Nisōiro Brasileira

Autor(a): Pedro Caetano


Volume II – Arco 6

Capítulo 44: Alvo Oculto

Numa madrugada congelante da região, um garoto dormia, tendo sua tranquilidade aborrecida por um estrondo. Imerso em seu cansaço, seu consciente tentava discernir os barulhos que alcançavam seus ouvidos. Foi quando escutou sons mais agudos e depois sentiu a temperatura ao redor aumentando gradativamente. 

Abrindo seus olhos timidamente, Suzaki notou uma luz alaranjada acesa do outro lado da porta fechada de seu quarto. A partir de mais um enorme estrondo, ele arregalou seu olhar, notando as chamas rastejando pelo chão, cobrindo todo o quarto.

— O que é isso?! — incrédulo tampou seu nariz, correndo até a porta de saída.

Na tentativa de girar a maçaneta quase teve sua palma queimada. Os gritos do lado de fora fizeram a urgência do príncipe aumentar. Com os pés ardendo pelo fogo que subia do andar inferior, ele olhou para a janela e tomou sua decisão. Pegando sua arma, Suzaki tomou impulso e saltou pela janela, quebrando em estilhaços o vidro da saída. 

— Fogo! — Era o primeiro grito que escutava do lado de fora. 

— Não — erguia a vista para olhar a sua volta — De novo, não.

Nokyokai estava coberta de chamas. Cada casa, um inferno particular. As pessoas cambaleavam para fora tossindo, outras gritavam de agonia pelas janelas. Desespero e desabamentos era tudo que era encontrado pelo príncipe. Tudo debaixo de uma nuvem negra que se estendia sobre toda a cidade.

Antes que pudesse se mover, mais sobreviventes da pensão dos Heishis o encontraram do lado de fora.

— Suzaki! — uma voz feminina reconheceu o jovem. 

— Tia Rhea! — se aproximava do amontoado de autoridades, na qual estavam cercadas por Heishi’s — Eu preciso saber, o que aconteceu?!

— O fulgur nas casas, levamos uma daquelas lâmpadas para cá e quando percebemos… — disse pegando na mão do sobrinho — Não dá para morrer aqui assim, deixe isso para os Heishi’s!

— Onde está Toshio?! — gritou, se voltando para um dos Heishi’s.

— Se acalme, vossa alteza, já nos encarregados do responsável. Ele está sendo detido nas minas — um dos Heishis respondeu.

— Eu preciso ir — afirmou Suzaki, disparando em direção às minas.

— Não pode me deixar assim, Suzaki! Suzaki!

Sua tia o chamava incessantemente, mas o príncipe não tinha ouvidos para mais nada. Enquanto corria, ele notou todo tipo de pessoa sofrendo pelas chamas. Muitos feridos, alguns até mortos, estirados no chão, e nenhum Heishi para ajudá-lo. Homens e mulheres comuns, socorrendo um ao outro como podiam.

“Isso não era para acontecer. O lugar todo está em chamas. Para um kazedamu dispersar as chamas… Por que não dominei essa técnica quando tive a chance? Covarde, irresponsável!”, pensava consigo mesmo, segurando as lágrimas. 

A vontade de fazer alguma coisa pulsava em cada fibra de seu corpo, porém precisava manter o foco e achar a causa disso tudo. 

Se aproximando da entrada, as minas já estavam rodeadas de Heishis. Na cabana onde Minoru gerenciava a instalação, Toshio fazia guarda com seus subordinados, quando Suzaki chegou.

— Toshio! — gritou — Vocês distribuíram o fulgur, eu exijo uma explicação para isso tudo!.

O capitão ergueu seu queixo, fitando Suzaki do alto, enquanto tirava algo do bolso interno de sua roupa.

— Claro, Heishi Celestial — mostrava um frasco contendo seiva da noite — os contrabandistas, eles voltaram. Eu me pergunto, agora, quem deu a eles as ferramentas para incendiar o lugar todo? Não foi falta de aviso sobre seu amiguinho.

— Fulgur não se inflama da maneira com que foi transportado — cerrou suas sobrancelhas — Minoru nunca faria isso com a própria cidade!

— Você subestima a ganância dos homens — balançou a cabeça negativamente — Afinal, metade da mina sumiu da noite para o dia. Um carregamento numeroso de fulgur. Como? Admita, Minoru organizou isso tudo para ficar com o metal para ele! Ele é um criminoso, e até para um capitão experiente como eu, está ficando cansativo levar sua visão ingênua de criança a séri… 

— Deixe-me interrogá-lo — interrompeu Suzaki, abaixando a cabeça. 

— Está brincando? Ele já está acorrentado, isso não mudará nada.

— Para você vai — respondeu Suzaki, revelando seus olhos brilhantes em azul — Se não me deixar entrar nessa cabana agora!

— Que seja — deu de ombros.

Com um aceno de seu capitão, os Heishi’s abriram a porta, por onde Suzaki entrou apenas para encontrar Minoru em sua cadeira, amarrado e aos soluços. Ao notar a presença do príncipe, o homem se conteve, mas sua respiração estava pesada e as mãos trêmulas, acorrentadas sob o encosto da cadeira.

— Você… sabe — balbuciava Minoru — Que eu nem entreguei o fulgur para as casas ontem… Foi tudo culpa minha — ele se debatia na cadeira.

— Não diga isso, está me ouvindo? — colocou a mão sob seu ombro — Uma coisa de cada de vez, o que aconteceu?

— O fulgur foi sabotado! Colocaram óleo junto ao minério, sabiam que a reação geraria explosões! — colocou sua testa sob a mesa — acabou! Eu tentei esconder isso com medo dos Heishis e agora tudo vem assim. Quantos já devem estar mortos?!

— Minoru agora não é a hora.

— Fala! — dizia, desabando em lágrimas — Minha família já foi levada. Minha cidade destruída. Eu preciso saber…

— Eu não pude contar, mas muitos — respondeu com a cabeça baixa — Não vou deixar que te prendam injustamente!

— E isso importa, agora? Olha isso — trocou olhares com Suzaki, no momento que abriu uma das mãos revelando uma aliança — é tudo que restou desse meu sonho. Um sonho estúpido, de um homem que nunca se quer teve vez!

— Nada acontecerá a sua família! — disse Suzaki colocando a mão sob a de Minoru, fechando-a junto ao punho novamente com o anel — Eu te prometo! 

— A única chance — suspirou fundo — é o carregamento de fulgur que está indo ao leste. Ryo passou aqui antes do incêndio. Ele já se adiantou ontem a noite para mobilizar esse carregamento. Eu sei que prometi não fazer, mas ele tinha razão. Era melhor se prevenir, só olhar o que houve agora. 

— Espera — ergueu a cabeça — Quem? 

— Ryo, o seu amigo — a resposta fez Suzaki olhar para os papéis na mesa, os mesmo que leu com Minoru e Ryo dias atrás — ele nem se preocupou em dormir para me ajudar nisso, disse que não iria sozinho. 

Um calafrio percorre o corpo de Suzaki até a espinha. Sem dizer uma única palavra a mais, ele dispara pela porta.

— Espera, Suzaki! — gritou o dono da mina.

Minoru já não era mais ouvido pelo príncipe, que apenas correu até Toshio, tomando o frasco de seiva da noite de suas mãos e seguiu seu caminho. Os Heishis tentaram repreendê-lo, mas o capitão prontamente os impediu.

— Deixe-o ir. Isso vai terminar logo, logo — disse, com um leve sorriso.

Dali em diante, o corpo de Suzaki tomou vontade própria. Como se tudo ao seu redor estivesse escurecido. Os gritos das vítimas e o cheiro da fumaça, não importavam mais. Ele cobriu seus olhos com o líquido negro, achando o primeiro cavalo disponível entre os Heishis, disparando para a saída da caverna. 

Isso se deve pela nossa conexão com o luar, dizem que alguns de nós podem enxergar melhor a noite do que um Kuro. Mas não é fácil, exige muito foco, pelo menos para mim. Não consigo ver e ouvir como os mais velhos ainda”, lembrava de falas passadas de Ryo.

Se quer saber a minha opinião, aqui não é tão escuro como imaginei

Transportar? Qual é o plano aqui?”, franzia as sobrancelhas à medida que ligava os pontos. 

Olha para você todo quebrado, deixa que eu me viro com os Heishis. Amanhã, teremos uma audiência com o trabalhador.”, estalava as rédeas mais fortes, fazendo os cavalos gemerem.

Suzaki, levaram ele

— Era você… — sussurrou para si mesmo. 

É engraçado, antes de ver você com aquele homem nos braços na fábrica, eu tinha outra impressão sua.”, em meio ao turbilhão de memórias lembrou do sorriso cínico de Ryo. 

— Traidor! — sua aura crescia levada pela sua raiva.

A manhã que o recebeu do lado de fora foi um céu completamente envolto em nuvens carregadas. A estrada estava escura, acidentada, mas Suzaki acelerou cada vez mais. Dobrou a estrada à leste e estalou as rédeas de seu cavalo com mais força.

— Rápido — gritava — Rápido, droga!

O céu rugia com um trovão grosseiro, cedendo espaço para vozes, que ao entrarem no ouvido do príncipe, o fez forçar sua montaria ainda mais. Foi então que notaram sua presença.

— Vocês ouviram isso — um deles falou — Tem alguém nos seguindo.

— Deve ser só mais um viajante.

— Não nessa velocidade. Olha para trás.

Assim que o Heishi Celestial se tornou visível, entrando num trajeto em linha reta, de frente para um comboio enorme. Eram incontáveis carruagens, numa fila que se prolongava até o fim da estrada. Dos dois condutores na margem da caravana, mais próximos ao invasor, um deles subiu para o teto do carro, recebendo um arco das mãos de alguém na janela do lado de dentro e preparou seu tiro. 

A flecha disparada tinha como endereço o centro da testa do filho de Koji, porém ele jogou seu corpo para o lado, apoiando-se somente com os pés para permanecer no cavalo, usando o animal de escudo. Quando ficou em paralelo com o veículo, Suzaki voltou a sua posição montada e pulou para o teto, onde chutou o arqueiro para longe. Então, ele deu uma cambalhota para dentro da carruagem onde encontrou um contrabandista que o tentou resistir, jogando socos à esmo, que resultou em desvios rápidos do Heishi Celestial, contra-atacando jogando seu rosto contra o vidro da janela. 

Dentro da carruagem, ele abre as maletas empilhadas e confirma o que já suspeitava.

“Fulgur. Era esse o grande plano o tempo todo”, pensava Suzaki cobrindo o rosto da luz ofuscante.

Era uma quantidade enorme de minério estocada em um só veículo. Tomando três maleta nos braços, ele subiu de volta ao topo da carruagem e colocou sua espada no pescoço do condutor.

— Acelera — ordenava — Mais perto daqueles outros. 

— Vossa alteza? — dizia o homem rindo — Me avisaram sobre você. Não vai me ferir.

— Eu não apostaria nisso — respondeu, abrindo a maleta com uma das mãos. 

Com um aceno de cabeça Suzaki, pegou uma pepita de fulgur e energizou-a com seu iro. Mesmo com uma pequena dose, ele via o minério brilhar, queimando sua vista e seus dedos.

— Quer matar nós dois? Sabe o estrago que isso pode fazer? — esticou o braço para tomar o minério das mãos de Suzaki.

— Basta — colocou a lâmina mais próxima do pescoço, arrancando sangue — acelera!

Usando somente seus braços e uma boa mira, o príncipe desviou o olhar e arremessou o fulgur em uma das carruagens, que estourou o lado esquerdo do veículo, batendo contra a montanha.

— Você é maluco! — gritou o condutor — Vai matar a gente.

Quando se preparava para mais um arremesso, Suzaki, ao ver mais cinco carruagens desacelerando para chegar mais perto dele, abriu as maletas que trouxe para o topo da carruagem e as colocou em direção da caravana à frente. 

“Preciso de algo grande para impedi-los. Se tiver que pará-los um transporte por vez, será tarde”, pensava com as mãos unidas, “É um risco que terei de correr”. 

Inspirando fundo, o príncipe reunia seu iro, tal como Onochi o ensinou anos atrás. Contudo, um dos inimigos emparelhou com Suzaki, abalroando sua carruagem. Caindo para a estrada, ele usou as mãos para se prender no veículo, quando um novo visitante saltou de seu carro para o dele a fim de combatê-lo.

— Não posso deixar você fazer isso — disse Ryo, com espada em punhos, chutando uma das maletas de fulgur para fora da carruagem.

— Você… depois de tudo que você viu, por quê? Tudo aquilo não passava de fingimento? — gritou Suzaki, subindo de volta e tirando sua espada das costas.

O contrabandista partiu para chutar uma das maletas para fora, mas Suzaki se colocou entre os dois, batendo espadas com o antigo aliado.

— Corre no sangue, eu acho — disse Ryo sorrindo — A sua não é muito diferente, só precisa olhar mais de perto.

— Isso nada tem a ver com nossas famílias! 

— Tem tudo a ver com elas! — respondeu, forçando o príncipe contra a beirada do veículo — Mas esse sempre foi o seu problema. Sempre às ordens do papai.

— Devia ter deixado aquelas pessoas em paz — o príncipe agachava para uma rasteira, que afastou seu oponente — Quantos inocentes devem morrer por isso?

— E quem se importa com essas pessoas? O imperador?

— Importa para mim!

— Então você realmente está do lado errado!

Suzaki mirou seu próximo ataque diretamente no peito de seu inimigo, que ao bloqueá-lo, se viu caindo para a estrada nas suas costas. Entretanto, a carruagem de onde havia saído, chegava bem a tempo de resgatá-lo.

Sem perder tempo, Suzaki reuniu sua energia Shiro novamente e desferiu seu kazedamu antes que Ryo pudesse interferir e para sua surpresa o sopro disparou os minérios para o alto do céu, não em direção aos carros e sim às montanhas adiante. A grande explosão causou um deslizamento de terra que engoliu a caravana por completo, inclusive o príncipe.

Quando acordou soterrado, Suzaki ergueu-se apenas para encontrar incontáveis transportes e corpos jogados para os lados, além do fulgur espalhado, que iluminava a floresta naquele dia escuro.

O Heishi Celestial recolhia uma maleta do chão, até que de trás dele numa carruagem apoiada num tronco de árvore, Ryo saltava da porta para agarrá-lo. Seus braços estavam entrelaçados nos dele, permitindo que esfaqueasse Suzaki no peito. Com o que restava de sua força, Suzaki puxou o oponente para baixo, arremessando-o de costas para o chão. 

— Se quisesse fazer algum bem — respondeu, fugindo pela escuridão da floresta, longe das pedras de fulgur — estaria me ajudando.

Ryo sumia na escuridão, onde apenas seus passos nas poças de lama podiam ser ouvidos pelo príncipe, na medida em que a chuva se intensificava.

— Eu não vou deixar vocês escaparem sem pagar pelo que fizeram — gritou Suzaki para a floresta.

— Para alguém que se importa tanto com vidas perdidas — riu — Não acha que já tirou bastante hoje? E além do mais, você não queria todo esse fulgur para ajudar as pessoas? Como vai escavar tudo que se perdeu aqui?

De cima de uma das árvores, Ryo cai por cima de Suzaki novamente, perfurando seu ombro com uma faca.

— Você só quer um motivo para lutar — sussurrou em seu ouvido — acha que o imperador vai te dar uma medalha por fazer o serviço sujo dele?

Chutando-o nas costas, Ryo foge novamente para as sombras.

“Ele escuta e enxerga melhor que eu nessas condições”, raciocinava Suzaki, pegando uma pedra de fulgur do chão, “Ele está protegido com seiva da noite, senão mal estaria enxergando. Então terei que ser cauteloso”.

— Os Tsuki não conseguem aceitar que eu sou o Heishi Celestial? — questionou Suzaki — Toda essa disputa é pela sucessão do trono?

— Sempre você em primeiro lugar — a resposta de Ryo ecoava pela floresta — Você é realmente filho de Koji.

— O que vai fazer com esse fulgur é começar uma guerra. Meu pai não iria querer isso.

— Começar? — Ryo gargalhava — Seu pai já está em guerra. Ele só precisa das armas certas. 

— Se esse for o caso, serei o primeiro a impedir.

— Suzaki, a lâmina que carrega nas costas é a prova viva de que você é só uma das armas do Imperador — respondia Ryo, agora com uma voz que parecia mais próxima aos ouvidos do príncipe.

Os céus voltaram a trovejar, seguidos de um relâmpago que atingiu uma região próxima dos dois. Ryo soltou um gemido de dor, tentando correr para longe com as mãos cobrindo os ouvidos, porém outro raio, dessa vez mais perto, o arremessou contra as árvores com seu impacto. 

Alguns pedaços de fulgur atingidos pelo relâmpago estouraram, queimando as árvores ao redor. Suzaki usava a pedra em suas mãos ainda intacta para iluminar a escuridão em meio às chamas, quando encontrou Ryo cambaleando.

— Que sorte, parece que até os céus estão ao seu favor — balbuciou o Tsuki, levantando-se apoiado no tronco — Mas não vai durar muito. Se depender de mim nós dois morremos tomando o mesmo raio.

— Um Heishi Celestial não depende da sorte para vencer — explicou Suzaki, com os olhos tomados por azul na medida que outro relâmpago descia atrás dele — É seu último aviso.

— Você — ele tentava falar, se erguendo apoiado na árvore — Não é possível. disse que não tinha controlado as tempestades em seu treino…

— Uma tempestade não se controla, mas posso direcioná-la. Não é o bastante para o Imperador, mas é mais que o suficiente para te derrotar — fincou sua espada na perna de Ryo, para que não se movesse.

— Pelo visto aprendeu bem a mentir e a guardar seus segredos — afirmou Ryo, gemendo de dor — Como aquelas suas escapadas para os Kuro.

Suzaki puxou seu oponente do chão pelo pescoço, pressionando-o contra a árvore.

— O que você tá escondendo lá? — perguntou Ryo — Por que se me prender… Duvido que os Heishis não vão querer saber o que o protegido deles faz nas horas vagas.

— O que você sabe de lá? — vociferou Suzaki.

— Eu que deveria perguntar — deu de ombros — Você tinha dito que não descobriu nada sobre eles. Está escondendo algo? Alguém?

De repente, o Heishi Celestial foi surpreendido com uma cabeçada, seguida de um chute que o deixou de joelhos com suas costas expostas a Ryo. Seus olhos, que brilhavam em azul, perdiam sua luz gradativamente. O fulgur que carregava nas mãos, tinha caído para o lado.

O kazedamu e os relâmpagos me exauriram. Isso não pode acontecer agora…”, pensava Suzaki, na medida que Ryo se jogava contra ele.

Virando com uma cotovelada, o príncipe tirou seu inimigo de cima. Os dois trocaram socos, mas o Heishi Celestial mirava sempre a face de Ryo, tirando a seiva da noite de seus olhos com cada golpe. Na tentativa de usar sua faca novamente, o contrabandista se viu desarmado por Suzaki, que o chutou o afastando.

— Foi um estrago e tanto que fez aqui, Suzaki — dizia Ryo, desembainhando sua espada — É uma boa troca. Se você morrer aqui, pelo menos todo meu esforço não terá sido em vão.

Sem hesitar, Suzaki saltou para o lado, agarrando a pedra de fulgur que deixara cair e virando para encarar o ataque do Tsuki, ele exibiu a rocha. A luz o fez dar um passo para trás, usando a mão lesionada para proteger seus olhos, mas já era tarde demais. A brecha criada pelo príncipe o permitiu driblar um golpe desesperado com a espada e acerta-lo bem no olho esquerdo com a pedra luminosa

Ryo desabava, se contorcendo no chão em gritos de agonia. Ele pressionava o local que apenas jorrava sangue. Ainda repleto de dor, Suzaki reparou na rocha em suas mãos e a largou na terra de imediato, se reerguendo:

— Acabou Ryo.

 


Ilustradora: Joy (Instagram).

Revisado por: Matheus Zache e Pedro Caetano.



Comentários