Volume 1

Capítulo 51: O poder da maldição do tempo…

Lonios não podia acreditar no que via. Os inimigos ao redor começaram a recuar, seus olhares carregados de pavor, como se algo terrível estivesse prestes a acontecer. O cavaleiro sabia que não era por sua causa. 

Não usara toda a extensão de seus poderes, apenas o suficiente para afastar os mais afoitos. O restante seria resolvido pelos soldados.  

Mas havia algo errado. Ele reconhecia aqueles olhares, semelhantes aos que já vira em campo de batalha: olhos de puro desespero, como os de animais encurralados, sem escapatória. Eram olhares que costumavam surgir quando ele mesmo liberava todo o seu poder. Só que, desta vez, não era o caso.

Lonios percebeu que os inimigos não estavam olhando para ele, mas para algo atrás de si. Quando virou-se, viu Nimbus em meio a um turbilhão de movimentos de precisão tamanha quase impossível de acompanhar. 

O garoto desarmava três inimigos ao mesmo tempo, enquanto outros quatro jaziam no chão. Mais três estavam caindo, com as espadas arrancadas de seus companheiros cravadas em seus corpos. 

Nimbus se movia com uma fluidez absurda, algo que Lonios só havia testemunhado quando membros de sua linhagem sanguínea usavam seus poderes sem contenção. Um poder que ele acreditava ser exclusivo dos sangue puro da sua linhagem. 

Ao notar o olhar do mestre, Nimbus sorriu rapidamente antes de derrubar mais três oponentes com um único golpe. Lonios observava, incrédulo. Não havia outra explicação: aquilo era uma das Maldições da Visão. 

E não qualquer uma, mas a Maldição do Tempo, uma das mais poderosas, uma que ele mesmo também possuía. 

Mas como isso era possível? Nimbus era mestiço, fruto de outra linhagem misturada à sua, o que deveria torná-lo incapaz de manifestar tal poder. 

Lonios tentou ignorar o choque enquanto os inimigos hesitavam. Um amplo círculo de mais de cinco metros de diâmetro formara-se ao redor dos dois, onde ninguém ousava entrar. A batalha estava, de fato, vencida.

Nesse momento, Lonios viu Valeros avançando em direção ao mestre caído. Os soldados ao redor protegiam Adon e Boagrius, mantendo os inimigos afastados. Então ele gritou:

— Ataquem!

Imediatamente, os soldados da Brand correram para ocupar o caminho que Nimbus mantivera aberto. A visão do campo era desoladora. Boagrius estava crivado de flechas, caído de olhos abertos. Sua espada permanecia cravada no peito de um arqueiro inimigo. 

Adon, por outro lado, jazia no chão, esgotado. Ele havia queimado toda a matéria de seu corpo para alcançar tamanha força e tamanho.

Lonios correu para a entrada da ponte, com Nimbus em sua retaguarda. Cada inimigo que surgia era abatido sem piedade. Os que escapavam da espada de Lonios eram rapidamente neutralizados por Nimbus, que, embora tentasse evitar ferimentos letais, já não conseguia conter sua letalidade.

De repente, Valeros, tomado pela fúria, lançou-se contra a porta da cabine. Ele irrompeu no interior, atacando sem hesitar todos que ousavam atravessar seu caminho. Foi nesse instante que Nimbus desabou no chão. 

A primeira vez do uso da manifestação da Maldição da Visão cobrava seu preço.

Lonios imediatamente correu até o garoto, segurando-o nos braços com cuidado. Nimbus estava desacordado, mas seus olhos sangravam, lágrimas de sangue escorriam enquanto ele estava desacordado. 

Com expressão grave, Lonios puxou um lenço do bolso e improvisou uma venda. Ele sabia que, pelos próximos dias, Nimbus não poderia abrir os olhos. O menor feixe de luz provocaria uma dor insuportável em seus globos oculares exaustos pelo esforço extremo.

— Mantenham-no seguro — ordenou Lonios aos soldados próximos.

Deixando Nimbus sob os cuidados de seus homens, Lonios virou-se e avançou até a ponte da nave inimiga, que Valeros havia arrombado com fúria momentos antes. 

Ao chegar, seus olhos se voltaram para a janela principal. A visão fez seu coração pesar. A Peregrino, imponente e outrora símbolo de resistência, estava sendo tragada para as profundezas do éter. A gigantesca criatura que os ameaçava envolvia a nave, puxando-a para o abismo silencioso e implacável daquele vazio infinito.

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