Volume 1
Capítulo 59: Engodo…
De repente, as duas começaram a se acariciar, e logo as roupas foram deixadas de lado. A maquiagem de guerra de Elisis, borrada pelas lágrimas, se mesclava ao fervor dos gestos intensos e apaixonados.
O som de risos e suspiros chamou a atenção dos guardas. Jovin cutucou seu companheiro de vigília, Wig, com um sorriso malicioso.
— Olha só, tem duas mulheres ali se pegando — comentou Jovin.
Wig soltou uma gargalhada.
— Adoro isso. Duas mulheres juntas é lindo.
— E aí, o que fazemos? Vamos fazê-las parar?
— Deixa elas. Provavelmente acham que vão morrer e querem aproveitar uma última noite de amor.
Os dois riram, cúmplices na decisão de apenas observar. Durante alguns minutos, permaneceram admirando as duas mulheres, seus corpos iluminados pela luz fraca do ambiente.
Quando a escuridão ficou mais densa, decidiram não arriscar levar as lanternas até elas, temendo represálias dos superiores.
A noite começou tranquila. Entre cochichos, os guardas discutiram os planos do Lorde Pirata para a reunião marcada para o dia seguinte.
Revezaram-se na vigília, garantindo que nenhum deles ficasse exausto. O amanhecer logo traria o reinício dos interrogatórios.
A enfermeira, com a maquiagem borrada e os cabelos desgrenhados após o ato de amor com a amazona, levantou-se lentamente. Seus olhos, agora iluminados por uma determinação que parecia inabalável, fixaram-se nas grades que separavam o cárcere feminino do masculino.
Ela deu alguns passos até a barreira de ferro, os dedos tocando levemente o metal frio enquanto sua presença preenchia o espaço com uma aura inesperada de autoridade.
— Ei, garoto, vem aqui — chamou, a voz firme e baixa, mas carregada de intenção, dirigindo-se ao escudeiro que antes estivera vendado.
Ele se aproximou, confuso, e antes que pudesse reagir, ela o segurou pelo colarinho e o beijou. A cena era inesperada, mas os piratas, calejados por anos de guarda, sabiam que o confinamento frequentemente revelava os desejos mais primitivos das pessoas.
O garoto ficou parado, como se congelado. Seus olhos estavam arregalados, e parecia não saber como reagir. Os piratas trocaram olhares cúmplices e caíram na risada.
— Ele nunca foi beijado assim antes, certeza! — cochichou Jovin, rindo.
A enfermeira, com um gesto brusco, empurrou o escudeiro para longe. Ele caiu sentado, ainda chocado, encarando-a em silêncio.
— Você não tem iniciativa. Odeio homens assim, covardes e frouxos.
Ela se virou para os guardas, lançando-lhes um olhar sedutor.
— E vocês? Têm iniciativa? Estou procurando homens de verdade, não esses moleques fracos que tem por aqui.
Jovin sentiu o coração acelerar. Uma mulher tão bonita quanto aquela não aparecia todo dia, ainda mais em um ambiente tão desolador.
— Eu tenho iniciativa, moça, tenho sim! — disse, ansioso, enquanto dava um passo à frente.
— Ei, o que está fazendo? — Wig o segurou pelo braço, desconfiado.
— Cara, ela tá a fim! Vamos aproveitar antes do Lorde chegar.
A enfermeira lançou outro olhar provocante.
— Hoje, quero dois homens com iniciativa.
Ela começou a desabotoar a camisa, deixando os guardas hipnotizados. Wig suspirou e pegou um par de algemas.
— Tá bom, mas vamos rápido — disse, cedendo à tentação.
Todos os presos observavam sem entender o que estava acontecendo, porque a Cris estava agindo daquela maneira?
Os dois entraram na cela. Antes de algemar a moça, Wig lançou um olhar para a amazona, que parecia estar dormindo. Sua maquiagem pesada continuava intacta, um detalhe que lhe trouxe alívio. Não poderia ser ela, afinal.
A enfermeira sorriu. Um sorriso deslumbrante, tão raro naquele lugar sombrio.
Para Jovin, era quase inacreditável que uma mulher tão linda estivesse se entregando a ele, um pirata comum e maltrapilho. Enquanto a retiravam da cela, ele se sentia no ápice da sorte, certo de que aquela seria uma noite inesquecível.
Eles a levaram para uma cela vazia, longe de qualquer testemunha, e começaram a retirar suas armas antes de entrar.
Sabiam que seria imprudente portar lâminas ou pistolas na presença dela; uma mulher desesperada poderia facilmente se apoderar de uma arma e usá-la contra eles. Sem esse risco, acreditavam que poderiam controlá-la com a força bruta, se necessário.
Assim que entraram na cela, a moça começou a demonstrar uma expressão de medo, seus olhos inquietos denunciando uma suposta mudança de ideia.
— Acho que não quero mais. Me deixem voltar para minhas amigas — ela disse, a voz tremendo.
Jovin soltou uma risada áspera.
— Moça, agora que você tá aqui, vai dar.
— Ou faz o que a gente quer, ou vamos ter que pegar à força — acrescentou Wig, olhando para o companheiro com um sorriso de escárnio.
A enfermeira recuou contra as grades, aparentando hesitação, e murmurou:
— Que assim seja, então.
Em um movimento súbito e inesperado, ela usou as barras da cela como apoio, impulsionando-se em um salto sobre os dois piratas. A surpresa os desarmou mais do que qualquer lâmina poderia fazer. Ao cair atrás deles, desferiu cotoveladas precisas na nuca de Jovin, que caiu no chão, desnorteado. Sem perder tempo, lançou as algemas em volta do pescoço de Wig, usando-as para estrangular o homem com precisão implacável.
Ela se virou de costas, puxando as algemas com toda sua força enquanto o inimigo ficou subjugado às suas costas. Em poucos segundos, ouviu o som seco de um pescoço quebrando. Wig caiu como um boneco, os olhos arregalados fixos no nada.
Enquanto isso, Jovin tentava se erguer, lutando contra a confusão. Assim que se firmou, avançou para cima dela com um grito furioso.
— Sua vaca...!
Mas ela era mais rápida. Desviou de um soco desferido com força cega e, com precisão quase cirúrgica, desferiu um chute direto no joelho dele. Jovin caiu de joelhos no chão, incapaz de se equilibrar.
— Sua vaca...! — tentou repetir, mas sua voz foi interrompida por um chute devastador na garganta. O impacto esmagou sua traqueia, deixando-o sufocando no chão até o último suspiro.
Sem perder tempo, a enfermeira revistou os corpos caídos, encontrando as chaves nos bolsos dos homens. Libertou-se das algemas com agilidade e, com um último gesto de desprezo, cuspiu sobre os corpos dos piratas.
Sem olhar para trás, caminhou em direção às celas, a determinação estampada em cada passo. A noite, silenciosa até então, começava a testemunhar o contra-ataque.
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