Volume IV – Arco 12
Capítulo 101: Dois Destinos Pt.2
Cobertos pela gruta naquela manhã, no lado de fora sons de labaredas de fogo eram acompanhados dos gritos dos invasores. As ordens do comandante ecoavam pelo lugar, na medida que só restavam alguns uniformizados em vermelho. Todos os feridos e a maior parte do baixo escalão Aka já haviam descido para a base.
Entre a última linha de defesa, Yanaho estava com suas mãos unidas com uma expressão concentrada. Seu interior por outro lado era atormentado pelo radar sanguíneo Aka, que sentia uma das energias da linha de frente se esvair próximo ao topo do monte.
“Professor Arata, Yukirama, Kazuya, vocês não podem…”
— Estamos conseguindo — a voz de Iori cortava seu pensamento — praticamente só falta nós descermos. Então, mantenham a formação enquanto começam a descer um de cada vez — apontava para o garoto — primeiro o mirim, depois o restante!
— Comandante, não falta só nós — respondeu Yanaho.
— Já falamos sobre isso. Eles conheciam o risco e mesmo assim foram — virou-se de costas — agora vá para a base.
Com a ordem do comandante, Yanaho desfez sua aura e suspirou fundo. Vendo que os Senshis começaram a descer pela passagem, ele lançou um kazedamu por cima do exército inimigo, na direção da passagem do alto da gruta que levava aos seus amigos.
— Yanaho, volta! — gritou Iori, esticando as mãos.
Seu desespero pelo desacato do garoto foi interrompido pelo aviso de um de seus homens:
— Senhor, estão nos bombardeando com as catapultas. O lugar vai desabar.
— Droga! — socou a parede — não temos mais tempo!
"Duas espadas irão se cruzar. O passado não se arrepende e o presente é constante. Porém o futuro desvenda a realidade, a qual é acorrentada aos desejos e escolhas que, no que lhe concerne, são escravas do destino. Deixaremos isso eternizado pelo que nos foi ensinado, para que tudo ocorra como está previsto. E a história, terá sua conclusão quando esses dois nomes se encontrarem! Este é o início e o fim!"
As queixas do comandante já estavam distantes do garoto de capa vermelha. Agora, ele estava diante do sangue de seu professor, seus companheiros e de um líquido negro esparramado na terra. Afundado na cratera e de frente para aquele que um dia chamou de amigo.
— Dessa vez não vai fugir de mim, Suzaki! — dizia o olhando de cima para baixo.
A aura do antigo Heishi Celestial se expandiu. Seus raios levantavam as pedras na cratera, por onde a luz vazava para a superfície. Yanaho escalou as paredes de pedra do buraco para escapar, porém seu oponente arremessou sua espada até ele.
No mesmo instante, o mirim chutou a parede com um kazedamu, lançando-se para o meio do ar. Ele desceu atacando, mas Suzaki jogou o corpo para o lado. O súdito deixou de atacar, se movendo para onde deixou sua espada. Foi então que Yukirama gritou:
— Esse cara é coisa séria! Tem que tirar essa arma das mãos dele. Um golpe dela e até sua espada fica em pedaços.
— Eu já falei para você correr com Kazuya! — respondeu Yanaho na perseguição.
Quando chegou perto o bastante, Suzaki chamou sua espada de volta. Porém outro vendaval a tirou de seu alcance. Yanaho correu para atacá-lo quando seu corte a centímetros de seu oponente foi repelido, como se um campo invisível forçasse seu metal na direção contrária.
A força que o continha de repente o atraiu para perto de Suzaki, que acertou seu estômago com um soco e pegou o mirim pelos cabelos onde tentou martelar contra as rochas, porém Yanaho usou das mãos livres para se soltar.
— Tudo que causou aqui — Yanaho se levantava — Não é muito diferente do que vi na floresta Hercínia. Seu pai… ele tava lá, não tava? Por quê?
— Se sabe do que sou capaz — ergueu as mãos, chamando sua espada — não deveria ter vindo.
A espada veio pelas costas de Yanaho, que jogou o corpo para o lado e pisou no metal que passava. A atração de Suzaki, fez o aprendiz de Onochi deslizar com a lâmina pela terra. Quando Suzaki se aproximou, seu campo aplicou uma força maior na espada, que escapou das solas de Yanaho, vindo até suas mãos.
Recebendo a arma e girando no mesmo movimento, Suzaki acertou a guarda alta de seu antigo amigo, o jogando contra os limites da cratera. Yanaho notou sua espada trincada, mas continuou. Em vez de chocar suas armas, ele desviava com o corpo. Os ataques consecutivos de cada ponta eram defendidos com pequenos kazedamus que sopravam a lâmina inimiga na direção oposta.
Contudo, na sua vez de atacar o mesmo campo continha seus movimentos. Forçando-se para frente, Suzaki o deixou passar por ele para efetuar uma rasteira, mas os pés do jovem Aka estavam bem plantados.
— Isso não vai funcionar — gritou Yanaho, girando com um revide.
Suzaki agarrou suas costas, saltando para o outro lado. Enquanto a espada safira do súdito vinha na sua direção, Yanaho usou seu braço livre para aparar o golpe. O corte rasgou seu braço, parando no meio dos seus punhos ensanguentados.
Virando de frente, Yanaho seguiu com um golpe agora de sua espada. O segundo golpe veio de seus punhos, que brilharam com a cor vermelha. Mesmo com a empunhadura absorvendo o impacto, a guarda de Suzaki se abriu. O mirim preparou uma estocada no peito, mas parou no campo que circundava o inimigo. Uma bolha cresceu ao redor dos dois amigos, repelindo Yanaho e a própria espada de Suzaki das suas mãos.
As espadas dos dois lutadores voaram para fora da cratera. Com as próprias mãos, Zeta tomou um dos braços de Yanaho e o torceu. Jogando o corpo para frente, seu adversário deu uma cabeçada, liberando suas mãos. A espada de duas pontas voltava para o centro da cratera, a caminho de seu dono, quando outro kazedamu os lançou dali.
Saindo do buraco, ambos correram até suas espadas. Yanaho pegou a sua primeiro e atirou outro vendaval para afastar a de Suzaki. Ao atacá-lo, foi a vez do azul usar sua técnica Shiro. Yanaho voou pelas árvores até se chocar numa rocha.
“O vento que ele usa ignora minha repulsão completamente. Por que?”, Suzaki tossia sangue.
— Depois de todo esse tempo, não dominou o Kazedamu ainda — Yanaho se aproximava, ajeitando sua capa — Isso diz muito sobre você. Sempre foi um cabeça dura com o Onochi.
— Eu me tornei o que sempre deveria ter sido.
— Eu soube de você pelo Açougueiro e aquele caçador de recompensa. Foi aquilo que te mudou? O que fizeram com você justifica toda essa destruição?
— Você nem sabe do que está falando — afastou a ideia com o braço — Se soubesse, não estaria aqui defendendo o império.
— E se aliando com quem começou essa guerra ajuda em alguma coisa?! — apontou para um cadáver — O que meu professor fez para merecer isso?
— Essa guerra começou muito antes do que você pensa. Mas nós vamos acabar com ela. Com todas elas.
Quando Suzaki chamou sua espada, Yanaho se lançou até ela. Os dois agarraram a empunhadura ao mesmo tempo, disputando sua posse. O súdito puxou mais forte, livrando sua mão para desferir um soco. Seu oponente tentou tomar de volta, porém recebeu um corte no rosto, que o fez recuar contra um tronco, onde foi pressionado no pescoço pela empunhadura da espada de duas pontas.
— Tem noção do que está defendendo? — sufocava Yanaho com sua arma — Pensam que estão aqui por uma aliança, mas vocês são só um sacrifícios para ele.
— Não sei do-do que está falando — tentava se soltar.
— Comigo foi o mesmo, todos ocupados com conflitos, alianças, rivalidades, famílias, dívidas, miséria. Mas quando chegava na hora da morte era sempre alguém como eu, nunca alguém como Koji — seus olhos brilhavam — Não vai ser diferente com você, como não foi com seu professor.
Yanaho então usou de seus pés para empurrar o torso de Suzaki para longe. Antes que pudesse atacar, ele se viu cercado de estilhaços de metal da espada quebrada de Yukirama. Ele tentou unir as mãos, porém o campo ao redor do súdito as atirou na sua direção rápido demais. Os cortes superficiais se curaram, ao passo que os metais que se cravaram na pele permaneceram sangrando.
“O Kazedamu enfraqueceu ele, só que ainda tô longe de atingi-lo pra valer”, pensou retirando um dos metais da sua pele. “É só eu e ele, então posso me soltar mais. Preciso que ele mesmo utilize a técnica outra vez. Quanto mais usa, mais os ferimentos vão se abrir. Mais fraco ele vai ficar.”
O próximo ataque de Suzaki mandou Yanaho deslizando pelo chão. O mirim fez uso de seu kazedamu na direção oposta para voltar a luta, sendo recebido por um corte horizontal, cujo choque com a espada do mirim o arremessou contra uma árvore. Então, o súdito atirou sua lâmina na direção de seu oponente, que saltou por cima da hélice azul chegando nos galhos.
“Droga, minha espada”, percebia mais rachaduras.
O súdito recuperou sua arma cravada na casca da árvore e a partiu com um corte. Yanaho desceu com um chute, bloqueado pelo cabo no meio das duas lâminas de Suzaki. Mas o mirim usou aquele apoio para saltar nas costas de seu inimigo. Unindo as mãos, sua ventania arremessou a ele o restante da árvore aos céus.
Suzaki amorteceu o impacto, rasgando o tronco com sua espada. Enquanto Yanaho se atirava na sua direção com outro kazedamu, a eletricidade da aura do antigo príncipe do Império incendiava as folhas. Os dois cruzaram espadas no centro do tronco que começou a pegar fogo em pleno ar.
O súdito arrastou seu fulgur no aço do mirim, até abrir sua guarda, para então pegá-lo pelas roupas e arremessá-lo contra as folhas. De repente, um vento soprou na direção contrária, atraindo Suzaki para onde Yanaho havia sido afastado.
Como defesa, seu campo repulsor afastou as folhas e o fogo, apesar de ter feito o mesmo para proteger seu oponente. Quando o tronco estava prestes a colidir com a terra, os dois saltaram para lados opostos. Não restava nada da árvore ou das folhas a não ser cinzas e fogo, rodeando os dois lutadores.
“Ainda não…”, pensava Yanaho, enquanto as queimaduras superficiais de seu rosto esmaeciam”. Ele já não mantém aquele campo invisível ativado o tempo todo. Falta só mais um pouco, e eu talvez…”
— Acha que irei poupá-lo? — a pergunta atrapalhava o raciocínio do mirim.
— Da última vez, você me disse… me prometeu que nunca seríamos inimigos! Prometeu que faria grandes mudanças. Suzaki, me fala! — cresceu sua voz — Como o que tem feito é diferente do que vimos na minha vila?
— Quem é você para me dizer isso depois de tudo que vi no deserto?
— Eu não causei nada daquilo!
— Mas deixou — apontou a lâmina — Você os deixou fugir.
— Quem disse isso para você? — se espantava.
Sem tempo Suzaki avançava, os impactos de seus golpes na defesa de Yanaho, se juntaram com a força do seu campo repulsor, arremessando o rapaz de um lado para o outro.
— Onochi disse o suficiente. Não teve a coragem de punir os responsáveis pela morte de centenas de civis. E então Yanaho? Como isso é diferente do que você viu na sua vila?!
— Não sabia que tinha encontrado ele — saltou para trás.
— Osíris também foi poupado depois do que causou. Como você se sente — arremessou sua espada de um lado — Sabendo que o responsável pelo estado seu pai morreu como um herói por sua causa?
Apesar de bloquear o arremesso, Suzaki veio pelos lados, chutando o rosto de Yanaho. Ao cair no chão, ele viu a lâmina de fulgur descer contra seu rosto e posicionou sua espada na horizontal. O movimento foi interrompido com a espada a centímetros do rosto.
— Osíris mudou… Como você mudou.
— E você esperava que quem destruiu todas aquelas vilas também fosse mudar? — continuou forçando a espada contra a defesa de Yanaho — Desgraças são planejadas. Esse mundo funciona exatamente do jeito que os reinos desejam. Osíris só mudou porque percebeu que era mais fraco e menor, por isso precisava dos Aka.
— Não é verdade. Ele só queria fazer a coisa certa, e eu também! Todos os dias eu penso se poderia ter feito diferente naquele dia. Mas uma coisa tenho certeza — entrelaçou as pernas com Suzaki — de que os Kuro não podiam continuar a matar aquelas pessoas, assim como você.
Virando para o lado, Yanaho dobrou a perna de Suzaki, derrubando o oponente. Ele então veio com um corte, mas o súdito já estava de pé. O aprendiz de Onochi se forçou contra ele até bater suas costas na árvore.
— Não foi você quem disse que o mundo é muito grande? — perguntou Suzaki em tom irônico.
— Ele é, por isso as coisas não são tão simpl…
— O mundo não é maior do que aqueles que o comandam — gritou de volta — Eu vou colocá-los de joelhos um por um.
O campo magnético de Suzaki se expandiu para além de seu corpo, repelindo Yanaho, antes de encolher-se de volta. A espada de duas pontas se distanciou do seu dono ofegante.
“Tem que ser isso”, Yanaho guardava a espada, correndo na direção de Suzaki. “Essa é a minha única chance”
Quando Suzaki chamou sua arma de volta, Yanaho uniu as mãos. Antecipando mais um sopro, o súdito interrompeu seu chamado, porém o vento veio das suas costas, varrendo as suas pernas.
“Ele não vai ter forças para me repelir agora!”, o punho de Yanaho brilhava em vermelho.
Contudo, o corpo de Yanaho foi paralisado. Suzaki caiu no chão, mas seus olhos estavam na sua espada, a qual havia fincado na terra para dispersar eletricidade em vez de voltar para suas mãos.
— Ainda distraído — pegou Yanaho pela gola — Quem você pensa que sou? Um moleque que nem você?!
A espada voltava às mãos de Suzaki, porém a aura de Yanaho fez seus músculos resistirem à corrente elétrica a tempo para ele usar suas pernas para chutar para fora do alcance.
— Eu ainda não dei tudo de mim — esticou os braços um para cada lado.
Suzaki partiu para atacá-lo. As chamas da árvore incendiada que permeavam o campo de batalha, se acumularam em cada palma do mirim. Seus braços trêmulos se aproximaram, unindo as duas metades da esfera incandescente. Yanaho sustentava aquele ataque numa mão, enquanto a outra segurava seu antebraço para estabilizar.
Apontando o braço carregado para seu oponente, Yanaho disparou o jato de fogo em tudo na sua frente. A liberação da técnica, livrou as suas mãos, que ao se unirem sopraram um kazedamu que fortaleceu o ataque infernal.
O clarão laranja engoliu Suzaki, porém na medida que o ataque perdia força, seu autor percebeu que as chamas se espalharam para os lados. No meio, Suzaki andava a passos vagarosos, soprando sua própria técnica Shiro para se proteger.
Ao passo que Suzaki se aproximava, Yanaho cedia ao seu próprio ataque. As chamas envolviam seus antebraços, o obrigando a recuar. O fogo assentou e a aura de Yanaho batalhava contra as fortes queimaduras, mas havia um sorriso no rosto do mirim.
O inimigo diante dele, tinha um dos joelhos apoiado no chão, com sangue escorrendo pelas ataduras em seu ombro.
— Esse… Foi seu último kazedamu — disse Yanaho, puxando sua espada com seu melhor braço.
— Não faz diferença mais. Você vai morrer aqui.
— Eu tentei, Suzaki. Estou tentando compensar pelo deserto todos os dias. Mas e você, vai continuar se afundando em sangue? Ainda dá tempo para impedir isso, por favor. Você não era assim.
De cima a baixo, Suzaki olhou para Yanaho antes de cobrir o rosto com as mãos, estremecendo com uma risada:
— Só pode estar brincando. Onde estavam todos, quando me jogaram na lixeira para morrer? Aparecem agora para defendê-los e chama isso de justiça?
— O que fizeram com você?
— Nada perto do que eu farei com eles. Começando por você.
Na base da montanha, os Senshis descansavam no acampamento imperial junto com seus mirins, quando ouviram passos altos vindos da floresta. O grupo puxou suas armas esperando pelo pior, mas nada o preparava para o que encontraram. Liderados por Iori, um pelotão inteiro de homens derrotados, carregando o que restava dos Heishis do topo da montanha.
— Preparem-se — disse Iori, apoiando-se nos ombros do primeiro Senshi que se aproximou — O pior está por vir.
— Abram espaço — gritaram os Senshis da base — Há feridos aqui.
Umi tentou alcançar seu pai, mas foi bloqueada pelo muro de soldados que o levaram. Recuando, ela ouviu uma voz familiar:
— Umi! Como estão as coisas?!
— Jin — se espantou ela sendo envolvida nos braços do garoto — estão ruins. Muito ruins. O Arata… Os meninos… eles deviam ter voltado nessa leva mas só vejo meu pai.
— Espera — chegava Tsuneo com os olhos arregalados — onde está o professor?
— Por que os outros mirins ficaram? — chegava mais próximo Yachi.
— Vocês! Saem daqui agora! — um Senshi se virou para eles — Fiquem atrás de nós e não se dispersem!
— Senhor — Aiko o abordava com lágrimas nos olhos — nossos amigos mirins, ficaram para trás?
— Se concentrem apenas no que eu disse, são ordens diretas do comandante!
O Senshi se aproximava de seu contingente que armava barricadas e barreiras para conter o avanço inimigo já na base do monte. Ao tempo que os mirins engoliram seco com a situação desesperadora.
Destituído de seu campo protetor e limitado pelo uso das técnicas Shiro, Suzaki atacava Yanaho pela floresta, igualmente debilitado. O mirim se defendia com apenas uma das mãos. A outra ainda se recuperava das queimaduras de seu último ataque.
— É isso que eu mais odeio em você — dizia Suzaki, forçando-se contra a defesa do mirim — A sua petulância. Não sabe de nada, e mesmo assim age como se soubesse de tudo!
O corte de Suzaki obrigou Yanaho a recuar para não chocar sua espada novamente. Ele foi perseguido com um chute que o mandou de volta para o fundo da cratera.
“Ele está sem a mesma força que antes e mesmo assim se eu defendesse outro golpe daquele não teria minha espada inteira”, suspirou. “Eu até fiz uma boa luta. Minha melhor contra ele. Yukirama e Kazuya com certeza já estão seguros. Comandante Iori e os outros também. Será que eu posso…”
Seus dentes trincaram. Yanaho embainhou sua espada. Seu antebraço queimado começava a se recuperar, mesmo coberto por seu próprio sangue. Batendo aquele punho cerrado na outra palma aberta, ele chamou Suzaki para o combate:
— Se sabe de todas essas coisas, por que nunca veio até nós por todos esses anos? É isso que mais odeio em você, o silêncio de sua arrogância!
— Para que? Para sonhar acordado? — deslizou pela cratera, tomando impulso e o chutando.
Yanaho cruzou os braços absorvendo o impacto. O súdito veio com um corte, porém as mãos entrelaçadas do mirim formaram um punho rubi que desviou a lâmina.
— É isso que mais odeio em você, sua arrogância — puxou o braço para mais um soco — Sempre incomodado, mas nunca com a pretensão de compartilhar para o que pensa ou sente! Tá achando que sou burro demais para entender que só você se ferrou?
Os socos de Yanaho recuaram seu inimigo. No revidar de Suzaki, a mão que ainda não estava queimada segurou sua lâmina, abrindo uma ferida na palma. Ele ainda forçou para que ela atravessasse os dedos ensanguentados, porém a mesma mão brilhava em outro punho rubi revestido em sangue.
— Já que ninguém te entende, larga de ser um covarde e fala de uma vez!
Ao preparar o soco, Yanaho viu Suzaki recuar sua espada para estocá-lo do outro lado. No meio do movimento, o mirim precisou deslocar o corpo, fazendo o punho rubi passar rente na face do seu oponente, assim como a lâmina azul triscou ao seu lado. Seu braço voltou do soco com uma cotovelada, reunindo as mãos para um kazedamu que atirou o antigo príncipe para fora da cratera.
A mão de Yanaho ficou trêmula. Ele rastejou para fora, encontrando seu inimigo ainda de pé.
— Continua o mesmo teimoso imaturo de sempre — Suzaki limpou o sangue da boca.
“Errei o punho rubi. Isso foi tudo que eu tinha para dar…” Yanaho se apoiava em três no chão. “Mas…”, se levantou com dificuldade, interrompendo o raciocínio:
— Eu ainda tenho que te perguntar uma coisa.
Foi então que lâminas foram atiradas em Suzaki, vindas da floresta. Algumas cortaram seu braço, por onde escorreu sangue e um líquido negro.
— Vocês de novo? — os olhos do súdito brilharam em azul.
— Ele está fraco — o Tsuki que acompanhou os mirins apontava — Matem, matem ele.
Kurome e o restante de seus homens apareceram em um ataque coordenado, atirando o que podiam em Suzaki. As nuvens que permaneceram no topo do monte durante toda a luta, começaram a se mover na direção deles. Os Tsuki avançaram, quando seu líder ouviu os trovões:
— Ele ainda tem mais, recuar! Recuar!
— Corram! — gritou Kurome.
Yanaho sem entender, levou um esbarrão do desespero dos homens que nem ao menos reparavam nele. Escorado em um tronco, de repente o jovem mirim foi abortado puxado por uma figura de enorme torso:
— Vamos.
— Kazuya?! Como você…
— Depressa! — gritou Yukirama.
Yanaho era colocado nas costas do sujeito antes ferido, observando as nuvens se acumularem no céu. Os três mirins apostavam corrido com os Heishis de túnicas quando ao redor do súdito alguns ficaram para conter seu avanço.
Bastaram alguns segundos para as trovoadas se transformarem em um raio que caia perturbando todo aquele trecho da floresta. Arremessando os cadáveres dos Tsuki que estavam próximos ladeira abaixo.
Ilustradora: Joy (Instagram).
Revisado por: Matheus Zache e Pedro Caetano.