Volume III – Arco 10
Capítulo 82: Confissão
Próximo à casa de Kenjiro, Mitensai balançava uma espada de madeira contra em campo aberto contra Dai, debaixo das estrelas daquela noite. Yanaho assistia a tudo, sentado na grama.
Após sucessivos ataques fracassados, Mitensai recuou. Dai apenas parou e contemplou seu oponente jogando suas mechas verdes para trás e batendo em seu peito com a exclamação:
— É agora!
O mais velho até chegou a se proteger, quando viu uma faísca verde brotar em seus olhos, mas ela rapidamente minguou. Mitensai caiu de joelhos logo depois.
— Eu já disse que você tem que acreditar.
— Mas — bufava ofegante — eu acreditei! Até gritei: “É agora!”
— Imichi falou que cada um tem o seu tempo — levava a mão ao queixo — está há semanas tentando, e eu consegui em uma. Uma hora vai dar certo.
— Vamos de novo — se levantou Mitensai.
De repente, uma árvore piscou com o mesmo brilho verde. Os dois combatentes jogaram seus gravetos para o lado. Ramos surgiram da terra, entrelaçando-se com o tronco bem a sua frente, porém havia parado muito antes de atingir os galhos. Dai caiu para trás, puxando ar. Estava suando.
— Se não consegue com força máxima, cansado vai ser pior — se aproximou Yanaho — Melhor não forçar, mas sim controlar.
— Eu duvido que não tenha que exceder os limites em alguma luta. Melhor eu me preparar pra quando acontecer.
— Isso só funciona quando já se tem praticidade. O que o Imichi falou sobre pular etapas? — estendeu a mão o ajudando a se levantar.
— Eu não te conheço, mas só de falar isso sei que treinou com ele sem a vida dependendo do seu resultado.
— Então não me conhece direito. E quer saber de uma coisa, treinei com o irmão dele, e também com Suzaki — revirou seus olhos para o solo — Mitensai me disse que você o conheceu.
— Conhecer não é bem a palavra depois de tudo que aconteceu. Mas já que me entregaram — encarou o garoto.
— Qual o problema? Yanaho é mais próximo dele do que nós — Mitensai deu de ombros.
— Suzaki causou problemas para mim duas vezes. Depois do nosso último embate, percebi que julguei mal as intenções dele.
— Não precisa sentir vergonha porque perdeu para ele. Me igualar a ele é um dos meus objetivos. Em todas as lutas no qual vencemos, eu nunca tive chance — sorria levando a mão ao cabelo.
— O que alguém como Suzaki aprenderia com você?
— Boa pergunta — batia com o punho no peito — ele me dizia que mesmo caindo, eu sempre me levantava de novo.
— Ele deve ter um gosto por teimosos como a gente. Até que ter ele aqui seria útil — disse Mitensai, se deitando com os olhos no luar — Pelo que conheço dele, deve estar com problemas.
— Os nossos são ainda piores. Ainda que vença o torneio, conter a invasão é só uma parte do problema.
Uma voz gritou por eles, da mata:
— Era isso que queria que entendesse desde o início.
Imichi apareceu para eles. Estava descabelado, sem sua capa e descalço. Sentando-se ao lado deles, continuou:
— Prometi ao seu povo mais do que afastar seus inimigos. Vim para entregar liberdade.
— Essa reforma é grande demais — balançou a cabeça — o Chefão parece querer essa invasão. Como vou convencê-lo a…
— Não vai conseguir convencer ninguém até que reconheçam sua força — interrompeu Yanaho.
Dai inclinou-se em sua direção. Mesmo em silêncio, ele acenou positivamente com a cabeça.
— Eu venho te preparando para esse momento — alegou Imichi — Não há do que ter medo. Se você ama essas pessoas, vai fazer de tudo por elas.
O ronco de Mitensai cortou o silêncio da floresta. Imichi levantou-se e o colocou em seus braços, retornando para casa junto com os outros.
O palco do torneio pela chance de enfrentar o Chefão estava finalmente lotado. Dai, que outrora descia às arquibancadas para arena, esperava atrás de um portão de madeira levadiço, já no térreo. Ele podia ouvir o rugido abafado da plateia acima dele.
Na medida em que a porta para a arena abria, o sol penetrava em sua máscara de madeira. Caminhando até seu oponente, que vinha do outro lado da arena, Dai reparou em seu escudo circular preso ao antebraço direito e uma espada na mão esquerda. Seu cabelo estava amarrado e jogado por baixo da malha prateada que vestia. Dai perdia todo fôlego. Havia o reconhecido de imediato.
— Aquele é… — um calafrio atravessou a espinha Noriaki.
— O oponente lutará em nome do líder da facção de Chukai, o herói local: Raito, o protetor! — apresentou o representante.
A multidão gritava o nome dele mais alto. Os dois lutadores se aproximaram
— É você mesmo? — gritou Dai.
— Então me conhece? — levou as mãos para a cintura — Eu analisei sua… “equipe”, e fiquei me perguntando: Quem poderia tirar o Noriaki de casa?
O ar quente soprava areia pelas canelas, que estremeciam na presença do rapaz diante dele, que arrancava um largo sorriso:
— Foi ideia sua estar aqui né? Ignorou de novo os conselhos do seu pai e agora vai ficar no meu caminho, Dai?
— Já devia saber a resposta! — apertou a empunhadura de sua espada.
Dai balançou sua espada da direita para a esquerda. Raito entrelaçou as mãos, jogando seu escudo na direção do ataque. Um barulho do choque entre metais arranhou os ouvidos dos lutadores.
“Que escudo duro, acertar de lado assim não vai fazer nada”, Raito o perseguia pela arena, “É perigoso expor meu iro na frente de tantas pessoas antes do Chefão, mas nesse ritmo…”
Dai recebeu o escudo de seu oponente no peito e depois direto no queixo, o derrubando na areia. A platéia celebrou.
— Você mudou — balbucia Dai.
— Mudei? — Raito deixava escapar um riso — Soube que foi atrás daquele príncipe de novo. E agora me aparece aqui com Mitensai e Noriaki querendo uma audiência com o Chefão. Quem de nós mudou realmente?
— Eu estou lutando por essa gente, como sempre fiz — ficou de pé — O Chefão precisa tomar uma atitude contra a invasão!
— Acredita nisso, e ainda acha que está lutando por nós. Não seja hipócrita.
Dai estocou sua lâmina contra o escudo inimigo e percebeu sua espada se enfiando entre tábuas de madeira, escondidas por trás da cobertura de metal. Puxando seu antebraço, Raito o desarmou e acertou sua cabeça.
Ele preparou um chute, mas sua canela foi agarrada. A aura de Dai se ativou por um instante, permitindo que ele usasse sua força para se erguer e descolar sua espada do escudo. Os dois se afastaram novamente.
— Com o Noriaki usando, você não me surpreende também. Este iro que chamam é coisa do mundo lá de fora, não nossa. Somos livres para percorrer nosso próprio caminho ao invés do deles. Foi para isso que nos tornamos independentes.
— Iro está em cada um de nós, não é propriedade de uma nação ou um povo.
— Da última vez que vi, nossos invasores tem essa mesma aura que usou. As bruxas não eram muito diferentes também. Repetir o mesmo erro é burrice. Olhando para suas novas obsessões, me faz entender porque decidiram te matar.
— Como você sabe disso? — bateu o pé no chão, subindo a voz — Raito, com quem está trabalhando?!
— Você é como este reino antes do Chefão. Um cachorro vira-lata correndo atrás do mesmo dono que o abandonou. Quantos deixou morrer por essa rebelião inútil?
Raito arriscou um corte e Dai uma estocada. Trazendo seu escudo para perto, o lutador de Chukai saiu ileso. Já a camisa de Dai estava rasgada e manchando com seu sangue.
— É por isso que eu e tantos outros estamos aqui — continuou Raito — treinei muito para ser o escudo de nosso regente e dos Midori contra traidores como você. O vira-lata cresceu e se tornou selvagem suficiente para não precisar de um dono!
— É mentira, eu não repito meus erros — limpou o sangue na camisa.
— Renda-se, e prometo que farei o Regente ter respeito por seu pai e os órfãos. Mais do que você teve vindo aqui.
— Se esse Regente de quem fala tem tanto respeito, onde estavam na invasão?
— À serviço dele. Midori é muito grande.
— Noriaki foi preso. Kin foi quase morta. Que tipo de escudo é você que não protege ninguém além de si mesmo?
— Está me confundindo com você e esses outros lutadores. Quantos aqui não vieram apenas pela ganância? Você mesmo lutou com esses oportunistas — jogou sua espada na frente — O egoísmo dos chefes vai fazê-los matarem uns aos outros. E quem sobrar será destruído, isso se sobrar alguém.
— Não brinque comigo — desviou, se defendendo com sua arma — Vocês armaram isso. Seu regente covarde prefere infiltrar idiotas como você no torneio do que resolver a situação — sem escapatória, se apoiou na parede da arena pulando por cima do oponente — Ele não resolve nada sozinho!
“O escudo dele não é todo de madeira. Da última vez, faltou força para rompê-lo. Não preciso revelar minha técnica, porém minha aura e um golpe bem colocado pode mudar tudo”, Dai recuou sua espada preparando uma estocada.
— Não há inocentes neste mundo, mas há um caminho mais fácil! — avançou em velocidade.
O corte vertical de Raito passou no vazio. Ele ergueu o escudo, mas os braços de Dai pulsaram um brilho verde, impulsionando sua espada pelo ornamento de metal, rompendo a estrutura de madeira do escudo em pedaços.
A lâmina de Dai só parou no ombro de Raito. A plateia ficou calada, vendo o desafiante retirar sua espada de seu inimigo sangrando no chão.
— Em nosso iro, está a união dos povos deste continente. E eu vou lutar por isso enquanto eu viver, mesmo que seja o caminho mais difícil.
O escudo de Raito estava partido e seu braço esquerdo dormente.
— Levante-se — ordenou Dai — Podemos fazer isso juntos. Queremos a mesma coisa, Raito!
Com um grunhido, ele ficou de pé, balançou sua espada até que foi jogado de volta em sua poça de sangue no primeiro contragolpe.
— Acaba logo com ele — gritos surgiam da platéia.
A face de Raito dançou entre a arquibancada, vislumbrando o representante e alguns de seus guardas cochichando entre si, com risos de deboche estampados em seus rostos.
— Você era o escudo deles, não nosso — disse Dai.
— O continente nos abandonou faz tempo, com a iminente invasão e esse torneio… o Regente já venceu faz tempo, toda essa matança levará ao triunfo dele de qualquer forma.
— Mas você não precisa mais participar desse ritual assassino — estendia a mão — Se vier comigo, nenhum de nós perdemos!
— Eu ainda posso lutar! — se levantava avançando.
Dai apenas defendeu e o empurrou, para então Raito voltar com um corte desesperado na altura da cabeça, que pegou de raspão na orelha de Dai.
Antes que pudesse girar para outro corte, Dai o derrubou com uma rasteira, subindo em cima dele. Unindo as duas mãos cerradas, ele desceu os braços direto no rosto de seu antigo amigo. A cabeça de Raito caiu para o lado, inconsciente.
Palmas surgiram da plateia. Yanaho encolheu as sobrancelhas, buscando a aprovação de Imichi, que somente cruzou os braços. Mitensai recuava da mureta, cobrindo a boca aberta com as mãos, enquanto o representante proclamava o vencedor:
— O lutador das terras de Kenjiro conquistou as terras de Chukai!
Dando meia volta de supetão, Dai reparou reparou no olhar assassino da mulher encapuzada nas arquibancadas com uma cobra entrelaçada em seu ombro, antes de sair pela porta levadiça.
Pelas escadas, ele retornou aos seus amigos na arquibancada. Ao cruzar olhares com Imichi, Dai abaixou a cabeça:
— Fiz o que devia ser feito. Ele era um amigo, mas precisava de uma surra. Devia me agradecer por não ter machucado ele mais.
— O resultado da luta precisa vir naturalmente — pegou na mão do garoto com o punho tremendo — forçar o seu caminho não leva a lugar algum.
Noriaki entrou no meio dos dois:
— Melhor dar um tempo para ele.
— Era um amigo antigo de vocês? — se aproximou Yanaho — não deveria ter acabado daquela forma.
— Só tinha um único jeito. Você não estava me preparando para isso? — se soltou de Imichi — Pronto, aconteceu. Mesmo querendo que dois vençam, eu aceitei que nem todo mundo vai concordar com isso!
— Não liga para o Raito, relaxa — Mitensai colocou a mão no ombro do amigo —pelo menos você...
— Me deixa — interrompeu tomando um assento no final da fileira, distante deles.
Havia passado mais de um dia após a primeira luta das finais. Dai permaneceu retraído, revezando entre treinos e cama. Sua próxima luta estava próxima, quando acordou numa manhã ouvindo vozes na sala abaixo:
— Desde quando tem essa propriedade?
— Eu ganhei em uma aposta. Os empregados aceitaram ficar, contanto que eu os pagasse.
— É um lugar bom, poderia fazer dinheiro com essas terras se não fosse tão desleixado.
— Aqui é muito longe para cuidar, ficando onde eu governava. Decidi que seria uma casa para quando eu quisesse descansar, quem sabe assistir umas lutas na arena.
Dai correu descendo as escadas, encontrando seu pai dividindo uma garrafa de bebida com Kenjiro na mesa:
— Como me achou aqui?!
— Se me permite, Kenjiro, vou falar com meu filho agora. Se me der licença…
— Fique à vontade — pegava seu copo cheio, se retirando.
Com a porta sendo aberta, Dai reparava em seu pai, olhando de canto para a ante sala. Estava fixo em Imichi, sentado em uma poltrona de frente para a mesa.
— Com os restos do braseiro cremado naquela região, bastou eu procurar Kenjiro. Não foi difícil encontrar a casa mais próxima do último lugar que soube onde estava. Mas pretendo ser breve.
— Pensei que não ia se meter.
— Eu sou seu pai. Tem noção do que acontece com todos nós se descobrirem este Shiro?
— E o Raito? Pensou em me contar sobre ele?
— Não sei do que está falando — encheu o copo com líquido.
— Eu acabei de lutar com ele! — batia na mesa, transbordando o líquido no copo — Você disse que ele tinha achado algo melhor e por isso não voltou. Aquilo era melhor?!
— Raito seguiu seu próprio caminho, não podia deixar isso te influenciar. Só de olhar para você, tenho certeza de que essa busca por ele te mataria — tomou um gole da taça — E esta bobeira vai te matar agora.
— Sempre com os problemas, nunca com a solução.
— Eu tenho a solução! — balançou o líquido dentro do recipiente — Os líderes de facções se uniram. Conseguimos afastar os Heishis.
— Afastar meia dúzia de Heishis até nós fizemos. Como pode ter certeza que um exército inteiro vai se amedrontar com alguns chefes locais, sem nenhuma experiência de combate? — provocou Dai, ouvindo batidas na porta — Eles vão voltar em maior número e mais fortes.
— O imperador foi assassinado — terminou de beber, descendo a taça vazia na mesa.
A resposta levantou o filho da cadeira. Ele caminhou pela sala, ignorando as batidas na porta até que seu próprio pai a destrancou. Noriaki cruzava a porta reparando em nos esbugalhados de seu amigo.
— Ainda bem que é você. Eu sei que não queria vir. Aproveita que estou aqui e me ajuda a colocar um senso na cabeça dele de uma vez.
— Você realmente não sabe de nada — respondeu Dai, se apoiando na parede.
— Vamos embora! — Hideki abriu a porta — já estamos ameaçados por envolvermos esse Shiro, mas ainda dá tempo de desistir desse torneio e…
— Não — interrompeu Noriaki — Desta vez não Hideki, sinto muito mas estou com Dai nessa.
Encarando os dois uma última vez, ele apertou a maçaneta:
— Então eu desisto.
Hideki bateu a porta atrás dele. Dai se encolheu na parede, deslizando até o chão. Os outros voltaram para a sala logo em seguida, com Imichi indo ao socorro dele.
— O que ele disse?
— Se… se o imperador foi assassinado, então o novo imperador é…
— Não… Isso é impossível. Ele nunca faria isso — gritou Yanaho.
— Uma coisa de cada vez. O que ele disse? — Imichi insistiu na pergunta.
— Meu pai disse que o Imperador Ao foi assassinado. Os Heishis foram espantados com a ajuda de outras facções. Faz sentido. A invasão foi devagar, desorganizada, passamos por eles com toda a facilidade.
— É por isso que estão preocupados? — dizia Kenjiro exibindo uma garrafa nas mãos — deveríamos estar comemorando!
— Alguns mais do que outros — disse Imichi, vendo Kemono se aproximar pela janela.
Kemono parou na frente da porta, levando as mãos ao alto sorrindo:
— O que eu fiz dessa vez?
— Você foi enviado pelos Heishis — apontou Imichi, se aproximando — Sabia que o imperador estava morto?
— Morto, assim do nada? — coçou a cabeça.
— Quem mais teria te contratado se não fosse ele? — provocou Dai.
— Era um nobre de lá, mas nunca vi a cara do manda-chuva. Mas agora que mencionaram, dessa vez foram uns Heishis mesmo. Nem meu cliente de sempre apareceu. Eu estranhei, mas não sou pago para perguntar.
— Meu pai faria qualquer coisa para me convencer a voltar. Até mentir? — colocou a mão sob o queixo.
— Ele nunca seria desonesto sobre a nossa segurança — retrucou Noriaki.
— Ei, ainda não entendi qual é o problema — Kenjiro corria para fora — os azuis que começaram isso tudo e quem estava nos ameaçando era exatamente o Imperador Koji. Não é bom que ele tenha morrido?
— Para justificar a bagunça dos Heishis, ele teria morrido antes dessas invasões ocorrerem. O que significa que esta foi uma decisão de seu herdeiro — respondeu Dai.
— Suzaki não teria feito isso se fosse imperador. Pode ter sido outra pessoa. — disse Yanaho.
— Repete esse nome — Kemono apontou para Yanaho.
— Suzaki? — repetiu Mitensai.
— É esse mesmo — levou as mãos à cintura — Podem ficar tranquilos, não foi esse cara que herdou o trono.
Todos os rapazes encararam Kemono.
— Você o conhece? — Imichi se aproximou.
— Foi a última vez que estive no Império Ao. Na época o imperador ainda estava vivo, mas o moleque não teve a mesma sorte depois que entreguei ele pro meu cliente. Pagaram muito bem pela captura dele.
Yanaho saltou sobre Kemono, mas Imichi o segurou rapidamente. Dai e Mitensai ameaçaram fazer o mesmo, porém foram impedidos por Noriaki. Ainda nos braços de Imichi, o mirim gritou:
— O que você fez com ele? Quem você pensa que é?
— Era amigo de vocês? Sinto muito, ele está morto.
Mitensai cobriu os olhos marejados com as mãos. Dai empurrou Noriaki para o lado e socou a parede:
— Por isso ele não apareceu ainda!
— Você vai pagar por isso quando tudo acabar — disse Yanaho.
— Eu não te trouxe para isso — alertou Imichi — Kemono, nos falamos depois. O restante de vocês precisam focar no torneio — olhou na direção de Dai e Noriaki — aproveitem o tempo que tem para processar tudo isso.
Kemono deu meia volta. Kenjiro e Noriaki conduziram Mitensai e Dai para seus quartos. Quando Imichi largou o Aka, o mirim ficou parado na sala, respirando pesadamente enquanto soluçava:
— Yanaho — pegou em seus ombros — a história ainda não acabou, relaxe.
— Isso não pode ser verdade — se afastava incrédulo.
— Descansem, logo irei voltar — comentou Imichi, cruzando a porta atrás de Kemono.
Ilustradora: Joy (Instagram).
Revisado por: Matheus Zache e Pedro Caetano.