Nisoiro Brasileira

Autor(a): Pedro Caetano


Volume III – Arco 10

Capítulo 80: Cada Um Por Si

A luz da lua cortava os pinheiros ao redor do pequeno terreno, penetrando pela janela do celeiro, onde um homem se encontrava amarrado nos pulsos a dois troncos, em cada extremidade da parede. 

Despertando de seu sono, ele puxou as amarras, sem sucesso. Sua cintura também estava presa a um monte de feno.

Sua visão duplicada aos poucos se alinhou com as pessoas que estavam diante dele. Um homem com chapéu de palha, o mesmo que o havia derrotado, sentava-se em um barril com as pernas e braços cruzados.

O outro estava apoiado na parede de madeira. Ele expirou com força, coçando a barba rala no queixo para se acalmar. 

— Eu tenho minhas dúvidas se aquele corte minúsculo foi o suficiente para te incapacitar por tanto tempo — Imichi mostrava um frasco com líquido preto — Seiva da Noite. Só posso imaginar o trabalho que deu para conseguir. 

— Trabalhei o suficiente pra própria oportunidade bater à minha porta — Kemono puxou as tiras de couro outra vez, os troncos rangeram mas não partiram. 

— Assim como os Fantasmas — se aproximou Dai pegando-o pelo colarinho — há quanto tempo estão atrás de nós? 

— Vocês não sabem de nada  — gargalhava — Vou explicar de uma vez por todas. Eu não faço parte desse grupo. Fiz uns serviços para eles uma vez, mas só isso.

— Mentira! — o jogou contra o feno, mostrando a máscara de madeira — Essa seiva mexeu com a sua memória? Eu já vi isso aqui outras vezes e sei dizer que essa é de verdade. 

— Essa gente que você tá procurando tem um lema, eles viviam repetindo: Isso é só uma máscara. Não tem grupo, iniciação, ou nada do tipo. O que existe é o líder deles. Ele vem até você, te dá máscara e as ordens, acabou. 

— O Chefão? 

— É por aí  — deixou escapar uma risada — Certa vez eu fui pago para apagar um desses caras. Na hora eu não sabia, mas encontrei essa máscara com ele. Foi quando me encontraram.

— E quem era o dono da máscara? — perguntou Imichi. 

— Eu já disse, elas não tem dono. Era só um líder de facção qualquer. Vingança boba, dinheiro fácil. Faço minha vida assim. 

— Se outros chefes podem ser fantasmas — lembrava-se Dai, encarando a máscara — Isso explica o por que nunca consegui encontrá-los depois daquilo.

— Certo, Kemono, né? — se levantou Imichi. 

— Predador para você. 

— Guarde esse nome para suas presas — se aproximou, puxando sua adaga — Durante nossa luta, por que julgou minha técnica como magia?

— Eu nunca vi nada parecido com sua velocidade, mas só vi uma pessoa teletrasportando em minha vida, e ele usava magia. Usava uma espécie de buraco verde, de um lado para o outro, era incrível, não é à toa que é o… 

— Líder — complementou Imichi cortando as amarras de Kemono — É, até tinha um palpite que não foi ele que te mandou aqui. Agora tenho certeza. 

— Ficou maluco? — Dai notava o homem se reerguendo. 

— Ele vem conosco — estendeu a mão para Kemono — Desde que eu esteja aqui, garanto que ele vai se comportar. 

A porta do celeiro rangia. Kenjiro colocou o pé para dentro, mas recuou assim que viu Kemono solto: 

— Quem mandou soltar o sujeito?

— Disse para todos esperarem no acampamento — pediu Dai. 

— É que, já está na hora — respondeu Kenjiro trocando olhares com o jovem.

Enquanto os meninos e Kenjiro entravam na arena, Imichi e Kemono o observavam de longe nos telhados de Chukai. O caçador de recompensas agachava à beira da rua abaixo, desarmado, porém livre de suas amarras, exceto por uma pulseira de couro manchada de sangue. Imichi posava em pé, com o vento esvoaçando suas vestes.

— Entrar contigo levantaria suspeitas demais para os rapazes. Quero que Dai lute como se nada estivesse ocorrendo ao seu redor. Se esse líder de que tanto fala for nosso alvo, ele certamente o reconheceria. Foi por isso que esperou para nos atacar fora de Chukai, estou certo?

— Sou um oportunista, sei esperar a hora certa — massageava as mãos umas na outra — Tenho que caprichar no serviço para agradar o cliente.

— Incrível, pois sou seu novo cliente. Meu pagamento será seu material de trabalho que tanto faz falta para você. Se os fantasmas são chefes, como sugeriu, meu palpite é de que alguns são nossos concorrentes. Quero que descubra quais são.

— Discrição é o meu habitat, porém se o homem estiver lá dentro, já sabe o que vai acontecer.

— Ele não está, pelo menos foi o que nos asseguraram ontem. Uma última coisa. Nós estamos de olho — virou para Kemono com o dedo indicador levantado — então nada de fugir.

— Você é uma causa perdida, branquinho — riu Kemono, notando que o Shiro já não estava mais ali.

Debaixo de um céu ainda por clarear, as facções encontraram a arena de Chukai esvaziada, com o representante esperando por eles. Pendurado em um dos braços, estavam barbantes com uma placa de ferro presas neles.

Depois que todos estavam posicionados, os arqueiros apareceram novamente das arquibancadas. Os olhos de Dai varreram seus oponentes. Havia menos do que no dia anterior. O representante colocou as mãos por baixo da máscara para tossir e então começou falar:

— Bem-vindos de volta. As preliminares começam de imediato entre as facções menos expressivas do torneio. Os confrontos já foram decididos. O primeiro será entre: Kaganshi e Kenjiro. Os candidatos e suas comitivas dêem um passo à frente, o resto disperse para as arquibancadas.

Os guardas abriram caminho para as escadas. Na medida em que eles se sentavam, o representante colocava as placas no pescoço dos chefes que se apresentaram. 

O homem diante de Kenjiro era alto, porém esguio. Tinha um cabelo curto penteado para trás, revelando uma larga testa em um longo rosto. Estava vestido de preto, coberto por fivelas na cintura, nas calças e inclusive na capa de ombro presa em seu pescoço:

— As regras serão ditadas por Kaganshi. Alguma ressalva, vocês dois?

— Apesar de ter acendido o braseiro, não sou mais o chefe do meu território. 

— Que conversa é essa? Trapaceando antes mesmo da luta… — Kaganshi foi interrompido pela mão levantada do representante.

— E quem é o chefe agora? Transfira a placa a ele. Seja breve.

Kenjiro retirou o barbante do pescoço, andou até seu grupo e o colocou no pescoço de Dai. O restante do grupo se retirou, junto com a comitiva de Kaganshi. 

Restava apenas Dai utilizando uma máscara, seu oponente e o árbitro.

— Escolha inusitada — comentou o árbitro encarando o garoto, notando a máscara que imitava a que estava usando — Quais são as regras, Kaganshi?

— Deixe as coisas como está — puxou da cintura uma escova de cabelo, e começou a pentear seus fios — Posso começar?

O representante virou de costas, subindo as escadas que levavam a um camarote abaixo das arquibancadas. Uma poltrona acolchoada o esperava, cercada de seus homens armados com espadas, porém ele preferiu assistir a tudo de pé.

“Ele é grande, mas eu não vejo nenhuma arma à vista. E-Eu conheço esse homem... Como se manteve chefe por tanto tempo?”, suspirou fundo Dai, levando as mãos à sua espada. “Não importa. Preciso vencer”.

De repente, Kaganshi enfiou sua cabeça entre os ombros, unindo as mãos abaixo da cintura, segurando sua escova com força entre ela. Dai se congelou em sua postura.

— Então é assim que nós temos que fazer né? Nosso povo com fome e nós aqui lutando — comentou o Chefe de facção. 

— Espera, o quê?

— Acendi aquele braseiro porque vivemos em uma miséria tão grande que se ganhar posso melhorar as coisas — riscava a areia com a ponta do sapato.

— Você quer perder?

— Seria legal se eu pudesse ganhar algo para minha gente, não acha? É, seria legal…

— Então levanta essa guarda ou isso vai acabar rápido. Quer que o sonho das pessoas que dependem de você acabe assim?

— Eles acabaram há muito tempo. Essa invasão chegou até minha porta. Como nos velhos tempos, exceto que ao invés de bruxas estamos enfrentando homens de azul. Acho que estou velho demais, você esteve lá também? — passou a mão sob os cabelos — foi uma luta e tanto.

— Ninguém nunca deveria esquecer do que fizeram por nós.

Os olhos de Kaganshi saltaram da face. Dai prosseguiu:

— Desde que era pequeno lembro do que contavam das bruxas. Sacrificavam pessoas, animais com donos, isso se não raptavam crianças. Vocês trouxeram ordem a este território de novo.

— Muito obrigado — Kaganshi se curvou — Faz tanto tempo que… me reconhecem assim.

— Meu pai nunca me deixou esquecer quando o assunto é sangue derramado. Principalmente dos nossos heróis.

— O problema desse lugar é que ele é pequeno demais para duas forças desse tamanho. Bruxas e gangue, agora nós e os Heishis vieram tomar minha terra. Minha hora chegou e nem sequer tenho uma terra para pagar — virou-se para a arquibancada — que nem você Kenjiro. Somos dois falidos!

— Sua dor é real, mas — a espada de Dai deslizou pela bainha, ecoando pelo coliseu — Seu oponente sou eu! Eu exijo que aceite meu desafio!

Um suor frio escorreu por Kaganshi, que sorriu apontando para a face de seu oponente com a máscara. Caminhando lentamente até o rapaz, ele sussurrou:

— Você… eu sei quem você é! 

— Do que você está falando? — o empurrou.

— Está tudo bem. Seu segredo está seguro comigo — abriu um sorriso — Sabe, eu lembro de você desde pequenino, pegando em gravetos e provocando as crianças da rua. Você não mudou nada, viu? — erguia as mãos — Seu pai deve estar preocupado, quer saber… não precisamos lutar. 

— O que você quer de mim?

— Uma parceria. Você tem pessoas que quer salvar eu também tenho. Podemos fazer isso juntos.

Dai deu um passo para trás. Kaganshi começou a andar ao redor dele.

— Mas como?

— Olha para minha comitiva sentada ali — chegava por trás de Dai, apontando para o alto — São maltrapilhos, como os mendigos que você encontra na rua. Não comemos há dias, desde que partimos.

Seguindo o dedo de seu oponente, Dai encontrou três homens barbados e sujos. Suas roupas eram largas, embora estivessem rasgadas. Foi então que ele percebeu. A mão de Kaganshi, que apontava seus parceiros, não segurava sua escova de cabelo.

Dai girou com sua espada, rasgando o ar com seu braço e a terra com seus pés. As duas lâminas colidiram, porém somente a arma do lutador mais novo permaneceu inteira. Um pedaço da lâmina de Kaganshi caiu na areia. Em suas mãos restou somente o cabo de sua escova, sacado de dentro das suas cerdas, com a ponta da faca decepada. 

— É muita disposição para alguém que veio de um povo miserável.

— Veja bem — ele recuava, jogando a faca para o lado — Um homem com os meus gostos é algo difícil de saciar.

Dai investiu com uma joelhada na boca do estômago e depois jogando contra o chão. No chão, uma segunda lâmina brotou da sola do sapato de Kaganshi, que esticou sua perna, cortando o lado de Dai.

Lutando contra a dor, ele agarrou a perna de seu inimigo.

— Eu me lembro agora. Seu território sempre foi miserável — pisoteou a perna estirada de Kaganshi — Era você!

O estalar do osso de Kaganshi ecoou pela arena. O chefe se contorceu no chão, gritando de dor, até ter seu rosto amassado na areia áspera pela bota de Dai.

— Eu imploro — balbuciava — Você venceu, mas não me mate! 

— Por que eu faria isso com um herói do passado? 

— Passado é passado, este torneio é apenas pra tudo acontecer de novo. Nos matarmos enquanto não temos a menor chance contra o Chefão. A maioria está aqui apenas pelo tesouro dele. Os outros fazem isso por que não nós? 

— Não posso acreditar que foi para isso que nos libertamos do Império Ao.

— Tá falando sério? Nunca fomos feitos para união. Aqui sempre foi cada um por si. Mas eu e você juntos podemos mais 

— Confundiu minha fala para superestimar a sua própria importância — girou o calcanhar sobre Kaganshi — Você pode ter sido um herói, mas isso não te dá o direito de virar as costas para Midori agora.

Os gritos de dor de Kaganshi se transformaram em gemidos tímidos. Dai agachou até ele:

— Não vou me unir a você. Você é que se unirá a mim. Alguém que fez por tanto pelo nosso povo, não pode fugir do dever agora.

— Acho que estou velho demais para isso — se afastava.

— Sem trapaças desta vez, Kaganshi — estendeu a mão — não irá morrer aqui, e por isso seguirá nos eixos daqui em diante. Meu desafio a você, é que não pare de lutar por nossa verdadeira liberdade. 

— Aceito — levantou-se, apoiado no rapaz — Eu me rendo!

O aperto de mão crescia os olhos de Imichi que acompanhava a luta junto aos demais. Kaganshi transferiu seu cordão para Dai. O representante balançou a cabeça de um lado para outro, erguendo as mãos:

— Nosso chefe misterioso é o vencedor. O território de Kaganshi está anexado ao dele, se assim desejar. Os próximos adversários, tomem a arena.

Ao passo que chamavam os próximos lutadores, Dai trouxe seu oponente nos ombros. Enquanto subia as escadas, ele ouviu um sibilo, como uma cobra furiosa prestes a saltar sobre ele. Ao olhar notou um sujeito baixo completamente encapuzado. 

Seu temor, porém, foi cortado pelos passos rápidos de Mitensai indo ao seu encontro. O garoto dividiu o peso de Kaganshi com Dai e juntos o entregaram para sua comitiva antes de retornarem a Kenjiro.

— Devia ter dado uma lição em Kaganshi — Kenjiro cruzava os braços — nem sequer voltou com um olho roxo. 

— Está reclamando? Ele venceu! — comemorou Mitensai. 

— Mandou bem, Dai — sorriu Yanaho. 

— É tem razão — concordou Kenjiro — vou pedir que liberem as bebidas quando voltarmos a fazenda — se empolgou coçando a barriga.

Noriaki e Dai permaneceram sérios, ao tempo que Imichi chegou por trás, colocando a mão em seus ombros:

— Estou orgulhoso do que realizou hoje. Essa é a primeira de muitas vitórias que vai compartilhar com seus inimigos.

— Na verdade é mais uma luta de muitas que foram travadas — observava Kaganshi distante — Eu só espero poder compartilhar mais do que promessas vazias.

Yanaho estava escorado no parapeito da arquibancada, ainda que de olhos fechados. De repente, ele se virou para Imichi:

— Kemono está perto — apontou para o topo da arena.

Kemono agachado na cobertura do outro lado da arena, no ponto cego do camarote do representante. Seu braço estava acenando diretamente para Imichi, que reconheceu sua silhueta contra o sol. 

— Sabia que era possível contar com você. Eu acredito que temos o que viemos buscar. Quando as lutas acabarem, voltem para casa. Encontrarei vocês lá.

Imichi se retirou da arena a passos vagarosos, ao mesmo tempo que Kemono desceu do topo. Kenjiro e os jovens permaneceram de olho nas lutas até seu encerramento, ao meio-dia, quando foram dispensados. 

De volta à fazenda, os garotos e Imichi ficaram de fora, ao passo que Kenjiro se esbaldava em garrafas. 

— Vamos ganhar tudo! — gritava, jogando outra garrafa vazia na parede.

Yanaho e Mitensai ouviam mais um vidro espatifado na sala adjacente, apoiados na parede da sala de jantar:

— Acho que essa foi a terceira.

— Só bêbado mesmo pra falar uma besteira dessa — comentou Noriaki. 

— Meus professores, no máximo, bebiam duas e juntos. Até quando ele aguenta?

De repente, alguém bateu na porta. Noriaki acenou com a cabeça para Dai atender. Vestindo a máscara falsa, ele abria a porta de canto. Quem esperava por ele era um senhor de cabelos e barba branca, repleto de rugas, portando um anel dourado na mão direita. 

— Boa tarde, você é o rapaz que Kenjiro fez de chefe — esticou o pescoço para ver dentro da casa. 

— O que você quer? 

— Conversar em particular — apontou para fora da casa. 

Encontrando permissão no rosto Noriaki. Dai fechou a porta atrás dele, levando o senhor pelos campos, rente ao limite do terreno, onde se apoiou na cerca.

— Eu já tive disposição para trabalhar em lugares assim. Faz tanto tempo. Hoje em dia dói até para caminhar. 

— Quem é você?

— Estava esquecendo de novo — abriu os botões da camisa, verificando os bolsos, até puxar uma folha de papel — Isto é um título de posse, com meu nome assinado. É uma terra fértil, perto da nascente daquele rio que corta o deserto. Não é nenhum palácio real, mas tem uma casa bem espaçosa.

Pegando o documento das mãos do senhor, Dai leu o nome escrito. “Hiroshi”:

— Apostou em mim ou algo do tipo?

— Apostas são incertas, eu quero que perca amanhã. 

O coração de Dai pulou uma batida.

— Veja bem, eu estou muito cansado para lutar. Lutar contra Heishis, facções, esse Chefão de quem todo mundo fala, minhas juntas não aguentam mais. Mas a gente tem que fazer o que é preciso para proteger os nossos, né? E você também. Então por que não facilita para esse velho aqui?

— O que eu faria com uma coisa dessas ainda que fosse verdade?

— Essas terras são de antes do seu tempo. Antigas propriedades Heishis, casas de bruxas, tudo que eu pude pôr as mãos depois da independência. Não seria quem sou, sem elas. 

— E alguém vai ter que receber os Heishis quando eles chegarem, né? — entregou o papel de volta — Não, obrigado.

— Ficar na terra é apenas uma opção — recebeu de volta o documento, suspirando — Ela vale uma pequena fortuna. Daria para ir para onde você quisesse, levar quem te interessasse. Isso é o que chamo de liberdade.

Dai não quis encarar o velho. Em vez disso, buscou a casa de Kenjiro à distância. Noriaki o observava pela janela, espiando por baixo das cortinas.

— Você tem certeza disso? Eu não estou pronto para perder minhas terras assim. Achei que uma só seria sacrifício o bastante.

— Tira esse papel da minha frente agora, e volta pra onde nunca deveria ter saído — caminhou sem olhar pra trás — nos vemos amanhã.

Hiroshi dobrou seu título e o guardou. Cabisbaixo, ele andou de volta à saída sem dizer uma palavra a Dai, e vice-versa. 

O jovem encarava o chão, antes que percebesse seu companheiro que observava tudo saia da porta da fazenda, se escorando nas paredes do lado de fora. 

— Eu conheço aquele velhote, Hiroshi né? — cruzou os braços Noriaki — o que ele queria? 

— É o nosso adversário de amanhã, tentou me subornar para que perdesse. 

— A Facção de Hiroshi não se desenvolveu como as outras, mas ele tem bastante poupança — cresceu os olhos se aproximando — o que foi que ele ofereceu? 

— Parte dessa poupança imagino — ameaçou abrir a porta. 

— Teve coragem de recusar isso?! — pegou no ombro do amigo. 

— Não foi você que sempre me disse para não confiar em outros líderes de facção? 

— Com mais recursos podíamos ajudar seu pai com a fuga, abrigando os órfãos — respirou fundo — nessas circunstâncias temos que considerar abrir exceções Dai. Não acha que estamos indo longe demais? 

— Estamos — tirou a máscara — e precisamos ir ainda mais longe — bateu nas costas do amigo — relaxe, se ele tentou me subornar, é porque não tem ninguém que seja páreo para mim amanhã. 

Os dois ouviam mais uma garrafa se espatifando na parede, ao tempo que o garoto de olhos verdes abria a porta gritando: 

— Me ajudem, acho que Kenjiro desmaiou! 


Ilustradora: Joy (Instagram).

Revisado por: Matheus Zache e Pedro Caetano.

 



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