Volume IV – Arco 11
Capítulo 92: O Povo Escolhido
O sol escaldante castigava um grande número de sujeitos com roupas imundas, movendo pedras, madeira e outros entulhos de um lado para o outro sob o olhar de guardas em preto. Estavam na interseção de dois largos rios que rasgavam a depressão Kuro.
Uma parte dos trabalhadores construía um paredão para bloquear a água, enquanto o restante escavava terra do seu jeito para abrir caminho para a água passar na direção do deserto muito distante dali. Para isso, usavam pás, colheres ou mesmo as próprias mãos.
A represa já tinha uma ponte que ligava as duas pontas do rio, por onde um dos guardas vociferou:
— Continuem! Querem comer hoje? Não há recibos para todo mundo! Demonstrem sua gratidão com cada gota de suor!
Sentado em um rocha à beira da água, um homem com uma das pernas substituídas por uma madeira fez sinal para os guardas, que começaram a açoitar os trabalhadores.
Um dos homens de preto chegou a estalar o chicote na terra antes de acertar um senhor, quando ele caiu no chão. Outro trabalhador, magro até os ossos e com a face parcialmente queimada escapou do castigo para socorrê-lo.
— Senhor Renji! — segurou seu corpo imóvel nos braços — Ele precisa de ajuda! Está morrendo!
O grito do jovem atraiu os olhos dos outros trabalhadores. O homem estava com a boca seca, pálido, com os olhos virados para trás da cabeça.
— Como é que é?! — levantou o general de um só pé — Eu mandei continuarem!
O guarda ignorou a súplica do rapaz e o removeu de perto do moribundo à mando de seu superior. Dentre os servos, um recebeu seu castigo em silêncio, para então se ajoelhar perante o homem com pernas de pau:
— Sinto muito lorde Junichi, o senhor Renji está em idade avançada e…
— Quem deu permissão para falar? — pisou no pescoço do escravo rendido — guardas.
O guarda entregou sua arma para Junichi, cujo açoite mordeu a pele já queimada pelo sol do pobre homem. Assim que terminou, foi até o sujeito que socorreu o senhor:
— Você! O que ele tem?
— O coração dele deve ter parado, lorde.
— Ele era esforçado, que pena — chutou o corpo do homem adoecido — Isso serve de exemplo para o resto! Não façam pouco caso da comida. Estão com sede? Bebam desse rio. Sejam gratos pela graça de trabalhar pelo seu povo.
O discurso de Junichi perdia a atenção dos trabalhadores e guardas que rapidamente mudaram sua atenção para a sombra que se projetava nas suas costas. Um homem alto, forte e mascarado, cuja voz rouca congelou todos no lugar:
— Pouca coisa mudou desde a última vez que te visitei, Junichi.
O trabalhador chicoteado saltou do chão para voltar ao trabalho. Os guardas tiraram suas botas das gargantas dos trabalhadores. Por fim, o jovem com o rosto queimado se virava para fazer o mesmo, quando ouviu o chamado do homem de máscara.
— Você — o rapaz ficou imóvel — por que se importar com a vida destas pessoas? Esperava encontrá-lo morto no deserto. Pelo menos o seu irmão cumpriu a promessa.
— Não precisa disciplinar os meus homens, Nobura — revirava os olhos — Este aqui é muito relaxado, mas com o tempo se acostuma. A maioria já voltou ao trabalho.
— Sua recusa em aceitar a verdade nos trouxe até aqui, criança — Nobura pegou o corpo do senhor desfalecido e jogou no rio — O que resta a você é apenas o castigo da obediência — dizia, chegando perto para sussurrar em seu ouvido — Nagajiyu.
— E-eu não…
Com um toque no ombro do último gêmeo vivo, Nobura poluiu os olhos dele com preto. O corpo de Nagajiyu ficou ereto, sua expressão cansada se transformou em estóica, e então ele voltou ao trabalho emudecido.
— Veio julgar meu trabalho? — questionou Junichi — O próprio Cônsul me alocou nesta tarefa.
— Estou aqui a recado. Os Kiiro nos fizeram um convite. Eu e ele partimos em alguns dias.
— O Cônsul não julgou necessário vir aqui e notificar pessoalmente? — ajeitava sua gola.
— Pouco faria diferença, exceto para seu ego.
— Um senso de humor? Pode continuar se escondendo com aquelas aberrações na capela o quanto quiser, porque sou eu que entregarei este exército para ele. E com a surpresa que estamos montando — encarou as águas do rio de perto — diga a ele que ficará pronto a tempo de nossa batalha.
— Você é vivo por fora e morto por dentro, Junichi — deu as costas — Contarei a Itoshi o que quer ouvir: não é o bastante.
— Ao menos me diga, como nosso Cônsul reagiu ao convite? O que ele pretende fazer em Kiiro? — bateu sua bengala no chão — Nobura!
O mascarado não deu ouvidos. Junichi voltou a sombra onde estava sentado, enquanto um servo levou um cacho de uvas, do qual comeu.
— “Morto por dentro”... — cuspiu o caroço no rio — Olha quem fala.
Às margens do deserto, em algum lugar entre a terra e o mar, havia a depressão Kuro. Para além dos campos floridos de Ibu, nas profundezas de seus altos muros de concreto estava o território cujo povo dividia o mesmo iro. Esta grande barreira, porém, era a construção mais alta que se via há quilômetros.
Na maioria das casas, sobraram apenas fachadas. A névoa se misturava com a poeira, criando uma nuvem cinza na altura dos olhos. Um homem de túnicas marrons se aproximou da esquina, destravou a garganta e liberou sua voz para a rua:
— Nada temam filhos de Ibu! Estava escrito que este tempo de crise chegaria. Os inimigos de nossa fundadora estão no poder, mas nada temam! Este é o tempo de purificação. Ibu quer testar nossa fé na Ordem. Não lutem por este mundo, pois nada de bom virá dele!
Algumas pessoas rastejavam para fora dos destroços para ouvir, mas assim que o som dos batuques foi ouvido, todos correram. Um grupo de homens de preto, liderados pelo tambor, se aproximou do orador, que se curvou:
— Que a vontade da mãe de todos seja feita.
O sujeito que orava foi arremessado ao chão e pisoteado pelos homens. Quando tudo que sobrou era uma poça de sangue, o tambor recomeçou com eles voltando a marchar pela cidade.
Uma mulher vestida com uma capa e capuz vermelho assistiu a tudo aquilo sem sequer se esconder. Ela se aproximou do cadáver, tomando cuidado para não pisar no sangue que escorria até que ouviu as badaladas de um sino. Era a igreja atrás dela.
Seus arredores eram ocupados pelos mesmos homens de preto. O santuário já não guardava estátuas, sacrifícios ou imagens de seus ídolos, porque os altares se encontravam vazios e profanados. No lugar deles haviam camas em cada ponta, preenchidas por homens moribundos sendo cuidados por uma equipe de médicos, que transitavam pela capela na superfície e o subterrâneo.
Quando chegou na porta, tirou sua capa e a amarrou na cintura. Descendo até o subterrâneo, ela escolheu a primeira porta à direita para entrar.
Esperando por ela estava um senhor de cabelos loiros, com raízes brancas aos cuidados de um garoto de cabelos azuis, desacordado na cama.
Ela pegou as mãos do paciente, analisando seus braços até que percebeu as veias latejando em sua testa. As queimaduras abertas de seu rosto a permitiam ver um rastro de energia logo abaixo da pele correndo até o cérebro.
Seus olhos depois perceberam uma pulseira de prata na cabeceira da cama, que a fez perguntar:
— Como ele está?
— Eu estou trabalhando, Pandora.
— Estou falando de Suzaki — apontou para o garoto.
— Está melhor do que ontem. Foi de repente, uma pressão no peito, sufocamento e uma dor de forte.
— Iro é acumulado no cérebro conectado ao coração, o corpo está compensando uma perda de energia repentina.
— Conheço poucas coisas capazes disso, e nenhuma é boa.
— Meu iro não sofreu alterações nos últimos dias, então a pulsação está descartada. Desde que seja apenas perda de energia, ele não corre perigo. Seu iro expandiu meses atrás com o genkai.
— Ainda bem que o trouxeram para mim, então. Não é todo dia que podemos estudar outra cor, muito menos azul.
— As cobaias não são boas o bastante? Convencer você-sabe-quem a não arrasar essa igreja como as outras foi difícil o bastante.
— O Cônsul entende muito bem a necessidade de preservarmos as estruturas de nossos antepassados para fins mais úteis à sociedade. Esse aqui, como você me disse, é diferente — puxou uma seringa da gaveta — Quanto às cobaias, eu troquei a dieta delas. Veremos se o corpo reage às modificações.
— A aura é uma manifestação da consciência. Trabalhar o corpo é uma perda de tempo, eu já tentei uma vez.
— Eu ainda não testei — tirou sangue de Suzaki — Uma praticidade como a dele, pode fazer milagres para nosso exército.
O médico extraiu a ampola, adicionando uma etiqueta nela escrito “azul”. Pandora o observou colocá-la num armário repleto de outros frascos com etiquetas similares. De repente, Suzaki abria os olhos:
— Onde estou?
— Você teve um mal súbito.
— Isso nunca aconteceu — sentou-se na cama e encarou o homem que fechava o armário — Quem é você?
— O nome é Konjiru. Como se sente?
— Não te interessa — abria e fechava a mão — o que fizeram comigo?
— Estamos tratando de você, peste — disse Pandora — Você não tem um encontro marcado com Nobura?
Suzaki ficou de pé, observando sua arma apoiada em um dos móveis atrás do doutor. Indo em direção ao médico, ele dava espaço ao garoto que pegava sua arma se dirigindo a saída enquanto Kenjiro se queixava:
— Rapaz, seu caso é bastante curioso. Volte aqui para olharmos mais de…
O chamado foi interrompido pela batida da porta com força, na cara dos cuidadores.
As propriedades afastadas das cidades formavam uma vila, com muros baixos apesar de muito policiamento. Em seu centro havia uma imponente mansão coberta por paredes muito maiores, canhões nas torres em cada ponta e guardas em cada canto.
Suzaki fez seu caminho pelos guardas desconfiados através de um convite escrito em papel. Este mesmo documento o permitiu entrar na mansão, apesar da exigência de deixar seus sapatos na soleira do lado de fora.
O piso brilhante de madeira refletia o lustre de cristal no teto. Os guardas guiaram Suzaki pelos corredores por onde viu a sala de jantar farta, repleta de frutas, taças folhadas a ouro e outras iguarias que não reconhecia.
Ele foi deixado em estúdio do terceiro andar. As paredes bege com arremates de madeira no teto acomodavam uma prateleira no fundo, onde Nobura recolhia os livros e os colocava numa mesa circular de madeira nobre.
— Não te vejo na capela há muito tempo — disse Suzaki.
Nobura continuou passando as mãos pelas páginas.
— Eu sei que vai se reunir com Kiiro nos próximos dias. Pensei que fossemos descartar essas políticas falidas.
Fechando o livro, Nobura o devolveu à prateleira. Depois ele começou a mexer na pilha que havia separado, dizendo:
— Esta casa pertencia ao antigo rei dos Kuro. Ela foi queimada até não sobrar nada, dez anos atrás a mando do Patriarca Kiiro. O rei tinha dois filhos, que sobreviveram, cresceram e buscaram vingança pelo ocorrido.
— Onde eles estão agora?
A pilha de livros colapsou com o próprio peso. Nobura deixou os livros de lado e foi até Suzaki.
— Seth me contou o que fez com o caçador de recompensas em Midori — seu andar encurralou Suzaki até a parede — Pensa em fazer o mesmo com eles? Por causa de uma vila que ninguém vai se lembrar?
— Por quanto tempo sabia disso?
— Você é Zeta ou Suzaki Sora? Se essas questões ainda perturbam seu julgamento, é melhor ir embora.
— Eu não entendo. Por que quer uma guerra com eles?
— Não sou eu que dita os rumos dos Kuro — voltou para mesa.
— De quem é esta casa?
Recolhendo os livros do chão, o mascarado tocou um sino na mesa. Os guardas entraram na sala, recolheram todo o material reunido por Nobura e saíram rapidamente.
— Esta é a casa do Cônsul Pontifício, o senhor das terras Kuro. Eu estou ao seu lado há muito tempo.
Na mesa, um papel com um convite escrito à mão, exibindo um selo no formato de Sol.
— Você me disse uma vez, que tudo que vi não era um desvio dos governos deste continente, mas sim a ordem natural deles — disse Suzaki, alcançando o papel na mesa — Este Cônsul Pontifício de quem falou, deseja esta guerra tanto quanto os outros.
— Guerra é um meio, não um fim. Os governos vão lutar pela sua sobrevivência justificando novos conflitos e forjando a paz, uma após a outra — tomou o convite das mãos de Suzaki — Pela última vez, vamos alimentar esta ganância até que se engasguem com ela.
— O que resta depois disso?
— Um mundo livre de diversidade, sem imperadores, Reis ou governantes.
— Do que você precisa?
— Quero que encontre Seth — apontou para a porta — Estamos terminando de desmontar o último esconderijo isolacionista. Eles vão precisar da sua ajuda para abrir caminho.
— Certo — respondeu Suzaki, se retirando ao tempo que Nobura seguia no caminho contrário.
Um portal verde se materializou em pleno campo de batalha. As balas de canhão voavam sobre as cabeças do feiticeiro e do príncipe bastardo, acertando casas e barricadas inimigas. Os homens de preto avançavam com seus cavalos, perseguindo o remanescente exército vestido de cinza pelas ruínas da cidade.
Um dos homens que gritava ordens para a artilharia desceu da barricada para receber os visitantes.
— Quando vi o portal, já senti o fedor de vocês.
— Poupe-nos da bravata. Os súditos irão assumir daqui, sua incompetência passou dos limites.
— Sabe com quem está falando?! — ajeitou a gola e as mangas, cuspindo ar — Não vou tolerar um mestiço falando assim com um alto-comandante da Guarda Pacificadora. Eu trabalho para a glória do Cônsul e do povo escolhido!
— Foram ordens de Nobura — o anúncio fez o sujeito dar um passo para trás — ele quer esse lugar entregue ao Cônsul antes de sua partida, então retire seus homens das ruas, Houkara.
O homem cruzou os braços, os deixando ir na direção do inimigo. Então ele sussurrou o líder da artilharia, que armou um dos canhões com uma bala menor e mirou para o céu. O tiro emitiu um som que arranhou os ouvidos dos guardas, que em poucos minutos bateram em retirada.
Do outro lado do fronte, os de uniformes cinzas gritavam entre eles:
— Estão recuando! É a nossa chance!
Nuvens se aglutinaram no céu, ao tempo que os que estavam na terra sentiam o redor de arrepiar. Um trovão ressoou e um raio caiu bem no meio da infantaria. Os que escaparam do ataque, tiveram suas armas roubadas por uma força que vinha para dentro da fumaça que subia.
Saindo dali, Mayuri tinha todas as espadas, adagas, escudos e balas de canhão apontadas para eles. Ao lado dela, Shunara não parava de saltitar:
— Corram! Corram pelas suas vidas! Isso deixa tudo mais divertido!
Os destroços voaram contra os inimigos, impulsionados por uma batida de palmas de Shunara, cuja onda de som varreu a barricada inimiga. Em algumas horas, os súditos ocuparam toda a cidade.
As forças de Houkara se mudaram para o centro. Os poucos sobreviventes eram reunidos por Kimijime e Seth em uma rua arrasada, sem prédios, onde Mayuri levitou um largo pedaço de terra sobre eles.
Suzaki assistia àquilo em uma cabana com o general, que trouxe um mapa para mesa bem à frente dele:
— Vem cá, você é o príncipe daquela pocilga nas montanhas?
— Eu não uso mais esse título.
— Vai usar agora — apontou para a cidade no mapa, perto das montanhas — Nós estamos aqui, bem na saída que leva para o esgoto de onde você rastejou. Por onde vocês chegariam aqui?
— O único acesso é por uma estrada descendo esta montanha — traçou o dedo pela estrada — A primeira cidade por aquele caminho é Nokyokai e mesmo assim são muitas horas de viagem. Eles não têm onde estabelecer fortaleza antes disso.
— Então estabelecemos uma ofensiva, cercando a cidade. Vamos encontrar muita resistência?
— Não mais. É uma cidade de mineradores que não guarda mais nada de valioso. Para nós, seria colocar um primeiro pé no território inimigo. Se atacarmos com força máxima, vamos desencorajar os inimigos a lutarem por um território inútil.
— Um lugar desse sem nada a oferecer… dominar sem regalias não presta para mim. Melhor mandar vocês, impuros. Estão mais acostumados a sujeira.
— O problema é que, teríamos alguns meses para avançar sobre o resto das montanhas antes que a temporada de tempestades comece. Depois disso, qualquer conflito a céu aberto se torna um risco, principalmente para quem não está acostumado — os dois se encararam.
— Quanta pobreza em terras desperdiçadas. A capital do império está do outro lado. Espero que o Cônsul presenteie esta campanha com o palácio para mim — fechou o mapa, apontando para outra cabana — Fique aqui por enquanto, naquela tenda isolada. Não quero que suje meus homens.
Saindo do local, Suzaki avistou a pedra erguida por Mayuri descer sobre os prisioneiros. Tudo que restou após foi uma enorme poça de sangue. A Guarda Pacificadora no máximo se desequilibrou com o pequeno tremor que a execução da súdita causou.
Entre as outras cabanas, a apontada pelo general era a menor e estava totalmente escura. Suzaki espiou dentro, percebendo uma única vela no canto de uma sala. A luz estava rente a face de uma garota sentada no chão abraçada aos seus joelhos.
Suas pupilas foram a última coisa que Suzaki viu, quando ela tomou conhecimento da sua presença e assoprou a vela.
— Você é Nubi, né? — abriu a tenda, deixando a luz do dia penetrar no lugar.
Nubi se escondeu nas sombras que restaram da tenda. Deixando sua arma na entrada, ele agachou perto de onde a luz se misturava com a sombra:
— Eu não te vi com os outros. Por que veio?
Os guardas passaram perto da cabana, mas não espiaram dentro. Contudo, os gritos de Shunara chegaram até os ouvidos deles. Suzaki inclinou a cabeça e abaixou a voz com uma nova pergunta:
— Por que é uma súdita se não participa de nada?
A jovem simplesmente virou o corpo todo para as paredes da tenda. Suzaki ficou de pé. Prestes a sair, ele ouviu uma voz doce:
— Eu só não quero.
— Então o que você quer? — perguntou, ainda encarando a saída.
— Acabar com tudo.
— Se você segue o mesmo padrão — fechava a abertura — você escolheu esse lugar porque tentou de tudo no passado.
— Vocês tentaram de tudo — soltou as pernas, e as espalhou pelo chão — Eu nasci morta.
— Eu tive uma vida que escolheram para mim. Acabei destruindo ela com as minhas próprias mãos. Estou seguindo em frente.
Nubi então virou de frente para o príncipe desgarrado. Mesmo desviando seu olhar do dele, ela respondeu:
— Não existe outra vida, depois que você assume essa. O que você, todos aqui e o mundo lá fora vão encontrar é a morte.
— Já vi ela de perto.
— Mas ainda não aceitou.
Abrindo a tenda novamente, Suzaki abandonou a garota, ao tempo que respondia:
— Você aceitou, pelo visto.
A escuridão abraçava Nubi que ficava sozinha novamente, porém ela ia até a saída espiando por uma breve abertura observava o garoto de cabelos azuis partindo para longe.
Ilustradora: Joy (Instagram).
Revisado por: Matheus Zache e Pedro Caetano.