Volume 1
Capítulo 38: Novo Companheiro…
Após alguns segundos, Valeros apareceu no corredor, desviando das pessoas que se preparavam para sair. Ele estava acompanhado de um homem magro e baixo.
Valeros usava um casaco de lã e calças pretas, e as botas que sempre usava no trabalho. O homem que o acompanhava também usava um casaco marrom e calças pretas, além de um chapéu de aba larga.
Ele tinha uma barba castanha cerrada, sobrancelhas grossas e, estranhamente, usava luvas e botas idênticas às de Valeros. Ao avistar os outros, cumprimentou-os com entusiasmo.
— E aí, pessoal, vamos conhecer a noite de Éter Sombrio? — Valeros parecia animado, pronto para se divertir.
Os garotos sorriram em resposta.
— Sãr Adon não vai vir? — Lonios perguntou, franzindo as sobrancelhas.
— Não, ele prefere dormir cedo. Ele e o capitão vão negociar a carga junto com os oficiais da Peregrino.
Imediatamente, Henry esticou a mão para Lonios, que retirou uma nota de vinte do bolso e a entregou ao mecânico.
— Os vintinho mais fáceis que eu já ganhei — Henry comentou, rindo.
Nimbus se surpreendeu com a atitude de Lonios, que sempre lhe dizia para nunca se envolver com apostas ou jogos de azar.
— Quem é esse? — Jim ignorou a aposta e perguntou sobre o homem com Valeros.
— Este é Eli, um dos intendentes da guarda
— É um prazer conhecer as pessoas mais importantes da nossa nave — Eli disse, com uma voz fina e um pouco forçada, apertando a mão de todos.
— Eli é um grande conhecedor de bebidas, por isso eu o convidei — explicou Valeros, sorrindo.
— A julgar pelo cheiro, ele não é só um grande conhecedor, mas também um grande cachaceiro — Jim comentou baixinho para Nimbus, referindo-se ao forte odor de álcool que emanava do pequeno homem.
Eles desceram pela ponte que ligava a Brand ao cais. Lonios logo colocou o capuz sobre a cabeça. Depois de caminhar um pouco, Dr. Henry fez uma pausa.
— Sintam o cheiro da civilização, meus amigos — ele disse, puxando o ar com força.
O cheiro de merda, podridão e sujeira tomava conta do porto.
— Sejam bem-vindos a Porto Éter Sombrio, uma das minhas cidades favoritas — ele acrescentou, caminhando à frente e estendendo os braços, apontando para os prédios, casebres e galpões que formavam o porto. Mas Éter Sombrio não era apenas o porto, era também a cidade em si.
— Então, para onde vamos esta noite? Alguma sugestão? — Valeros perguntou com um sorriso.
— Dr. Henry, hoje estamos por sua conta. Nos mostre o que a cidade tem de melhor a oferecer — respondeu Lonios, curioso.
— Muito bem, então vamos para a cidade velha, garanto que é lá que a diversão está — Henry disse, empolgado. Ele parecia realmente ansioso para conhecer a tal cidade velha, e Nimbus não podia deixar de se perguntar que tipo de diversão ele tinha em mente.
Caminharam pelas ruas estreitas de paralelepípedos, onde o esgoto corria à vista, misturado ao cheiro de sujeira e podridão.
Os prédios ao redor estavam apodrecendo, mas, por mais sujas que estivessem, algumas portas de bares estavam abertas, convidativas. Porém, Henry parecia ter algo mais em mente e ignorou todas as tentações pelo caminho.
Chegaram então a um casebre de dois andares, mais destruído do que Nimbus poderia imaginar. Estranhamente, aquele lugar decadente abrigava um bar.
Embora a construção estivesse prestes a desabar, o ambiente estava lotado. Pessoal encostado nas paredes externas, outros fumando ou bebendo, alguns se aquecendo com fogo de fogueiras improvisadas.
Dentro, a cena era semelhante: não havia espaço para mais ninguém. As pessoas bebiam e se divertiam em pé, apoiadas nas vigas ou nas paredes.
Quando chegaram perto da porta, um homem muito grande os abordou de imediato.
— Armas na chapelaria — ordenou, de maneira ríspida.
Todos seguiram até uma abertura na parede, onde um homem careca estava sentado, fumando um charuto. Sem dizer uma palavra, ele pegou as armas e as guardou cuidadosamente.
— Essa aqui fica — Lonios segurou a sua Indolente, cuidadosamente enrolada em faixas, para que não fosse reconhecida. Depois disso, passaram pelo segurança que os observou em silêncio.
— Sejam bem-vindos ao Buraco, o melhor bar de Éter Sombrio — Dr. Henry anunciou com um sorriso, já se dirigindo para o balcão.
Quando chegou, o balconista, que claramente o reconheceu, parou o que estava fazendo e acenou com a mão.
— Patadura Montigomeri, há quanto tempo, meu amigo? — O velho balconista largou o copo e, por cima do balcão, cumprimentou Henry com um aperto de mão e um forte tapão nas costas.
Quase fez o mecânico perder o equilíbrio. Ele parecia ter a mesma idade de Henry, mas era bem mais gordo, com uma barriga que fazia questão de bater no balcão a cada movimento.
— Velho amigo, Ossoduro Marco! — Henry retribuiu o gesto com outro tapão igualmente forte. O balconista sorriu e logo perguntou: — Ossoduro, pode conseguir uma mesa para nós? — Apontando para o grupo.
Nimbus achou curioso o tratamento informal que Henry recebia, e não pôde evitar sorrir. Olhou para Jim, que logo entendeu a razão e riu também.
— Claro, claro — respondeu o balconista com um sorriso largo.
Fez sinal para um dos garçons, que sem hesitar, jogou ao chão dois homens bêbados que dormiam sobre uma mesa. Com um simples gesto, a mesa foi liberada e o garçom indicou o local.
— Resolvido, podem sentar naquela mesa ali — disse Ossoduro, apontando enquanto o garçom esperava ao lado da mesa vazia.
Valeros, no entanto, parecia mais interessado no balcão. — Vamos ficar no balcão mesmo — disse ele, começando a se acomodar ao lado de Eli.
— Como quiser, muleque, vai perder a primeira rodada de graça — respondeu Henry, caminhando em direção à mesa com Lonios, Nimbus e Jim a seu lado.
Já no balcão, Henry fez seu pedido.
— Traga uma rodada da sua melhor cerveja para todos aqui na mesa, e também dois copos para aqueles dois no balcão — apontou para Valeros e Eli.
O garçom foi rapidamente até uma porta ao fundo e, poucos minutos depois, voltou com uma bandeja repleta de canecas de cerveja.
Ele entregou as bebidas aos dois no balcão, e, depois, seguiu em direção à mesa. Com destreza, ele desviava das pessoas, até chegar ao centro da mesa e colocar as canecas.
— Aqui está. Boa bebida, senhor — disse o garçom antes de se retirar.
Dr. Henry, sem perder tempo, pegou uma das canecas de um litro e começou a beber com gosto. Nimbus, que estava desconfortável, hesitou um pouco antes de seguir o exemplo.
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