reconstruía no formato do urso. Ela perseguia Imichi até aprisioná-lo numa bolha. Seth então apareceu do outro lado para dar um breve aceno, antes do estouro da bolha levar o corredor branco para longe dali.
Num piscar de olhos Imichi estava num corredor. O som da batalha estava abafado, distante. Ele espiou pela janela, as casas estavam inteiras, mais do que isso, elas eram reconhecíveis. Estava em Novo Caminho, porém na terceira e última ilha, nos limites da cidade.
Ao caminhar pelas salas reparou em quadros tomados por musgo, cadeiras enferrujadas e mesas devoradas por cupins. Uma escola abandonada pelo tempo, mas com um cheiro familiar, o da infância. Ainda que o único barulho naqueles corredores seja da sua passada, sua mente preenchia o vazio:
“A energia iro está presente em todos os seres vivos, deixando seu resíduo até em elementos inanimados como fogo, terra, água…”
“... Plantas e animais são brancos e pretos. Só que também existem pessoas como nós, só que coloridas. Devemos respeitar suas individualidades e guiá-los para…”
“Há muito tempo Adamu e Ibu encontraram com a fonte…”
“Dá para vocês pararem de lero-lero e ir direto ao ponto?”
A última lembrança despertou Imichi brevemente do transe, agora que se encontrava em um ringue quadrado de concreto, suspenso a cinco metros do chão onde uma plateia costumava ficar abaixo. Um pouco mais acima de onde as batalhas ocorriam, estavam pequenos tronos, eram onde os professores ficavam. O Shiro lembrava-se muito bem do pestinha que subia em dos tronos, esticando seu pequeno corpo entre os braços do assento, entediado.
“Chato, chato, chato. Como que os dois vão vencer, se um é mais forte que o outro?”
Infelizmente, aquele fantasma que jazia na sua cabeça sumiu no instante que pôde reconhecer naquela escuridão um homem de carne e osso sentado no trono central. Subitamente as tochas e candelabros da sala se acenderam, revelando sua cabeça quase sem cabelo, com um bigode grosso e bem feito, comportando seu rosto envelhecido e postura convencida. Ao seu lado destro, o mascarado o qual Imichi conhecia muito bem, e a esquerda um portal verde dava espaço a Seth que sorria:
— Está feito.
— Disseram-me que gostaria de ter uma audiência comigo — Itoshi cruzou as pernas e apoiou o rosto no punho cerrado — Cônsul Itoshi Kusanagi. Há muito tempo teria sido um prazer conhecer sua raça, mas como você bem sabe… tudo mudou e o desprazer é recíproco, vamos pôr assim.
—
A nevasca dava uma rara trégua. Enquanto o Senshi se projetava para frente, encarando a súdita do caos diante dele, Tomoe voltou seus olhos para a mirim desacordada aos seus pés.
— Você só pode estar brincando, mulher — sorriu Date cinicamente — como é que ninguém vai sair vivo daqui com nós dois juntos nessa? Que bicho te mordeu?
— Sem dúvidas é a mulher mais forte que já enfrentei — pôs a mão sob a testa de Emi, algo vibrava com intensidade logo abaixo da superfície da sua pele — pode controlar o som ao redor a seu favor.
— Não lembro de nada parecido com isso no deserto. Ela é nova — se surpreendeu Riki — esses súditos são bizarros mesmos.
Durante o impasse, dois Senshis se aproximaram carregando Masori nos braços:
— Comandante, ela insistiu em vir.
— Ela vai ficar bem? — Masori questionava entre soluços — Eu tentei ajudar, mas…
— Ela está… trêmula. Parece ter sido só uma pancada — checou o pulso — Vocês também, onde estavam com a cabeça?
— A gente percebeu que o sino podia atrapalhar os ataques, pensei que podia ajudar — engolia o choro — Desculpa.
— Para ela ter feito tudo o que fez, vocês conseguiram atrapalhar ela — percebia Tomoe — me conte o que você descobriu.
Date e Riki se aproximaram de Shunara cautelosamente. Antes do embate, a súdita tentava reconhecer seus novos oponentes.
“Depois que esses dois chegaram, a mulher baixou a guarda. Eles devem ser fortes também”, se conteve de soltar mais uma gargalhada, erguendo seu chicote.
— O que foi? Por que não atacam de uma vez?!
— Primeiro as damas — respondia Date.
— Acha uma boa ideia provocá-la, Principal? — cochichou Riki.
— A sua amiga mocreia deveria perceber que está perdendo tempo — deslizou o chicote sobre a própria pele, mudando a voz para masculina — a garotinha já está condenada por seus pecados.
— Esse moralismo todo me entedia — Date bocejava — Você é só papo ou sabe usar uma espada?
— Eu já disse pra você não provocar el…
A conversa foi interrompida por um estalar do chicote no chão. Date tomou a frente absorvendo o impacto com suas duas espadas. Na retaguarda, o cavaleiro da Yasukasa notou o tapa olho do Senshi voar para fora da sua cabeça.
— Você — Shunara torcia o chicote com os dedos, rangendo os dentes — percebeu meu ataque de primeira?!
O Principal não deu ouvidos, riscando as espadas cruzadas para fazer uma labareda de fogo em formato de “X”. No reflexo, a súdita gritou para conter o fogo. O próximo ataque veio logo a seguir, uma espada lançada no lado destro da súdita. Fincada no chão, a lâmina acendeu como uma fornalha, obrigando Shunara a fugir pela esquerda, porém o caolho a seguiu de perto. Sua segunda espada nas mãos mirava a cabeça da adversária.
Em vez de desviar, Shunara arrastou as solas do calçado no chão sacudindo o terreno para tirar o equilíbrio do Principal, cujo golpe passou no vazio. Ainda com o arrastar dos pés, ela se lançou para longe dos dois oponentes.
— Acho que você deixou isso cair — Riki ofereceu o tapa olho para o Date.
Shunara percebia o olho antes coberto do Principal saltando em um brilho escarlate. Guardando o tapa-olho oferecido, Date apenas caminhou para recuperar sua segunda espada, que perdia o incandescência na medida que voltava para as mãos de seu dono:
— A ideia de esquentar as espadas foi boa, Kiiro. Já é um começo.
— Começo? Pensei que devíamos resolver isso o quanto antes.
— Repare — acenou com a cabeça para trás, onde Tomoe conversava com os Senshis — Ela já tem um plano.
— Quer ganhar tempo, é isso?
— Tempo? Como se eu fosse deixar ela roubar o meu momento — andou adiante — Eu vou acabar com essa daqui de uma vez, e vai ser agora!
— Tá certo — bateu com uma mão na testa — eu te cubro esquentadinho — dizia Riki.
— Olhos virtuosos têm a luz que corta a escuridão — Shunara voltou com a voz envelhecida de outrora — Todavia, lembrem-se, enquanto a escuridão nos cega pela falta, também a luz pode nos tomar a visão devido ao excesso.
Date desviou do próximo estalo, depois do segundo e do terceiro sem sequer tropeçar. Frustrada, Shunara sacudiu a arma pela ponta, gerando vibrações menores, mas, ainda assim, ele as bloqueou uma a uma com seu par de espadas. Com os ataques fixando o Principal numa posição, ela balançou o chicote em sua direção e entrelaçou o objeto em seu punho esquerdo.
A força obrigou Date a abrir mão da espada, dando a Shunara a chance de roubar uma das lâminas para si. Chocando suas armas, a faísca resultante do ataque acendia a arma de Shunara, que se viu obrigado soltar antes que se alastrasse para suas mãos.
— Era pra você gritar de dor pra eu fazer você engolir seu próprio grito!
— Achou que me ganharia se mobilizasse um braço meu? — cortava o chicote, revelando ferimentos onde o cabo estava enroscado — eu só preciso de um para te vencer, sua fraca!
Shunara mergulhou no chão para pegar a espada de volta, enquanto rastejava para fora dos ataques de Date, quando um grito surgiu de trás:
— Date, atrás de você!
O grito da voz de Tomoe fez o Principal Caolho virar-se imediatamente, porém ninguém estava atrás dele. A distração criada por Shunara foi boa suficiente para ter as costas de Date livre para uma estocada. Contudo, o sujeito defendeu o golpe sem nem olhar para ela, seguido de um chute que a fez cair rolando no chão.
Fincando a espada, Shunara ampliou vibrações para estremecer o chão, mas Date logo a afastou com outro golpe, ao mesmo tempo que removia a espada enterrada. Com as duas lâminas nas mãos, ele tentou mais um ataque de fogo, embora a súdita ainda tivesse as cordas vocais para extinguir as chamas.
Da fumaça resultando do ataque, um vapor rastejou pelas fendas da rua. A súdita sentia os dedos de seu pé queimarem, a sola do seu calçado derretia entre os ladrilhos. Numa mistura de dor e urgência, ela gritou novamente, atirando a si mesma para o telhado de uma das casas arrasadas.
A fumaça se dissipando revelou Riki com as mãos no solo com sua aura reluzente em amarelo:
— Agradeço pelos ataques de fogo. Nesse frio não tinha calor o suficiente para usar.
— Demorou pra caraca isso, sim. E nem teve o efeito que eu queria, já que ela escapou, seu idiota.
— Quem pensa que é pra falar assim comigo? — berrou Riki desconcertado.
— Sou um principal, e por isso posso te afirmar que essa garota tem um nível acima da média — apoiava uma espada no ombro e batia a outra no chão.
— Todos os súditos têm esse nível — completou Riki botando a seriedade no olhar de Date pela primeira vez.
— Eu falei que não seria fácil — Tomoe retornava para perto deles, com espelhos em cada mão — mas obrigada por renderem tempo.
Atrás da comandante, subiam balões mensageiros para o céu. Riki reparava em espelhos posicionados na base deles parecidos com os que Tomoe tinha nas mãos.
— Agora não é hora de retocar a maquiagem, mulher. Guarda tantos espelhos assim com você?
— São espelhos côncavos, cabeça oca. Vão refletir e absorver calor através da luminosidade — dizia Tomoe, entregando um deles Riki — o que gera…
— Fogo. Aprendeu essa com o Kusonoki? Tá virando uma daquelas ratas de biblioteca? — provocou Date.
— Qual o plano afinal? — interviu Riki.
— O soar do sino bagunçou as técnicas dela com sons agudos que são seus ataques letais. Ela ainda pode usar sons graves, mas eles terão menos efeito, permitindo que um de nós chegue perto com isso — apontou para o alçar voo dos balões.
— O fogo vai conter as técnicas dela? Não fez isso até agora.
— Porque usamos ataques concentrados. Agora será diferente — estendeu o segundo espelho para Date — Vocês vão ajudar com a difusão.
Enquanto a fumaça abaixava, Shunara retirava os calçados aos gemidos de dor. Para se relaxar, ela balbuciava frases e tiques nervosos. Quando sua silhueta se fazia visível pelo véu de pó, o trio terminava de debater o plano:
— Se nós três formarmos um triângulo ao redor dela, o calor do reflexo vai criar uma jaula de fogo ao redor dela. Tanto eu quanto Date podemos incinerar qualquer coisa que esteja entre os reflexos. Só falta um detalhe, calor. É aí que você entra.
— Eu ainda tenho um pouco dos últimos ataques dele. Vão em frente — Riki colocou as mãos no solo — eu vou dar cobertura para vocês. Isso aqui vai virar um forno de novo.
— Sem graça, queria cortá-la — protestou Date — Mas você não disse uma coisa, como a gente vai lidar com o som dela antes de criar a abertura?
— Você vai ver — fez um gesto para Date tomar a frente — Desde que evitemos contato direto com ela, é só…
— Eu vou amaldiçoá-los — o grito de Shunara sacudiu a rua — o criador vai abandoná-los na perdição sem misericórdia!
O som da sua voz fazia batidas recorrentes no chão, quicando as espadas dos homens caídos para o ar, de modo que ela pegou uma em cada mão e bateu no solo com elas. O ar veio cortando na direção de Date, que desviou dos cortes com precisão absoluta. Em sua primeira investida, o arranhar dos metais de ambos os lutadores colidindo foi tomado por Shunara que mirou os tímpanos do Principal.
As ondas estavam prestes a adentrar o ouvido de Date quando o mesmo tapou as orelhas, armando a ofensiva logo depois defendida por Shunara em um embate de quatro espadas, antes da Súdita tomar espaço do oponente:
— Isso… isso nunca deu errado. O que é você? Um demônio?!
— Você pode até ser boa, fedelha. Mas não é a única especial — arrastava as espadas pelo chão, criando um rastro de labaredas que obrigou Shunara a pular — Meu olho não é só de enfeite. Eu vejo mais do que você imagina.
“É aquele olho brilhante. Ele pode ver minhas ondas no ar? Impossível, impossível, impossível!”, pensava jogando os cabelos para frente , “Isso já tá levando tempo demais, preciso usar os brincos e…”
O movimento de Shunara foi perturbado por uma mistura de gritos e trombetas ressoando em uníssono, afogando o tilintar de seus acessórios. O som ensurdecedor era formado por toda tropa da aliança, que não paravam de berrar e coordenar instrumentos que ali estavam, arrancando um sorriso de Date.
A súdita arregalou os olhos, guiando eles a Tomoe que sorria pela primeira vez na luta, fazendo Shunara trincar os dentes de raiva.
— Eu vou te matar, desgraçada! — o grito dela raiva gerou uma onda de choque que pouco moveu todos de lugar.
Os balões acabaram de flutuar para suas devidas posições. Com uma ativação da sua aura, Tomoe viu cair do céu uma chuva alaranjada flamejante. Vendo que Shunara recuou ainda mais, Date avançou com um grito:
— É agora!
Shunara tomou a voz de Date e fez com que a própria voltasse contra sua garganta. Por um momento, ele perdeu o fôlego mas continuou atacando. Os dois bateram espadas novamente e o Principal continuou a falar:
— Eu ainda tenho mais!
Ela o respondeu com um berro próprio, unindo sua voz ao dos outros homens que gritavam ao redor para afastar a chuva de fogo que vinha dos balões. Mesmo assim, o ambiente não esfriava de temperatura. A neve que cobria os destroços havia derretido e evaporado há minutos. Aquele pequeno quarteirão ficava amarelado com a energia residual de Riki infectando o ar.
O calor sufocava os pulmões de Shunara, que mal puxava o ar para se sustentar na luta, quanto mais gerar sons com a voz. Ela esperneava, chutava pedras, sacudia as espadas, tudo para manter Date longe, mas o Principal não fora atingido por nada. Guardando uma das armas, ele esticou a mão para tomar uma das lâminas de Shunara e acertá-la na testa com o cabo da própria arma. O golpe fez Shunara cambalear até o chão, assim que iria ser finalizado Date pairou no ar de repente notando:
“Droga ela está se adaptando ao som ambiente, logo agora!”, percebeu, enxergando o controle dela.
Date continuou no cabo de guerra forçando contra as ondas que praticamente seguravam suas vestes, ao se soltar ele estava prestes a cortar a cabeça de Shunara quando, exausta ela soltou um grito que o mandou de volta perto de Riki.
— Só mais alguns segundos, mas que merda, era pra vocês estar segurando ela ainda! — disse Riki.
— Ela está nos limites, e por acaso quer me matar queimado também? — retrucou Date se levantando.
Os três balões com os espelhos brilhando em um reflexo que criava um triângulo luminoso acima de Shunara. As tropas comemoraram:
— Vai! Frita ela!
— Pera aí, cadê a Tomoe? — observava Shunara ameaçando se levantar.
— Do outro lado do triângulo, já está tudo pronto. Só mais vinte segundos!
Shunara olhava ao redor, percebendo a gaiola em que se encontrava, de sons e de calor. Tomoe estava logo atrás dela. Ela riu discretamente, antes de levar as duas mãos para próximo de sua boca. De repente os sons do ambiente foram sumindo aos poucos, o grito uníssono da aliança parecia ter sido sugado mesmo que os soldados continuassem no limite das suas cordas vocais. Date notou o submisso de sua voz, e com seu olho, reparou numa quantidade esmagadora de ondas se concentrando em um único ponto: a localização da súdita.
“Droga isso é…”
Todo aquele som se concentrava nas mãos de Shunara, cujo nariz sangrava com o esforço da cacofonia que concentrou entre os dedos. Vendo que sua voz seria inútil, Date disparou na direção das duas lutadoras.
Shunara tentava soltar a esfera sônica quando franqueou por um momento vomitando sangue, mas mantendo a técnica.
Tomoe viu seu parceiro se aproximando, mas decidiu avançar contra a rival. Riki manteve sua posição, abrindo a contagem:
“5, 4, 3, 2…”
Neste instante, Tomoe estava com espada pronta e a centímetros de dar o golpe final na súdita, porém Shunara soltou um grito de esforço para lançar a concentração de barulhos no ar com violência. A onda de choque acabou fazendo a espada de Tomoe se perder no ambiente, restando a ela suas mãos. Com um salto relutando com as ondas prestes a serem liberadas, Tomoe segurou no ombro da súdita, que ao seu virar teve o rosto acertado em cheio pelo punho de Tomoe, levando as duas ao chão. Com o som voltando ao ambiente por um segundo, dando tempo apenas para Riki gritar:
— Pronto.
Uma enorme explosão sônica surgiu logo após isso, abalando todo ambiente, dissipando os balões para a estratosfera. A onda de choque se espalhou sob toda a cidade, quebrando os espelhos e jogando todos no chão. Com o som podendo ter sido ouvido em todo o território Shiro
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