Nisoiro Brasileira

Autor(a): Pedro Caetano


Volume III – Arco 9

Capítulo 76: Origem

Uma brisa percorria os arredores do deserto em que uma jovem se escorava no topo de uma torre, onde os ventos aconchegantes chacoalharam seus cabelos morenos como sua pele e apalpavam seu rosto.

Seu sorriso junto a seus olhos amarelos admiravam o cotidiano das pessoas nas ruas, ao mesmo tempo que escutava a subida dos degraus vindo de trás de quem aguardava. 

— Você demorou — se virou Hoshizora — pontualidade não era seu forte? 

Uma moça mais velha e mais alta se aproximava, com cabelos amarrados decorado com mechas amarelas, onde repousava uma coroa revestida em ouro, que combinava bem com as cores de seu longo manto. 

— A pontualidade depende da prioridade — respondeu Yasukasa — por que me chamou aqui, irmã? 

— Imagino que esteja bem ocupada Senhora Matriarca, por isso — retirava um pano que estava sob uma pequena mesa, revelando um tabuleiro com as peças posicionadas — achei que seria bom descansar um pouco. 

— Xadrez? — percebia uma peça faltando, vendo sua irmã já se sentando frente a mesa. 

— Nosso pai sempre dizia pra eu jogar um pouco com você — posicionou a peça do Rei que faltava, movendo um peão em duas casas.

— Muito bem — se sentou — mas não posso demorar — movia um peão bem na frente da peça da irmã, que sorria.

— Compreendo já que é a Rainha — movia um bispo em diagonal para a esquerda — foi milagroso pra mim o Conselho te aceitar tão bem após o julgamento.

— Nosso problema é muito maior que um garoto, o que eles temem de verdade são os Kuro — movia seu cavalo em “L” — eles só queriam uma resposta.

— E qual resposta você deu? — perguntou colocando a mão sob a Rainha. 

— Se estava no julgamento sabe muito bem qual foi — disse percebendo sua irmã mover a Rainha em diagonal para direita — nosso pai é maior que tudo isso, toda aquela disputa estava às custas de sua morte — movia outro cavalo deixando-o em posição para atacar a Rainha — tenho certeza que não seria o fim que ele desejaria. 

— Então podemos confiar uma na outra — sorriu usando a Rainha para derrubar o peão ao lado do Rei de Yasukasa — Xeque-mate.

— O quê? — arregalou os olhos voltando a atenção para a mesa — mas como? — se levantou incrédula. 

Hoshizora levantou da sua cadeira e abraçou a irmã:

— Ainda vai precisar de mim. Como eu também vou precisar da sua coragem, obrigada irmã.

— Então por isso ele sempre dizia que eu nunca venceria você — retribuiu o abraço — Vamos fazer de tudo para chegar ao fim que ele deseja pra nós.

— Juntas — soltou os braços da irmã, deixando uma lágrimas escapar. 

— Agora vá, ou não vai se despedir dele — disse Yasukasa indo até a beira da torre.

— Dele quem? 

— O mirim. Depois de tanto aquele Shiro insistir, assim que fui coroada designei que o soltassem mais… — ao se virar notava que já estava sozinha — cedo.

Os ventos faziam um jovem proteger seus olhos contra a areia que ameaçava seus olhos vermelhos. Com sua blusa tradicional, passando pelas ruas era notado pelos moradores como uma grande novidade. Junto a ele um homem de vestes brancas, observava o mar em dourada das dunas que iriam percorrer na longa viagem. 

Parando próximo a uma carruagem, Yanaho abotoava sua longa capa vermelha, seguraando um chapéu de palha sob sua cabeça limpando o suor que escorria sob sua testa: 

— Que calor, como aguentam viver aqui?

— Os humanos têm uma capacidade enorme de se adaptar — disse Imichi retirando seu chapéu largo — vamos logo, a viagem será longa — chamou o garoto. 

Prestes a entrarem na carruagem, Imichi conversava com os guias, enquanto Yanaho voltava seus olhos uma última vez para a capital Oásis, vendo de repente a corrida de uma figura conhecida: 

— Hoshizora?! 

— Princesa espere! — Os guardas acompanharam a garota. 

A princesa já sem fôlego levava as mãos ao joelho, enquanto Yanaho correu em sua direção, sem olhar para frente ela respondia: 

— Eu… preciso falar com o Yanaho… 

— Falar o que? — perguntou a passos dela.

Surpreendida ela ergueu a cabeça dando passos para trás, arregalando os olhos amarelos. 

— Na verdade é… eu não…

— Deixe a princesa em paz, não se aproxime! — gritou um guarda. 

— Mas eu não fiz nada, ela que estava correndo em minha direção — respondeu Yanaho. 

— Está tudo bem — suspirou fundo a princesa, tomando a frente — eu só ia dizer que… as coisas acabaram bem no fim, né? 

— É, parece que sim — levou as duas mãos à cintura — mas ainda não sei o que uma princesa como você veio fazer aqui.

— Acho que nem eu…

— Mesmo assim — interrompia estendendo seu punho — Obrigado, graças a você estou indo embora. 

Hoshizora juntou suas mãos sorrindo encantada com o gesto de Yanaho que logo mudou a expressão perguntando: 

— Vai me deixar no vácuo? 

Com os dois punhos se tocando, o mirim seguiu o Shiro para dentro do veículo. Hoshizora observava a carruagem já distante seguindo seu rumo entre as dunas. Dentro dela, pelo movimento que fazia, uma brisa confortava o rosto de Yanaho que recostava sua cabeça no assento relaxando todo seu corpo. 

“Finalmente um lugar bom para descansar”, suspirou fechando os olhos, caindo no sono. 

Ao abri-los novamente, notava as muitas horas percorridas ao olhar pela janela notando um caminho familiar. As florestas vermelhas aos poucos perdiam espaço para os prados onde seu pai dedicou anos da sua vida. Mais alguns metros de observação de Yanaho, para seu coração disparar percebendo onde estava.  

A vila não havia mudado muito. Ainda havia tão somente uma rua principal, repleta de vendedores e o resto campos e fazendas por onde sua vista poderia alcançar. Mais acima da planície, o infame posto dos Senshis.

Desembarcando às margens de uma feira nostálgica para o jovem, ele se aproximava de Imichi que sorria gentilmente. 

— Por que me trouxe aqui? — olhou para os moradores ao redor.

— Pensei ter te dito há uns dias — desceu do transporte, procurando e acenando para alguém que se apresentava de trás das pessoas que os cercavam.

— Yanaho! 

O chamado fez o garoto se virar, percebendo um homem rotundo com cabelos brancos bem penteados dando passos em sua direção, desabando sob seus ombros em um forte abraço, fazendo o chapéu de palha cair no chão. 

— Desculpa por te deixar na mão, eu nunca me perdoaria se algo acontecesse a você — o afastou, ainda segurando seus ombros — Está tudo bem?

— Tudo sim, Onochi — se soltou pegando o chapéu novamente. 

— Sei que foi difícil — coçava a cabeça — Só não fui para Kiiro, porque Imichi insistiu em resolver as coisas e o Supremo precisava de um Shiro aqui. 

— Sem problema — desviava de seu mestre olhando ao redor — já que estamos aqui, preciso ver o meu pai.

Onochi suspirou, jogando as mãos para cintura ao tempo que Imichi colocava a mão sob seu ombro. O garoto deu os primeiros passos pela feira, relembrando de como era ser cercado pelos Senshis, quando de repente, alguém segurou sua cabeça por trás:

— Perdido por aí garoto? Um mirim como você não deveria estar por aí.

— Tio Kenichi — virou-se encontrando um homem de ombros largos, com olhos castanhos claros e nova barba. 

— Você cresceu, Yanaho.

— É bom te ver também? Senshi Titular — disse prestando continência. 

— Engraçadinho — pegou nos ombros do garoto o reerguendo — vocês dois, vou pegar o rapaz emprestado um pouco, nos encontramos na casa de Chika. 

— Sem problema, precisamos conversar mesmo — acenava Imichi, enquanto os dois viam o garoto partir.

Na medida em que caminhavam, Imichi rompeu o silêncio de seu irmão, esbarrando em seus ombros:

— Você deve relaxar, o garoto passou por muita coisa mas está tudo bem. Ele logo vai entender.

— Ele está chateado comigo e não é pra menos. Não foi certo aparecer só depois que tudo se resolveu — suspirou Onochi.

— Você já devia saber de que tudo aconteceu de forma inesperada mas não por acaso — sorriu para o irmão — Que nem aquela vez com Suzaki. Aliás, ele apareceu novamente?

— Não e duvido que ele venha até nós. Essa situação toda acabou nos atrasando. 

— Você de novo com isso. Não há atraso! — percebia o sol se aproximando do horizonte — o controle não é nosso. 

— Eu sei, mas as ameaças de invasão do Império Ao ao território Midori só aumentam.

— Por isso estou indo a Midori logo depois daqui. Homens se perdem quando querem ter o controle de tudo — cerrava seu punho — vendo isso não posso ficar de braços cruzados. 

— E a situação nos Kuro? Conseguiu pelo menos chegar perto?

— Toda vez que eu tento ultrapassar os muros, sou transportado para fora — avistava a casa de Chika de longe — É como se um portal verde aparecesse e me engolisse antes de me desviar. Não sei como, mas me descobriram e estão fazendo de tudo para me afastar em vez de me confrontar. 

— Então estamos sem explicação para o que aconteceu aos Kiiro — levou uma mão ao rosto — que caos é esse. 

— Eu temo que uma guerra está por vir — se escorava debaixo de uma árvore — Se não for possível evitá-la, então vamos se preparar para ela.

Interrompendo a caminhada, Onochi levava as duas mãos à cintura, posando no local em frente à casa de Chika. Imichi por sua vez, deixava uma das folhas avermelhadas planar da árvore acima dele direto para sua palma. 

Kenichi trazia Yanaho para depois da feira, em direção às fazendas. A cabeça do jovem girava a cada barulho que ouvia. O mugido das vacas, o barro se espalhando a cada passo, o ar que enchia seus pulmões. Sem perceber estava sorrindo pelo caminho. 

— Não acredito que sentiu saudades daqui — disse Kenichi, levando uma mão à cabeça.

— Senti do lado de fora, isso sim. No internato é a mesmice de sempre e na prisão então — ergueu os braços ao vento — faz tanto tempo que não ando à toa assim. 

— Mas não estamos andando à toa. Yoroho se mudou mas deixou alguns pertences na antiga fazenda, precisamos buscar. A casa agora é da Chika, ela ganhou em troca dos cuidados.

— Entendo — disse entristecendo o rosto.

Eles já estavam às margens da propriedade de Akemi. Yanaho podia escutar os antigos chamados de seu pai, pedindo para que descesse das cercas. Também se via correndo de volta para casa, Yoroho à sua espera no campo.

Yanaho desviou seu caminho até lá, seguido em silêncio por Kenichi. Os campos estavam mortos, nenhuma planta havia sobrevivido ao inverno anterior. Quando Kenichi abriu a porta, uma nuvem de poeira saltou de cada superfície da casa, com o vento que soprou para dentro.

Todas as velas estavam consumidas até o final. Yanaho rapidamente procurou as janelas para deixar a luz do dia entrar.

— Eu sempre quis sair daqui, mas quando olho pra trás me parece o único lugar para retornar. 

— Essa é uma propriedade praticamente condenada. Não tem quem compre. Talvez Akemi faça outra coisa com ela, mas ele não deve ligar para essa visita.

Yanaho encontrou seu quarto e se jogou na cama, subindo poeira para o ar:

— E para onde eu e meu pai vamos se ele não consegue trabalhar?

— Você se formar Senshi já é um começo

— É, eu quase morri no deserto. Na hora eu pensava que era a coisa certa ajudar os Kiiro, com as habilidades que eu tenho. Mas por um momento pensei estar sendo  irresponsável, quando lembrei que meu pai ainda precisa de mim.

— Eu tenho a impressão que você não tem essa dúvida. E além do mais, Yoroho ainda tem a mim se o dinheiro que o internato te dá se for.

— Mas nem você vai ficar para sempre — levantou para ficar sentado na cama.

— É exatamente por essa certeza que sobrevivo, já estive em mais campos de batalha que você.

— Em meu primeiro eu já quase não sobrevivi — levou a mão à barriga.

— Mas está aqui — agachou para a altura da cama — não menospreze esse feito, está se tornando um homem, precisa pensar como um. 

— Pode deixar, tio — se levantava, indo em direção a saída. 

— Só não esquece de proteger o lugar de onde saiu — se retirava da casa com Yanaho ficando na porta, dando uma última olhada. 

— Jamais, mesmo passando por tantos lugares nesses anos, e até a capital — deu uma última olhada antes de fechar a porta — essa ainda é minha casa. 

Ao se virar para seu tio, viu um sorriso raro em seu rosto com Kenichi deixando escapar uma risada, finalizando:

— É, talvez você já tenha se tornado um homem. 

Partindo dali, eles percorriam uma rota isolada por onde o garoto não conhecia ainda na Vila da Providência. Mais ao sudoeste, as colinas ficaram mais constantes tornando as casas mais isoladas uma das outras, entre elas havia um bosque nos fundos no qual Kenichi usou de ponto de referência. 

— Estamos perto Yanaho — apontou para o garoto — sabe da condição de seu pai, então…

— Eu sei, pode deixar comigo — sorriu fitando os olhos com a casa. 

Percorrendo mais alguns metros eles foram avistados pelos irmãos Shiro que já aguardavam debaixo de uma copa. Vendo um deles acenando Kenichi pegou no ombro do garoto:

— Bom eu vou indo, preciso resolver algumas coisas. 

— Obrigado tio — batia seu punho sob o peito. 

— Dispensar, mirim — repetia o gesto de cumprimento entre Senshis.

Com a despedida, Imichi e Onochi acompanharam o garoto até a porta e atendendo a seu pedido esperaram do lado de fora. Com as batidas Chika recebia o garoto com  os olhos arregalados, antes olhava para baixo para vê-lo, agora para cima. Levava ele por um corredor da modesta casa.

Sentado à beira da janela que dava para os fundos, Yoroho parecia hipnotizado pela visão diante dele. Quando notou a visita, ela já estava sentada bem na sua frente, do outro lado da mesa.

— Pai? — chamou deixando o chapéu sob a mesa. 

O chamado espantou Yoroho, que despertado se levantou encarando o garoto com olhos arregalados. Seu rosto assustado logo se transformou em alegria, constatada pelas lágrimas que desciam sob as bochechas. 

— Yanaho — colocou no rosto dele — meu filho está aqui.  

— Sim, meu pai — se levantou para um abraço amistoso. 

— Voltou para ficar? Já se formou? — os dois se sentavam novamente.

— Não ainda, mas voltei de uma missão importante.

— Isso é ótimo, já está saindo mais que eu — ria encarando Chika que servia os dois — faz tempo que não compro umas mercadorias.

— Não exagera — respondia com um sorriso. 

— Exagero? Já me tiraram da fazenda, daqui a pouco vão querer fazer minhas necessidades por mim também — tomava o chá depois de gargalhar. 

— Fique tranquilo, pai — virava a xícara — assim que me formar vamos arrumar uma casa melhor para nós. 

— Não é nem sobre a casa, às vezes só sinto falta. Fico entediado olhando o bosque, até parece que arar a terra do Akemi era a melhor coisa do mundo — suspirou — E você? Voltou para ficar? 

— Não pai — respondeu, se ajeitando na cadeira — eu ainda não me formei, eu pensei ter dito…

Chika batia com uma colher sob a sua xícara, interrompendo Yanaho. Com a encarada da mulher com rugas, respirou fundo trocando de assunto: 

— E pra você pai, como vão as coisas por aqui?

Os assuntos corriam sob aquela tarde, cada vez que Yoroho esquecia de algo, Yanaho enfatizava uma vez mais e depois trocava o assunto para algo que o pai recordasse. Com a iluminação despertando o tom laranja pela janela da casa, os dois saiam do local com Yanaho carregando seu pai pelo ombro. 

Nuvens estavam nos céus com as cores rosadas, tingidas pelo vermelho alaranjado que cercava todo o domo. A iluminação daquele fim de tarde por si só arrepiava Yanaho que seguia junto ao seu pai por uma trilha no qual Yoroho conhecia muito bem. Ao final dela, os dois estavam num topo de uma colina, frente a paisagem que o garoto mais admirava, o sol crescente tocando o horizonte. 

— Você se lembra, meu filho? — perguntou Yoroho se sentando sob o topo. 

— Daquela vez? 

— De todas as vezes — segurava a risada — eu sempre te trouxe aqui, acho que era muito criança para… 

— Lembro sim — tirava seu chapéu de palha. 

— Você sempre ficava mais tranquilo aqui, disso eu não me esqueço. 

O garoto percebia o sorriso do pai fitando os olhos com o céu avermelhado, se agachou se ajoelhando próximo do pai:

— Pai eu preciso pedir perdão, eu me sinto… não, eu sou culpado por tudo o que aconteceu com você naquela batalha. Um homem como você nunca deveria ter servido. Me perdoe!

Colocava uma das mãos sob a do seu pai, que correspondeu colocando a outra em cima, sorrindo para o garoto.

— Então você também se sente responsável por tudo como eu — voltou seus olhos ao céu — ele tinha que puxar logo meu pior lado, Orora? 

— Não foi isso que eu quis dizer — se levantou cruzando os braços. 

— Antes de você nascer, já tínhamos ideia de que a gravidez seria de alto risco e que provavelmente levaria a vida de sua mãe. Mesmo assim ela foi até o fim, só para dar vida a você — seus olhos se enchiam de lágrimas. 

— Não precisa lembrar disso, já me contou sobre. 

— Mas não disse como eu fiquei com isso tudo — ergueu as mãos — desde que te tive em meus braços, até depois de tudo… eu me senti culpado por tudo o que aconteceu. Sempre me perguntando, o que eu poderia ter feito de diferente, ou como eu pude deixar tudo aquilo acontecer, então eu sei exatamente como se sente. 

— Mas não é verdade — cresceu a voz pegando no ombro do pai — você não teve culpa nenhuma. 

— É o que acho quanto a você também — se levantava, ao tempo que seu filho arregalava os olhos — chega — abraçou seu filho — você não tem culpa nenhuma, Yanaho.

O sol já se despedia, restando apenas a tímida luz de seus raios onde já era sufocado pelo azul rubro que tomava o céu com estrelas, enquanto um vento gelado soprava sob pai e filho que derramou lágrimas sob o ombro de Yoroho que continuava: 

— Durante a gravidez eu pensei que Orora estava fazendo uma aposta, mas quando te vi dar seus primeiros passos… vi que ela tinha uma certeza. De que você seria maior que tudo isso meu filho, e é no que sempre acreditei desde então.

— Obrigado pai — o abraçou não contendo as lágrimas. 

— Você precisa seguir seu caminho — olhava em seus olhos — foi assim que eu venci as dificuldades, e pude te criar como Orora sempre quis. E é dessa forma que você alcançará sua ascensão.  

— Então me prometa — pegava o objeto de palha no chão — que assim como não esquece dessas coisas — repousou o chapéu sob a cabeça do pai — não vai esquecer que sempre estarei com você. 

— Achei que já tinha prometido. 

Com a luz da lua em volta das estrelas cintilantes, eles faziam o caminho de volta para casa pouco tempo depois. No raiar da noite, Yoroho adormecia, enquanto Imichi e Onochi convidaram o garoto para fora da casa.

— Seu pai ficou muito feliz Yanaho — disse Onochi sorrindo para o garoto. 

— É, pelo menos isso — voltou seus olhos para o irmão de chapéu — mas, quando vou voltar para o internato? Ainda queria visitar um lugar antes. 

Os dois irmãos se olharam por um momento, enquanto um franzia a testa, Imichi abria um sorriso:

— Na verdade, vou precisar de você por mais um tempinho. 

— Do que está falando? — perguntou ao tempo que Imichi, sumiu e apareceu em suas costas do nada. 

— É que vou precisar de uma ajudinha em uma promessa que tenho que cumprir — segurou nos ombros do garoto. 

— Mas espera, como vou me formar assim? Eu não era nem pra ter saído de lá. 

— Temos a confiança dos Senshis — tomou a palavra Onochi — eles estarão cientes de que você estará com Imichi por lá, já que eu não posso ir por precisarem de um Shiro aqui.

— Lá onde, afinal? — questionou Yanaho incrédulo. 

— Vamos para o território Midori — balançou o garoto — soube que já esteve por lá também. 

— Os Midori estão diante de uma possível invasão do Império Ao — alertou Onochi, ao tempo que os olhos de Yanaho cresceram — é possível que isso envolva Suzaki então… 

— Tô dentro! — interrompeu Yanaho se virando e estendendo a mão.

— Partimos nos próximos dias — respondeu Imichi com os punhos se tocando. 


Ilustradora: Joy (Instagram).

Revisado por: Matheus Zache e Pedro Caetano.

   



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