Volume IV – Arco 12
Capítulo 101: Dois Destinos Pt.1
Horas mais cedo, na base da montanha, Arata era puxado por um de seus mirins. O professor analisou seus arredores, olhos e ouvidos Heishis por todos os lados. A notícia do suposto traidor, lançou o homem gordo de volta à sua cabana às pressas. Arata pegou Tsuneo pelo braço, levando para fora do acampamento.
Alguns Senshis davam os toques finais nas armadilhas na mata, completamente distraídos, quando Arata jogou Tsuneo contra uma árvore e agachou a sua altura:
— Depressa, garoto, porque preciso partir!
— É sério! Eu ouvi uma conversa…
— Você espionou os Heishis — chacoalhou o menino pelos ombros — Podia ter morrido!
— A gente vai morrer se não fizer nada. O que eu deveria fazer?
— Quem você ouviu? Onde? O que ele falou?
— Foram dois caras. Um deles foi o que recebeu a gente em nossa chegada, o outro é aquele sem armadura, gordo e estranho, tudo menos um Heishi. Foi então que descobri que ele manda cartas através de uns pássaros. Provavelmente vão pro imperador.
— E qual a novidade nisso? Arata ficou de pé.
— Eles falaram em usar vocês de escudo para ganhar tempo! — Tsuneo bateu o pé.
Arata, que já erguia os pés para dar o primeiro passo, parou. O mirim continuou:
— Eles só querem atrasar os Kuro nos usando. Falaram de alguma escavação que iria fortalecer o exército deles. Por favor, você tem que acreditar em mim. Se continuarmos na batalha…
— Eu vou de qualquer jeito, não temos escolha. Isso tudo que me falou, Tsuneo, já está acontecendo. Iori e seus homens estão prestes a fazer contato com o inimigo. Eu nunca os deixaria para trás.
— Aquele cara, vestido de lua. Ele vai também, né? Você sabe que…
— Eu sei — esticou a cabeça para fora da árvore, vendo Kurome conversando com Uchida — Por isso, quero que guarde tudo que viu para quando chegar em casa. Ninguém pode saber disso.
Tsuneo acenou com a cabeça e foi embora. As lembranças de Arata se dissolveram no campo de batalha que se via. Com os homens de vestes escuras ao seu lado, e um súdito do caos na sua frente.
“Se não for por esse garoto, vou morrer para esses caras. Mas se eu tomar as decisões certas, posso proteger a estratégia dos núcleos e dar tempo para Iori reagrupar com a base”, Arata assumiu sua postura de combate. “Eu só preciso acabar com ele!”
Um forte vento soprava contra Nokyokai, trazendo a fraca garoa do topo para o cinzento campo de batalha. Kurome fez sinal com uma das mãos, dispersando seus comparsas para os lados. Com a outra, ele alcançou facas no bolso.
Os três primeiros oponentes de Suzaki vieram frontalmente. O primeiro saltou por cima dele, enquanto a espada do segundo balançava na direção do seu tronco. Com um giro, o Zeta acertou o primeiro carregando o impulso para atingir o segundo. A lâmina acertou a palma das mãos dos Tsuki, mas não havia nenhum corte. Eles foram apenas arrastados e jogados em uma árvore.
Após subir numa outra árvore próxima, o terceiro Tsuki caiu sobre o súdito. Sua espada escapou da mão. O subordinado de Kurome afundou suas mãos nos antebraços de Suzaki. Ele o chutou, porém continuava preso. Olhando para as palmas do inimigo, ele viu luvas com garras arqueadas para baixo nas palmas, presas por uma tira de couro, perfurando sua pele.
Então, via o segundo trio de homens, em galhos ao redor. O grupo arremessou três esferas negras ao redor. Quando rolaram para perto, ficou claro do que se tratava: bombas de seiva da noite.
A explosão jorrou a tinta negra na direção dos dois até o líquido pairar no ar por um instante antes de ser repelido. Ao mesmo tempo, a espada de duas pontas veio até ele, assim como alguns Tsuki ao redor, que caíram pelo forte puxão da energia magnética.
Tudo que restou da seiva, desenhava um círculo no chão ao redor dos dois lutadores. Arata percebia a garoa tangenciando o corpo de Suzaki naquele instante.
— O que aconteceu?! — Kurome puxava sua espada — Pensa que pode escapar com esses truques?
— Espera — pediu Arata.
O líder da cavalaria não deu ouvidos. Em vez de chutar, Suzaki entrelaçou seus pés no pescoço daquele que se agarrava nele e girou no chão. O movimento liberou seus braços, permitindo que ele ficasse de pé e defendesse o golpe que vinha de Kurome. Suzaki recuou até os dois saírem do círculo negro por alguns metros. Foi então que sua aura azul cresceu.
A chuva voltou a tocar no último Heishi Celestial, a seiva da noite flutuou no ar, todos os metais perto dele se repeliram, levando os Tsuki juntos. O líquido negro viajou até Suzaki, mas perdeu força, caindo na grama a centímetros de seu corpo.
— Pensa que vou cair nessa de novo? — disse, o súdito após soltar a respiração, relaxando os braços.
“Essa é a sua técnica”, concluiu Arata, se aproximando vagarosamente dele. “Parece custoso, mas ele está longe do limite”.
Os dois fixaram olhares, mas os Tsuki o envolveram assim que se puseram de pé. Kurome veio logo atrás:
— Pessoas como você e seu pai… Pensam que podem tudo.
— E quem vai me impedir? — a espada de Suzaki brilhou em azul — Vocês?
Os homens de Kurome mal deram dois passos, e Suzaki cortou o ar. A onda de energia de sua espada paralisou a dupla mais próxima. Em um arremesso de sua espada, Suzaki pregou um contra a árvore já puxando sua arma de volta para matar o segundo, mas Arata ficou entre ambos.
Mais facas foram arremessadas por Kurome, uma delas riscou a face de seu alvo, enquanto Arata o forçava para longe. Mais dois Tsuki vinham pelos flancos.
— Chega dessa estratégia covarde — girou o braço com força.
O impacto foi inicialmente amortecido por suas luvas pontiagudas, porém o fulgur se forçou contra eles, cortando pelo couro, suas mãos chegando a rasgar seu pescoço.
A espada de Arata, que buscou a abertura deixada pela agressividade de Suzaki, foi impedida por uma força que circundava seu metal dele. Virando-se para o Senshi, o súdito acertou um chute que o jogou para perto de Kurome.
— O que esse líquido preto afetaria nele? — perguntou o professor.
— Como eu disse, é um anestésico — explicou Kurome — Uma maior exposição enfraqueceria seus poderes. O problema é esse… campo invisível que não nos deixa acertá-lo. Esse rapaz é uma aberração.
— Não é um campo invisível — percebia raios envolvendo o redor do súdito — Ele tem dois estilos de repulsão que não pode ativar ao mesmo tempo. Um ele repele água e atrai metais e o outro é contrário. Percebeu como ele saiu de perto da seiva antes de afastar os metais?
— A seiva quase o pegou — lembrou-se Kurome — Então é isso, um ataque à distância das duas formas. Homens, preparem-se!
Arata e Kurome ficaram lado a lado, logo atrás dos outros. Suzaki caminhava na direção deles.
— Eu vou precisar de você, nessa — afirmou Kurome — vamos atacar todos juntos!
O professor dos mirins não respondeu. Dois Tsuki tinham outra bomba nas mãos. O terceiro da linha de frente, entrelaçou os dedos com facas de arremesso. A princípio todos correram ao ataque até que os Tsuki pararam no meio do caminho. Um saltou para trás arremessando as facas, os outros dois para os lados, deixando suas bombas.
Kurome e Arata colidiram com Suzaki, que girava sua espada para se defender com as duas pontas de sua arma. De repente, Arata avançou, porém Kurome decidiu recuar, puxando mais facas.
As bombas explodiram, porém a tinta negra era repelida em volta dos dois como previsto. Kurome e os Tsuki arremessaram seus projéteis ao mesmo tempo que Arata atacava Suzaki. O súdito inclinou o corpo para trás, arremessando sua espada para unir as mãos.
A tinta atingiu primeiro o Senshi, ao passo que as algumas facas foram repelidas. Contudo, a seiva ao se aproximar de Suzaki foi soprada por todas as direções.
Um grande vendaval arremessou os Tsuki para longe junto a poeira e terra. Tudo subiu aos céus, as árvores balançaram derrubando aqueles que se prendiam.
A chuva que caiu sobre eles por alguns segundos não era de água, mas de preto, pintando tudo abaixo, exceto por Suzaki, que emergia do epicentro de sua técnica, com uma aura oscilante e duas facas presas nas costas. Os Tsuki estavam fora de vista. Arata, por sua vez, estava no chão, coberto em preto ainda consciente.
— Em tão pouco tempo, descobriu as polaridades da minha técnica — Suzaki se aproximou, a chuva negra não o tocava, mas nenhum metal espalhado chegava perto — Mas eu tenho outras. Um verme inteligente, continua um verme.
— Eu não vou… — tentava se levantar — Parar por aqui…
— Sei o que a Seiva da Noite pode causar — apontou sua arma de duas pontas — Como espera me atingir sem iro? — o desarmou com um golpe — Como espera se curar… dos meus golpes!
Nas costas de Arata, brotou a ponta da lâmina de Suzaki e muito sangue. O professor retornou ao chão, entrelaçado em seus próprios braços, gritando em dor:
— Droga!
— Eu já fui traído uma vez. Sei como se sente. Também já experimentei essa coisa, infiltrando na minha pele, me roubando do poder que era meu. Tudo para fortalecer vermes. Nunca mais.
— Não quero saber — cuspiu sangue, se afastando — De birra entre araras.
— Mesmo assim, aqui está você, preso na armadilha que pensava ser para mim. Garanto que quem te abandonou aqui vai sofrer. Agora… Desista.
Suzaki apontava sua lâmina para o pescoço do professor Aka. Kurome se erguia de longe, reparando no solitário Senshi:
“O que é você?”
A batalha continua no meio do monte Nokyokai. As forças de Iori encolhiam a cada segundo. Relegado a um único núcleo, o comandante dos Senshis procurava por apoio enquanto desciam a ladeira:
— Kurome — chamou na multidão, cortando um inimigo — Cadê o nosso suporte?
— A retaguarda viu eles partirem, comandante — respondeu um Senshi, erguendo seu escudo — Arata foi tomado pelo inimigo, eles seguiram junto dele.
— Sem núcleos não vamos aguentar por muito tempo — corria para a retaguarda — Os mirins encontraram o esconderijo?
— Senhor, captamos a presença deles. Parece que não se movem há muito tempo.
— Nos aponte uma direção. É para lá que nós vamos. Preparem-se para retirada! Tragam as últimas tochas!
A densa floresta de Nokyokai atuou como um funil para o exército Aka, que se comprimia ao sair. Apesar do curto espaço, os Senshis na fronteira com o inimigo, erguiam seus escudos cobrindo a recuada.
Os Kuro os perseguiram na floresta, quando a linha de defesa vermelha abriu. Depois, tudo que eles viram foi um brilho incandescente. Com as últimas tochas, os Aka emitiram uma rajada flamejante, que rasgou a ofensiva Kuro numa linha reta. Durante todo o trajeto, eles não foram seguidos.
O radar de Iori levou seus homens a uma caverna. A passagem era estreita, embora no final o que aguardava todos era uma espécie de gruta espaçosa e alta. Os Heishis feridos estavam espalhados pelo chão, os mirins e o Tsuki que os conduziu rodeavam uma fogueira improvisada, quando notaram a presença deles.
— Comandante Iori — Yukirama correu até ele — O que se passa? Onde está Arata?
— A situação piorou. Muitos núcleos morreram, Arata foi levado. De alguma forma o inimigo tomou conhecimento de nossa formação.
— O que? Como… — ele fechou os olhos — Ainda sinto um dos nossos lá na frente. Por que não…
— Chega. Compramos tempo, mas os Kuro estão chegando.
— Onde está Kurome? — perguntou o Tsuki — ele não ordenou que deixássemos o espaço.
— E matar mais dos nossos? Negativo. Esse terreno está perdido. Vamos iniciar uma evacuação, mas para isso, precisamos controlar os números do inimigo — olhou para o alto, apontando para as passagens — Essa gruta é estreita, mas parece ter várias passagens. Para onde elas levam?
— Uma delas é uma descida para a base. Os Heishis que conseguiam andar já seguiram caminho, mas estes não podem fazer nada.
— Então mudança de planos — disse Iori, passando pelo Tsuki — Umi, ajude os Senshis a tirarem todos os feridos daqui. Para ontem!
Dois homens atrás de Iori se prontificaram, pegando alguns Heishis nos braços. Umi levava um nos ombros, guiando eles pela galeria escura.
— Ainda faltam alguns. Eu vou voltar — disse Umi — para guiar os outros.
— O restante — Iori apontava para as cavidades — cubram as entradas. Em alguns minutos estaremos cercados, mas aqui nunca seremos envolvidos. O espaço estreito impede que fiquemos afastados do núcleo. Talvez precisemos de dois…
— Se ainda vai demorar para os inimigos chegarem, tem que enviar uma equipe de reconhecimento — o Tsuki insistiu — Kurome ainda está lá, e não terão nosso apoio na base se nos traírem dessa forma.
— Traição?! Devia agradecer por eu…
Yanaho, que assistia a tudo da fogueira, ficou de pé e chamou pelo seu superior:
— Comandante, uma das saídas dessa caverna leva de volta para o campo de batalha.
— Exato — Yukirama subiu a voz com o pensamento — Podemos seguir por esse atalho, os Kuro com certeza não vão achar. Damos a volta e voltamos depois, com o Arata.
— Calem a boca — Iori soltou um suspiro apontando para o de vestes azuis escuras — se você quer ir, vá em frente, mas não levará nenhum dos meus para morte certa.
De repente uma mão pousou no ombro do comandante que se virou, percebendo Yukirama que dizia:
— Comandante você também sente, não sente? Tem um dos nossos na linha de frente e está vivo, irá abandoná-lo também para morte certa?
— Foi um pedido de Arata, vocês já deveriam estar na base — retrucou Iori.
— Foi o professor mesmo que permitiu que ficássemos — ressaltou Yanaho.
— E será isso que o salvará — Yukirama passava por Iori, apontando para o caminho — deixe-nos ir.
— Eu vou — a voz de Kazuya ecoou pela caverna — Serão só eu, Yukirama e esse azul?
— Não — interrompeu Iori — levem mais dois de meus homens, vocês irão resgatar Arata e Kurome e retornar o mais rápido possível, fui claro?
No momento que Yanaho se encaminhou, Iori tomou a frente dele com os braços cruzados:
— Você não. Tem que ficar como um dos núcleos aqui.
Yanaho avistou a partida deles por um buraco na gruta, antes de recuar para perto dos outros Senshis.
“Voltem logo, Yuki, Kazuya!”, uniu as mãos, emanando sua aura esbranquiçada.
A saída da caverna levava para trás das linhas dos Kuro. Mesmo distantes, eles visualizaram o exército negro marchando na direção de acabaram de sair. O grupo correu montanha acima, guiado pelo Tsuki, que por sua vez se orientava pelo cheiro que sentia
Os Aka podiam sentir a presença de quem quer que estivesse lá crescer, quando sue líder parou ao encontrar o corpo de um de seus parentes, envolvido por um líquido negro.
— Como isso aconteceu?
A fala era interrompida subitamente por um grito de dor mais ao topo. Yukirama se adiantou, encontrando seu professor de joelhos diante do inimigo.
— Desistir? Nem sei o que isso significa. Nunca lutou com um Aka antes? — riu Arata se erguendo sua espada — Senshis, não desistem!
— Melhor pular essa etapa — Suzaki encostava o metal de sua lâmina no rastro de seiva no chão.
A arma de Suzaki brilhou em azul. Os raios seguiram o rastro da seiva até o corpo de Arata, esperneou eletrocutado. Chegando perto, o súdito ergueu sua espada para finalizá-lo, quando se viu rodeado por três novos inimigos.
Os dois Senshis vinham pelos lados enquanto o Heishi por trás. Suzaki então arremessou sua arma em suas costas, cortando o Tsuki no peito. Ele avançou contra os Senshis desarmado, mas sua espada voltou bem a tempo de se defender dos dois ataques com ambas as pontas.
— Traidor, oportunista! Vai pagar pelo que fez — gritava o Tsuki.
O próximo golpe de Suzaki irradiou a eletricidade em sua lâmina, arremessando os Senshis paralisados nas árvores. Procurando por mais inimigos, ele reparou nos garotos com vestes vermelhas, pegando Arata nos ombros.
— Acelera. Estamos sem tempo — dizia Kazuya, olhando por cima dos ombros.
— O que vocês fazem aqui? — Arata recobrava a consciência — Mandei ficarem no esconderijo!
— As ordens mudaram, trouxemos gente para ajudar — respondeu Yukirama o puxando — Anda logo!
— Vocês não entenderam nada. Eles precisam de vocês na base — fixava os pés no chão — Estão correndo um perigo maior do que pensam aqui, crianças. Isso vai muito além desse outro garoto…
Quando Arata virou o rosto, Suzaki já estava ao seu lado. Sua vista tombou, ele estava caído no chão. A lâmina de duas pontas escorria sangue nas mãos de seu algoz. Tudo ficou preto, Arata não sentia as pernas.
Yukirama gritou, girando sua espada. O corpo de Arata estava separado pela cintura, as duas metades inertes sobre uma poça de sangue.
— Vieram aqui por ele? — disse Suzaki, deixando Yukirama avançar sobre ele — agora estão diante de mim e sem propósito.
Passando para o lado, Suzaki deixou o mirim passar, se desequilibrando com o próprio golpe desesperado. O contra-ataque do súdito, no entanto, foi interrompido pela mão livre de Yukirama, que brilhava em vermelho:
— Não me subestime!
Yukirama usou o antebraço para escorar a lâmina do inimigo, preparando para estocá-lo no peito com a espada. Suzaki não insistiu, usando o impulso do choque com o punho rubi para girar e colidir sua arma na dele. No final, a espada do mirim se desfez em pedaços restando apenas a empunhadura em sua mão.
“Pai, agora não…”, checava seus bolsos, andando para trás, “não posso morrer”.
— Lutar por causas inúteis como essa — disse Suzaki, preparando seu golpe — É como correr atrás do vento.
A espada veio ao encontro do mirim, quando Kazuya o empurrou. No chão, Yukirama viu o sangue de seu companheiro gotejar na terra. A ponta da lâmina atravessava sua mão larga, penetrando em sua barriga.
— Kazuya! — Yukirama se arrastou até ele.
Suzaki e Kazuya disputaram força, mas o metal não moveu um centímetro para dentro do corpo do mirim. Aos poucos, ele começava a tirar a espada de sua barriga.
— Agora — sinalizou o mirim para os Senshis, que emboscaram Suzaki.
Ele então fez força para o lado, rasgando seu abdômen de Kazuya, enquanto voltava sua espada para os dois novos oponentes. O mirim saiu cambaleando até cair no chão, ao passo que cobria seu ferimento com os braços.
— O que você tava pensando? Quer morrer? — pegava ataduras do bolso — Se não estancar isso aqui, sua energia não vai curá-lo.
— Se perdemos tempo com isso, todos nós vamos morrer — respondeu Kazuya, se apoiando para ficar de pé.
Yukirama o empurrou de volta no chão, ao mesmo tempo que pegava as agulhas para suturá-lo. Um grito de pavor vindo dos Senshis atraiu os olhos dos mirins para seus corpos desfalecidos aos pés de Suzaki. O Tsuki que veio com eles, então puxou Yukirama para perto:
— Foi um erro ter vindo aqui. Deixa ele.
— Me deixa — o empurrou para longe.
Yukirama deixou que o homem fugisse. De pé, ele ficou frente a frente com Suzaki.
“Eu não vim aqui só para ver todos morrerem. Foi assim que você se sentiu, pai?”, olhou de volta para Kazuya. “Me preparei esses anos todos, para terminar da mesma forma?!”, cerrou a mão uma na outra.
Suas mãos brilharam novamente, formando uma massa rubra, cujo impacto no solo estremeceu a terra. O chão se abria sob os pés de Suzaki, que se fincou numa das árvores, na medida em que uma pequena cratera se abria. Ilhado entre as árvores, ele viu Yukirama aproveitar a chance colocando Kazuya nos ombros.
Suzaki balançou na própria lâmina, saltando para um galho, depois outro para então atrair sua espada para si. Sua sombra pairava sobre os mirins, quando desceu para finalizar os dois.
No meio do trajeto, um vendaval mudou a trajetória da ofensiva, seu dono rodopiou no ar enquanto aterrissou percebendo:
“Kazedamu?!”
Yukirama parou de correr, buscando esconderijo atrás de uma árvore, onde escorou Kazuya. Ali ele começou a tratar das suas feridas.
— Eu senti alguém chegando — disse Yukirama, reparando na capa vermelha que passava por ele — Yanaho? Ficou maluco?!
— Quando Kazuya puder andar, dêem o fora daqui — puxou a espada de dentro da capa — Essa luta é minha.
— Espera — o chamado de Yukirama era ignorado pelo jovem que seguia.
Suzaki ameaçou avançar, somente para outro vendaval jogá-lo para a cratera logo atrás. Os dois deslizaram pela formação circular até o fundo, onde ficaram frente a frente, com Yanaho brilhando em vermelho cerrando sua face:
— Dessa vez, não vai fugir de mim, Suzaki!
Ilustradora: Joy (Instagram).
Revisado por: Matheus Zache e Pedro Caetano.