Nisoiro Brasileira

Autor(a): Pedro Caetano


Volume III – Arco 9

Capítulo 71: Princesa

Deitado no silêncio da sua cela, um jovem segurava em suas mãos uma pedra. Arremessando-a, deixava a gravidade fazer o seu dever para pegar de volta. De novo e de novo ele repetia o gesto do arremesso que trazia memórias importantes, ao tempo que refletia:

Olhando para uma pedra ainda maior em um lugar muito distante do atual, preparava mais um arremesso horizontal quando provocou o companheiro ao lado:

— Então é isso. Vamos nos despedir… 

— Isto não é um adeus. Eu te prometo — dizia o companheiro de olhos azuis claros. 

— No internato estudamos várias coisas. Descobri que os nossos povos são rivais por uma guerra de décadas atrás — jogava o braço pra trás — Já que você está voltando agora e eu me formando no exército, e se da próxima vez que nos encontrarmos, estivermos em lados opostos? 

Os dois observaram o pedregulho tocar a água, dançando em saltos até finalmente alcançar o outro lado do riacho. 

— Eu não vou deixar isso acontecer, me ouviu bem? Nunca! — dizia Suzaki, pegando em seu ombro — Eu e você fizemos uma promessa e vou colocar tudo na linha por ela! Não duvide por um segundo disso.

— O que nós prometemos naquele dia foi grande demais. Eu vejo isso agora. É tudo tão grande e nós tão pequenos.

— Vou fazer grandes mudanças se for preciso! — Yanaho sorria com as palavras do amigo — Se acha que é pequeno para mudar as coisas, comece pelos detalhes, assim como foi naquela promessa. O que não podemos fazer é ficarmos parados sem fazer nada.

— Você está certo — estendeu a mão, ao tempo que tocaram os punhos em acordo — Eu já cheguei muito longe para deixar isso me impedir.

Os dois deitaram no campo aberto olhando as auroras acima deles.

— Então se a gente se encontrar de novo…

— E vamos.

— É. E quando chegar a hora, podemos vencer novamente.

Aquela frase grudou pela sua mente. Yanaho comprimia seus lábios secos e chacoalhava aqueles pensamentos para fora estapeando seu rosto áspero. Ele arremessou a pedra para o alto mais uma vez, mas aquela conversa não havia terminado. A despedida ressoou em sua mente:

 — Agora eu preciso ir — se levantava vestindo seu manto de viagem — tenho um lugar para visitar antes de voltar.

— Continue em frente, Suzaki! 

— E você — virou a face com um sorriso — não se esqueça de continuar se levantando. É isso que te faz vencer. 

“Mesmo me levantando, eu não consigo resolver as coisas como você…”, concluiu enquanto continuava jogando a pedra para cima. 

Um rosnar cortou o silêncio, junto com um punho que segurava a pedra, interrompendo que caísse na mão do garoto.

— Que saco, vermelhinho — disse o companheiro de cela que jogou a pedra no rosto de Yanaho que bloqueou com as mãos — não consegue só ficar quieto?

— Tinha dito que a regra é não ultrapassar o lado da cela — apontou para uma linha traçada, que dividia o lugar em duas metades.

— Deixa eu te explicar uma coisa — levantou o garoto do chão e o jogou contra a parede — Aqui eu sou as regras!

— Pode me bater de novo — encarou Yanaho — vamos ver se me machuca dessa vez.  

— Ora seu… — ergueu o punho.

Kiishis sacudiram a grade da cela. O punho do prisioneiro congelou no seu braço, quando ouviu a ordem:

— Solte o garoto.

— Era só o que faltava — soltou o jovem, que deslizou pela parede — depois de tantas surras ficou com pena?

— Já já eu devolvo nosso convidado de honra — sacudia a chave nas mãos — mas agora ele tem visita — disse o carcereiro. 

Sem resistir, Yanaho foi amarrado. Aos empurrões, ele foi levado para fora das masmorras, quando parou numa escadaria.

— Está esperando o quê? — questionou o guarda, o empurrando na direção dos degraus — Vai, anda!

As escadarias levaram Yanaho das paredes úmidas e barras enferrujadas até um andar de tapetes longos e paredes pintadas. A sala que o aguardava tinha vista para a cidade. O pôr do Sol invadia a enorme vidraça reluzente com sua luz laranja, além de cegar os olhos mal acostumados do prisioneiro. 

Com os olhos entreabertos, ele reconheceu uma mesa com duas cadeiras frente a frente. Sentada em uma delas, virada de costas para a saída, a anfitriã foi chamada: 

— Princesa Hoshizora, trouxemos ele.

— Deixem-nos a sós — respondeu se virando.

A vista de Yanaho desenhava a moça na sua frente na medida que se ajustava no assento. Seus olhos amarelos e cabelos com mechas da mesma cor, se complementam com sua pele morena.

Os hematomas em seu rosto e as marcas de dedo em seu pescoço, por outro lado, tiveram um efeito parecido em Hoshizora. Quando a porta bateu, a garota assistiu seu convidado encolher-se na cadeira antes de perguntar:

— O que fizeram com você?

— O que esperava? Sou um prisioneiro — forçava os punhos contra a corda — Por que me chamou aqui, Hoshizora?

— A luta contra os Kuro. Eu quero tudo que você viu, tudo que fez. Do momento em que saiu com os Senshis, até encontrarem você de noite. 

— Depois de semanas agora quer saber? Sinto que isso não mudará nada — fitava os olhos nas amarras.

— Você provavelmente foi o último que esteve com o patriarca, ele era o meu pai.

— Eu não tive nada a ver com a morte dele! — bateu na mesa.

Hoshizora recuou da mesa, reclinando-se na cadeira. Yanaho relaxou suas mãos, as arrastando para baixo da cadeira.

— Como foi o único sobrevivente daquele pelotão?

— Eu só sobrevivi, os ferimentos se fecharam, talvez por eu ser um Aka.

— Isso não explica, vários Aka foram mortos antes. Por que não fugiu já que sobreviveu?

— Tinha medo que já fosse tarde demais. Mas ainda tinha uma missão a cumprir,  foi quando vi a pirâmide surgindo.

O sol já era um semicírculo no horizonte. O brilho que cruzava a vidraça era carmesim. Hoshizora voltou a se inclinar para ouvir o rapaz que continuou:

— Caímos para dentro da pirâmide por causa de uma explosão no topo. Ali seu pai e eu… Discutimos uma última estratégia. A ideia dele era chegarmos ao topo.

— Por quê?

— Eu não sabia — desviou o olhar para o chão — Eu só lembro da luta que tive com um deles no caminho. De repente uma luz intensa brilhou no topo da pirâmide. Antes de me mexer, foi como se a própria pirâmide tivesse me puxado para dentro.

— O Patriarca tem controle das estruturas da pirâmide. É uma habilidade transmitida pelas gerações — entrelaçou os dedos, acima da boca — E depois?

— Depois do ataque, tudo que sobrou foram as roupas dele. Elas vazaram pelo buraco no topo. 

— Está me dizendo que o Patriarca, meu pai, se sacrificou para matar os Kuro — apertou os dedos — e que isso não funcionou?

— Eu não diria que não funcionou… — encarou novamente a princesa. 

— Seu primeiro relato foi que um deles restou e você o venceu. 

— Então funcionou, mas as coisas nem sempre vão como planejado — voltou a jogar as mãos amarradas — Chama isso de vencer? 

— Isso não tem graça — se inclinava na mesa — Como encontrou eles depois desse ataque do meu pai?

— A pirâmide se abriu. Ouvi gritos, fui checar e… agora estou pagando o preço.

— Você — arregalou os olhos — você realmente os deixou ir?

A pergunta não arrancou nenhuma reação do garoto. Quando tentou recolher novamente as amarras para debaixo da mesa, a princesa puxou a corda insistindo: 

— Yanaho, sabia quem eram aquelas pessoas e o que fizeram nas vilas. Disse que venceu e que está pagando o preço. Por favor, eu quero entender porque lutou e depois os deixou ir?

Da vidraça já não cruzava nenhuma luz. Seus rostos escureceram na sala, iluminada apenas por uma vela solitária atrás da cadeira onde a princesa se sentava.

— Quer saber, desde que me prenderam eu comecei a me perguntar duas coisas — recuou as mãos — O que vocês teriam feito de diferente? E se eu os matasse, quem seriam os próximos a aparecer aqui querendo vingança?

— Está fugindo da minha pergunta, você não está…

— Até seu pai esteve disposto a fazer algo que ninguém concordaria — tombou a cabeça para frente interrompendo — Isso você não pergunta o porquê, né? Tudo isso é apenas a culpa que caiu sobre mim!

Hoshizora desviou o olhar, suspirando fundo. Ela se levantou da cadeira, tomou a vela do suporte, e começou a passar em cada uma da sala as acendendo.

— Meu pai herdou uma linhagem de governantes muito mais exigente que as anteriores. Seu avô, meu bisavô, é um dos patriarcas mais influentes de nossa rica história. Mas ainda era uma figura controversa em nossa família.

— O que isso tem a ver com qualquer coisa que eu falei? — girava a cabeça para acompanhá-la.

Com a sala toda iluminada, Hoshizora voltou para a cadeira ainda com a primeira vela nas mãos, brilhando contra seus olhos.

— Ámon criou o Conselho dos Sábios, como um meio de perpetuar a sua ideologia para depois da sua morte. Composto por membros destacados da sociedade civil, ele passou a dividir responsabilidades com a família dinástica. Como esperado, a ideologia de Ámon foi herdada pela opinião pública e o Conselho se tornou uma ala extremista.

— Imagino que eles que devem ter exigido minha prisão. Se você é a princesa esse tal de conselho deve estar ao seu favor.

— Não é tão simples. A disputa entre Patriarca e Conselho dura desde meu avô, porém meu pai os inflamou concordando com suas pautas. Sem ele, não temos nenhum representante ativo acima deles — reparava na chama de uma vela escassa.

— Minha liberdade está nas mãos deles — colocou a testa sob a mesa.  

— É pior. O conselho não planeja mantê-lo preso, Yanaho — assoprou a vela — querem sua execução. 

— Execução? Isso é ridículo! — se levantou aos gritos.

O barulho da cadeira de Yanaho caída no chão somado aos seus gritos, despertou os guardas do lado de fora. Eles espiaram pela fresta da porta apenas para encontrar o olhar de tranquilidade em Hoshizora acenando diretamente para eles. Rapidamente, eles fecharam a sala como se nada houvesse acontecido.

— O seu julgamento será amanhã — ela prosseguia — horas depois do enterro do patriarca. E não é coincidência, o Conselho está usando você como principal responsável, para dar uma resposta imediata à população. Estão usando a morte do meu pai para elevarem as suas reputações!

— Eles querem me matar — arranhava a mesa — isso não pode acabar assim!

— E então, vai me dizer por que os deixou ir?

— Me deixa, princesa — caminhou para a saída.

— Eu sinto muito, Yanaho — estalou os dedos — Nós nos veremos amanhã.

O chamado da princesa fez os Kishis entrarem. Yanaho foi levado pelos guardas de volta para a sua cela. Sozinha, Hoshizora tomou seu assento, apoiou os cotovelos e levou suas mãos à cabeça.

A carruagem cruzava a cidade, rodeada por cavaleiros formando uma caravana. Espiando por trás da cortina em sua janela, Hoshizora olhava nos rostos da população. Pequenas multidões se formando em seu trajeto. Suas bocas fechadas, mas seus olhos abertos. Um silêncio pontuado somente pelo trote dos cavalos e poucos murmúrios do vento.

Seu transporte parou bem na frente da torre cercada por um portão de grade. A multidão se dispersava aos poucos, ordenada pelos Kishis que desciam de seus cavalos. Colocando os pés para fora, Hoshizora atravessou o portão, diretamente para o elevador que levava ao subterrâneo. Enquanto os Kiishis a desciam com as cordas, ela podia ouvir a voz da sua mãe e irmã ecoando pelos corredores de pedra:

— Nunca fui muito de visitar este lugar, peguei até ranço pela bagunça. Seu pai sempre voltava para o palácio com o fedor de papel e tinta.

— É aqui que temos reuniões planejando ataques, acordos, ou qualquer coisa relevante. O índice não é um lugar para jogar conversa fora. 

— Uma dinastia não sobrevive apenas a custo de ataques e acordos Yasu. Mas parando pra pensar esse lugar me parecia pior antes, por isso dizem que só reconhecemos o valor de uma coisa quando olhamos de perto — olhava ao redor. 

— Ou quando perdemos algo — respondeu Yasukasa, empilhando livros na escrivaninha do antigo pai.

Quando pegou o último deles, sua mãe silenciou-se. Estava olhando para a porta, onde a silhueta de Hoshizora, iluminada pelas tochas do corredor, se fazia presente.

— Eu sinto muito pelo atraso — entrava na sala com a ponta dos pés, desviando das prateleiras — Queria estar aqui na hora, mas minha consulta com o prisioneiro não resultou em nada, exceto que meu pai pode não ter morrido da maneira que pensávamos — segurou seu braço esquerdo — Ele comentou sobre nosso pai estar disposto a fazer algo que ninguém concordaria.

— O julgamento é amanhã. O que isso importa? Temos que contornar essa crise logo — apontou para uma pintura preta em uma página — Uma nova está prestes a começar.

— Na verdade — respirou fundo — isso importa para o motivo que chamei vocês aqui — disse encarando as duas filhas — Na tarde em que seu pai se foi, ele compartilhou o segredo da sua decisão comigo.

— Do que está falando? — fechou o livro.

— Mãe, como assim decisão?

— O pai de vocês escolheu enfrentar a ameaça dos Kuro pessoalmente porque ele era o responsável por tudo isso.

Ela tirou uma chave do bolso e abriu uma gaveta. De dentro, Kasa tirou pergaminhos e os distribuiu às suas filhas.

— Antes de vocês nascerem, seu pai foi visitado por emissários vindo dos Kuro. Eles forneceram provas de uma possível invasão. Seu pai retaliou, na expectativa de prevenir uma guerra. Infelizmente, as consequências das suas ações trouxeram o incidente que enfrentamos.

— Ele foi lutar por culpa? — Yasukasa amassava o papiro — Fomos abandonadas para limpar a consciência dele?!

— Osíris não abandonou ninguém — Kasa subiu a voz — Ele não podia permitir que seus erros pessoais custassem mais vidas.

— E ele não pensou quantas outras vidas podem ser perdidas sem ele aqui?! — gritou, jogando o documento no chão.

Hoshizora deitou o pergaminho na mesa e segurou o braço da sua irmã:

— Yasu, por favor… 

— Não me toca! — puxou seu braço de volta, se voltando para mãe — Como ele pôde? Como você pôde?! Não entendem o que está em jogo?!

— Seu pai estava morrendo, Yasu! — gritou cessando as súplicas da filha — estava doente e sem tempo a perder — apontou para face da filha mais velha — por isso preparou você o mais rápido possível para herdar o trono. Deveria ser a primeira a entender a decisão dele!

Lágrimas desceram pelo rosto de Hoshizora, caindo no papel. A princesa mais velha apenas se virou se encaminhando a saída.

— Mesmo que eu não entenda, isso tudo não importa mais. O enterro continua sendo amanhã e o julgamento também, autoridades virão para acompanhar de perto. Essa informação não muda nada — abria a porta sem olhar pra trás — me dêem licença, tenho trabalho a fazer. 

— Filha, espera. Eu só não quero que faça algo que vá se arrepender depois. Essa culpa será maior que aquela que sente pelo seu pai.

— Nada será maior que ele — terminou, se retirando.

— Perdoa ela, mãe — sussurrava Hoshizora, se aproximando.

— Não… Vocês me perdoem — lágrimas brotaram de seus olhos — Osíris sabia que isso assustaria vocês, por isso guardou segredo de tudo. Mas eu não podia guardar isso das minhas filhas.

— Está tudo bem — abraçou a mãe — você não teve culpa… nenhum de nós teve. 

De volta a sua casa, Hoshizora vagou pelos corredores se deparando com a porta para a varanda. Ela levou as mãos à maçaneta fria e esperou por algum tempo até girá-la. A cidade abaixo dela estava praticamente apagada. A vela na mesa estava fraca e o tabuleiro coberto por uma fina camada de poeira. As peças estavam espalhadas.

Hoshizora sentou-se para arrumá-las, quando percebeu que faltava uma das pretas. Antes que procurasse percebia outra em formato de cavalo, e logo sentiu uma pontada em seu coração. 

“Era sua peça predileta”, refletiu abandonando o tabuleiro, elevando seus olhos ao céu estrelado daquele fim de noite. “E essa era sua vista favorita, sempre dizia que entre as estrelas vagam as respostas que não estão em nossa mente.” 

Se lembrava dos acontecimentos recentes ao tempo que chutava a areia, com as palavras de Yanaho ressoando sob sua mente ao tempo que levava uma mão ao bolso.

— O que teriam feito de diferente? E se eu os matasse, quem seriam os próximos a aparecer aqui querendo vingança?

— O que você faria, pai? — perguntou diretamente ao céu, elevando a peça do “Rei” encontrada nas vestes de seu pai após o ataque. 

Sua pergunta era levada pela brisa daquela noite de lua, ao tempo que sua mente era conduzida para uma memória daquela mesma peça sendo derrubada em um tabuleiro bem na frente de seu pai:

— Xeque-mate! — gritou uma Hoshizora bem mais nova, derrubando a peça.

O rosto assustado de Osíris logo se transformou em uma expressão de satisfação, acabando em uma gargalhada. 

— Podemos passar o dia todo aqui, não vou conseguir te vencer — interrompia o sorriso de repente, apontando para a criança — não conte isso a ninguém ou ficará de castigo!

— Contar que você é um perdedor? — mostrou a lingua. 

A satisfação e risadas entre pai e filha foi interrompida pelo girar da maçaneta, revelando o rosto sereno de Yasukasa na porta que nem ao menos pediu licença.

— Mandaram te chamar, a carruagem já está quase pronta para averiguar a situação no índice. Não deveria jogar xadrez e rir enquanto seu povo clama por progresso — batia a porta assustando a mais nova. 

— Essa garota — coçava a cabeça, voltando seus olhos para perceber sua garotinha enchendo os beiços, levando os cotovelos à mesa — que tal mais uma partida? — tentou animá-lá.

— Pode ir, papai. Yasu está te esperando, não precisa perder seu tempo comigo. 

— Como ousa dizer isso — recolocava as peças no lugar. 

Eu não consigo acompanhar os passos de minha irmã, muito menos de você. Ela sempre está um passo à frente, sendo prestativa, ela até consegue lutar. Não é atoa que todos já me enxergam só como mais uma… — cruzou os braços, emburrada — como minha mãe.

— Bom, eu não te vejo assim — se levantou — você pode ser frágil fisicamente, mas sua utilidade não é algo que você não precisa se preocupar. 

— E por que não? 

— Por que você é minha filha — agachou próximo dela, colocando a mão sob sua cabeça — nossa utilidade sempre está naquilo que aperfeiçoamos, como isso aqui — apontou para mesa — xadrez é muito mais que um jogo, deve se ter inteligência sob as melhores decisões, estratégias, para vencer. Enquanto uns treinam a força — levou o dedo indicador para a testa de Hoshizora — outros treinam a mente.

Voltando ao presente, lágrimas desciam do rosto da princesa que lembrava do sorriso e do tato do pai em sua testa naquele dia, ressoando sob sua memória, a mensagem daquele dia: 

— Sua irmã precisará de alguém para tomar as melhores decisões, e lá estará você. Minha pequena pensante, a maior princesa que essa Dinastia já viu! Posso contar com você para isso?

Sim — respondia ao céu no presente — preciso enxergar além do problema — limpava as lágrimas — se você confiou essa Dinastia a nós duas, eu tomarei as melhores decisões.


Ilustradora: Joy (Instagram).

Revisado por: Matheus Zache e Pedro Caetano.

   

 



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