Volume 1
Capítulo 42: Inimigos Avistados…
Os dias passaram tranquilamente, e o plano de Nimbus estava funcionando. Ele evitava ao máximo qualquer contato com Elisis.
Sempre que a encontrava durante os treinos, se afastava o suficiente para não ter que interagir com ela. Após os treinos, ele se dedicava à musculação na academia da nave por mais de uma hora, até se sentir completamente exausto.
Depois, ia para a biblioteca e estudava os assuntos que Lonios lhe indicava. A rotina estava puxada, e ele começava a sentir o peso dos dias. Porém, apesar de todo o esforço, não parecia mais forte, e seus músculos não tinham aumentado.
Em vez disso, eles doíam por dias após cada treino. Valeros o havia avisado que seria necessário mais tempo para ver resultados, mas Nimbus não podia deixar de se sentir frustrado. Pelo menos, ele não estava mais perto da amazona.
Certo dia, o som dos sinos de alarme ecoou pela nave. Nimbus sabia o que significavam. Duas badaladas indicavam a presença de piratas.
Sem perder tempo, correu imediatamente para o alojamento de Lonios, como de costume, e o encontrou vestindo suas botas de couro.
— Duas badaladas, mestre! Piratas — exclamou Nimbus.
— Exatamente. Me ajude com a armadura — respondeu Lonios, com sua calma habitual.
Jim entrou no quarto um pouco atrasado, algo que se tornara rotineiro. Após o turno na engenharia, ele desaparecia na área reservada da biblioteca, sem que Nimbus soubesse exatamente o que fazia ali. Jim estava cada vez mais distante, ocupado com seus próprios mistérios, deixando Nimbus a maior parte do tempo sozinho ou na companhia de Lonios.
— Sãr Lonios, piratas, que droga! Não imaginei que iríamos encontrar com eles. Eu sempre pensei que fosse um acaso, tantas naves piratas juntas atacarem a nossa frota na última vez — disse Jim.
— Não há coincidências em uma situação como essa, Jim. Eles se reuniram especialmente para atacar nossa frota — respondeu Lonios, enquanto fechava seu sobretudo vermelho. Colocou as luvas e Nimbus ajudou a prender o cinto com a Indolente e outra espada na cintura. — Vamos indo.
Saíram pela porta e se encontraram com Adon, Elisis e Valeros, que já estavam à frente da porta de subida para a ponte. Atrás deles, vários soldados estavam parados, cumprimentando os oficiais à medida que passavam.
Quando Nimbus viu Elisis, não pôde deixar de notar como ela estava linda naquele dia, embora o rosto estivesse quase irreconhecível.
A maquiagem, com asas negras desenhadas acima de seus olhos e a base branca cobrindo seu rosto, parecia esconder sua verdadeira identidade.
Nimbus se lembrou do que seu mestre lhe dissera: amazonas usavam maquiagem para camuflar sua identidade, pois frequentemente trabalhavam como espiãs em missões especiais.
— Nimbus, Jim, se houver combate, quero que fiquem no meu camarote e fechem a porta — Lonios disse, sem olhar para os garotos.
— Sim, senhor — respondeu Jim, mas Nimbus ficou quieto, perdido em seus pensamentos.
Quando chegaram à escada que dava acesso à ponte, Adon cumprimentou Lonios.
— Boa tarde, Sãr Lonios! Preparado para a ação de verdade?
— Como nunca, Sãr Adon, estou esperando por isso desde que entrei nessa nave — respondeu Lonios, batendo duas vezes na Indolente, que estava envolta em trapos na sua cintura. Adon sorriu.
Nimbus percebeu que pelo menos Elisis, Adon e Valeros tinham uma visão diferente sobre a situação em comparação com ele e Lonios. Valeros olhou para Jim e comentou:
— Então, prontos para o batismo de sangue?
— Hoje não, Valeros. Se houver luta, eles não participarão. Nimbus nem tem uma armadura para combater no vácuo ainda — respondeu Lonios.
— Entendo. Mas, se os piratas invadirem a nave, eles poderão lutar, sem problemas, dentro dos corredores — Valeros deu uma piscadela para os dois garotos. Nimbus gostou da ideia, mas Jim não parecia tão entusiasmado.
— Chega de conversa, vamos subir — Elisis interrompeu, como era seu costume, tomando a liderança.
Subiram rapidamente para a ponte, onde o capitão os recebeu com seu tom sarcástico de sempre.
— Eu já estava mandando uma mensagem para o Peregrino, pedindo que eles me enviassem alguns cavaleiros, pois os meus provavelmente estavam mortos, já que não atenderam ao chamado para guerra.
Ignorando o comentário do capitão, Adon perguntou:
— Onde estão os piratas? Não os estou vendo.
O capitão passou a luneta para o velho cavaleiro e apontou para um ponto distante, quase encoberto pelas nuvens.
— Hum, uma Bufo como a Brand... parece que estão fugindo, porque não conseguimos alcançá-los? — disse o capitão. Adon passou a luneta para Lonios, que a examinou rapidamente e a entregou a Nimbus e Jim.
— Se sairmos em perseguição, nos afastaremos da Peregrino. E como o senhor bem sabe, ela é bem mais lenta do que nós. Se nos separarmos, ficaremos mais vulneráveis. A união faz a força. Se o capitão não tivesse dispensado os navegadores para assumir essa função, poderíamos traçar uma estratégia diferente.
— Tem razão. Uma equipe de navegadores faz falta — Adon concordou.
— Equipe de navegadores? Que piada! No meu tempo, isso não existia. Eu estou aqui. Eles não vão escapar por muito tempo. Já tracei uma rota e vamos interceptá-los nos próximos dias — o capitão respondeu com confiança.
— Como assim, capitão? — perguntou Adon, surpreso.
— Como todos sabem, fui colocado no cargo de capitão dessa nave porque sou uma lenda na navegação. Vamos pegá-los. Só acreditem em mim.
Todos ficaram em silêncio enquanto o capitão, sem perder o tom sarcástico, falou novamente:
— A guarda está dispensada por hoje, mas fiquem em alerta. Ainda podemos ser emboscados. — Ele olhou diretamente para Lonios. — Acho que vocês conseguem ficar em alerta, não é? Mesmo com esses trapos que chamam de armadura e armados para o combate?
— Sim, senhor — respondeu Sãr Adon, afastando-se. Ele empurrou Lonios, que ainda encarava o capitão com raiva.
Quando saíram, Jim, com um ar pensativo, comentou:
— Você viu que a nave pirata era do mesmo modelo da Brand, uma Bufo?
— Vi, sim. Estava longe, mas dava pra ver. Mas não parecia muito com a nossa nave — respondeu Nimbus, falando de maneira inocente.
— Claro que não parecia, as Bufo são raridades hoje em dia. A maioria virou sucata e foi reciclada para construir naves mais modernas.
— Mas por que estamos na Brand então? Ela parece tão boa quanto a Peregrino — novamente, Nimbus falou com uma ingenuidade desconcertante.
— O Dr. Henry não deixou a Brand ser reciclada. Dizem que ele brigou com o Grande Líder, dizendo que a nave ainda poderia ser melhorada, até mais que as novas gerações. O Grande Líder desafiou ele a provar isso e o Dr. Henry fez uma série de melhorias. O orçamento? Menos da metade do que seria necessário para uma nave nova. E o Grande Líder queria mais, mandou o Dr. Henry fazer tudo com um quarto do dinheiro que ele tinha pedido. Mesmo assim, o Dr. Henry conseguiu fazer a nave ficar a melhor da frota.
— Nossa, não sabia dessa história — disse Nimbus, imaginando a grandiosidade da reforma.
— Ela ficou tão boa que foi a única a conseguir escapar da frota de piratas. E dizem que afundou duas naves antes de fugir. Isso, sem nem metade das melhorias que o Dr. Henry queria fazer.
— Nossa! Imagina se ele tivesse feito todas as melhorias?
— Seria uma nave ainda mais incrível — Jim falou, olhando para o nada, imaginando as possibilidades. — Mas mudando de assunto, acho que sei o que o capitão quis dizer.
— Como assim, Jim? — perguntou Nimbus, curioso.
— Sobre como alcançar os piratas, sendo mais lento que eles. A tempestade é um círculo no meio do éter, não é?
— Sim — respondeu Nimbus, com uma mão coçando o topo da cabeça.
— Então, se fizermos uma volta por dentro, os alcançaremos em poucos dias. Venha, vou te mostrar. — Jim correu para a biblioteca e começou a procurar nas estantes de livros. — Deve estar por aqui em algum lugar. AH, ENCONTREI! — Ele retirou velhas cartas náuticas enroladas e atadas por um barbante. — Essas cartas são obsoletas, estão muito velhas para a ponte, mas mostram a localização exata da tempestade. O formato dela não muda há séculos.
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