Volume 1
Capítulo 58: Sacrifícios…
A situação era desesperadora. Elisis havia perdido seu melhor soldado e a chave para a fuga daquele cárcere. Valeros não estava bem. A preocupação era grande, além de ser seu melhor soldado, Valeros era seu amor, qual seria o futuro dele agora sem sua mão dominante? O Dr. Leonardo realizara os primeiros socorros e agora o ferido dormia, provavelmente em choque psicológico pela amputação de sua mão. Ele estava fraco, debilitado, e perdera muito sangue. Durante a fuga, seria necessário carregá-lo.
— O que faremos agora? — perguntou Elisis em voz baixa, dirigindo-se a Lonios na cela ao lado.
— Temos que seguir o plano. Não podemos permanecer aqui. Com esses interrogatórios, logo todos estaremos feridos.
— Será que conseguiremos? Valeros era peça-chave no meu plano. Você acha que consegue derrotar o Lorde Pirata?
— Não sozinho. Ele é mais poderoso do que aparenta. Não vimos todo o seu potencial ainda. A luta contra Valeros foi apenas uma brincadeira para ele.
— Também percebi. Ele estava se contendo. Além disso, tem aquela espada afiada e parece ser um excelente estrategista. Como vamos detê-lo?
Lonios suspirou profundamente, como se antecipasse o peso de sua decisão.
— Vou me arrepender pelo resto da minha vida pelo que estou prestes a fazer agora.
Ele se aproximou de Nimbus, que estava sentado em um canto da cela, cabisbaixo.
— Nimbus, vou precisar pedir algo que vai lhe causar muita dor. Algo que jamais deveria ser feito na sua condição, mas não há alternativa. Precisamos de sua ajuda para derrotar o Lorde Pirata.
Elisis observava a cena com crescente inquietação. O que Lonios pretendia? Nimbus parecia frágil, muito menos habilidoso que Valeros. Como ele poderia ajudar?
Um pensamento sombrio passou por sua mente: e se Lonios estivesse prestes a sacrificar o aprendiz? Sua mestra sempre lhe alertara que cavaleiros sem mestre às vezes treinavam órfãos justamente por isso. Ninguém sentiria falta se eles desaparecessem.
— Pode contar comigo, mestre — respondeu Nimbus com firmeza. — Mas como posso ajudar se estou usando essa venda?
Lonios o encarou, os olhos carregados de pesar.
— Nimbus, teremos que removê-la. Mas entenda, isso é algo que um mestre nunca deveria pedir a seu aprendiz.
Nimbus ergueu a mão até a venda que cobria seus olhos, mas Lonios a segurou antes que ele a retirasse.
— Você não compreende o que estou lhe pedindo. Quando retirar a venda, sentirá uma dor imensa, algo quase insuportável. E o pior... você poderá ficar cego no futuro.
Por um instante, Nimbus hesitou. Depois, respirou fundo e começou a retirar a venda. Lonios o ajudou, seus movimentos lentos e cuidadosos. Assim que ficou livre, o garoto manteve os olhos cerrados.
Corajosamente, ele os abriu. Um grito de dor ecoou pela cela, como se estivesse sendo ferido por algo invisível. Ofegante, Nimbus finalmente se acalmou após alguns segundos. Ele piscou algumas vezes e olhou para Lonios.
Elisis jurava que seus olhos estavam diferentes. A íris parecia momentaneamente felina antes de retornar ao normal, mas talvez fosse apenas uma ilusão. Contudo, ao redor das íris, veias vermelhas se projetavam, como marcas de algo profundo e desconhecido.
— Como se sente? — perguntou Lonios.
— Fora a dor de cabeça e nos olhos, estou bem. Só minha visão está um pouco embaçada.
— É o processo de adaptação aos seus novos olhos.
Elisis franziu o cenho. Novos olhos? A afirmação parecia confirmar suas suspeitas.
— A visão embaçada e a dor são porque seus olhos foram expostos à luz cedo demais. Você deveria ter permanecido alguns dias com a venda para que eles cicatrizassem completamente — explicou Lonios, sua voz carregada de culpa.
Elisis continuava observando em silêncio, o coração pesado. O que quer que estivesse acontecendo com Nimbus, era algo que nenhum deles compreendia por completo.
Ele colocou a mão no ombro do garoto e olhou para Elisis:
— Pode colocar o seu plano em prática, logo estaremos prontos.
Imediatamente, Elisis caminhou em direção à enfermeira Cristiane, que estava com os cabelos soltos, o que não era comum para uma enfermeira, exatamente como Elisis a havia instruído.
— Cris, está na hora.
— Eli, não sei se vou conseguir — abaixou a cabeça e lágrimas brotaram dos seus olhos.
— Cris, tem que ser você. — Elisis se aproximou da amiga e a abraçou. — Você é a única mulher parecida comigo nessa cela, temos que fazer exatamente como combinamos.
— Não sei se consigo — ela chorou mais.
— Consegue sim — Elisis se aproximou dela e começou a beijá-la.
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