Nisoiro Brasileira

Autor(a): Pedro Caetano


Volume II – Arco 6

Capítulo 43: Confiado

A escuridão da caverna envolvia Ryo e Suzaki, que ouviam passadas fortes se distanciando de seus ouvidos. No fundo, uma luz lutando contra aquele breu, presa na parede com uma tocha, junto de outras mais no alto. No pé daquele paredão úmido, um homem se preparava para subir numa corda amarrada no alto.

— Ei, me esperem! O que está acontecendo? Eu mal acordei.

— É a nossa chance — sussurrou Ryo para Suzaki, enquanto corria para interceptar o escalador.

Antes que o contrabandista pudesse amarrar a corda em sua cintura, Ryo se aproximou por trás e o enforcou. Mais alto, o homem lutou para escapar, porém Suzaki interviu chutando seus joelhos e derrubando-o no chão, ao passo que seu companheiro, já montado em suas costas, terminava de levá-lo à inconsciência.

— Essa caverna vai mais fundo do que parecia — disse Suzaki, tocando na parede.

— Veja isso aqui — Ryo tomava a corda do contrabandista apagado — Devem ter usado um desses para subir.

— Apenas uma dessas, o melhor seriam duas — disse Suzaki pegando na sua espada, preparando-se para usá-la na escalada.

— Não precisa — alegou Ryo entregando a corda para Suzaki — Você escala. Eu sou mais leve que uma parede.

Amarrando a corda em sua cintura, com Ryo em suas costas, Suzaki subiu o paredão utilizando seus pés para impulsioná-lo e a espada numa das mãos para fincá-lo na rocha. A dupla escalou com saltos largos, quando uma flecha desceu sobre eles com enorme velocidade. O companheiro montado no príncipe se encolheu, desviando do tiro, mas pressionando Suzaki contra a parede. 

— O que foi isso? — queixou-se Suzaki.

— Companhia — respondeu Ryo, retornando à sua postura normal — Eu não consigo manusear a espada assim, Suzaki. O que fazemos?

— Segure-se na corda — respondeu Suzaki, desfazendo o laço da corda para ficar apoiado somente na sua arma.

— Você é maluco, sabia? — comentou Ryo — Sabe que não vou poder fazer nada se cair.

Com um sorriso de canto, Suzaki tomou impulso e saltou. Três inimigos desceram sobre eles. A dupla já podia ver uma luz mais forte vindo do alto. O topo estava próximo. Suzaki balançou com a corda na direção daquele com o arco em mãos, chutando-o na face. Usando suas pernas para prender-se no corpo do inimigo inconsciente, ele tomou o arco e suas flechas, ao passo que os dois inimigos restantes atacavam a corda por onde Ryo escalava. 

Com um tiro certeiro, ele acertou as mãos do contrabandista, os desarmando. Quando ameaçou o próximo tiro no segundo, o contrabandista hesitou em atacar, escolhendo se agarrar ao paredão.

— Já fracassaram. De que adianta continuar lutando? Querem morrer assim?

— Você não faz ideia, não é? — disse o contrabandista com a sustentação frágil.

O contrabandista juntou-se ao companheiro na corda restante, pegando uma pequena faca e batendo no muro de pedra duas vezes. Os golpes fizeram um som agudo. Subitamente, a corda foi puxada rapidamente, os levando ao topo.

— Vamos terminar isso, impostor, mas agora não é a hora — comentou o contrabandista.

Assim que a dupla saiu da visão de Suzaki, outra pessoa despencou do topo. Seu grito desesperado ecoou pela caverna com cada vez mais força na medida que chegava mais perto de Suzaki. 

“Não, de novo não”, pensou o príncipe, tomando impulso.

— Suzaki o que está fazendo? — disse Ryo, subindo sua corda para chegar perto de seu amigo e impedi-lo.

Contudo, já era tarde, Suzaki caía na direção do homem em queda livre. Os dois colidiram em pleno ar, sendo interrompidos quando o príncipe, fincou sua arma no paredão novamente, segurando a empunhadura com uma das mãos e o homem com a outra. 

— Você está bem? — perguntou Suzaki em gemidos de esforço ao homem que salvou.

— Eu pareço bem? — gritava — Eu vou morrer!

Após as palavras do homem, Ryo se aproximava ajudando Suzaki a a carregar o homem resgatado. 

— Ninguém vai morrer — respondia Suzaki. 

Mesmo com a pouca luz das tochas, o príncipe podia reconhecer aquele rosto que viu na fábrica. Era o trabalhador que buscavam, sendo descartado para morte.

Abandonados pelos inimigos, Suzaki esperou Ryo descer até a sua altura para que pudessem escalar juntos novamente. Pelo restante do caminho, não houve interrupções de nenhuma natureza. Quando atingiram o topo, repousaram o homem no chão e tudo que encontraram foi escuridão. Eles caminharam alguns metros, até que encontraram a origem da luz que viam durante a subida.

— Você reconhece, não é? — perguntou Suzaki, apontando para os rastros disformes no chão.

— Nunca foi um esconderijo para os contrabandistas, era um caminho secreto — concluiu Ryo.

Diante deles estava a região de Nokyokai, iluminada como sempre. A dupla estava no mesmo lugar que encontrou no dia anterior, a rota de fuga dos contrabandistas. 

— Como desceram aquela carruagem? — questionou Ryo — Quantas cordas foram necessárias?

— Podem ter apenas despejado alguns homens para descerem por aqui, tirar os arames das rodas e partir pelo caminho normal — explicou, encontrando pedaços de arame em um canto no chão — Uma fuga em dois tempos, mais difícil de impedir.

— Eles vão voltar — balbuciava o trabalhador, recostado nas paredes da caverna — não precisava ter me salvado, eles sabem bem quem eu sou e…

— Já te disse que ninguém vai morrer — interrompeu Suzaki, se aproximando do homem.

— Não pode me garantir isso — afirmou levando as mãos à cabeça — se eu soubesse no que estava me metendo só por uns trocados a mais. 

— Os Heishis te ofereceram dinheiro para testemunhar contra seu chefe? — perguntou o príncipe.

— Minoru é um cara legal, mas a vida aqui é um lixo. Eu tenho culpa de querer algo melhor? Não, eu não tenho.

— Veja como tudo isso terminou — disse Suzaki — Valeu a pena?

— Sei que meus dias estão contados. Nem vocês podem segurar eles, não é como se um aproveitador como eu merecesse seguranças — curvava a cabeça.

— Ele tem razão — disse Ryo, batendo os dedos na coxa — Onde quer que ele vá, não estará seguro aqui. Esses caras vão voltar.

— Então resolvemos de outra forma — Suzaki pegava uma bolsa de pano do bolso — Isso é o suficiente para sair daqui?

— Ficou louco? — pegava no ombro de Suzaki — o que os Heishis vão fazer se descobrirem? — Ryo insistiu.

— Quem vai contar a eles? — disse o príncipe olhando nos olhos de Ryo, que imediatamente tirou as mãos dele.

— Tem certeza? — o trabalhador relutava em pegar a bolsa das mãos de Suzaki.

— Saia desse Império. Vá para os Midori, Kiiro, o que for, mas saia daqui hoje, agora se possível — jogou a bolsa no peito do homem, que a agarrou com as duas mãos, com os olhos lacrimejando.

O trabalhador desceu até a saída com um sorriso largo estampado no rosto, sendo observado como uma presa pelo príncipe que suspirava aliviado. 

— Desafiar o Toshio desse jeito é perigoso — disse Ryo, cessando de bater seus dedos.

— E subornar alguém para dar falso testemunho é crime — Suzaki ergueu a voz por um instante — Toshio diz que meu pai o considera muito. Em respeito a ele, não vou delatar, mas isso não me impede de tomar as rédeas dessa situação.

— Como espera que eles engulam um fracasso desse?

— Mostrando uma alternativa melhor.

Do lado de fora da caverna, os Heishis que aguardavam o retorno de Suzaki, quando ouviram passos vindo de dentro da caverna. A equipe se posicionou, formando uma murada de homens com Toshio logo atrás, à espera do pior até que viram o Heishi Celestial e Ryo saindo de dentro. 

— Onde está o trabalhador? — perguntou Toshio.

— Eu tentei — dizia Suzaki estendendo um pedaço de pano chamuscado — Chegamos tarde demais

O capitão saiu de trás da fileira de Heishis, empurrando tudo no seu caminho, mas Ryo se colocou entre ele e Suzaki.

— Agora não é a melhor hora — disse Ryo.

O capitão dos Heishis engoliu seco e, subitamente, deu um soco em Ryo, que rolou para o lado.

— O que está fazendo? — gritou Suzaki.

— Você fracassou comigo pela última vez, criança. Isso não vai ficar assim.

— Toshio, a gente tem problemas maiores — Ryo levantava-se do chão, com sangue escorrendo pelo nariz — A caverna era um meio para os contrabandistas escaparem. Eles ainda estão por aí.

— Então vai me dizer que além de matarem nossa melhor chance de ter as minas para nós, nossos inimigos ainda estão à solta? — colocou as mãos na cintura — Me dê um bom motivo para não… 

— Para quê? Eu sou seu superior — levantou a voz Suzaki, chegando mais perto de Toshio a ponto de encará-lo erguendo a cabeça — Até aqui suas ações só ajudaram os contrabandistas. Se me escutassem desde o início, teríamos chegado aqui muito antes. Já gastou as suas tentativas e nesse momento, sou sua melhor chance de firmar um acordo justo com Minoru.

Os dois se encararam por alguns segundos, Ryo levava uma das mãos no ombro do príncipe, tentando o afastar. 

— Como quiser, Heishi Celestial — respondeu Toshio, virando-se de costas — Mas seu pai saberá desse seu comportamento.

Alguns dias depois...

Assim que retornaram à Nokyokai, Suzaki fez questão de firmar um acordo com Minoru para dividir as minas de fulgur no mesmo dia. Toshio teve pouco com o que protestar, na medida em que os Heishis trabalhavam na mina e os preparativos para a distribuição de fulgur para os moradores da cidade já tinham começado. 

Durante esse processo, Suzaki foi convocado pelos Heishis de volta à enfermaria onde o trabalhador havia sido sequestrado da última vez. O prédio havia voltado à normalidade, apesar da estrutura continuar com as mesmas falhas, inclusive a janela quebrada de antes. O príncipe passou pelos corredores acompanhado por um Heishi, quando entrando no último quarto encontrou o corpo do contrabandista que caíra do lado de fora naquele dia.

Em pé do lado da maca, onde o corpo deitava sem vida de olhos fechados, estava um homem pálido, de cabelos escuros e roupas acinzentadas, cobertas por um avental branco. Seu nariz e boca eram protegidos por uma máscara de mesma cor.

— É um prazer tê-lo conosco, Heishi Celestial — ele dizia, removendo a máscara — Levou um tempo para conseguirmos essa reunião.

— Achei que haviam se livrado do corpo. Queria ter acompanhado mais de perto, mas com tudo que vêm acontecendo…

— Desculpas não serão necessárias. Fato é que esses contrabandistas que você chama ainda estão soltos e o que achamos pode ser uma pista interessante.

O médico vestiu as luvas, abriu os botões das roupas do defunto, revelando o interior da sua roupa. O tecido preto era bordado com arcos prateados, como de uma lua minguante.

— Essa marca é da família Tsuki — explicava — Visto que vocês avistaram vários com essas roupas na caverna, imagino que os contrabandistas sejam associados.

— Isso não faz sentido — dizia Suzaki — Ryo está comigo, meu pai me enviou com ele. Como ele não reconheceria um parente morto?

— Em segredo, despachamos alguns Heishis para regiões vizinhas para investigar. Eles descobriram que os Tsuki têm ramos diferentes, um deles predomina especialmente nesta região. Pelo visto a família está dividida há alguns meses. Diria até que desde…

— Desde que Minoru surgiu com a mina — Suzaki colocou as mãos no queixo — Por que meu pai não avisou disso?

— Talvez o Imperador confiasse em Ryo por morar perto. De certa forma ele tinha razão, ele o ajudou até hoje, salvou sua vida, não foi? — dizia o médico, quando Suzaki concordou com a cabeça.

— Meu pai estava evitando as cartas de Minoru por muito tempo.

— Ou elas simplesmente não chegaram até ele — respondeu dando de ombros.

— E ele me mandou aqui pensando que era uma tarefa banal. Meu pai não faz ideia do que tem aqui.

— Sem dúvida, Heishi Celestial. E como pretende proceder com essa informação?

— Meu pai confiou em mim. Mesmo que tenha subestimado a tarefa, vou cumpri-la. Separe os documentos, esconda-os se for preciso, não confie em ninguém. Eu virei coletá-los quando tudo estiver resolvido.

— Mas eu não posso fazer isso. Essas evidências já chegaram ao conhecimento do Capitão Toshio. Aliás, minhas primeiras tentativas de alcançar vossa alteza foi através dele, mas pelo visto precisei enviar um emissário próprio para isso.

— Então eu preciso falar com ele — dizia Suzaki, indo até a saída — Obrigado por ter me avisado. 

— Vai visitá-lo imediatamente?

— Ainda não — abria a porta de saída — Minoru me convidou para uma reunião, disse que era importante. Mas se tiver sorte, Toshio estará lá também.

Perdido em seus pensamentos, o príncipe tomou seu cavalo e cavalgou pela cidade, rumo às minas, sem notar as casas ficando cada vez mais escuras, como se tudo estivesse apagado ao seu redor.

"Com certeza Ryo não parou para pensar que poderia ser os Tsuki. Duvido que tenha reconhecido qualquer um deles. Quando descobrir isso provavelmente ficará arrasado. Imagina se ele tivesse matado um deles?"

Quando atingiu a entrada da mina, o lugar estava vazio. Ninguém nas torres, a cabana de Minoru estava apagada também. A mina parou de emitir o brilho intenso de antes. 

— Olá? Minoru? — Suzaki gritou, enquanto abria a porta do escritório. 

De repente, a sala se acendeu com a lâmpada de fulgur e Minoru, junto de vários outros cujos nomes e os rostos Suzaki ainda não reconhecia, saltaram de baixo da escrivaninha aos berros e palmas. De trás de Suzaki, outros trabalhadores surgiram, vindos pelos lados da casa para abraçá-lo.

— Minoru — Suzaki falava em meio à gritaria — Por que tudo isso?

— Terminamos de extrair a metade da mina, alteza — gritava — Já temos o suficiente para distribuir, estocar, fazer o que quisermos!

Os que estavam dentro da cabana eventualmente saíram para construir uma fogueira do lado de fora com os outros trabalhadores. Na medida que todos formavam um círculo ao redor do fogo, Suzaki reconhecia a carne no espeto que assavam naquelas brasas.

— Bois só existiam do outro lado do território. Como trouxeram uma carne tão cara para dentro das cavernas? 

— Ei, é uma compra especial para uma ocasião especial. Finalmente conseguimos o acordo! — gritou em uníssono com os outros, mas Suzaki permaneceu quieto — Algum problema, alteza? 

— Eu pensei que seu chamado fosse urgente, precisava tratar de um assunto com Toshio — levava uma mão ao queixo.

— Já assinamos o acordo, por que está tão preocupado? Sabe, eu estava até pensando em parar de estocar todo aquele fulgur reserva. Acha que devo fazer isso? 

— Melhor garantir que a distribuição do que já separamos esteja sendo bem feita. As casas ainda parecem bem apagadas daqui — alegou Suzaki, vendo a cidade distante.

— Pode ficar tranquilo — sorria pegando o príncipe pelo ombro — Ryo já se adiantou. Enquanto falamos ele está cuidando disso. 

— Sério? Tudo está acontecendo tão rápido. Mal consigo acompanhar.  

— Fique tranquilo aproveite sua juventude, deixe para um velho como eu as preocupações. Seu subordinado é bem prestativo por sinal — sorria Minoru. 

"Será que Ryo quer mostrar serviço? Meu pai devia saber o quanto você era eficiente. Ele sempre olha por mim", pensava, quando sentiu sua jaqueta ser puxada por trás. 

Virando a cabeça para trás, reparou numa criança com um sorriso interrompido somente pela abertura entre dois dentes frontais. Ela tinha roupas tão sujas que se confundiam com o preto dos seus curtos fios de cabelo.

— Jun, não faça isso! — um dos mineradores pegava a criança no colo — titio já falou sobre os modos com a visita.

— Ma-mas… — a criança se debatia. 

— Pode deixar ela — respondeu Suzaki rindo.

— Que indelicado da minha parte, esqueci de apresentar minha família — se levantou Minoru — Este é meu irmão e minha cunhada. 

— É um prazer alteza — os dois se curvaram.

Minoru pegou a criança de seu irmão, a colocando no chão.

— Este é meu filho.

O garoto erguia a cabeça boquiaberto sem tirar os olhos do príncipe de cabelos azuis.

— Sou o Jun. Você que é o… o nosso herói? 

— Nada disso, na verdade — Suzaki se preparava para responder quando outra criança o agarrou pela bota.

— Meu pai disse que você é um príncipe! — uma garotinha um pouco mais alta dizia — Pode me mostrar o seu castelo, por favor?

— Tenho certeza que um dia ele vai nos levar lá, Mia — Minoru pegava ela nos braços também — Mas não hoje. 

 

Quando a comida acabou e os convidados começaram a voltar para casa, Suzaki aproveitou o momento para se despedir de Minoru, que o acompanhou até seu cavalo. Suzaki subiu na montaria, porém prestes a estalar as rédeas, foi interrompido. 

— Se importaria de esperar um pouco? Eu gostaria de te mostrar uma coisa — disse Minoru pegando algo do bolso — Era da minha mulher.

O chefe das minas abriu a mão e revelou uma aliança cujo a pedra incrustada nela brilhava timidamente.  

— Isso é… 

— Você viu as pessoas desse lugar — dizia enquanto o príncipe pegava o anel, o analisando — Frágeis, doentes, qualquer doença pode ser a última. Ela morreu quando Jun ainda era um bebê.

— Eu sinto muito — disse Suzaki abaixando a cabeça — Mas por que está me falando isso?

— Eu lutei por todos daqui e faria tudo de novo — fechava o punho ao redor da aliança novamente — Mas será mesmo? Ou isso tudo foi uma forma de compensar o que eu não fiz enquanto ela era viva? Tinha algo a ser feito?

— Quando estamos pressionados, mostramos quem somos de verdade — Suzaki colocou a sua mão por cima do punho fechado de Minoru — Tenho certeza que fez tudo que podia. Está fazendo isso agora mesmo e nem sei como agradecer.

— Acho que da sua parte, você já fez bastante — sorriu — Alteza, eu preciso ser sincero com você. Depois de tantos meses de espera, não me restou outro sentimento que não fosse desconfiança pelo seu pai. Acho esse acordo bom demais para ser verdade.

— Eu creio que meu pai só está com mais problemas do que imaginei. Além do mais, esse lugar está sob os meus cuidados Minoru.

— Você confia nele?

Suzaki parou por alguns segundos, olhando a cidade na distância antes de responder.

— Confio.

— Então ele terá minha confiança, assim como você tem a minha. Por causa disso, vou me desfazer do estoque de fulgur para acelerar as coisas amanhã.

Ainda com as mãos uma por cima da outra, os dois as apertaram com mais força. 

— Obrigado, Minoru — disse Suzaki, recuando do aperto para usar as rédeas.

Com o relincho do cavalo, o Heishi Celestial disparou de volta para sua morada temporária. Deixado por ali, Minoru admirava seu benfeitor sumindo em meio às ruas da cidade que se esticava por toda sua vista.


Ilustradora: Joy (Instagram).

Revisado por: Matheus Zache e Pedro Caetano.



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