Nisōiro Brasileira

Autor(a): Pedro Caetano


Volume III – Arco 10

Capítulo 77: Fantasia Fantasma

A terra balançou mais uma vez. As nuvens carregadas haviam despejado mais um raio contra a depressão Kuro. Os destroços, porém, flutuavam no ar, antes de voarem de uma direção para a outra. O próprio chão estava sendo estripado do continente até que os combatentes ouviram um chamado:

— É o suficiente. Acabou.

O pedaço de terra voltou a se colar com o resto do campo, na medida em que Mayuri olhava acima para o planalto. Seth observava tudo de pé, Nobura sentava na beirada bem ao seu lado. Voltando a si, a súdita do caos analisou o terreno na sua frente, vendo crateras espalhadas em cada canto. 

Shunara, que estava de joelhos no chão, desabou espalhando braços e pernas para o lado.

— Que legal! Imagina tudo que a gente vai poder fazer junto, Mayuri! — sacudia as pernas no ar.

De pé em cima do bloco que levitava, estava Suzaki. Suas roupas estavam rasgadas. Ele segurava sua espada em uma mão e o pescoço de Kimijime na outra. As nuvens acima dele foram dissipadas no instante em que a ordem de Seth chegou aos seus ouvidos.

Jogando o corpo desacordado do rapaz para o lado, Suzaki ainda limpou suas mãos na calça. Mayuri, virava-se para sair, quando Pandora surgia logo atrás dela. 

— Então esse é o poder do Heishi Celestial — colocou suas mãos na costa de Mayuri — isso está fora da curva até mesmo para vocês.

— Vou ficar bem. A luta ainda não tinha acabado.

— Relaxamento e calma são marcas da dominância no reino animal — comentou Pandora — Um predador ameaçado mostra as presas o tempo inteiro.

— O que quer dizer com isso?

— Mayuri — chamou Nobura se aproximando — Abaixe sua guarda.

Pequenas pedras, terra e outros destroços orbitavam Mayuri com um escudo de ar. As veias em sua testa dilatavam, cobertas por sangue descendo até o lado da sua face. Consciente de si, ela desfez sua barreira e os destroços desabaram.

— Pegue Shunara e volte à capela.

— Sim, senhor.

Acenando com a cabeça, Mayuri chamou sua companheira para perto e se distanciou do grupo. Pandora foi socorrer Kimijime, que ainda não havia acordado. Seth e Nobura ficaram à sós sem tirar os olhos de Suzaki, que admirava o cenário destruído da batalha.

— Ele está pronto — comentou Seth — Creio que pode me ajudar. 

— Leve-o com você — dizia Nobura, ajoelhando para encher a mão de terra. 

— Estando lá, será inevitável que Zeta enfrente alguns de sua terra natal. 

— Por isso mesmo — levantou-se, esfregando a terra nas mãos — Veremos se seu coração está no lugar certo.

— Sua vontade é uma ordem, Alfa.

O céu que iluminava a floresta Hercínia tinha dois obstáculos. Em primeiro lugar, suas árvores e em segundo as nuvens brancas que se acumulavam em seu redor. Cortando seu caminho pela mata densa, um grupo de jovens carregavam lenha nas costas vestindo roupas simples e uma fita verde amarrada no pulso.

O mais velho tinha uma fita mais larga, amarrada no braço, andando mais a frente que os outros, vestindo um gorro por cima da cabeça e das orelhas. Toda vez que encontravam gravetos, um deles tomava nas mãos.

Entretanto, o barulho das folhas cortadas e galhos recolhidos dariam espaço para uma marcha. Despertado pelo som, o mais velho jogou seus amigos para trás de si.

— Eu ouvi alguma coisa — Noriaki olhou ao redor. 

— Eu não. Vocês? — perguntou uma garota para os outros jovens, que apenas erguiam os ombros. 

— Eu escutei, vindo daquela direção — apontava pra floresta adentro. 

— Com todo respeito, Noriaki — dizia Kin — desde que voltou a andar com a gente só fica tenso desse jeito — colocou a mão sob suas costas. — Melhor focar em arrumar mais lenha para voltarmos. Falta só mais um pouco. 

Noriaki foi irredutível. O barulho que o perturbava diminuía na medida em que se aproximava da cidade. Quando chegaram na entrada, tudo parecia normal. Formaram um pequeno monte com a lenha que buscaram.

As ruas estavam tranquilas, até mesmo os vendedores gritavam pouco. Era possível ouvir o trote devagar dos cavalos que passavam com clareza. Em pouco tempo, um homem saía de casa para recebê-los.

— Certo — entregou um saco de moedas para eles — Tá aqui o prometido. Agora saiam daqui, crianças!

— É um prazer fazer negócio com você — Kin saltou para colocar suas garras no dinheiro.

De repente, um som grave ressoou pela cidade. Noriaki levou às mãos aos ouvidos. Kin deixou as moedas caírem. Os jovens caíram se jogaram no chão assustados com alto barulho de uma corneta. 

Ressoava por todo redor da cidade, o dono da casa correu para dentro e trancou a porta. Todos olharam para Noriaki em busca de guia. 

— Isso é… — se assustava Kin. 

— Fujam daqui! Eu vou ver o que está havendo — ordenou Noriaki pegando um galho da pilha para se defender. 

O grupo correu para as ruas, se espalhando pelos becos. Noriaki foi até a entrada da cidade. Os vigias estavam mortos. As marchas começaram a ser ouvidas, ao passo que mais membros da gangue corriam para o local.

Saindo da floresta, inúmeros homens de armaduras reluzentes e espadas em mãos. De trás deles, subiu aos céus uma saraivada de flechas, que desceram sobre a cidade. 

— São os Ao! Estão aqui! — proclamou um dos Midori.

Os moradores correram pelas suas vidas. A gangue confrontou os invasores na entrada, que fizeram rápido serviço deles. Nenhuma de suas lâminas penetravam as armaduras imperiais. Depois que cruzaram a entrada, os cavaleiros saltaram na frente da vanguarda.

Com suas lanças penduradas, eles passaram por cima de comércios e pessoas, chegando a investir contra Noriaki que foi puxado para dentro de um beco no último instante.

— Disse para se esconderem! 

— E te deixar sozinho? — avisou Kin — os outros estão num lugar seguro, mas podem não ir muito longe.

— Olha só garota eu… 

Subitamente era interrompido por uma flecha que atravessava as costas da garota, que caia em seus braços dizendo: 

— Que droga.

Desacordou com o susto do sangue escorrendo suas vestes. Atrás dela, um cavaleiro com o arco que acabara de disparar. 

— Eu falei! — esbravejou Noriaki, retirando a flecha da garota, correndo com ela nos braços. 

Ele começou a correr para o outro lado do beco, desviava de outras flechas atiradas, porém sua corrida foi paralisada por mais Heishis do outro lado.

Noriaki ajoelhou no chão, olhando para Kin desacordada em seus braços, escutando outra corneta ressoar pela cidade e logo após um grito.

“De novo… estamos sempre fadados a essa exploração?”, pensou, pressionando a ferida da aliada. “Eu te disse, Dai”.

— Esse território agora pertence ao Império!

As ruas de uma pequena cidade em Midori estavam mais congestionadas que o normal. Em cada esquina, uma vistoria intensa por parte dos homens com braçadeira verde. Debaixo de murmúrios e queixas, eles abriam carruagens, colocavam suspeitos contra a parede e prendiam se tivessem a ordem.

Vestido com suas roupas pretas e ornamentos verdes nos ombros, Dai parava uma carroça bem na frente de uma venda de frutas. Os outros cidadãos correram no instante em que o viram, porém o vendedor ficou.

— Ei! — o dono levou os braços à cintura — Está espantando meus clientes!

— Só um instante — comentou Dai, sem sequer virar o rosto.

Seus subordinados desceram o condutor, enquanto ele mesmo foi investigar a carga. Eram caixas largas, empilhadas uma na outra, cobertas por uma lona rasgada. Puxando sua espada para revelar seu conteúdo, um de seus ajudantes se apoiou na carroceria: 

— Até quando vamos caçar fantasmas, Dai? Essa deve ser a terceira cidade no mês.

— Esses fantasmas são bem reais — estalou a tampa da caixa, mas havia somente sacos com mercadorias — Eles sabem se esconder, mas uma hora vão escorregar. Só precisamos esperar a hora certa.

De repente, um grito se fez ouvir mais atrás na fila. Acenando de trás das pessoas, um sujeito sem camisa com rosto coberto por uma máscara. 

— Falando em fantasmas! — apontou um capanga — Essa máscara de madeira não me engana.

Dai saltou da carroça, correndo em direção à origem, avistou o sujeito de baixa estatura correndo pelas ruas, entrando em um beco. Ele deu ordens para seus homens ficarem e seguiu no encalço do suspeito. 

A rota de fuga de sua presa não dava para uma rua também tomada por guardas. Ele virou-se para encontrar Dai. Tentando se esquivar, logo foi pego e jogado pela parede, o que lhe fez soltar algumas risadas. 

— Quem te deu essa máscara? O que ela é?

— É dos fantasmas, olha só — balançou os braços para assustá-lo.

— Não brinque comigo! — o pressionou mais forte contra os tijolos, removendo sua máscara. 

— Brincadeira? Minha casa foi tomada, e você ainda quer me cobrar por estar ganhando a vida?

— Tomaram sua… — revistou os bolsos do rapaz e encontrou moedas de ouro — Quem te pagou para fazer isso? 

— Não tem ninguém que dê nada para a gente aqui, então tenho que se virar com o que oferecem.

Os membros de sua facção que fecharam a rua, cercaram o menino:

— Quem tomou sua casa?

— Os azuis, é claro. Lembro bem de prometerem não deixar que pisem mais aqui. 

— Onde?!

— Como, onde? Perto da fronteira. Eu tenho que fazer seu trabalho por você também?

Seus homens estalaram as juntas. Dai se deu conta e o deixou cair no chão.

— O que quer que façamos com ele?

Balançando a cabeça, Dai observava as moedas em suas mãos antes de entregar nas mãos do garoto, ficando com a máscara de madeira.

— Deixem ele ir — virou as costas — Antes que eu mude de ideia.

O falso suspeito saltitou de lá em meio a gargalhadas.

— Um tempo atrás esse cara pegaria uns dois meses lá no Ninho — dizia o homem que o acompanhava nas vistorias, chegando ao seu encontro — Num dia ruim, iria parar lá no açougueiro.

— É só uma criança.

— O cara que pagou para ele criar essa distração já foi uma criança. Deve querer confundir a gente para pararmos as buscas, ou talvez… 

— Eles só estejam brincando com nossa cara — reparava na máscara notando sua falsificação — Cancelem as barricadas. Nada disso importa.

— Jura?! — o homem tentou esconder o sorriso — Quer dizer, o senhor tem certeza?

— Esse lugar não tem o que procuramos. Estou começando a achar que nenhum vai ter. 

Seus homens debandaram para desfazerem os bloqueios. Dai por sua vez permaneceu no beco, observando as ruas com seu subordinado. Mais moradores de rua que antes, pedindo dinheiro, outros dormindo na primeira sombra que encontraram.

— Por que eu não fui avisado dessa invasão? — coçava sua barba rala.

— Aconteceu na madrugada de ontem para hoje. Você não sabia?

— Madrugada de ontem — pensou reparando nas nuvens recheando o céu — Eu cheguei aqui pela manhã de outro lugar. Só percebi agora.

— É, às vezes a gente foca demais numa coisa e esquece o que tá bem na nossa cara.

Os olhos de Dai saltaram da face. Ele correu para o bloqueio, onde havia deixado seu cavalo e partiu em alta velocidade abandonando seus homens que coçavam a cabeça. O céu cinzento escurecia aos poucos naquela tarde, quando Dai se aproximou da fronteira com o território azul.

A cidade em que ele havia encontrado Suzaki estava diferente. Estandartes azuis eram exibidos na torre principal, onde o braseiro estava. Bandeiras da mesma cor também eram hasteadas em outras janelas.

“Isso explica o sumiço de vocês. Noriaki, onde você foi se meter? ”, refletiu, reparando no córrego que cruzava a ponte de entrada para a cidade.

Era uma passagem estreita para um rio raso, onde havia túneis que davam passagem para dentro da cidade. Ele desceu no córrego, entrando na primeira passagem de esgoto que viu, e logo estava subindo por um poço.

Recostado em sua borda, estava um Heishi distraído. Dai saltou para fora, entrelaçando o braço em sua garganta até apagar e jogá-lo dentro do poço. Estava nos fundos de uma casa já destruída, perto da torre do braseiro. 

Os Heishis reuniram moradores amarrados um ao outro por cordas nos pulsos, sendo conduzidos para jaulas separadas e enviados em carruagens. O corpo de Dai gritava para agir, mas eram muitos. Os prisioneiros eram levados para a floresta Hercínia, de onde mais Heishis surgiam para entrar na cidade. Foi então que ele decidiu dar meia volta.

Ao descer de volta aos esgotos, algo se mexeu nas águas. Sob a luz daquele fim de tarde, Dai viu sangue na água e pedaços da armadura do Heishi que vencera a pouco. Foi então que um jacaré emergiu das águas, abocanhando seu braço que havia sacado a espada por reflexo.

“Droga, logo agora?”, ele jogou toda sua força contra a fera, o arremessando de volta contra a água. “Não posso demorar senão…”.

Ficando por cima dele, Dai perfurou sua espada no animal que sacudiu o córrego até morrer com as várias estocadas do Midori. Infelizmente, esse não seria o único barulho ouvido pelo rapaz. Uma voz gritou vindo da ponte:

— Um intruso! Peguem ele!

O chamado do Heishi na ponte mobilizou os que estavam ali perto. Dai saiu das águas em direção à floresta. Seu cavalo não estava longe, mas alguns Heishis já estavam próximos o bastante para sacarem suas espadas. 

Correndo sem olhar para trás, ele havia chegado em seu cavalo, onde disparou pela floresta até convergir para a estrada de terra mais próxima. Esperando por ele, estavam mais Heishis, agora montados.

— Isso nunca acaba?!

Dai foi emparelhado por dois cavaleiros. Ele freou o cavalo, não antes de ser cortado na barriga. Contudo, um de seus inimigos passou reto, perdendo o controle e saindo da estrada. Seu animal protestou com a parada súbita, enquanto o outro Heishi já dava meia volta na sua direção.

Os reforços chegaram logo atrás dele, quando uma série de homens saltou da floresta contra o cavaleiro. Eles derrubaram seu cavalo e seguraram posição na frente de Dai, que ficou boquiaberto tanto quanto os Heishis, guardaram suas espadas e recuaram.

— Quem são vocês?

— Ordens de Hideki — disse um dos homens, o puxando de cima do cavalo — pressione a ferida. 

Durante a descida, Dai percebeu a braçadeira verde no homem. Ele levou sua mão à barriga, sentia frio. Olhou para baixo e viu que o sangue já havia preenchido suas roupas.

— Meu… Pai? — perdia a consciência sussurrando para si mesmo.

Quando acordou, estava na cama, cercado por crianças de todas as idades. Os meninos que logo se deram conta de que estava acordado e saíram da sala. Dai sentou-se na cama, quando seu pai cruzou a porta.

— Eu normalmente deixo você cuidar das coisas por si mesmo — tomou um banco perto da cama e o encostou na parede para se sentar — Meus homens disseram que você largou o posto para ir na fronteira. Teve sorte que cruzou com a nossa rota, porque se tivesse ficado preso lá dentro não daria para te tirar.

— Os azuis estão aqui — apertou os lençóis entre seus dedos esbranquiçados — Depois de tudo que houve eu pensei que as coisas seriam diferentes.

— Lamentar o que poderia ter sido é o mal da nossa gente. Alguns diziam que éramos o povo do futuro, agora somos os filhos bastardos da história. Eu não gosto de arriscar nossa segurança protegendo suas irresponsabilidades.

— Alguém precisa fazer alguma coisa — jogou seus lençóis para o lado.

— Mal temos o bastante para alimentar os órfãos e você ainda quer comprar uma briga com um Império inteiro?.

— E se eles vierem parar aqui? Nunca ficaram tão perto de nós quanto ontem. 

— Esse território já foi deles, esqueceu? Volta para realidade, filho. Não temos escolha.

— Essa realidade eu não aceito. 

— E eu não aceito que você morra por uma fantasia! — gritou Hideki — Você já está grande demais para insistir nessas graças. Se isso te acalmar, vou ver se tiro as crianças daqui. De repente os azuis estão interessados em um acordo. 

— Você não entendeu nada — levou as mãos à cabeça — Por que ninguém acredita em mim?! Eu sei o que vi lá no Ninho! O Chefão tentou me matar por caçar Suzaki. E agora os azuis aparecem na nossa porta? Ele sabe de alguma coisa.

— Lá vem você com esse principezinho de novo — cruzou os braços — pode ser que ele tenha voltado para realidade mais cedo. E se o Chefão sabe, com certeza está deixando por algum motivo. E mesmo que você discordasse, o que vai fazer? 

— A torre. Cada facção tem um braseiro. 

— Isso de novo não — Hideki bate nos joelhos — Acender o braseiro é mais do que pedir uma audiência. Não pode desafiar o Chefão!

— Se ele não escuta ninguém, vai escutar um desafio. Não preciso vencê-lo em combate. Eu só preciso convencê-lo a agir! Não é possível que ele esteja vendo tudo isso e fique de braços cruzados.

— Também é possível que você morra. Também é possível que ele puna nossa facção por fazer isso num momento desses. É isso que você quer? 

— Noriaki, Kin e outros estão presos lá, pai — ficou de pé — Eu não os achei, mas acho que sei onde podem estar. Se eu ficar parado, eles vão morrer de qualquer jeito!

— Eu já disse que podemos fugir. Pare de forçar uma situação sem saída, quando o único problema é que você não aceita a saída que te dão.

— Fugir? Para onde? Ninguém vai nos dar refúgio, porque ninguém quer a gente.

— Nós só precisamos ter o que eles querem. Todo o resto não passa de uma possibilidade — as palavras do pai, fizeram o garoto ir até a porta.

— Eu prometo que vou manter segredo sobre minha facção. Eles não saberão de onde eu vim — abria a porta.

— Esse caminho não tem volta, Dai. Se você não voltar para casa agora, talvez a porta que abri para você se feche para nós.

— Tudo é uma possibilidade, mas pode ter certeza que depois que minha casa ficar segura outra vez, eu volto — cruzou a porta e a fechou.

Seguindo pelas escadas, abria suas vestes para reparar no curativo em sua barriga. Suspirando fundo saia do lugar onde estava hospedado, notando o silêncio nas ruas daquela noite. Do lado da saída uma criança acordava gritando na direção de Dai:

— Senhor! 

— Shiki? — percebeu o desespero da criança que quase o empurrou para trás — Ei, o que é? Se afasta. 

— Mitensai, ele deixou uma mensagem para você — agarrava as vestes do mais velho. 

— Onde está? — gemia de dor afastando a criança. 

— Bem aqui — apontava para própria cabeça — ele me encarregou de te dizer para encontrá-lo no esconderijo dele. 

— Obrigado Shiki, mas não tenho tempo para isso — passava pelo garoto sem dar satisfação. 

— Ei! — se lançou segurando a perna de Dai — nem eu nem ele estava brincando! Ele disse que é muito importante! 

Dai reparava nos olhos de preocupação do garoto, acreditando em sua palavra ele seguiu por uma rota no qual parecia ter apenas mata. Com seu facão atravessava arbustos profundos, se localizando pelos altos pinheiros curvados, finalmente alcançava com os olhos uma tímida fogueira no fundo. 

Seu ouvido captava uma voz familiar e outras duas desconhecidas. Se aproximando o suficiente, se surpreendia frente a Mitensai e os dois visitantes sentados ao redor da fogueira. 

— Dai?— apontou Mitensai indo em sua direção — é ele!

— Que… fantasia é essa? — reparava nas roupas vermelhas e brancas dos outros dois. 

— Relaxa, estão conosco — conduzia o amigo com a mão em suas costas — este são Yanaho e… 

— Imichi Shiro — interrompeu Mitensai estendendo a mão — então é você que pode nos ajudar?

Capa 2 - Volume III:


Ilustradora: Joy (Instagram).

Revisado por: Matheus Zache e Pedro Caetano.



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