Volume III – Arco 8
Capítulo 70: Céu Limpo Pt.2
Nenhum vento ou canto dos pássaros perturbava aquela manhã. A luz do sol penetrava em uma caverna isolada, acordando o rosto gelado do rapaz que ali adormecia.
Seu ouvido zumbia. Levantando as pesadas pálpebras, ele encarou as estalactites acima. De repente ele inclinou a cabeça para o lado e alcançou o lado da sua cama com as mãos. Não havia nada ali.
“Foi tudo um longo sonho?”, pensou, sentindo uma forte dor no ombro.
— Aiuchu? — subiu a voz acima do ruído em sua cabeça.
Seus braços empurraram seu tronco para o alto, mas seu corpo permaneceu preso aos cobertores. Na medida que seus olhos tentavam alcançar o redor, Suzaki percebeu uma sombra crescente na entrada.
— Quem é você? O que fez comigo?
O homem chegou no leito de Suzaki, bloqueando o sol, cuja luz desenhava o seu corpo alto, coberto por um casaco de pele. Aquela mera visão, fez os olhos do jovem corrigirem a si mesmos e sua boca responder sua própria pergunta:
— Munny…
— Eu que devia te perguntar, espertinho — tirava tampões ensanguentados do ouvido de Suzaki — O que você fez?
— Não lembro… Tudo parece ter sido um sonho.
— Lá fora parecia mais com um pesadelo — cruzou os braços.
— O que você viu?
— Se conseguir se levantar — ajudou a ficar sentado na cama — eu te mostro.
Sem os lençóis as feridas e manchas de sangue saltaram aos olhos de Suzaki. Da palma das mãos até o antebraço, estava tudo áspero. O mero ato de fechar o punho estremecia seus músculos.
O caçador colocou o garoto nos ombros, caminhando com ele pelo bosque. As árvores estavam nuas, os troncos de pé estavam manchados de sangue. O gramado ostentava pedaços de carne e membros. Uma trilha de morte que levava a uma enorme cratera no centro.
— Desde que mudei para cá — Munny se interrompeu — Nunca tinha visto nada como a tempestade de ontem. Daqui até alguns metros, não sobrou nada. Mais a frente tinha um templo da sua gente, não era?
— É, tinha — apontou para o buraco no centro da cratera — me leve até ali.
Os dois desceram pelas paredes do buraco, onde descansava um corpo torrado, enrolado no que restou de uma capa vermelha. Em sua boca repousava a lâmina de duas pontas feita de fulgur.
— Eu te encontrei aqui. Pensei que estivesse morto também, já que…
As falas de Munny ecoavam distante. O cadáver à sua frente despertou memórias em Suzaki da noite passada, onde uma ventania envolvia o templo do Império Ao. Outro raio castigava a estrutura enfraquecida do templo na floresta Hercínia, dessa vez comprometendo suas colunas.
No centro daquele caos, Suzaki puxava sua espada do corpo de Masao. De dentes trincados e veias saltando da pele, ele encarou seu alvo com seus olhos cujas pupilas estavam apagadas pelo forte azul que pulsava neles.
Koji deu um passo para trás, ameaçando a corrida, quando um jato de água tirou a atenção de Suzaki, permitindo que o imperador disparasse com sua corte. De mãos abertas, Tadashi unia a água da chuva em um único fluido forte o bastante para conter o avanço do rapaz, pressionado à beira do altar.
— Vão! O lugar vai desabar — gritou o general.
Levantando sua guarda com a espada, Suzaki escorou a pressão para o lado, acertando nos Heishis que subiam para cercá-lo.
— O que deu em você, moleque? — questionou Tadashi, se preparando para o avanço do jovem.
Enquanto isso, Dohana e a corte faziam seu caminho para a saída, ao passo que o próprio chão sob seus pés desabava e o teto sobre suas cabeças cedia.
Assim que atingiram a saída, a porta se fechou com os destroços, caindo sobre os que ali passaram. Dohana, que ficara a poucos metros de compartilhar o destino dos apressados, gritou ao seu marido:
— Tira a gente daqui!
Contudo seu foco estava na luta na sua frente. A baronesa aguardou seu resgate, porém a coluna ao seu lado despencou sobre ela primeiro. Dessa vez, o general ouviria seu último grito.
— Dohana! — rebateu Suzaki com um largo corte que o afastou — Assim não!
Os arredores do altar deslizavam para soterrar todo o templo. Incapaz de alcançar sua mulher, Tadashi se rodeou com a água da chuva, formando uma bolha.
Os nobres e Heishis que fizeram sua fuga, testemunharam um enorme buraco engolindo a construção. Os raios não cessavam de cair próximo, iniciando um incêndio na floresta.
— Precisamos chegar às carruagens — disse Koji, puxando Yomi — O resto de vocês fiquem atentos! Ele pode ter sobrevivido!
Por ali os Heishis ergueram suas armas, quando um primeiro tremor abalou os destroços. Jatos d’água brotaram do entulho, abrindo caminho para a bolha que guardava Tadashi. Um grande suspiro de alívio se fez ouvir entre os homens naquela tempestade.
— Aquele desgraçado… — dizia, socando o chão — levou minha mulher junto dele!
O buraco estremeceu mais uma vez. Pedaços do teto foram atirados para o céu. Emergindo da superfície, Suzaki anunciava seu retorno com outro grito.
Sangue escorria por seus braços. Ele virava a cabeça de um lado para o outro, como se estivesse em busca de algo. Os Heishis por sua vez, se aproximaram.
— Está cercado, moleque! — exclamou Tadashi — Não tem chance contra todos nós.
Suzaki respondeu correndo na direção do bloqueio humano e atirando sua espada. A lâmina rodopiou no ar, fatiando o interior das linhas inimigas, ao passo que ele atraiu as espadas para si utilizando sua energia.
Pegando uma a uma no ar, Suzaki as enterrou em cada um que cruzou seu caminho. Os Heishis revidaram com cortes e estocadas, porém o rapaz continuava. Quando sua lâmina original deu uma volta completa no pelotão, ela retornou para as mãos do seu dono que a enterrou pela terra liberando energia por toda parte.
A descarga energizou as espadas de fulgur que havia usado, criando uma reação em cadeia que explodiu tudo ao seu redor. Ajoelhado no chão debaixo da chuva, que enfrentava as chamas crescentes, Suzaki via mais Heishis chegando. Muitos deles.
Uma dor subia do seu abdômen. Descendo os olhos, viu a ponta de uma lança e a arrancou fora, aos grunhidos. Suzaki ficou de pé e uniu as mãos, respirando fundo.
O vendaval que se iniciou a partir de sua técnica carregava a chuva, pedaços de armadura, armas e até mesmo os céus. Seu kazedamu e o incêndio agitaram as nuvens, criando um vórtice intenso em seu interior.
A visão do ciclone formado aterrissando no campo foi o bastante para estremecer as pernas da linha de frente. O tornado se misturava às chamas, varrendo tudo em seu caminho. No olho do furacão, as feridas da técnica rasgaram seu corpo, ao passo que o fogo ardia o lado direito de seu rosto. Contudo, os gritos de dor de Suzaki eram mudos frente à tempestade.
Aproximando-se das carruagens uma luz surgia de repente por trás dos principais nobres na direção oposta, Koji admirava o poder de seu filho, na companhia de Yomi, que corria na frente:
— Esse é o monstro que você criou, Koji.
— Ele tinha tudo isso dentro de si o tempo todo — sorria — É o meu filho.
O furacão se dissolvia no ar aos poucos, deixando uma camada de poeira e brasas, penetrando na respiração de quem havia sobrevivido. Passos na névoa, circulando Suzaki.
— Lembro de quando chegava ao seu limite nas aulas — um Heishi envelhecido se fazia visto à esquerda de Suzaki — devia se lembrar de quem te ajudou a ultrapassar essas barreiras.
— Ibuki… — grunhiu Suzaki.
— Você usou todo poder contra seu próprio povo — exibia sua espada — Essa sua ingratidão acaba agora!
Pela direita, outro Heishi avançou passando sua espada na altura do pescoço de Suzaki, que defendeu. Os dois disputavam espaço pela força, enquanto ele reparava no mais velho chegando para aproveitar a brecha. Empurrando a guarda de seu oponente para o lado, Suzaki fincou sua lâmina no chão e girou na empunhadura, chutando ambos.
Na sua aterrissagem, ele pegou a espada do mais velho, que pairava no ar, e a arremessou contra o segundo Heishi. A lâmina enterrou seu peito na terra, de onde ainda não havia se levantado. Suzaki ergueu sua arma e reparou em Ibuki congelado diante dele chamando:
— M-Masato.
— Ele não pode ajudar agora — ergueu uma mão aberta — Ninguém pode.
Faíscas brotaram dos dedos Suzaki, de onde fios de energia saltaram na direção de Ibuki, envolvendo seu pescoço e seus braços. A descarga vinda desses grilhões fritou a carne do Heishi até seu cadáver enegrecido colapsar no chão aos espasmos.
— O que é você? — gritou Masato, arrancando a espada de seu peito.
Com apenas o olhar de Suzaki, um raio desceu sobre seu antigo professor, como se a tempestade correspondesse ao seu gesto. Restando apenas o silêncio entre a destruição e os muitos corpos, enquanto o ex-príncipe caminhava em direção aos que estavam fugindo.
Foi quando uma corrente de água veio de trás. Seus pés pareciam arrastados por aquela torrente, que crescia até formar uma enorme onda, que se alimentava da chuva.
Voltando sua atenção para ela, Suzaki juntou suas mãos e dividiu o maremoto em dois com seu kazedamu. A onda quebrou nos arredores, mas seu fluxo permaneceu constante, envolvendo o alvo em um vórtice. As feridas em seu corpo se abriam graças à técnica utilizada, impedindo que lutasse contra aquela enchente que subia pelas suas canelas.
Por trás da barreira aquática, Suzaki pôde enxergar o criador dela.
— Acabou — declarou Tadashi, levando as mãos ao solo.
A água batia em seu peito, quando ele arremessou sua lâmina de duas pontas na direção do general que desviava. Mesmo segurando a respiração, a água que o envolvia triturava seus músculos e esmagava sua garganta. Suzaki estava boiando dentro de uma prisão mortal, assistindo seu carcereiro do lado de fora:
— Devia guardar isso para usar em nossos verdadeiros inimigos. Em vez disso, estou desperdiçando o uso num moleque como você.
Tadashi comprimia sua mão junto com a água que pressionava contra Suzaki. Sua boca abriu, expelindo ar e deixando que a água preenchesse seus pulmões. De repente, sua arma viajou no ar dando meia volta, na direção do general, que rolou para o lado de último instante.
Contudo, a lâmina continuou seu trajeto, atingindo a bolha que afogava seu dono. Entrando de um lado e saindo do outro, a espada emitiu o iro de Suzaki pela sua estrutura, a rompendo por dentro.
Caindo de quatro na grama encharcada, Suzaki cuspiu a água dos pulmões, enquanto retomava a posse de sua espada. Tadashi respondeu criando uma correnteza que puxou as pernas de seu inimigo para trás.
Apenas fincando a sua espada no chão, Suzaki descarregou seu iro, sobrepondo a energia de Tadashi que infectava as águas. Aos poucos, ela se acalmava mesmo com os esforços do general para controlá-la.
“De onde ele tirou tanto poder?”, pensava puxando sua lâmina prateada. “Sua energia não deveria ser mais forte que a minha!”
Suzaki caminhava na direção de seu oponente, ao passo que a água abria caminho para ele. O último Heishi de pé, passou sua lâmina nas águas e a desceu para um golpe direto na cabeça, formando um gêiser durante seu rastro. O impacto da defesa de Suzaki, ergueu as águas ao redor.
Em velocidade, os dois trocavam golpes de metal contra metal, no qual os jatos d'água de Tadashi eram invadidos cada vez mais por correntes elétricas.
— Mesmo que me mate e depois? — se afastou percebendo queimadura em seus dedos — enquanto estamos aqui se matando, os outros estão rindo de nós!
Gotículas saltavam dos ataques de Tadashi se acumulando na arma de seu oponente. A água se condensou em uma bolha que envolveu a espada de duas pontas. Ele soltou sua arma sentindo o metal escorregar entre os dedos. A bolha pairava no ar, quando Suzaki se afastou desarmado:
— Chega!
Erguendo a mão para o alto, sua mão recebeu um raio dos céus. Suzaki levou a palma ao chão com toda aquela energia, formando uma onda que ergueu a água, os metais e até mesmo o próprio Tadashi. A espada em suas mãos era arrancada por uma força incorpórea. Sua armadura queimava sua pele na medida em que flutuava indefeso no ar.
— Acha mesmo que viu de tudo nos atos da corte? Você não esteve na guerra do sangue! O mundo está repleto disso! Sem nós, esse lugar será arrasado. E daí vai ver do que seus amiguinhos lá fora são realmente capazes!
A pele do general desbotava ardendo, como se estivesse preso a uma fornalha. A bolha que havia construído para a espada de Suzaki estourou.
— Eu disse — recuperou sua arma do chão — que iria se arrepender.
— Meu único arrependimento foi ter te ensinado tudo o que sei.
Liberando Tadashi de sua técnica, Suzaki o permitiu cair livremente para o chão, embora não antes de atingi-lo no ar. Cruzando seu pescoço com um corte, ele separou sua cabeça do resto do corpo.
Mais a frente, os relâmpagos se intensificaram, iluminando a floresta com seus lampejos. O relinchar inquieto dos cavalos, colocaram Koji, sua irmã e Yomi em velocidade na corrida por transporte.
— Os Heishis vão distrai-los, não é Koji? — perguntou Rhea — Koji?!
Atrás deles, corria o restante da corte. Seus gritos de desespero cessaram quando um raio caiu no meio da caravana. Yomi foi arremessado contra um tronco, mas logo se levantou, ao perceber Koji passando por ele correndo.
— Cadê os outros? — perguntou o Tsuki.
— Se quiser sobreviver venha!
Pelo caminho, a tia de Suzaki rastejava pelo chão, ouvindo o choro e súplicas dos membros da corte. Cada pedido negado, cada grito silenciado com o balançar de uma espada ou um rugido dos céus. Quando se ergueu, olhou ao redor e viu um mar de corpos até onde sua vista alcançou naquele breu.
Havia somente uma pessoa de pé, cambaleando com a espada de duas pontas na mãos. A silhueta do que estava se aproximando junto aos olhos azuis claros brilhantes, não deixavam dúvidas para Rhea:
— Suzaki, sou eu sua tia…
O jovem que se aproximava já cambaleava com uma respiração mais pesada.
— Eu nunca fiz mal a você. Por que faria algum mal para mim? Eu não queria nada disso, seu pai… ele realmente falhou com Yua — percebendo que o sobrinho não respondia, pegou em suas vestes — o que houve mais cedo são só negócios, tem que acreditar em…
Sua voz falhava no momento que sentiu sangue encharcar seus dedos. Um relâmpago iluminou a floresta por um breve instante revelando a Rhea seu sobrinho coberto de sangue. Seria a sua última visão, antes do grito derradeiro que ecoou pelos ouvidos de Yomi em sua fuga.
Os dois adentraram uma das carruagens no qual as rédeas balançavam com os cavalos desesperados em relinchos, com medo da tempestade.
— Koji! — chamava — Os cavalos estão agitados. Assim não vamos longe.
— Ajude-me a subir, logo — ordenou Koji.
— E os outros?
— Que outros?! Vá logo! — ordenou Koji.
Yomi estalou as rédeas, mas o animal arrastou para outro lado. Eles bateram numa árvore e continuaram. Eles insistiram no transporte para em poucos metros, um raio descer no caminho deles. A carruagem virou, atirando Yomi para longe. Os cavalos estavam livres das rédeas e partiram.
Um zumbido cortava a audição sensível de Yomi até que o som abafado das botas na grama crescia. Por fim, já na sua presença, seu perseguidor expirou ao mesmo tempo que o trovão rugindo nos céus.
— Eu devia esperar por isso, não é? — se contorcia no chão.
Suzaki fincou sua espada na coxa de Yomi. O Tsuki arrancava a grama com as mãos, sentindo o metal fatiar sua carne e ossos.
— Antes de eu ir… o Ryo… Ele te disse alguma coisa antes de…?
Arrancando a espada da sua perna, Suzaki o virou no chão com um chute. A visão do rosto do jovem lançou arrepios na espinha de Yomi antes de receber sua resposta:
— Não.
Após isso ele enfiou novamente a lâmina sob a ferida girando ela até separar a perna direita de Yomi do resto do corpo. Abandonado aos berros altos e gemidos, a hemorragia se intensificou junto à dor que levava o líder dos Tsuki a um destino de sofrimento até a morte.
Suzaki caminhou até a carruagem virada e a encontrou tombada e vazia. Olhando ao redor, viu Koji engatinhando até sua coroa caída.
O imperador pegando em seu precioso, ficou de pé e quando ergueu sua cabeça para vesti-la, alinhou sua visão com a do seu filho revestido de vermelho que caminhava até ele.
— Tudo que sacrifiquei foi para que essa coroa permanecesse aqui — apontou para a testa — você tinha a opção de tentar tomá-la de mim, ou até mesmo me servir e esperar a sua vez — engatinhou para trás — Porque escolheu fazer tudo isso?
— Para te matar.
Koji começou a correr após a resposta, mas tropeçou em uma raiz. Suzaki caminhava na sua direção, quando tentou agarrar sua coroa novamente. Dessa vez, as mãos de seu filho a tomaram dele para esmurrar seu rosto com ela.
O imperador caiu no chão, segurando seu nariz sangrando.
— Você gosta da sensação — começava a rir — Gosta desse poder que eu te dei, do medo das pessoas quando te olham.
Trovões ressoavam mais alto, quando jogava a coroa para longe. O filho usou sua arma perfurando as costelas de seu pai. Depois atingindo o peito e repetidas vezes em outros pontos que não eram vitais.
— No fundo… você e eu somos iguais. — cuspia sangue, sorrindo — Você realmente é meu filho…
— Pensei que eu fosse apenas Suzaki — respondeu, rodando a espada dentro do corpo do imperador.
— Tenho… — se contorcia — orgulho de você…
— Cala a boca!
O último grito do jovem foi pontuado pela sua espada caindo sobre a boca de Koji. Junto com seu golpe, ele comandou um raio que se precipitou sobre os dois. O clarão perdurou por alguns segundos varrendo aquela pequena área da floresta, deixando uma cratera cujo no centro estavam os dois.
Os dedos de Suzaki deslizavam da empunhadura da espada de duas pontas. Sua respiração pesava e o brilho em seus olhos minguou. Ele caiu ao lado do cadáver esquelético de Koji, deixando a chuva limpar suas feridas.
Com um breve suspiro, Suzaki notou suas mãos agora firmes e puxou a espada da boca daquele corpo com a pele evaporada.
— Fui eu — interrompeu o caçador — matei todos.
Munny arregalou os olhos, olhando fixamente para a arma de Suzaki. Engolindo seco o caçador disse:
— Melhor irmos andando, não vai demorar para encontrarem isso aqui. Eu te resgatei, então melhor ficar comigo até se recuperar… Não acha?
Sentindo os raios de luz acariciarem seu rosto, Suzaki ergueu a cabeça, percebendo o céu azul, desimpedido de nuvens.
— Algum problema? — perguntou Munny.
— Não, é só que — respondeu Suzaki calmamente — A temporada de tempestades acabou.
Ilustradora: Joy (Instagram).
Revisado por: Matheus Zache e Pedro Caetano.