Nisoiro Brasileira

Autor(a): Pedro Caetano


Volume III – Arco 8

Capítulo 65: Rugido dos Céus

O tempo estava acabando para os Tsuki, na medida em que a lua aparecia no céu, mesmo coberta por nuvens. Essa espera foi pontuada por mais um golpe de aríete inimigo nos portões principais. 

Ryo que vigiava tudo do telhado de sua casa, desceu para alertar seu pai:

— Eles cansaram de esperar. Temos que agir.

— Ainda não acredito que o molecote se foi — comentou Tetsuhi afiando uma espada em suas mãos — O imperador ganha alguma coisa com isso?

— Já não podemos mais contar com ele — sacou a arma das mãos do ferreiro — Se ainda é o marquês que conheço, pode muito bem ter inventado uma história para nos assustar — abria um baú antigo — Vamos acabar com isso nós mesmos. 

— Mas e se tentarmos o acordo? — perguntou um Tsuki

— Confia mesmo que Koji nos deixaria voltar para o palácio assim? — respondeu Ryo cerrando os punhos — Nossas cabeças iriam rolar antes pisarmos na capital.

— Nossas peças estão posicionadas, agora é esperar a jogada deles — dizia Yomi, retirando frascos de líquido preto do baú — Preparem-se homens!

Enquanto os Tsuki protegiam seus olhos com a seiva da noite, Yomi despachava Tetsuhi de volta à forja. Por sua vez, Ryo encontrava na sala ao lado um verdadeiro arsenal esperando por ele.

“Não são fulgur, mas até que Tetsuhi fez um bom trabalho”, pensou o caolho, tomando uma lança para si.

O aríete se preparava para mais um murro, quando avistaram a fumaça sendo expelida pela chaminé. 

— Estão brincando com nossa cara?! — comentou o arauto — Atacar, agora!

O aríete arrombou a entrada da fortaleza Tsuki, abrindo caminho para um pelotão armado com espadas e escudos, cuja armadura brilhava em laranja pelas lamparinas carregadas por seus acompanhantes. 

A tropa invadiu casas, revirou estábulos e por vezes até avistaram vultos, mas não encontraram ninguém. Quando cobriram o terreno por completo, restava somente a forja, de onde vinha a fumaça: 

— Ouço algo lá dentro! — gritou um deles — Deve ser eles.

Mais recuado, o comandante viu seu pelotão entrar às pressas no lugar quando reconheceu um cheiro estranho. Olhando para suas botas, reparou numa pequena trilha de pólvora correndo até a entrada da forja.

Antes que pudesse avisá-los, uma corda se soltava do alto, fechando a porta e derrubando também óleo em cima dos homens do lado de fora. Finalmente, uma pequena fagulha foi riscada nas sombras. 

A explosão pôde ser vista dos muros externos. O fogo correu pelas trilhas de pólvora da vila, cercando os Heishis em uma prisão de labaredas. Nos sombras surgiram os Tsuki armados e liderados por Yomi, disparando suas flechas contra os inimigos. que ergueram seus escudos.

— Perdemos a primeira tropa. Precisamos recuar! — gritou o comandante.

A debandada dos Heishis foi atrasada pela chama e o ataque coordenado dos Tsuki, que desciam atrás deles. Yomi enterrava sua espada em um Heishi desorientado, enquanto seus cavaleiros ceifaram as vidas dos que ficavam para trás com suas lanças.

Junto a eles, Ryo cavalgava rumo à muralha, reparando numa movimentação diferente dos Heishis dali. 

— Tetsuhi contou a eles sobre o fulgur. Mas será em vão, a batalha já estava decidida antes de começar — dizia o arauto, levantando as mãos — Arqueiros!

Enfileirados, os Heishis no topo do muro apontaram seus arcos para o alto, atirando as flechas para uma chuva de morte que desceu sobre o esconderijo.

Uns poucos Tsuki conseguiram encontrar refúgio nas casas, mas Ryo caía de seu cavalo com a primeira saraivada. sendo obrigado a usar seu próprio animal como escudo.

Os Heishis voltaram a avançar suas linhas, pressionando os homens de Yomi. Saindo de baixo de seu cavalo, Ryo percebia seu pai mancando com uma flecha na perna e vestes queimadas. Nas muralhas, mais arqueiros chegavam pelas torres móveis.

Pegando uma espada de fulgur no chão, o caolho passou a arma numa chama próxima e arremessou contra a torre. Apesar da pequena explosão, Ryo pôde ver as torres sem nenhum arranhão. A lua era coberta pelas nuvens daquela noite quando os Heishis apontavam seus arcos mais uma vez.

— Corram! — gritou Ryo, correndo para junto dos Tsuki que restavam. 

De repente, o céu se iluminou com um forte relâmpago que desceu sobre uma das torres, destruindo-a por completo além de arrancar um pedaço da muralha. Os Heishis na zona de impacto foram arremessados daquela altura e os todos ficaram atordoados pelo barulho ensurdecedor. 

Ainda de pé, o arauto viu os homens da retaguarda caindo nas mãos de um único alvo. Ele cruzava as linhas inimigas cercado por uma bolha de energia, atraindo as armas rivais, as usando e depois explodindo pelo caminho. 

Chegando perto do aríete, uma roda de homens o cercava, quando, energizando a mão esquerda, o invasor socou o solo. Os pulsos elétricos derrubaram a todos, voltando a atenção dos arqueiros para ele. 

Com os olhos brilhando em azul, a figura desceu outro relâmpago dos céus, atingindo uma segunda torre e o restante da muralha cuja estrutura cedeu completamente. O sujeito caminhava a passos pesados e ofegante pelas ruínas de seu ataque.

Os destroços caíram sobre o ariete, restando somente o arauto caído, se arrastando para longe quando reconheceu seu algoz:

— O que é você?! — gritou o Arauto para o sujeito que se aproximava. 

Pegando o subordinado do marquês pelas vestes, Suzaki respondeu: 

— Sabe bem quem eu sou — respondeu, arremessando o sujeito de volta ao chão.

Tomando um arco dos destroços, Suzaki atirou três flechas contra Heishis próximos, que avançavam sobre os Tsuki da vila. Entre eles, estava Ryo que cresceu os olhos com aquela visão

— Suzaki, você veio — disse Ryo, abrindo um sorriso.

Seu rosto, no entanto, se fechou ao ver o príncipe vencer os Heishis rapidamente, terminando a luta enfiando uma espada no meio do peito do último. Retirando ela do cadáver, ele reparou no seu brilho.

“Então ainda usam fulgur com bronze”, pensou Suzaki, arremessando o objeto brilhante para o lado.

A espada que havia atirado, explodiu no meio de Heishis e Tsuki que estavam em combate próximos dali. Os dois grupos foram atirados para longe, despertando a atenção do filho de Yomi.

— Ei! — berrava, agarrando seu ombro — Pode machucar um dos nossos!

Com a intervenção de Suzaki, que dizimou a linha traseira, os Heishis remanescentes recuaram para os portões, mas não havia escapatória. Um de cada vez, os Tsuki os encurralaram.

— Seus covardes! — gritou o arauto — não podem abandonar o dever assim. 

O chefe das forças de Aotaka tentava agarrar os pés de seus Heishis, mas acabou tendo suas mãos amassadas pela bota de Yomi, que logo desceu sua espada sobre as costas do sujeito. Foi então que uma leve chuva caiu sobre o campo de batalha. 

As chamas foram extinguidas pelo temporal, permitindo que os Tsuki reunissem os mortos e feridos de ambos os lados. Afastado dali, Suzaki tomava cobertura numa árvore, checando suas ataduras, quando Tetsuhi apareceu para ele. 

— Está vivo! — o abraçava com força, o levantando do chão — O Yomi ficava falando “Desiste dele, agora é só a gente”, mas eu nunca acreditei. Você é mesmo o Heishi Celestial.  

Observando a conversa de longe, Yomi estufou o peito indo na direção aos dois, seguido pelo seu filho. 

— Você! — empurrava o ferreiro para o lado, apontando o dedo para Suzaki — Aquela arma podia ter matado um dos nossos.

— Podia — respondeu Suzaki, abaixando o dedo do Tsuki com sua mão. 

— Acha que só por que nos salvou pode fazer o que quiser?! 

— Sem mim, sua guerra teria acabado hoje — deu passos adiante — pense menos no que eu poderia ter tirado, e mais no que posso oferecer. 

— Tenha mais respeito por…

— Aotaka estava por trás dos ataques a vocês e a mim desde o início — interrompeu Suzaki, indo até um cadáver e arrancando uma espada ensanguentada — Mas a sua vantagem estava na discrição. Sabemos quem ele é e onde está, e podemos acabar com isso.

— Quer levar de uma batalha a outra? — cruzou os braços — Nossos homens estão exaustos e feridos. Vamos decidir um curso de ação depois.

— O depois é agora! — respondeu o príncipe guardando a arma — Você queria uma guerra contra a corte, eu vou te dar uma. Esse cerco foi o melhor que Aotaka tinha para nos oferecer e não estará esperando um ataque — colocava seu punho no peito do líder — ele está na mordomia apenas esperando sua cabeça e de seus companheiros… qual resposta quer dar para isso?

— Tem razão — dizia Yomi, segurando a risada — preparem suas armas e veículos! 

Com as ordens de seu pai, Ryo correu para frente para alcançar o príncipe que já andava com as costas viradas para eles: 

— Ei, para de fugir de mim! Eu passei esse tempo todo te procurando. Onde estava?

— Estou aqui e é tudo que precisa saber. 

— Suzaki, o que houve com você? Você sempre se segurou e agora derrama sangue como se não fosse nada. 

— Da última vez, tentou me convencer a desistir da investigação e agora que me comprometo com a guerra, me cobra — ficou de frente para Ryo — O que você quer de mim?

A pergunta jogou a conversa em um silêncio temporário. Ryo batia seus dados na coxa até esgotar a paciência do príncipe que voltou a caminhar para longe.

— Quando a guerra acabar — gritou Ryo — precisa sobrar alguma coisa. Tenho certeza de que destruição não é o objetivo. 

— Eu já não tenho mais certeza de nada — respondeu ainda de costas. 

Passadas algumas horas, os preparativos para a nova incursão dos Tsuki terminaram. Suzaki e Yomi tomaram os primeiros cavalos liderando algumas dezenas de sujeitos encapuzados em direção aos domínios do Marquês do Vale. 

Do alto das montanhas ao redor do Vale do Trovão, no jardim dos fundos de sua propriedade luxuosa, Aotaka desfrutava de uma apresentação teatral, na companhia dos seus coordenados. 

O marquês descansava sobre uma larga poltrona de couro na primeira fileira, rodeado de frutas e mulheres. Seus convidados sentavam-se em filas de cadeiras atrás dele, ao passo que uma mulher vestindo roupas humildes, mas com o cabelo escuro, enrolado por tranças tomava o palco.

— Essas terras são mortais e cruéis. A tempestade destrói plantações, nossos lares e as vidas de quem mais amamos. Mas quem se importaria com nosso povo tão sofrido?

Outros atores maltrapilhos apareciam de seus esconderijos, carregando foices e enxadas.

Aotaka saboreava as uvas estendidas para ele das mãos de uma consorte, quando um Heishi o cutucou no ombro. Espantando a criada, virou-se para o mensageiro bufando:

— Por que me ocupa? — protestava em voz baixa — Não vê que estou no meio de algo importante?

— Senhor, nossos homens já deveriam ter retornado do cerco nos Tsuki — dizia o Heishi se curvando.

— E eu com isso? Devem estar se divertindo às custas do Yomi e os seus ratos. Uma hora eles ficarão entediados e então levaremos o lixo para a porta do Imperador. 

— Mas senhor, nossos homens nos muros saíram para vigiar as estradas e não voltaram faz um tempo.

— Quanto pessimismo, já eles voltam — abanou o ar, voltando a assistir a peça. — Agora, me deixe em paz, porque essa é a minha parte favorita.

Vestindo uma longa capa azul e um cordão prateado no pescoço com uma nuvem pendurada em sua ponta, um homem de cabelos dourados surgiu por trás da cortina. Um por um os camponeses se ajoelharam perante ele.

— Seus dias de sofrimento acabaram porque eu Masato Chisei cheguei nessas terras — outros fantasiados com armaduras começaram a subir no palco — Vamos trazer paz, prosperidade e força. 

Os camponeses e os Heishis deram as mãos, exceto pela mulher que ficou ao lado do personagem de Masato, apoiada em seu peito.

— Deixemos esse vale condenado para trás. Nossa casa está nos céus!

A plateia explodiu em aplausos. Em pouco tempo, os atores se reuniram em fila na frente da plateia e se curvaram a todos abaixo de mais aplausos. O marquês, já com as lágrimas enxugadas, levantou-se da poltrona e subiu no palco para receber uma parte da ovação. 

— Obrigado, obrigado — posava na frente do elenco para a plateia.

A festa durou mais uma hora, até que os convidados se retiraram. Retornando para sua mansão, Aotaka se viu desfilando pelos salões de sua casa, admirando os retratos de seus antepassados.

“Finalmente, algo para orgulhar a todos vocês”, pensava, imitando a pose dos retratos. “ Será que em meu retrato devo ficar assim? Ou assim? O Heishi Celestial morto pelo Marquês do Trovão. Será que meus descendentes contarão histórias sobre meu feito?”

Passando pelo último quadro, o marquês soou um sino exibido na porta sala, mas não foi respondido. Tocou novamente e nem mesmo os passos apressados de seus servos foi ouvido.

— Ei — gritou para os corredores — Eu não admito que façam corpo mole na minha grande noite! Onde vocês estão?!

O céu escurecia com nuvens negras, seguido por um relâmpago que cortava o horizonte acompanhado por um forte trovão. Junto com esse rugido, Aotaka ouviu gritos vindo da entrada. 

Pisoteando pelos corredores de mármore, o marquês já ensaiava sua bronca, quando parou na frente da porta que levava ao seu estúdio. Tocando na fria maçaneta dourada, ele reparou em sangue escorrendo pelo chão.

Seu coração disparou, forçando a entrada que parecia emperrada até ceder. Além do ranger das dobradiças sentiu algo sendo empurrado para junto da porta. Quando pisou no cômodo, ele encontrou o que bloqueava sua passagem: um cadáver de um Heishis. E mais homens estavam estirados ao longo da sala.

Heishis — sua voz saía trêmula — Heishis à mim!

Aotaka disparou pelos corredores, visitando sala atrás de sala, chamando por quem ouvisse, porém ninguém respondeu. 

Retornando aos corredores, o marquês espiou pelas longas janelas outro relâmpago que aparecia no céu. Seu lampejo revelou no fraco reflexo do vidro alguém atrás do Marquês.

Segurando o fôlego, ele se virou dando de cara com um homem as escuras apontando uma faca na direção de seu pescoço.

— Não chegue perto! — gritou, correndo para a saída.

Enquanto descia as escadarias principais na entrada de sua morada, ele via toda sua guarda deitada nos degraus sem vida.

“Os estábulos, eu posso fugir por lá”, pensava, cruzando a saída. 

Esperando por ele estava uma carruagem solitária com um homem no assento do condutor. Aotaka saltou, acenou e gritou pela sua atenção.

— Por favor! Estou sendo perseguido, querem me matar! Proteja o seu senhor!

O marquês decidiu puxar o homem para perto com as mãos e ele não resistiu. 

Contudo o peso de seu corpo se provou demais para o frágil nobre, que o deixou cair ao lado da carruagem, revelando uma adaga enterrada em seu peito e seus olhos desfalecidos.

Antes que pudesse reagir, Aotaka foi puxado por trás, rolando no seu gramado. Erguendo a cabeça, viu que estava cercado por homens como aquele que viu na sua mansão e no meio deles um rosto familiar:

— Quem diria que pudesse ser você esse tempo todo? — disse Yomi, pisoteando sua cabeça contra o chão — Você sempre foi um covarde mesmo.

— Diga isso para mim depois que sair das sombras, Yomi.

— Sua família nos colocou lá — gritou — Só nos adaptamos. 

O som de espadas sendo sacadas embrulhou o estômago do marquês, que segurou a canela de Yomi.

— Por favor, podemos chegar a um acordo. Posso te dar apoio político. Eu te ajudo. Quer dinheiro? É só pegar.

— Essa disputa seria simples se fosse apenas entre mim e você, mas — retirou a bota de cima de Aotaka — Eu devo seu castigo a outra pessoa.

O círculo de homens abriu espaço para Suzaki ficar frente a frente com seu alvo.

— Não. Isso é impossível — dizia Aotaka, se afastando — Tem que ser um fantasma. Fique longe, seu espírito maldito.

A saudação de Suzaki veio na forma de um punho enfiado bem na face de Aotaka, que caiu no chão.

— Sem Heishis — dizia Suzaki, o segurando pelas roupas — nem caçadores de recompensas, nem Tadashi. Só eu e você.

Com uma das mãos, Suzaki arrancou as perucas brancas da cabeça do marquês, revelando seus cabelos loiros amarrados.  

— Misericórdia. Eu imploro — revidava com arranhões, mas recebeu outro tapa — Foi a Dohana e o Daisuke. Eles me convenceram, eu juro.

Arrancando o elástico e sacando sua espada, Suzaki cortou os longos cabelos do marquês.

— Não faz isso… por favor! — rastejava na grama, recolhendo os fios com as mãos — Poupe a minha vida e lhe dou o que quiser.

— Eu não quero a sua morte — chutou o rosto de Aotaka e o esfregou na terra com a sola — Quero que mande uma mensagem para seu imperador. 

Enquanto o pisoteava, Suzaki puxou a túnica de cetim do marquês, rasgando-a em dois.

— Pare! — Suplicava aos soluços.

— Está tudo pronto? — perguntou Suzaki para Yomi.

— É só dar a ordem — respondeu.

— Mostre a ele.

Os homens na roda abriram mais espaço. Suzaki tirou seu calcanhar da cabeça do marquês que ao levantar, tentou correr de volta para sua casa. Contudo, uma explosão vindo dela o derrubou. Sua casa agora estava em chamas.

— Não — gritava em voz chorosa, esticando as mãos — Meus antepassados! — virava para Suzaki — Tem ideia do que fez?

— O resto da sua propriedade vai terminar da mesma forma — deu-lhe uma bofetada com as costas da mão — se não cooperar.

Rastejando na grama, Aotaka começou a puxar a agarrar os pés de Suzaki. Seus olhos inundados de lágrimas, desmanchando sua pálida maquiagem.

— Eu faço tudo que você quiser, mas apague essas chamas! Os quadros dos meus antepassados, eu não sou nada sem eles!

— Vai voltar à capital e avisar ao imperador que eu estarei esperando no Mirante Celeste, sozinho. Ele deverá vir sem Heishis também — o empurrou para longe de si.

De trás da casa, voltavam os Tsuki responsáveis pelo incêndio. Um deles trazia consigo uma garrafa na mão e a entregou para Suzaki, que despejou o líquido em cima do marquês, ainda de joelhos pela sua morada em chamas. 

Quando esvaziou o vidro, o príncipe o quebrou nas costas do nobre, que se pôs a correr para longe dali, ao som das risadas dos Tsuki. Um deles, esticou a perna pelo caminho, o fazendo tropeçar enquanto retomava o caminho.

— Acha que ele vai cumprir? — questionou Yomi.

— Aotaka é um marquês sem território agora, sua única alternativa é apelar ao imperador… ele irá relatar tudo. Eu irei encontrar Koji pessoalmente — respondeu se afastando. 

— Que seja — terminou Yomi, se virando para seus subordinados erguendo o punho cerrado — O Vale do Trovão pertence aos Tsuki!

Com urros e espadas levantadas ao céu, a família renegada de nobres comemorou sua vitória debaixo da chuva que acabava de descer sobre eles. 

Suzaki, contudo, se retirou da pequena multidão permanecendo com os olhos fixos no que havia além dos muros da cidade, nas simples casas abaixo deles. Enquanto Ryo percebia o príncipe de longe. 


Ilustradora: Joy (Instagram).

Revisado por: Matheus Zache e Pedro Caetano.

   

 





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