Volume III – Arco 8
Capítulo 57: Vidas Esquecidas
Ainda era noite, quando uma jovem coberta por trapos retalhados juntos por poucos fios, esperava sentada nas escadas que levam até a porta de casa, enquanto fechava os buracos de uma das três cestas de palha que guardava consigo.
Durante seu trabalho, podia ver um amontoado de cabanas, que cobriam a vista fora da sua casa até a nascente do rio logo abaixo. Os moradores mesmo em silêncio já estavam de pé para proteger suas frágeis moradas do vento forte.
Quando a porta da sua casa se abriu, duas meninas começaram a descer a escada. A primeira, uma pequenina botava os pés um atrás do outro, saltando de cada degrau, como se fosse uma murada, com um sorriso no rosto. A outra, ainda coçava os olhos e bocejava, vindo logo atrás:
— Não podia esperar mais cinco minutos, Kyoko?
— Já estamos atrasadas em meia hora. Se demorarmos mais, vamos voltar debaixo de tempestade.
— Pra onde a gente vai hoje, mana? — a menor perguntou.
— Para o mesmo lugar de sempre, Michiko — respondeu Kyoko, amarrando a menor cesta nas costas da garotinha.
Ela entregava a outra para a sonolenta, que puxou suas bochechas e exibiu a língua para a mais nova, dizendo:
— A gente vai morrer!
— Não, aí eu não quero — Michiko cruzou os braços.
— Deixa a Kimiko para lá. Você acha que eu te colocaria em perigo? — perguntou ela, segurando-a pelos braços — Você só tem que me obedecer, entendeu? Segura a minha mão e não sai de perto.
As três desceram pela pequena vila, até um desfiladeiro. A passagem era estreita, e só podia passar um atrás do outro. Kyoko tomou Michiko nos braços, enquanto a outra irmã vinha logo atrás.
Finalmente, Michiko desceria do colo de sua protetora, quando as três atravessaram o precipício. O Sol vazava pelas nuvens, revelando os campos logo abaixo, apesar de trovões. Chegando lá, metade do campo estava queimado. O resto estava repleto de espigas e outras plantas.
— O que você está procurando está debaixo dessas plantas mais baixas — Kyoko agachou para olhar nos olhos da garotinha — Tem que puxar com força. Eu e sua irmã vamos tirar comida das plantas mais altas — sorriu com as mãos na cabeça da pequena.
— E se eu me sujar?
— A vovó não vai ficar zangada. Coloca tudo que achar na cesta nas suas costas.
Michiko concordou com a cabeça e se lançou na terra.
— Sem colocar nada na boca — gritou Kimiko — Fica perto da gente também.
— Deixa ela se divertir um pouco — comentou Kyoko, arrancando o milhete de uma espiga.
— Não é você que vai limpar as roupas delas — protestou, repetindo o gesto da irmã — daqui a pouco aqui não vai ter mais o que pegar. Vamos ter que ir mais longe para encontrar comida.
— Por isso trouxemos ela. Precisamos pegar tudo, senão a tempestade pode queimar o restante.
— Odeio essa época do ano — Kimiko puxava a espiga com mais força, amassando os grãos com a mão — a comida só dura um dia e mal dá para sair. Desde que tudo aconteceu, todo ano é isso… Nunca vai acabar?
— Eu sinto falta deles também — tomou os grãos da mão da irmã — Mas descontar na nossa comida não vai ajudar.
— Pelo menos você os conheceu.
Interrompendo a conversa das duas, Michiko chegava com o rosto sujo exibindo suas unhas negras, mas com a cesta cheia até a borda. Ela cambaleava, mal contendo o equilíbrio do peso nas suas costas, ao passo que tinha uma batata mordida nas mãos.
— Peguei tudo — ela falava de boca cheia
— Ai, era só o que me faltava — suspirou Kimiko, enquanto Kyoko gargalhava.
Após terminar de encher as cestas maiores e dividir a carga, as irmãs começaram seu caminho de volta quando já era manhã. Uma chuva suave descia sobre elas, forçando Kyoko a carregar sua irmã mais nova e uma cesta adicional por todo o trajeto, porém isso apenas serviu de atraso. Quando o temporal se formava, elas já subiam as escadas para casa.
— Vó, a gente chegou! — Michiko gritava pela casa.
Sem as cestas pesando em seu corpo, ela saltou pela casa, quando entrou num dos quartos e bateu de cara com um homem, muito mais alto, que se virou imediatamente.
Assim que o choro de Michiko ecoou pela casa, as irmãs correram ao seu encontro. Chegando lá, Kyoko tomou a garota nos braços tentando acalmá-la, enquanto ouviu a voz do visitante:
— Droga, não sei lidar com crianças.
— Ryo?! — o reconheceu, vendo seu tapa-olho — Não podia ter escolhido um horário pior? — cessava o choro da mais nova.
— Eu falei para você que ela não ia gostar — comentou Ryo ao rapaz que estava atrás dele, escondido na escuridão.
Pisando na luz, que saía pela porta da casa, Suzaki se revelou a Kyoko, cujo olhar de reprovação se mudou rapidamente.
— Você… Voltou… — dava Michiko a sua outra irmã ao lado.
— Ryo me disse que você… — dizia Suzaki, sendo interrompido por um abraço da jovem.
Todos se sentaram ao redor de uma caldeira recém aquecida, onde Kimiko cozinhava os grãos. Kyoko descascava as batatas com uma faca, apesar de seus olhos estarem grudados em Michiko, que brincava com os pedaços de espiga e grãos que sobraram nas cestas.
— Encontrei uma casa abandonada no meio do mato. Pelo tamanho do gramado ninguém fica lá há muito tempo — comentou Kyoko — Estava praticamente escondido pela natureza.
— Como sabe se a casa já foi dela? — questionou Suzaki.
— Eu encontrei isso aqui jogado no andar de cima — tirou de um bolso da sua calça um brinco de argola, com um nome inscrito nele — É Asami o nome dela, né?
— Um presente — comentou Ryo — Do pai da criança talvez?
Suzaki se colocou de pé, mas foi advertido por Kyoko.
— Se eu fosse você esperava a chuva passar. As tempestades costumam ser perigosas — viu que Suzaki continuava de pé — assim que der comida para minha avó, estarei livre para te levar lá.
— Estamos com pressa — insistiu Suzaki — Isso não pode passar de hoje, Kyoko.
— Eu sei, eu sei — ela suspirava — mas então terá que fazer a tempestade parar.
Com as palavras da irmã mais velha, Ryo escondia seu riso com as mãos, ao passo que ela seguia para um quarto escuro, onde acendeu uma vela. Em alguns minutos, ela saiu de lá carregando nos braços uma mulher com rugas e olheiras profundas. Sua respiração estava comprometida e seus cabelos esbranquiçados. Quando sentou-se junto dos outros, ela olhou de canto para as visitas:
— Arrumando problemas de novo, Kyoko?
— Só quero ajudar uns amigos, já conversamos sobre isso vovó — enchia uma colher e levava a sua boca.
— Amigos? — engolia — Isso não tem por aqui. Só querem algo em troca, se deixar vai ser roubada.
— Eles não são daqui — enchia outra colher e assoprava a comida antes de alimentá-la de novo.
— Pior ainda mocinha, foi por causa desse povo de fora que estamos abandonados aqui. Não nos dão nada, e tiram tudo de nós quando bem entendem. — completou, virando seu corpo para o lado contrário — deixa, perdi a fome.
A senhora tentou se pôr de pé, mas precisou ser ajudada por Kimiko, que a levou de volta ao quarto.
— Pode deixar que eu dou um jeito dela comer — disse Kimiko, fechando a porta atrás dela.
Deixada com seus convidados e sua irmã mais nova, Kyoko sussurrou a si mesma.
— Nada vai mudar se sempre fizermos as mesmas coisas — puxou ar com força, bateu a poeira das roupas e se levantou também — Michiko, eu quero ver esse prato vazio quando voltar.
— Pensei que iriamos esperar a chuva — estranhou Ryo.
— Ela dá uma trégua no caminho — pegava um pano para cobrir a cabeça — agora vamos — se encaminhou até a porta com os dois.
— Volta logo, mana — pediu Michiko cabisbaixa.
A mais nova entre eles seguia na frente sob a tímida névoa que os cercava. Quando chegaram no precipício de antes, Kyoko tomou um desvio fora da estrada. Entre os troncos retorcidos, um deles estava entalhado com uma faca, indicando a ela o local correto.
Pulando o muro, a lama do terreno afundava seus pés, ao passo que a mata chegava aos seus joelhos. A fachada da casa no centro estava tomada pela natureza, exibindo somente uma chaminé quebrada em seu topo.
— A porta está agarrada, algo está bloqueando por dentro — Kyoko colocou uma mão no queixo — O único caminho é pelo alto.
— Você já pode ir — disse Suzaki, se colocando à frente — vamos dar nosso jeito por aqui.
— Espera, eu posso ajudar.
— Deixa ela Suzaki — Ryo agachava entre as matas, próximo a estrutura — Já veio até aqui, que mal pode ter? Consigo ouvir as fundações rangendo no solo. Isso explica porque está inclinada — se aproximou das paredes — Algumas videiras crescem nas janelas quebradas de cima — puxou uma delas da parede e a esmigalhou — Duvido que suportam nosso peso para subir. Melhor tentar usar aquele seu truque do vento.
— O Kazedamu só vai acabar de destruir tudo, nesta condição.
— As videiras podem não aguentar o peso de vocês, mas aguentam o meu. Eu entrei pelo buraco da chaminé — Kyoko se colocava entre os dois — Eu nunca fui na porta, dependendo do que for posso abri-la por dentro.
— Nem pensar! — ordenou Suzaki — você nem era para estar aqui.
— É isso ou soprar a casa montanha abaixo, deixa a garota tentar — Ryo bateu nas costas dela, motivando.
Dando um passo para trás, Suzaki cedeu às demandas de Ryo e viu Kyoko começar a escalar. Suas mãos deslizavam sobre madeira molhada, que rangia a cada toque de seus calçados. Perto do topo, ela saltou para alcançar o teto de uma vez. Seu pé escorregou por um instante, porém Kyoko agarrou na beirada rapidamente. Do alto, ela acenou para Suzaki com um sorriso antes de entrar na chaminé.
— Determinada, onde achou ela? — perguntou Ryo com as mãos na cintura.
— Na verdade, ela me achou.
Após a resposta de Suzaki a garota passou pelo buraco, e alguns barulhos depois a porta foi aberta, jorrando água para o lado de fora.
— Era água… e uma cadeira na maçaneta também — disse a garota exibindo as vestes molhadas.
— Quem quer que tenha morado aqui, não queria que ninguém voltasse — Suzaki reparava nas infiltrações.
O primeiro andar estava inundado, com a água batendo nas canelas do visitante. Por outro lado, Ryo havia encontrado uma escadaria, levando para os andares superiores.
— O vento estava vindo daqui — comentou Ryo, vendo a janela aberta no final dos degraus, antes de cobrir as narinas — Já o mofo vem de todo lugar.
— Eu subo, vocês ficam aqui — disse Suzaki.
Ryo e Kyoko se espalharam pela casa, uma vasculhando todo andar inferior, começando pelos menos atingidos pela água até convergirem para a sala, onde estava uma lareira já morta, que levava à chaminé. A água batia nos joelhos ali, mas boiando nelas, Ryo encontrou pedaços de papel.
— Essa carta tem o nome dela — comentou Ryo pegando deslizando a mão na fraca tinta para decifrar as palavras — É um cara perguntando se ela gostou de um presente.
— Tem várias cartas — disse Kyoko, vendo o rastro de folhas levando a uma mesa com a gaveta aberta — algumas já apodrecidas.
— Recolham todas e continuem procurando — respondeu Suzaki de cima.
No segundo andar, ele já havia cruzado todo o corredor sem encontrar nada. O último cômodo restante era o quarto, coberto por uma densa camada de poeira. Abrindo o guarda-roupas encontrou vestidos de cetim, cachecóis, luvas e outras peças de luxo.
“Alguém que não seja das famílias reais não devia ter isso”, pensou.
Andando de costas para longe do armário, ele esbarrou na cama e ouviu um vidro cair no chão. Reparando num líquido escorrendo por debaixo da cama, ele encontrou um frasco caído lá.
“Já estava praticamente vazio”, cheirou a boca e imediatamente recuou pelo odor, “Por que ela esconderia debaixo da cama algo que já consumiu?”
— Ei Suzaki, está tudo apodrecido. Duvido que iremos encontrar algo útil fora dessas cartas — chamou Ryo, entrando no quarto e reparando no guarda-roupas aberto — Minha nossa, como ela poderia ter…
— Disse que nas cartas falavam de presentes de outros homens.
— É, as coisas estão fazendo sentido aqui — pegava em um dos tecidos — então ela era uma cortesã — concluiu antes de olhar o frasco nas mãos de Suzaki — achou algo?
— Consegue reconhecer o cheiro? — entregou o vidro a Ryo.
— Nada, só tem um cheiro péssimo — entregou de volta — Tira isso de perto de mim! Já não basta o cheiro de poeira e sangue nessa cama.
— Sangue? — perguntou Suzaki, puxando os lençóis e levantando poeira.
Por debaixo das roupas de cama, uma mancha vermelha no colchão amarelado.
— Precisamos descobrir o que aconteceu aqui — dizia Suzaki — Se ela era mesmo uma cortesã, ela trabalhou em Yoroniwa.
— Sabe bem onde está se metendo, né?
— Não temos outra escolha. As cartas ainda podem ter algo relevante, mas decifrá-las levaria dias.
— Então vamos deixá-las apodrecer aqui? É arriscado levar com a gente. Melhor entregar para alguém de confiança.
— Não vou entregar para o seu pai, nem para ninguém dos Tsuki.
— Nesse caso — sorria dando de ombros — só temos uma alternativa.
Após deixarem Kyoko em casa com as cartas, os dois continuaram viagem pelas montanhas. A chuva havia piorado e os relâmpagos cortavam o céu, obrigando Suzaki a refugiar-se em uma formação coberta por rochas na beira da estrada. Enquanto ele amarrava seu cavalo, o Tsuki quebrou o silêncio:
— A Kyoko te vê como um herói. Você sabe, né?
— Vamos ficar aqui somente até a tempestade passar. Não durma, porque preciso de você de madrugada para me guiar.
— Um caolho guiando alguém — riu — Mas ouviu alguma coisa do que eu disse?
— Ela tem a mesma idade de quando comecei meu Rito de Passagem — retirou um cobertor da sela e o abriu no chão, onde sentou-se — Tudo impressiona uma criança assim.
— Não dá para controlar como as outras pessoas reagem ao que você faz — sentou ao lado de Suzaki — A questão é o que você fez a ela?
— Foi pouco depois que me juntei ao seu pai — afastou-se de Ryo — O recrutamento forçado para guerra com os Midori já havia começado nas regiões menores. Ela ficou escondida por trás da barraca de um vendedor, me vendo expulsar os Heishis de lá. De repente, apareceu me implorando por ajuda.
— E olha que a barraca estava logo ali né, nem para pegar um pouquinho — dizia Ryo, rindo, mas o olhar de Suzaki fechou seu sorriso.
— Eu sequer havia dito uma palavra e ela continuou explicando sua situação. Sua avó estava doente e o remédio que precisava só era vendido lá. A cada minuto que passava, suas irmãs em casa podiam morrer de fome sem ela por perto para colher.
— Quanto de dinheiro você deu a ela?
— Voltei com ela depois de conseguir o remédio. Chegando lá, convenci a outra irmã a ajudar na colheita e ensinei algumas coisas para sobreviverem.
— Então aquelas cestas foi você que fez?
— Elas já tinham, era da família. Eu só as ajudei a cruzar algumas partes, ir mais longe do que já foram para procurar comida, onde as tempestades não alcançam facilmente.
— Já até imagino o que aconteceu com os pais num lugar desses. Eu já tinha ouvido falar da existência desses… indigentes. Mas vendo agora é bem pior do que eu imaginava — deitou a cabeça em cima de suas mãos — Esse lugar… está tudo errado.
— Esse não é um problema só nosso. O mundo lá fora está repleto de lugares como esse.
— Primeira vez que vejo você falando de suas viagens — provocou Ryo.
— E última — concluiu dando as costas ao companheiro.
Do outro lado do vale, longe das viagens de Suzaki e Ryo, entre os picos mais altos do mar de montanhas do Império Ao, uma propriedade enorme, apoiada nas montanhas, de colunas de mármore brancas, telhas alinhadas, protegidas por dois muros.
Um externo, guardando uma pequena cidade e campos verdes, salpicados por neve. E outro interno, protegendo um castelo, cujos corredores tinham suas paredes decoradas, com retratos de homens e mulheres distintos, recebiam duas visitas inesperadas, escoltadas pelos Heishis locais.
Quando empurraram uma extensa porta para o salão principal, os soldados despertaram a ira do residente:
— Seus porcos! Como ousam entrar sem minha complacência?!
Os guardas de armadura apenas abriram espaço para a passagem deles, cuja mera visão fez o dono do castelo enrubescer.
— Imperador e… Duque, que dizer, General Tadashi…Eu… — tentava se explicar abaixando a cabeça
— Queria muito que minha visita semanas atrás tivesse sido a última — dizia Koji, olhando o sujeito de cima para baixo — Encarar essa sua face derrotada toda vez, é uma perda de tempo. E eu odeio perder tempo, Aotaka.
— Majestoso Imperador Koji, por favor, me chame de Marquês. S-Se está aqui pelo o que houve na vila…
— Incompetente e arrogante! — gritou — Fui muito claro sobre não cruzar com os Tsuki ainda, pois estavam com meu filho. Por acaso, falei com as paredes? Antes fosse, seu pai teria me escutado mais que você.
— Meus homens descobriram que o Heishi Celestial havia sumido da região — dava passos para trás — Não tinha como prever sua volta repentina.
Com um gesto de imperador, Tadashi se colocou atrás do marquês, o agarrando pelos braços. As tentativas de se soltar do nobre cessaram com um tapa vindo do punho de Koji, que o derrubou, ressoando por toda a sala.
— Você me desrespeita, subestimando minha criação! Enviando Heishis de segunda contra alguém que venceu os melhores do império antes mesmo de completar a maioridade! — puxava um lenço para limpar a maquiagem no rosto do marquês das mãos.
— Ilustríssimo, majestoso… — arrastava-se aos pés de Koji — Eu imploro por sua clemência. Dê-me uma segunda chance.
Koji forçou uma risada, chutando o marquês para longe dele.
— Olha só para você, Aotaka Sora, implorando como um plebeu. Seus antepassados tem sorte de estarem mortos para não testemunharem como os envergonha — virou-se de costas, seguido por Tadashi — Se permanecer assim, sua linhagem sofrerá com um rebaixamento pela primeira vez, e você carregará tudo o que herdou, para o esquecimento!
— Nunca, por nada nesse mundo! — se reergueu Aotaka.
— Então traga meu filho de volta! Se quiser vencer, precisa parar de fazer miséria e começar a investir pesado — o grito foi acompanhado da porta sendo batida pelos Heishis.
A face assustada de Aotaka se transfigurou em raiva. Chegando na mesa atrás dele, o marquês varreu seus enfeites até o chão e rasgou suas vestes com as próprias mãos, soltando um forte grito. Após extravasar, ele limpou as lágrimas e vasculhou nos armários até achar uma gaveta.
— Basta! — gritou, tomando um pergaminho com laço verde de dentro.
Ilustradora: Joy (Instagram).
Revisado por: Matheus Zache e Pedro Caetano.