Volume 1
Capítulo 65: Fuga…
Nimbus sorriu, sentindo-se orgulhoso. Seu mestre parecia mais orgulhoso dele do que nunca. Nunca havia visto Lonios exibir aquele sorriso de admiração.
No entanto, a questão sobre sua mãe o deixou desconfortável. Será que Lonios achava que sua mãe era uma Drago? Ou talvez ele soubesse sobre seu pai e suspeitasse que sua mãe fosse algo mais? O certo era que Nimbus nunca havia se sentido como um Drago puro sangue.
— Desligar os inibidores nervosos? — Nimbus perguntou, decidindo ir por partes. Tinha muitas perguntas para fazer ao seu mestre, e agora, com a promessa de que ele lhe contaria tudo, não teria pressa. Eles haviam sobrevivido e ainda teriam muito tempo para conversar.
— Não é hora de baixar a guarda — Elisis se aproximou com os outros oficiais. Agora, o grupo estava organizado na frente do porto pirata, e todos sabiam que qualquer uma das naves estava disponível para a fuga. — Logo, eles irão se reagrupar e nos atacar. Sempre aparece um outro pirata disposto a assumir o posto de quem morreu.
Ela apontou para o corpo do Lorde Pirata, agora decapitado.
Era o que Nimbus temia. A batalha não havia terminado de verdade. Ainda havia uma longa viagem pela frente, com a constante ameaça de piratas à espreita. Eles estariam sozinhos, flutuando na imensidão do éter, à mercê de todos os perigos. Mas, no fundo, ele acreditava que nada poderia ser pior do que o que já havia acontecido ali. Pelo menos, assim ele esperava.
Com a maior rapidez possível, seguiram em direção à pequena nave do Lorde Pirata, a mesma que os havia feito prisioneiros. Nimbus olhou uma última vez para a Brand, ancorada no porto pirata. Só restavam ela e a nave contra a qual haviam lutado.
Dentro da nave, a contagem foi feita. Dos 100 sobreviventes, apenas 67 restaram. De acordo com Lonios, aquele número era mais do que suficiente para colocar a nave em funcionamento, mas, sem dúvida, um número muito baixo para comemorar.
Todos tomaram seus lugares. Lonios, cansado, se sentou em um banco na ponte de comando. Dr. Leonardo tratava dos ferimentos de Lonios ali mesmo, enquanto a enfermeira Cristiane, ainda maquiada com a pintura de guerra de Elisis, cuidava dos casos mais leves. Jim já estava na mesa de navegação da nave pirata, tentando se localizar.
Quando a nave finalmente partiu, um grupo de piratas iniciou uma investida contra ela. No entanto, eles não conseguiram alcançá-los. A nave partiu antes de serem alcançados pelos piratas, mas, provavelmente, eles os perseguiriam. Pelo menos foi o que Elisis e Lonios previam.
Apesar de a nave ser feita para uma tripulação reduzida, apenas cinco mecânicos haviam sobrevivido, contando com o inútil Ari. Na prática, eram apenas quatro mecânicos, e a nave foi projetada para pelo menos dez. Com isso, não conseguiram alcançar a velocidade máxima.
Na ponte, ficaram Nimbus e Elisis. A Pola foi escoltada para um alojamento privativo, o único na pequena nave. Valeros e Lonios foram levados para uma sala que mais parecia um açougue do que uma enfermaria, mas, na verdade, era a enfermaria dos piratas.
Jim estava à frente da navegação, enquanto Wenra Nyota se encarregava da comunicação. Segundo ela, o sistema era bem desenvolvido para um grupo pirata, com rádios de longo alcance e radar. Tenente Ka Hikaru assumiu a pilotagem, sendo o último piloto restante. O Alferes Nicolas Pavel, por sua vez, ficou responsável pelas armas na ponte, que eram avançadas, ocupando 30 dos sobreviventes para operar os 15 poderosos canhões a hidrogênio da pequena nave
Quando partiram do porto, olharam para trás e viram os piratas ocupando a nave que haviam derrotado no dia anterior. Com sorte, demorariam alguns minutos para ligar os motores, tempo suficiente para garantir uma grande dianteira.
Mas o que os deixou ainda mais atônitos foi o que viram em seguida: a ilha tinha uma cabeça. E ela a levantou, observando as naves que zarparam do seu dorso. Na verdade, a ilha era o casco de uma tartaruga gigante.
Nimbus ficou horrorizado. Como poderia existir algo tão grande? Era maior do que qualquer monstro do éter, colossal.
— Está explicado porque essa ilha não está nos mapas. Não é uma ilha, é um Zaratam, uma tartaruga gigante que vive no éter. Eu imaginei que fosse um mito, mas nunca pensei em avistar uma, muito menos ter dormido no lombo de uma — Lonios falou, com um sorriso nostálgico, olhando da sala que mais parecia um açougue.
E assim, eles escaparam da ilha-tartaruga e viajaram por alguns minutos sem rumo até que Jim conseguisse criar uma rota segura, bem próxima à grande tempestade.
Segundo ele, essa tempestade prejudicaria o radar inimigo, mas deixaria a tripulação vulnerável aos ataques dos proscritos. Elisis, no entanto, considerava essa ameaça menor e mais fácil de lidar do que os piratas.
Foi nesse momento que a enfermeira Cristiane chamou Nimbus para a enfermaria. Elisis o acompanhou, e o Dr. Leonardo os esperava à porta da sala.
— Sinto dizer, mas o Sãr Lonios não está nada bem — Dr. Leonardo falou para Nimbus e Elisis.
— Mas o que aconteceu? — perguntou Elisis, preocupada.
— Seus pulmões foram perfurados pela flecha do Lorde Pirata, e ele está sufocando lentamente pelo acúmulo de sangue. Além disso, acho que a seta estava envenenada, por isso ele não está respondendo aos medicamentos. Acho que vou ter que operá-lo, mas esta enfermaria é muito precária. Os riscos de infecção são exorbitantes — o Doutor disse, com uma expressão triste.
Nimbus e Elisis se entreolharam.
— Mestre… — Nimbus tentou entrar na sala, mas foi segurado por Elisis.
— O opere! O senhor é um médico muito bom, vai conseguir! — Elisis soltou Nimbus e segurou o médico pelos ombros.
Aproveitando a liberdade, Nimbus entrou na sala e o que viu o deixou ainda mais aterrorizado. Lonios parecia ter envelhecido anos. Sua expressão estava cansada e ele estava muito pálido, mas ao vê-lo, Lonios sorriu timidamente.
— Mestre, o senhor vai ficar bem. O Dr. Leonardo vai operá-lo e tudo vai ficar bem, vai sim — Nimbus disse, tentando passar confiança.
Valeros estava deitado em uma maca ao lado, e virou o rosto, reconhecendo o peso da situação. Ele sabia muito bem o que aquele momento significava, pois ele mesmo havia passado por algo semelhante no dia anterior. Tentou se levantar, mas a enfermeira Cristiane não permitiu. Ele estava muito fraco.
— Nimbus, eu sei qual é o meu destino. Já lutei em muitas guerras, sei a gravidade de um ferimento, e também sei que aquela seta estava envenenada. Eu sabia que estava dando minha vida pela vitória. Quando você desligou todos os seus inibidores nervosos para me salvar, você apenas prolongou um pouco a minha existência, e eu te agradeço por isso. Vi uma criatura mitológica e o homem que você se tornou. Estou muito orgulhoso de você.
Nimbus não conseguiu falar nada. Ele apenas chorou. A única figura paterna que ele tinha estava prestes a partir, e ele não conseguia suportar. Agora ele entendia o sofrimento pelo qual Valeros passava. Cavaleiros eram como pais para seus aprendizes.
Não pais biológicos, mas muito mais importantes do que isso. Pais que ensinavam e moldavam seus filhos adotivos. Todos os cavaleiros de hoje deviam sua doutrina a seus mestres.
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