Nisōiro Brasileira

Autor(a): Pedro Caetano


Volume V – Arco 15

Capítulo 150: OPERAÇÃO ECO.3 (Terra Arrasada)

DIA 2, CAPITAL NOVO CAMINHO — AMANHECER DE CINZAS.

A fagulha do choque dos dois metais na mão de Keiko, era vislumbrada por uma Shunara sorridente que nem ao menos deu um passo para trás diante o perigo. Um segundo antes do estouro em chamas, um portal verde surgiu da sola de seus pés, causando uma queda livre da súdita no alto de uma das quatro torres principais da cidade.

— Não irei intervir na finalização do seu roteiro na próxima, Delta — cruzava os braços Seth — que você é maluca, já sabemos, mas suicídio? 

— Não fui eu que cometi sucídio — mantinha o sorriso enquanto apagava uma pequena brasa em um fio de cabelo — conta outra, vocês não pediram para matar quem estava no túnel?

— E como pretendia sobreviver a aquilo sem minha ajuda? — persistiu o feiticeiro. 

— Você é o braço direito do Alfa, tinha certeza que a providência viria ao meu socorro — antes mesmo de se levantar ela se ajoelhou. 

Em uma espécie de palco, Nobura estava ao lado de um assento principal no qual Itoshi coçava sua barba, de olho em um dos portais abertos por Seth para vislumbrar a grande explosão na batalha. Uma onda de choque estremeceu o lugar, Nubi se cobria, Shunara ria se levantando enquanto Seth, Nobura e Itoshi permaneciam serenos. 

— O movimento da súdita foi um sacrifício legítimo para o extermínio de nossos inimigos — elevou a voz, apontando para o portal — assim como os pretorianos que solicitei o envio. 

— É hora de dar um fim nessa esperança fútil — anunciou o líder dos súditos — erradicar os sobreviventes e avançar em direção a cidadela de uma vez por todas. 

— Você fica — ordenou Itoshi ficando de pé, tomando a frente do mascarado — quero que a garotinha escrava e o feiticeiro impuro lidem com o Shiro. A obcecada pode continuar buscando os sobreviventes — fazia um gesto de direção com a mão — matem todos sem misericórdia! 

Shunara fazia um gesto de comemoração, Nubi se aproximava da aba de Seth quando o mesmo estalou os dedos, portais se abriram para os três súditos que sumiram num piscar de olhos. Restando apenas Nobura e Itoshi no local, o líder do súditos aproveitou a deixa:

— Seth já fracassou antes contra o garoto. 

— Eu tenho uma ideia melhor — voltou a se sentar — não está em paz com isso, Nobura? 

O mascarado apenas permaneceu quieto, sem mover nem um músculo sequer, ao tempo que Itoshi finalizou: 

— Claro que não. Sossegue, daremos ao garoto o que ele quer. 

O cenário de Novo caminho mudava drasticamente, um grande nevoeiro de cinzas misturado à nevasca do dia, escondia a cidade de quem vinha de fora. A principal se levantava no interior as tosses, socando o chão:

— Dropa! A equipe do subterrâneo… 

De repente ouvia vozes ao redor, todo seu corpo de visão estava coberto de cinza na neblina, obrigando a mesma a correr na direção dos sons. Ao chegar encontrou os Heishis em suas armaduras, com leves ferimentos, entre eles tinham alguns poucos Senshis

— Só restou vocês dos Aka? — perguntou um azul. 

— Não, consigo sentir muitos espalhados — sinalizou a comandante — vamos buscá-los e reagrupar para uma retirada. 

Todos apenas assentiram, seguindo Tomoe flanqueando pelas cinzas. Mesmo sem enxergar e sem sons para conduzir o caminho, a comandante sentia seus irmãos de batalha aglomerados próximo a o que antes eram prédios e casas. Mas o que viu eram apenas entulhos agora, onde duas garotas estavam protegidas debaixo de uma camada de destroços. 

— Vocês aí, onde estão os outros sobreviventes? 

Uma das meninas com seu braço enfaixado crescia seu olhar brilhante para a principal, sem conseguir reagir, gaguejou até que a outra menina tomou sua fala:

— Eles estão mais adiante. Espera, essa aí não é aquela famosinha que você citou Masori?

— Fica quieta, Emi — cochichou a mirim antes de continuar, mostrando seu braço imobilizado ao seu torso — mas é isso, nós ficamos pra trás pois acabei me ferindo, mas acredito que a maioria tenha sobrevivido. 

— Vocês são mirins — recuou Tomoe olhando ao redor — é um azar que não estejam com os outros na primeira ilha, venham comigo.

— Onde vamos afinal? Isso tá um caos — cruzou os braços Emi.

— Buscar sobreviventes e evacuar imediatamente — apertou o passo — a situação fugiu do controle. 

As duas mirins recuaram na marcha dos muitos homens, enquanto Masori beliscava sua amiga que reagiu com um leve gemido:

— Isso é por ter feito passarmos vergonha na frente da mulher mais forte do nosso Reino. 

— Peraí, eu só respondi a pergunta dela — apontou — você parecia um cachorro molhado na chuva! 

— Não importa, é melhor que leve isso a sério — sugeriu Masori — você ouviu o que ela disse, devíamos estar com os outros na ilha um. 

— É só encontrarmos os sobreviventes o mais rápido possível que depois poderei descansar né? — bocejou Emi. 

— Você não tem jeito mesmo — colocou a mão na testa lamentando. 

O nativo da região subia em um ponto alto, notando que a segunda ilha estava praticamente devastada. Das casas, escolas ou templos não havia sobrado quase nada além de entulho. Em meio às ruínas, Imichi corria em busca de sobreviventes.

O Shiro havia empilhado cinco homens ainda com vida, desses quatro eram Senshis apenas um era da guarda imperial azul. Durante sua procura pelo sexto, um portal se abriu no céu. Recolhendo algumas pedras do chão, ele atirou a fenda apenas para uma parede bloquear o disparo. Mesmo assim, o velocista correu ao redor da fenda, atirando de vários ângulos, mas todos eram protegidos. 

As barreiras de diferentes tamanhos deram a Imichi uma ideia. Recolhendo tudo que tinha ao redor, ele criou uma rampa por onde saltou por cima do paredão circular, ângulo aberto para atirar no portal, de onde Nubi tinha acabado de sair. Foi então que os bloqueios se expandiram para as oito direções, um vindo de encontro ao Shiro. Sem chance de desviar no ar. Sacando sua adaga, ele cortou a parede de tijolos em dois antes de aterrissar.

— Outra criança? — Imichi dava uma boa olhada em seu oponente. 

— Já pôde ver que ele é rápido — Seth sussurrava para a menina do outro lado do portal — Tire o chão de seus pés.

A aura negra de Nubi cresceu, até ela descer ao chão, no mesmo nível do Shiro

— Você por acaso sabe o que está acontecendo aqui? — perguntou Imichi, apontando para os cinco homens que resgatará — Ou só está seguindo ordens?

A súdita nem ao menos ameaçou responder, com expressão intacta fez os objetos ao redor de Imichi começarem a tremer, como predadores prestes a dar o bote, e ele era o alvo. 

— Entendo — guardou sua adaga — não quero te machucar. 

O chão rachou entre os dois, partindo-se em vários fragmentos, os túneis logo abaixo, fazendo um largo vão por onde só era possível atravessar com saltos. Quando os escombros convergiram até Imichi, ele corria dentro de uma mesma área sem saltos até Nubi cortar seus espaços subindo os tubos subterrâneos para superfície mirando seus pés. 

A última saída do Shiro foi saltar de um fragmento para outro, desacelerando na aterrissagem. A súdita jogou tudo que podia naquela fração de segundo, mas com as mãos unidas o velocista tinha seu contragolpe expelido em um vendaval. 

Um redemoinho de ar envolveu os destroços. Nubi movia os braços, comandando os objetos a penetrarem naquele espiral de vento, mas a força da técnica de Imichi era tanta que um dos destroços foi atirado para fora da tornado. Quando os ventos perderam velocidade, Imichi saiu pela tangente, Nubi veio à caça. 

Mais um vão se encontrava entre o Shiro e o próximo bloco de terra, o momento perfeito para outro ataque, exceto que desta vez Imichi não saltou. Ele correu pela fenda, chutando o ar como se ainda houvesse chão ali.

Nubi colocou obstáculos em seu caminho terrestre, porém ele andou por cima deles, como se corresse por uma rampa. Ela então salpicou o terreno com bloqueios no chão e no céu, o obrigando a se mover pela direita, depois à esquerda, direita de novo, até que de repente ela levitou o chão logo onde o Shiro iria pisar. Criando uma armadilha pronta para esmagar o nativo da região.  

Kazedamu — exclamou Imichi, um segundo antes de ser espremido. 

O sopro foi suficiente para fragmentar o bloco de terra em pedaços, enquanto Imichi se lançava ao ar pelo vendaval, Nubi o perdia de vista de repente, porém logo o viu  em queda livre retilínea pelo céu. Ela aproveitou disso para arremessar tudo ao seu direito, buscando um acerto. 

Mas viu seu alvo desviar de kazedamu em kazedamu, o irmão mais velho de Onochi, fazendo depois contato com os destroços pelos pés, ganhando impulso. No último obstáculo, ele se lançou para o lado, utilizando pela última vez sua técnica de vento para baixo, aterrissando suavemente num piscar de olhos.

Finalmente correndo em direção da súdita que não tinha para onde desviar. Imichi recuou a perna direita para um chute, mas ele terminou o movimento onde havia começado a luta: ao lado dos cinco membros da aliança que havia resgatado. 

— Utilizando o vento para te empurrar no ar, quando não há chão para correr. Impressionante — uma voz masculina o provocava. 

— Não consegue ficar de fora — se virou para encarar o feiticeiro sentado de pernas cruzadas em uma coluna caída — Seth.

— Crianças precisam ser instruídas, embora a necessidade de vigilância dos adultos seja igualmente importante. 

— Ela é uma criança — se irou.

— Não fale como se conhecesse a história dela — retrucou o feiticeiro — você só conhece a sua, melhor não fingir empatia, não funcionará com Digama. Na verdade, nada funciona. 

— Quero falar com seus líderes, vocês já passaram de todos os limites! 

— Veja quem você quiser como os vilões, certamente você é um dos protagonistas. Mas todos temos nossos limites, Shiro — reparava em pequenos rasgos nas calças e capa de Imichi — hoje você vai descobrir os seus. 

Imichi não retrucou, se lançando de volta contra Nubi. A batalha continuava para uma plateia de cadáveres, quando pequenas gemas  translúcidas brotavam da terra em meio à sujeira e desolação. O primeiro casulo de gelo que derreteu ao ter seu primeiro contato com ar fresco, liberou da sua proteção três pessoas.

— O que aconteceu aqui? — Usagi olhava ao redor — A explosão dele causou tudo isso?

— Pouco provável — Yato, carregava Keiko desacordado nos braços — A redoma sumiu, o que significa que alguém atacou o vazamento de gás principal. Tudo isso aqui deve ter sido o resultado.

— A comandante, ela estava protegendo a redoma. Mas espera, e aquela garota? Deve ter sido explodida. 

— O rapaz só teve forças para salvar todos — o Senshi entregava Keiko para o mirim — o que ele fez foi um risco calculado, mas não sei se deu certo, aquela súdita parecia confiante. 

— Aquele não é o Shiro? — olhou para trás, vendo uma tempestade de destroços na caça de um borrão branco — parece que a batalha não vai acabar tão cedo. 

— Ainda temos condições de lutar — Yato partiu para ajudar os outros Senshis a se erguerem — Esse garoto é forte demais e você muito jovem. Deixem os velhos fazerem o trabalho sujo e vá para a primeira ilha com o garoto encontrar o Tsuyuki. Ele ainda vai salvar vidas dos dois lados. 

Usagi apenas assentiu seguindo para o caminho contrário, vendo os adultos correndo na direção do confronto, Yato e seus Senshis encontraram o corredor branco parado esperando pelo momento de avançar contra Nubi. Na medida em que seus homens recolhiam os corpos que o Shiro encontrou, o comandante chamou por ele:

— Imichi, mais uma súdita? Estamos aqui para ajudar. Esses são os sobreviventes?

— Os únicos que encontrei antes de ser interrompido. Devem haver mais, consegue senti-los?

— Vagamente. A maioria estão soterrados, o que dificulta o radar. Eu odeio admitir, mas temos chance de salvar mais vidas derrotando essa daí.

— Isso não é uma luta. Essa garota está com o teleportador verde. Eles estão me atrasando.

— Considerando que a súdita que nos atacou esteja viva, faz sentido que estejam te impedindo de seguir a busca.

— Onde está o menino do gelo? — Imichi olhou entre os homens de Yato sem encontrar Keiko.

— Nos salvou, mas desacordou logo depois, por isso precisamos resolver isso aqui — Yato estendia os braços para seus homens — Quais são ordens?

— Espalhem-se pelos quatro cantos. Vocês saberão a hora de atacar.

Após dispensá-los, Imichi caminhou até Nubi, agora cercada por quatro portais alinhados com os pontos cardeais, onde Senshis se espalharam. Um quinto portal se abriu acima dela, por onde lançou um telhado. A enorme estrutura apareceu a sudoeste, o portal, apontado para oeste, lançou o projétil no grupo dali que foi obrigado a se proteger do bombardeio.

Sem perder tempo, Imichi reagiu com um contra-ataque, recolhendo pedras para arremessar em cada um dos quatro portais ao redor da súdita. O primeiro disparo foi na fenda oeste, que acabou saindo do outro lado, a leste, passando de raspão por Yato que ali estava.

Depois atacou as entradas do norte e do sul, todas também saíram para leste. Imichi tomou cuidado de angular as pedras para atingir o chão na trajetória, sem impactar os Senshis do outro lado, porém Nubi retaliou. Dessa vez era uma fonte que, ao entrar pelo portal acima dela, saiu no nordeste. O portal de saída estava virado para norte, atingindo alguns Senshis.

“Duas saídas para o portal de ataque”, Imichi corria pela margem do campo de batalha. “São portais giratórios, podem mudar de ângulo a qualquer momento. Agora só falta descobrir uma coisa…”

Disparando para o norte, ele avisou aos Senshis que se escondessem. Depois, se alinhou com o portal leste e atirou. As pedras lançadas saíram para o sul dessa vez. 

“Portais conjugados. O caminho direto sai em quem estiver exposto, mas o caminho inverso só tem uma saída”, olhou para o portal acima de Nubi. “Já sei.”

Correndo em círculos ao redor de Nubi, o velocista gerou uma nuvem de poeira. Sem enxergar, a súdita escolheu não se arriscar com um ataque, concedendo tempo para o Shiro ir para o leste:

— Preparem um ataque frontal quando a poeira abaixar — passou correndo por Yato.

— Tem certeza? Vai acertar o…

— Sim, eu tenho. Confia — respondeu, passando por lá novamente.

Enquanto a poeira não abaixava, Imichi ainda passava pelo grupo norte, reforçando que precisavam permanecer escondidos, ao mesmo tempo que dizia para os do sul ficarem expostos. 

Assim que o campo de batalha clareou, Yato e seus homens atacaram primeiro com uma onda de fogo que rapidamente foi engolida pelo portal à frente deles. A saída era óbvia, para o sul, o Shiro estava a um passo à frente, com um olho nas chamas e outro no portal giratório a sudoeste. Ele uniu as mãos, e logo depois estendeu uma delas:

Kazeyari.

O tiro concentrado de ar mudou a trajetória das chamas em um ângulo agudo a oeste, acertando o portal conjugado de saída frontalmente, sua única saída era a abertura logo acima de Nubi. A súdita sequer teve tempo de reunir uma defesa.

Prestes a ser queimada viva, viu Seth aparecer de outro portal a protegendo com seus tentáculos, logo depois o feiticeiro via Imichi fazer o mesmo caminho das chamas em um piscar de olhos. Seth estava prestes a abraçar o Shiro com seus tentáculos sorrindo:

— Peguei você.

Imichi foi abraçado por Seth e seus tentáculos, mas logo o feiticeiro sentia que estava abraçando o vento.O  irmão mais velho de Onochi havia atravessado o corpo de Seth sem que ele percebesse. Ao olhar para trás o súdito via Imichi com o braço entrelaçado ao pescoço de Nubi. 

“Falta só mais um pouco”, apertava o pescoço da súdita que gritava.

Seth fechou sua expressão fazendo os tentáculos saltarem de suas costas, na direção do Shiro que era bombardeado por cada pedaço de terra e concreto ao redor dele, porém a fúria de Nubi se esvaiu tão rápido quanto o ar foi sugado de seus pulmões. 

Imichi suspirava notando a garota desarcodar em seus braços, correndo para longe dos tentáculos que tentaram pegar suas canealas, porém foi surpreendido por um dos braços de aranha que surgiu do solo, fazendo-o tropeçar. O velocista se estatelou no chão. 

— Aquele golpe que me acertou em Midori você não foi mais rápido que meu portal. Você o atravessou, como agora a pouco — apareceu Seth, segurando Nubi em um dos tentáculos — me surpreendeu, mas acredito que seja seu limite — notava Imichi suspirando fundo. 

— Uma súdita tão jovem… Poder divino de controle de objetos com a mente — encarou Nubi — o que fizeram com ela?

— Ensinar uma criança indefesa é um erro, neste mundo? Inocência vale mais que a vida?

— Quem é ela?

— Em outra vida, Nubi era uma escrava. Vendida pelos pais, usada por outros de todas as formas que puder imaginar. 

— As coisas não parecem ter mudado tanto. 

— Está equivocado. Hoje ela é Digama, uma súdita do caos. Sua vida não pode ser tomada porque ela de fato já abriu mão dela. Todos nós tomamos esta decisão quando a hora chegou.

— Uma criança não sabe o que escolher nesta idade.

— É mesmo? E quem escolheu o caminho que você trilha, órfão? Alguém? Você mesmo? Os mortos com quem você pensa dialogar jazem aqui — olhou ao redor — Em ruínas, esquecidos. Isso é o legado dos Shiro.

— Os Shiro vão muito além de argamassa e pergaminhos velhos — agachou para ver um rosto esculpido no chão, lacerado pela queda — Isso tudo são folhas, flores e frutos, cuja única função é passar suas sementes. E no final, são elas que renovam a vida.

— Suas sementes são fracas, sufocadas tanto pela circunstância da guerra quanto pela busca incessante pela independência. Esse continente almeja ser um de novo.

— E será — sacou sua adaga — Só não debaixo de uma única cor.

— Ultrapassado, mostrarei a você o que há de novo — ergueu suas mãos — pois o propósito não é restar uma cor, na verdade é não ter mais cores. 

A aura de Seth brilhava como nunca antes, obrigando Imichi a tampar seus olhos, por um momento todos podiam ver mesmo com a névoa, a aura crescente tomando forma da terra ao céu crescia, se formando em uma espécie de criatura que fazia Imichi ter que inclinar seu pescoço para ver a face do que se formava. 

Um focinho se formou, junto a patas enormes da criatura de pelos que rugiu como o urso enorme feroz que era, amedrontando todos com exceção de Imichi, que permanecia sereno frente ao novo desafio. 

 

Tsuyuki e sua tropa ficam sob forte pressão após a explosão da redoma. Os pretorianos de fogo vêm com força total.

Date e Riki chegam no fronte de Tsuyuki. O vice-comandante quer sair dali para encontrar sobreviventes e ajudar Imichi, porém Date e Riki dirão para eles ficarem ali, e somente os dois vão investigar. Date pode ressaltar que a Tomoe ainda deve tá lá e que se alguém ajudar ela contra um súdito serão eles.

Reação dos Senshis a respeito de ter um amarelo ali. Apresentação do Date, provavelmente enfrentando alguns pretorianos para aliviar a pressão sobre aquele fronte.

A explosão atingia outro ponto focal, a primeira ilha recebia a grande onda de choque, obrigado os Senshis e Heishis mais recuados a protegerem seus rostos. Tsuyuki tomava a frente de todos percebendo as cinzas da explosão, notando um nevoeiro avançar da ilha um para a segunda, incerto do que pudesse ter acontecido. 

— Espero mesmo que essa explosão tenha sido provocada por vocês — disse um Heishi. 

A ponte diante deles passou a balançar, passos avançavam diante dela junto ao nevoeiro que cobria a visão deles. Toda aquela fumaça avançou na direção deles como se fosse um gás em expansão, todos que inalaram passaram a tossir copiosamente. 

A fumaça ficava mais quente a cada passada ouvida por eles vinda da ponte, Tsuyuki reparou na ameaça sinalizando:

— São os inimigos, recuam! 

O grito dele levou todos a correrem na direção contrária, porém Tsuyuki seguiu em frente sozinho, assustando Tsuneo que gritou um pouco antes de ser puxado pelos outros Mirins:

— Irmão!

— Vem, ele sabe o que tá fazendo — puxou Kento — bom, eu acho que sabe. 

De repente do emaranhado de homens, uma aura vermelha seguia na direção contrária saltando sob todos eles, espantando os meninos, com Yukirama logo parando sua passada:

— Que rápido, quem é aquele?

Logo todos que fugiam também paravam se encontrando com outro grupo que tinha em sua dianteira um aura reluzindo em amarelo, toda quentura da fumaça se condensou em um vórtice ao redor do Cavaleiro de Yasukasa que anunciou enquanto  absorvia o calor: 

— Tanta energia, era tudo o que eu precisava para esquentar as coisas por aqui. 

— Finalmente! — um outro berro alcançou todos aos arredores. 

— Esse cara realmente é um saco — desabafou Riki. 

Os pretorianos já estavam prestes a atravessar a ponte quando notaram um homem de alta estatura moreno revestido em vestes vermelhas, assim como seu tapa olho de couro do mesmo tom, com um sorriso estampado no rosto, brilhante assim como sua lâmina muito bem afiada. 

— Parece que ainda tem diversão para mim — disse Date, fazendo com sua mão um gesto para os pretorianos virem, enquanto armava um golpe com a outra.

Os inimigos correram em frente arremessando uma rajada de fogo na direção de Date que apenas sorriu, enquanto desviava. Os inimigos perdiam o sujeito de vista frente ao nevoeiro, ouvindo apenas sua voz no além, e um deslizar de duas espadas antes de ver labaredas entre eles:

— Não conseguem me ver? Pois eu os enxergo muito bem! 

Um dos pretorianos tinha um membro decepado, separando seu corpo da espada em suas mãos. Tsuyuki se aproximava da ponte novamente apenas para reconhecer gemidos vindo da névoa que tomava uma cor mais rosada. Ele notava uma sombra com guardando duas espadas na bainha, se revelando como Date ajeitando seu tapa olho, depois  usando um pano úmido para limpar a lâmina de sua espada, suja de sangue. 

— É um prazer tê-lo aqui, Senhor Date. Eu já estava prestes a tentar acionar o dispositivo para fazer a ponte abrir como antes. 

— Você deve ser o subordinado do Yato, onde está ele e Tomoe? — apontava a espada para Tsuyuki que deu um passo atrás — Opa, desculpe eu esqueço. 

Guardou a espada em sua bainha, enquanto os outros do exército agora que se injetava de reforços que voltavam à beira da ponte. 

— Receio que Tomoe e Yato estão com problemas naquela ilha — apontou para além da ponte — ela ordenou para recuarmos para cá, sugerindo que faria o mesmo com os outros. 

— O que?! Tomoe disse para recuar?! — colocou as mãos na cintura — você só pode estar brincando! 

— Pela explosão que sentimos, as coisas podem estar bem complicadas — Riki se apresentava tomando à frente de Tsuyuki — principalmente com aqueles súditos por aqui. 

— Se for verdade a coisa está séria mesmo — sorria Date — vamos todos fazer espetinho desses tais “súditos”. 

— Às ordens era pra gente esperar aqui — disse Tsuyuki sorrindo. 

— Enquanto seus companheiros estão lutando? Se querem provar algo, ergam suas espadas — ordenou Date. 

— Então vamos nessa! — berrou Tsuyuki puxando as rédeas. 

— Isso aí — berrou ainda mais alto Date.

— Jura que você é um Principal? — dúvida Riki. 

De repente pisava em dezenas de corpos espalhados pela ponte, para a surpresa do cavalheiro de Yasukasa que teve sua resposta:

— Respondido, agora é minha vez de perguntar: Acha que tem quantos súditos nessa parada?

— Por que a pergunta? Agora mesmo disse que faria espetinho deles. 

— E-e vou! Mas, não me lembro a última vez que Tomoe resolveu recuar — concluia Date, com seu único olho vagando sob a névoa. 

Imersa na mesma neblina conduzida pela neve do dia, a comandante se guiava pela mais uma vez encontrando mais alguns Senshis perdidos entre os destroços. Algumas dezenas de homens já haviam sido resgatados, mas nem se comparava com o número do fronte de antes.

— Ai que droga! — lamentou Emi — vai demorar muito para encontrarmos todos ainda. 

— Já achamos quase todos os Senshis vivos ao menos — respondeu Masori. 

— Ainda tem alguns Heishis, e esses aí não tem rastreio — suspirou fundo — vai levar um século. Você que devia estar querendo descansar com esse braço aí. 

— Só doía quando tentava mexer, imobilizado está tranquilo, acho que quebrei pensei ter só deslocado mas… 

As duas meninas e outros escutavam sons ao leste da neblina:

— Alguém?! 

— Socorro! Estamos aqui! 

As mirins e os outros seguiram naquela direção, enquanto a Comandante mais adiante analisava sangue fresco no chão, sendo sinalizada logo depois com o movimento de todos:

— Ali, ouviram alguma coisa! 

— Droga! — gritou Tomoe correndo na frente dos outros. 

Porém Emi largou na frente de todos, estando a alguns metros das vozes que não paravam, de repente pisava em um dos corpos daqueles que já estavam mortos, o grito de susto da garota não parou sob seus ouvidos mesmo que ela já estivesse com sua boca tampada. 

Adianta ela percebia um vulto se aproximar, revelando sua pele branca com um capuz sob a cabeça, sorrindo de um canto ao outro: 

— Surpresa! 

Shunara bateu com o chicote derrubando a garota indefesa no chão, Masori assistia com os outros que recuaram logo depois de reconhecerem as vestes. 

— Emi! 

O grito da garota também reverberou de forma fantasmagórica, ao tempo que ela caminhava na direção da garota indefesa.

— O instante em que a Ordem nos chama de volta ao seu centro, é a morte — uma voz feudal saia da boca da súdita — ou nos tornamos parte do todo, ou abraçaremos o vácuo eterno, onde só habita o vazio! — puxava a espada da bainha da garota paralisada — de qualquer forma, todo mundo morre um dia! — berrou a última frase com sua própria voz. 

A estocada com o metal na direção do rosto de Emi foi interrompida por outra lâmina entre a mirim e a arma. Tomoe defendia o ataque trocando olhares com a súdita por alguns segundos, suficiente para a mirim se arrastar para trás:

— Quanta baboseira. 

— Você atrapalhou meu sacrifício — ria Shunara, mas mudava a expressão drasticamente — então terei que trocar a oferenda! 

Gritou tentando outra estocada na direção de Tomoe, a Principal deslizou seu metal com o da inimiga defendendo ao mesmo tempo que criava uma abertura para um acerto, porém o ruído das duas armas disputando força foi o suficiente para as ondas sonoras empurrarem a comandante da inimiga, causando um corte leve em seu antebraço. 

— Desgraçada — sinalizou Tomoe — cuidado a qualquer barulho que fizerem! Ela controla o som! 

— Isso! — tirava outro chicote das vestes, usando os dois no chão, atingiu todos com as duas estaladas — não se preocupem, tudo ficará em silêncio, assim eu que matar todos vocês. 



 

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