Nisōiro Brasileira

Autor(a): Pedro Caetano


Volume III – Arco 8

Capítulo 58: Caçador de Sombras

Com as trovoadas cessando, Suzaki e Ryo se aproximavam de uma barulhenta cidade que ostentava luzes vermelhas e azuis nas lamparinas, espaçosas casas de muitas janelas cobertas por cortinas, e sacadas repletas de mulheres soprando beijos para os cidadãos.

No nível das ruas, os Heishis estavam distraídos na gandaia, assobiando e gritando com seus copos vazios. De trás de um estábulo, Suzaki puxava seu cavalo com Ryo montado, ambos com os rostos completamente cobertos pelo capuz, caminhando pela multidão.

— Ainda bem que chegamos — suspirou o caolho — não tava aguentando mais aquela “presença”. 

— Também sentiu? — perguntou Suzaki.

— Impossível não sentir — apontou para o ouvido — estamos sendo seguidos desde que você voltou. 

— Achei que você tinha alguma coisa a ver com isso — revirou os olhos.

— E eu tenho certeza que isso tem a ver com você — dizia olhando de um lado para o outro — então é isso? Bebidas, mulheres e jogos. Esse é o poder paralelo do império que tanto falou? 

— Nem os duques e marqueses da região querem se envolver aqui — sussurrou — Se alguém sabe da Asami, é a baronesa que comanda isso tudo.

— Eu vou presumir que você tenha um plano para achar ela nessa confusão. Sem falar em convencê-la a ajudar.

— A corte ama ostentar, não vai ser difícil encontrá-la — apontou para um bordel de três andares à sua direita — E até onde sei ela não tem nada com o Koji que nos impeça de recorrer a ela.

Trazendo Ryo montado, Suzaki se distanciou da pequena multidão que cercava o maior bordel da rua, indo até uma mulher, de cabelos cacheados e vestido, em cima de um barril com uma caneca de vidro, num beco isolado. 

— Licença — se aproximou Suzaki, espantando a garota — Gostaria de saber como tirou esses barris de dentro do bordel? 

A disposição do rapaz, fez a cortesã descer do barril, encaixando os pés nas sandálias jogadas bem abaixo.

— Sabe que nesse lugar tudo tem um preço — levou um dos dedos à boca, deslizando sob seu vestido depois — se quiser também, terá que investir.

— Se eu pagar, pode me colocar lá dentro? 

— Se você pagar eu respondo — sorria, estendendo a mão. 

— Sua ladra! — De repente, um berro do outro lado do beco chamou atenção deles.

— A gente paga pela bebida e você ainda bebe sem permissão? — seu amigo deu um passo à frente, segurando-a pelo pulso.

— Achei que fizesse parte do acordo!

— Não faço acordos com prostitutas. Eu só pago e vocês só servem! — pegou no outro pulso apertando. 

— Para, tá me machucando! — pedia enquanto o outro Heishi pegava em um barril.

— Melhor sairmos daqui antes que as coisas esquentem — sussurrou Ryo.

Porém Suzaki caminhou lentamente até eles, pegando no ombro do soldado que segurava a cortesã:

— Você já tem as bebidas, ela só tomou um copo, solte-a. 

— Acha que vai me intimidar vestindo o lençol da sua avó, nanico? Dá o fora daqui — girou o braço contra ele.

Desviando por baixo dos longos braços do Heishi, o deixou completar o movimento e tropeçar em seu pé esticado. O segundo tomou a caneca das mãos da mulher, mas teve seu ataque antecipado pelo filho de Koji que espatifou o vidro sacando uma de suas foices.

O primeiro oponente ergueu-se para puxá-lo pela capa negra, sendo chutado para longe, levando consigo o disfarce do príncipe. Na tentativa de recuperar o capuz, ele terminou recebendo um chute do parceiro, o jogando para o meio da rua, exposto.

— Suzaki… Sora? — indagava um dos homens para logo após gritar — Peguem ele!

Suzaki ergue-se, puxando suas foices para lutar, quando sentiu a perna agarrada pelo primeiro Heishi. Após chutar seu rosto, ele investiu contra um punhado de soldados que se amontoaram nele, terminando todos arremessados porta adentro do bordel. 

Ryo desceu do cavalo, furando a fila de homens para se juntar ao parceiro, que pegava um heishi da pilha de corpos pelo colarinho para bater, quando percebeu que todos estavam parados, olhando na direção do primeiro andar do salão.

— Qual o motivo desta bagunça? — disse uma mulher, colocando a cabeça para fora do parapeito — Aqui é para vocês se divertirem, deixem a guerra para o resto da Imperador-lândia.

Era uma senhora alta, portando um vestido cortado na perna, calçada por salto alto. Ela descia os degraus da escada na lateral, tilintando seu colar e brincos pendurados no corpo, parando frente a frente com o rapaz.

— Então é isso — ela tragou o cachimbo fino entrelaçado nos dedos e assoprou no ar — Não está um pouco longe de casa para ficar fazendo travessura, criança? 

— De um jeito ou de outro, seu plano funcionou — se aproximou Ryo, percebendo que Suzaki reconheceu a mulher — Só me avisa da próxima vez.

— Baronesa Dohana — largava o sujeito nas suas mãos — estou atrás de informações sobre uma cortesã morta pelo império. Asami trabalhava por aqui, certo? 

Dohana inclinou a cabeça, semicerrando os olhos, pelos segundos em que no lugar não se ouvia nada além da respiração ofegante dos Heishis que cessaram o combate, antes de uma gargalhada brotar dela para cortar o silêncio. A seguir, todos os outros presentes riram timidamente junto com ela.

— Desculpe-me — dizia ela, entre risos, segurando uma das mãos na frente da boca — Isso é demais para mim, perdoe-me. 

— Senhora Dohana, um Tsuki está com ele — um Heishi sussurrava próximo dela — não são bem-vindos aqui! — apontava para a lua minguante estampada na veste de Ryo. 

— Quem é ou não bem-vindo aqui, sou eu quem decido — colocou a mão em sua armadura, empurrando-o — agora se afastem, todos vocês! — ela acenava aos Heishis.

Aos poucos, guardas se posicionavam nas costas dos dois visitantes, os empurrando para frente com seus escudos.

— Por que não esquecem isso por hoje e voltam a se divertir? — sorria erguendo os braços — príncipe desgarrado e assistente caolho, me acompanhem — virou-se subindo as escadas novamente.

Antes de pôr os pés nos degraus, um servo apareceu para segurar o vestido da baronesa que era acompanhada de seus dois convidados. 

No andar superior de todos os lados haviam portas e mulheres perfumadas que observavam com os olhos afiados os homens que passavam pelos corredores. Ryo olhava de um lado para o outro com o rosto avermelhado, enquanto Suzaki não tirava os olhos da mulher na sua frente. 

A sala esperando por eles, exibia uma lareira e quadros estampados nas paredes, além de instrumentos exóticos conservados em uma prateleira. Por trás dos rapazes, duas cortesãs pegaram na mão dos jovens, os levando até duas poltronas. 

A baronesa se sentou na maior delas, perto da lareira. As cortesãs foram para junto dela, ao passo que os guardas fecharam a porta pelo lado de dentro. Dohana então abria um enorme sorriso que contrastava seus dentes brancos, frente ao batom vermelho dos lábios, dizendo:

— Você cresceu, mas não mudou nada. Será que se lembra de mim, criança?

— Lembro bem, até mesmo de ser afastado de você pelo meu cuidador — colocava os ombros sobre a mesa — Você também está quase mesma. 

— Você disse quase? — olhava suas unhas — Seu pai é muito rigoroso com a hierarquia, a relação entre meu empreendimento e os homens da corte é controversa, mas ele sabe que é necessária. Cedo ou tarde iríamos nos reencontrar — colocava seu cachimbo na boca.

— Não vim aqui para conhecê-la… 

— Mas é claro que não — soltava a fumaça interrompendo, fazendo um gesto para as meninas — Já conheceram duas das minhas melhores flores, Kaorin e Hina — as cortesãs se apoiaram nos dois jovens — Acho que está na hora de vocês crescerem.

— Eu quero saber sobre Asami — insistia Suzaki, afastando a cortesã — não me interessam essas garotas, muito menos você.

Pela primeira vez o sorriso de Dohana se fechava, fazendo com que as próprias garotas recuarem surpresas.

— Podem ir meus amores — despachou as meninas e olhou para os Heishis — E vocês, imundos, fiquem do lado de fora! 

— Acho que agora podemos falar sério — sussurrou Ryo, esticando a coluna com as mãos para trás.

— Eu não sei de onde vem essa obsessão por uma mulher. Asami era uma aproveitadora barata que teve o que merecia. 

— Descobrimos que ela era uma cortesã graças a alguns pertences que achamos dela — dizia Suzaki entregando o frasco que haviam achado na casa — reconhece o que era isso?

— Reconheço, sim — deixava o cachimbo de lado — ela arruinou a vida de muitas pessoas. Um rostinho tão belo, usado para tirar tudo o que queria dos outros — olhava o frasco colocando próximo a uma lamparina — foi exatamente essa ganância que custou tudo o que ela tinha.

— Os relatórios dizem que foi morta pouco depois de dar a luz a um filho da casa de Sora — explicou o príncipe — mas não há nada sobre o destino da criança.

— Por que não existe criança — Dohana abriu uma gaveta, pegando um vidro idêntico ao outro que recebeu, mais cheio — este frasco vazio continha um medicamento para aborto espontâneo. Asami se envolvia com membros do alto escalão — estendeu o vidro ao príncipe — ela tentou subir na vida assim, mas se comprometeu com o homem errado. Tentou escapar do castigo abortando, mas isso não a fez escapar do seu destino.

— Então o sangue na cama dela… — comentou Ryo — Era o que meu pai tinha pensado também.

— Então, a criança nem nasceu — concluiu Suzaki, negando com a cabeça — Mas como? Por que o relatório estaria errado? — se levantou incrédulo.

— A corte nos rejeita, mas sabe que minhas meninas impedem os Heishis de fazerem mais besteiras do que o normal. Agora, quando chega ao ponto de gerar herdeiros ilegítimos, aí eles mostram as garras para protegerem a pose de moralistas — concluiu Dohana assoprando fumaça rente a face de Suzaki.

— Viemos aqui para nada? — disse Suzaki, curvando a cabeça. 

— Sei que vieram de muito longe, então o mínimo que posso oferecer são dois quartos para vocês. Estão imundos e precisam de cuidados — abria a porta, acenando para os guardas da porta — Eles te levarão aos seus quartos.

— É, caso encerrado — disse Ryo encarando o teto. 

— Por que mentiram nos relatórios? — perguntou Suzaki. 

— Quando foi morta já devia estar sem barriga. Podem ter pensado que o filho já tinha nascido. 

— A corte é muitas coisas, porém desleixada não é uma delas. E além disso, eu não confio na baronesa. 

— Você não confia em ninguém, e eu não confio na perseguição que estamos sofrendo — suspirou Ryo, levantando — se quer mesmo confirmar isso tudo, vamos ter que passar a noite aqui de qualquer jeito. Melhor numa cama do que na sarjeta — sugeriu pegando no ombro do príncipe, que apenas observou seu companheiro seguir até a porta. 

No terceiro andar do bordel, o príncipe foi levado ao seu quarto por um dos guardas. Sua cama era de casal, larga com cortinas ao redor e nas janelas, com vista para a rua. Jogando sua capa e capuz de lado, Suzaki caiu sobre a cama e ali ficou.

“Se Asami tomou aquele frasco, com certeza a criança não nasceu. Ela tentou continuar a gravidez mas algo a fez mudar de ideia. Daisuke tinha razão. É como se tudo naquela biblioteca estivesse esquecido”, pensava estirado, quando ouviu batidas na porta.

Chegando perto da porta, Suzaki levou as mãos para as foices na sua cintura, antes de perguntar:

— Quem é? — perguntou sem resposta, apenas mais batidas.

Assim que girou a maçaneta, sentiu a porta ser empurrada contra ele, abrindo espaço para uma mulher saltar para dentro do quarto.

— Deixa eu entrar — a mulher pressionava sua mão na boca de Suzaki — não quer arrumar problema de novo né? Eu também não. 

Tirando as mãos dela de seu rosto, Suzaki tentou alcançar a porta, mas a cortesã se apoiou contra a saída. As velas ao lado da porta, o permitiu reparar em seu vestido e nos fios encaracolados de sua cabeça.

— Você — deu um passo para trás — Não quero esse tipo de serviço. É melhor ir embora. 

— Não sou mulher de ficar em dívida com ninguém. Muito menos com o príncipe. Você estava querendo saber da Asami, né? 

— O que você poderia saber sobre ela? — interrogou Suzaki colocando o braço para cercá-la na parede — Até onde eu sei, você é mais uma. 

— Eu até posso ser, mas a Asami era conhecida por todas as cortesãs mais velhas e clientes daqui. A fila de espera por ela era interminável, vinham clientes de todas as cidades. Dizem que isso mexeu um pouco com a senhora Dohana.

— E por que uma baronesa se importaria com os negócios irem bem?

— Ela já era dona desse lugar, mas ainda não era baronesa. E você sabe do quê as meninas daqui estão atrás. Quando Asami apareceu, Dohana se sentiu substituída pelos seus clientes. Descartada por causa da idade.

— Isso não faz sentido. Se as duas estavam competindo por uma posição na corte, devia ter um homem. Ela devia ter um marido e nunca ouvi falar dele. Quem era?

— Ela nunca fala. Eu ouvi essa história das outras, pode ser só fofoca de gente mais velha. A verdade é que só percebemos a morte dela porque nunca mais voltou para trabalhar  — explicou. acariciando a orelha do príncipe com as mãos — mas eu conheço alguém que pode saber.

— Desembucha — respondeu, afastando a mão da cortesã aos poucos.

— Ryutaro era um cliente fiel de Asami — se encaminhou até a saída — passou anos e anos procurando por aqui, se alguém sabe mais é ele — estendeu a mão para o príncipe — Ele fica sempre no cassino. É um velho, com barba grande e faltando cabelo.

— Isso diminui pouco a minha busca. Por que ele ainda estaria com alguma informação relevante?

— Porque ninguém escuta mais ele. Asami cobrava caro e esse cara era obcecado. Gastava tudo que tinha para ter noites com ela, e quando ela subiu, perdeu o resto com bebida e jogo. A típica história dos homens por aqui.

— E pelo visto, quer arrancar dinheiro de mim antes que eu seja a próxima história para contar?

— Se eu sair do seu quarto sem um puto no bolso, todo mundo vai suspeitar. Esse lugar só tem o resto, tem ideia de para onde levam o resto do resto? Você não tem outra escolha amorzinho, só tem o seu orgulho a perder comigo saindo daqui tão rápido — girava a maçaneta, estendendo a mão pela última vez.

Virando a cabeça para baixo, Suzaki hesitou, antes de puxar a sua bolsa com as moedas.

— Tudo tem um preço — despejou algumas moedas na mão dela.

— Não fica assim. Algumas cobram mais caro — fechou a porta depois de soprar um beijo.

Após retornar à solidão de seu quarto, Suzaki saiu pela janela, escalando o bordel pelas laterais até atingir o topo. De lá, saltou de telhado em telhado, rumo a uma torre de vigia. Puxou suas foices e as usou como gancho para chegar no ponto mais alto da cidade, onde pôde enxergar tudo. 

Não havia velas ou tochas, mas ele escolheu sentar-se na beirada, onde as luzes da cidade refletiam em seu rosto. Por outro lado, foram seus ouvidos que captaram algo vindo por trás. 

Passos firmes, vindos das sombras. Um homem largo, coberto por túnicas pretas e uma máscara de mesma cor. Suzaki imediatamente se pôs de pé, porém o sujeito somente sentou-se na beirada ao seu lado.

— O que há de bom para o homem nessa vida? Durante os seus dias, ele não passa de uma sombra. Olhe só para eles, virando a noite atrás de prazeres descartáveis para afogar o desespero das suas existências — disse o homem com uma voz rouca e abafada pela máscara.

— Quem é você? — baixou a guarda, mas manteve as foices nas mãos.

— Eu tenho te observado de perto — deslizou as mãos pelo espaço na beirada onde Suzaki estava sentado — Chegue mais perto, meu nome é Nobura. 

— Se é você que tem me seguido — guardou as armas, permanecendo de pé atrás dele — Quero saber o que quer de mim?

— Desde que escapou da casa do seu pai, pensei que estivesse pronto para trilhar um novo caminho. Infelizmente, estou pensando que superestimei a sua maturidade.

— Esse é um novo caminho! Koji precisa pagar pelo que fez a essas pessoas.

— A essas pessoas ou a você?

— Você não sabe nada sobre mim! 

— E o que foi aquilo lá embaixo mais cedo? Ou quando voltou e expulsou os Heishis? Nokyokai? Se eu não conhecesse você, por que estaria te observando?

— Se você viu tudo, sabe porque tive que agir daquela forma. Se ficasse parado, algo terrível poderia acontecer com aquelas pessoas — cerrou os punhos — O tempo em que eu era usado como arma para ferir as pessoas de novo, acabou. 

— Isso é uma corrida atrás do vento — apontou para a cidade — Ninguém aqui quer ser liberto das suas vidas. Veja essas mulheres. Elas escolheram isso, e vão continuar se colocando nessa situação outras vezes.

— Fala como se tivessem escolha. Enquanto a corte não mudar, as coisas continuarão da mesma forma.

— Corte, império, dinastia, eles não fazem as regras e sim são selecionados por quem faz, e por isso, nenhum de nós tem escolha. Você ainda não enxerga que está sempre atrás da consequência do problema e nunca da causa. Como um caçador de sombras, está sempre atrás das projeções do verdadeiro problema.

— Quando eu terminar — insistiu, sentando-se ao lado de Nobura — A corte será obrigada a abandonar Koji, essa guerra e buscar colaboração com o continente porque…

— Porque você é um menino importante, o Heishi Celestial. Esse é o caminho que vai trilhar?

— Eu fiz uma promessa. Não estou sozinho nessa determinação.

— O que chama de determinação — Nobura se ergueu, andando de volta para as sombras — Eu chamo de vaidade. Voltarei quando perceber melhor isso.

— Ei espere, não me disse o que quer… — interrompeu sua fala, percebendo que já estava só, como se o mascarado tivesse desaparecido junto às sombras.

“Esse cara… ele não parece ser daqui”, pensou antes de voltar seus olhos para a cidade abaixo. 

De telhado em telhado, Suzaki circundava o cassino em busca de uma abertura. O lugar estava cheio de Heishis muito bem armados. Saltando para o telhado do estabelecimento, ele se pendurou na borda e desceu devagar até perto de uma das janelas abertas que dava para o andar de cima do lugar. Era um canto discreto, reservado a uma mesa vazia, sem ninguém olhando.

Daquele ponto podia ver tudo dentro do local, assim como um homem debruçado na bancada, com barba grande e pouco cabelo, com um copo na mão direita, o sujeito escondia sua face pelos cotovelos. 

“Tirar ele de lá chamaria muita atenção”, pensava, olhando ao redor, quando avistou um grupo novo de cortesãs chegando no lugar.

Descendo as escadas às pressas, Suzaki tomou sua oportunidade quando duas delas foram rejeitadas pela mesa de cartas.

— Você não é novinho para estar aqui? — uma delas comentou.

— Meu tio está solitário ali na bancada — apontou para Ryutaro — Se puderem animá-lo um pouco. Ele está tendo um dia muito ruim.

— Esse aí tem dias ruins sempre, garoto. Tenho pena de você por lidar com isso aí.

— Só tenho medo dele causar confusão. Ele não vai me ouvir se eu falar — puxou uma bolsa pesada, cheia de dinheiro — Então, vocês poderiam me ajudar?


Ilustradora: Joy (Instagram).

Revisado por: Matheus Zache e Pedro Caetano.

   



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