Volume 1
Capítulo 43: A manobra genial…
Ele abriu um grande mapa sobre duas mesas que estavam juntas. Era um papel enorme, muito maior que as mesas, e ainda não estava completamente desenrolado.
Jim traçou com um lápis a trajetória que a nave pirata faria ao contornar a tempestade, depois traçou outra rota representando o caminho que a Brand deveria seguir para pegá-los desprevenidos.
— Está vendo, Nimbus? Isso é o que devemos fazer. Assim, os encontraremos em cerca de uma semana.
— Jim, mas você traçou uma linha quase dentro da tempestade, e uma semana é muito tempo. Em uma semana, eles podem pegar outra rota — respondeu Nimbus, preocupado.
— Mas se eles seguirem essa rota, crentes que escaparam de nós, pegaremos de surpresa. É só desligar as luzes das duas naves e esperar à noite. Quando se aproximarem, os pegamos desprevenidos
— Será que é isso que o capitão vai fazer?
— Não sei, Nimbus, mas se ele fizer isso, e derrotarmos os piratas, essa viagem ficará para a história.
Após esse evento, Nimbus saiu da biblioteca e deixou Jim estudando as possíveis rotas. Caminhando calmamente, ele foi até a porta da cabine de seu mestre. Bateu algumas vezes, mas não foi atendido.
Então, empurrou a porta e entrou. Lá encontrou Lonios sentado no chão, em posição de lótus, com os olhos fechados.
— Desculpe, mestre. Estou interrompendo algo?
— Já interrompeu, Nimbus. — Lonios se levantou da posição e se sentou em uma cadeira perto da escrivaninha. — O que você precisa, meu garoto?
— Só vim avisar que Jim descobriu a rota que o capitão vai tomar para interceptar os piratas.
— Muito bom, esse seu amigo é realmente muito esperto.
— Verdade. — Houve um silêncio desconfortável. Lonios não seguiu com a conversa, então Nimbus decidiu perguntar: — O que o senhor estava fazendo sentado no chão?
— Isso? Ah, é uma técnica de relaxamento que aprendi quando criança.
— Por que o senhor não me ensinou?
— Nimbus, essa técnica é ensinada somente aos descendentes da minha linhagem sanguínea. Não teria serventia para você. Quero dizer, você tem traços da minha linhagem do continente de onde eu vim, pele mais escura que o normal para Cenferum, mais atarracado, e olhos de cores estranhas. Mas essa técnica, passada de geração a geração, só trouxe benefícios para quem tem pai e mãe da mesma descendência. Sua mãe ou pai claramente eram oriundos de Cenferum.
— Mas o senhor não disse que era para relaxamento?
— Bem, ela serve para isso também. Mas, principalmente, é para melhorar nossas habilidades inatas de combate.
— Tá, mas não serve para relaxar também?
— Já vi que você não vai parar de me atazanar se eu não te ensinar. Senta aí no chão.
Nimbus, feliz, correu para o tapete onde Lonios estava sentado e tentou ficar na mesma posição.
— Não, dobre as pernas assim — disse Lonios, ajeitando as pernas do garoto. — Coluna reta, olhos fechados.
— Nossa, é desconfortável ficar assim.
— Você se acostuma. Agora, ouça a minha voz. Imagine algo balançando na sua frente, pode ser um pingente de um colar, um pêndulo, qualquer coisa.
— Respire devagar, pense nos movimentos de soltar e prender o ar. Esqueça tudo que é ruim para você, se imagine em algum lugar tranquilo. Respire. Deixe a sua imaginação fluir nesse lugar tranquilo.
— Se algo negativo aparecer, analise-o devagar e dispense-o, também devagar. Depois de estar totalmente tranquilo, pense em algo que você queira melhorar. Pensou?
— Sim — respondeu Nimbus, serenamente.
— Agora se imagine fazendo o que você deseja melhorar. Se não conseguir, imagine alguém fazendo isso. Saia da cena e se veja fazendo isso. Agora, se coloque de volta na cena e se imagine fazendo isso perfeitamente, nesse lugar tranquilo.
Nimbus sentiu como se algo se acendesse dentro da sua mente, algo que estava adormecido a muito tempo. Arregalou os olhos imediatamente quando sentiu isso e Lonios observou tudo intrigado.
— Está tudo bem? — Lonios perguntou.
— Nada, só uma sensação estranha.
Lonios ficou alguns instantes pensativo sobre o que o garoto tinha dito e Nimbus continuou sua meditação. Passaram-se alguns minutos em silêncio, até que Lonios perguntou:
— Imaginou várias e várias vezes?
— Sim — respondeu Nimbus, novamente.
Lonios pegou as mãos do garoto, entrelaçando os dedos de forma específica.
— Agora faça assim. Quando sentir que precisa realizar aquilo que visualizou, basta colocar as mãos nessa posição. Vai facilitar bastante.
— Só isso?
— Sim, simples, não é? — Lonios sorriu. — Repita esse processo para outras habilidades que quiser melhorar. E, se quiser relaxar após passar um tempo com alguém desprezível como o capitão... — brincou ele.
Um som de ventos poderosos irrompeu de fora da nave. Alarmados, eles correram até uma das janelas. A Brand estava costeando a tempestade, quase sendo engolida pelo paredão colossal de nuvens vermelhas em espiral que se erguia à sua esquerda.
— O Jim tinha razão, o capitão vai mesmo costear a tempestade.
— Seu amigo é realmente muito esperto — respondeu Lonios.
Lonios se afastou da janela com uma expressão pensativa.
— Venha cá. Acho que está na hora de lhe mostrar algo.
Ele foi até seu alojamento, abriu um baú robusto e retirou um uniforme de couro preto com listras cinza. O revestimento interno era reforçado com placas rígidas, lembrando a armadura de Valeros e Elisis.
— Mandei os artesãos confeccionarem essa armadura com o couro do último monstro do éter que abatemos. Como é feita desse material, ela resiste por alguns minutos caso você caia da nave nas nuvens. Além disso, inclui várias camadas internas de couro, malha de aço e placas de metal maciço. É uma armadura excelente.
— Uau, essa é sua nova armadura, mestre?
Lonios balançou a cabeça.
— Não, Nimbus. É para você. Pedi que a construíssem de acordo com as medidas que o Dr. Henry tirou quando você começou na engenharia.
Nimbus pegou a armadura com cuidado, admirando os detalhes antes de vesti-la. O ajuste era perfeito, e apesar da proteção robusta, era surpreendentemente leve, permitindo liberdade total de movimentos. Emocionado, ele abraçou Lonios com força, quase chorando de felicidade.
Naquela noite, Nimbus dormiu tranquilamente. Antes de adormecer, repetiu o exercício mental que seu mestre lhe ensinara, criando um novo hábito. O exercício tornou-se sua rotina noturna, um momento de relaxamento indispensável após os desafios intensos que enfrentara nos últimos meses.
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