Volume 1

Capítulo 37: Civilização…

Nimbus estava maravilhado com a chegada ao porto de Éter Sombrio. Ele nunca havia estado em um lugar tão impressionante antes. 

A organização do local era algo que ele nunca vira em Cenferum, onde o porto era apenas uma construção de madeira improvisada. 

Ali, tudo parecia planejado, sólido, de pedra. O número de naves atracadas era espantoso, centenas delas, e Jim estava entusiasmado, contando a história de cada uma. 

Era muita informação para um único dia, e Nimbus já se sentia confuso.

De repente, uma ordem foi dada por Sãr Lonios.

— Bom, garotos, acho que vamos ter que descer. Tenho muitas tarefas e vocês não podem ficar aqui. 

Nimbus assentiu, mas Jim ficou desapontado, pedindo para ficar um pouco mais.

— Lamento, mas não podemos ficar. Vocês terão hoje e amanhã para explorar. A nave será liberada logo, mas tomem cuidado.

Jim não teve outra opção senão concordar, e os dois seguiram para baixo.

Nimbus procurava por Valeros, que, embora tivesse estado com eles há pouco, parecia ter desaparecido. 

Nos últimos dias, ele se aproximara muito de Valeros e de Jim, e agora os três se consideravam grandes amigos, compartilhando conversas sobre garotas, piadas e até bobagens, coisas que nunca falariam com seus mestres. 

Lonios, aparentemente, não se importava com isso, já que estava muito ocupado com Sãr Adon. A responsabilidade dele aumentara, pois Elisis, ferida, não podia executar suas tarefas plenamente.

Durante sua recuperação, Elisis se dedicou a treinar Nimbus no arco, mas ele era um desastre. Pelo menos agora ele conseguia acertar o alvo. 

Descendo o corredor, chegaram ao acesso onde os cavaleiros dormiam. Ao passar pela cabine de Elisis, Nimbus pensou em parar e compartilhar seu entusiasmo sobre a chegada a Éter Sombrio, mas não teve coragem.

— Nimbus, Nimbus? — Jim chamou, interrompendo seus pensamentos.

— O quê? — Nimbus respondeu distraído.

— Eu estava perguntando se você quer ir ver as naves de perto amanhã de manhã. Vamos?

— Ah, desculpe, estava perdido nos meus pensamentos. Claro, me acorde e vamos.

— Estava pensando na garota de novo? — Jim provocou.

Nimbus não respondeu, apenas ficou em silêncio.

— Cara, já te falei: ao invés de ficar aí pensando: “Será que ela gosta de mim?”, “O que será que ela está fazendo agora?”, “Será que ela vai estar lá?”, seria melhor você ir lá e falar que gosta dela.

— Você já me falou isso várias vezes, mas não tenho coragem! — Nimbus ficou pensativo por alguns instantes. — Mas você também nunca viveu uma situação dessas. Como pode ficar me dando conselhos assim? Só acho que, como dizia o sábio: “Se conselho fosse bom, seria vendido, não dado”

Jim sorriu.

— Além disso, não posso me dar ao luxo de me envolver com alguém. Primeiro meus objetivos, depois o amor.

Nimbus se lembrou de que ainda não havia decidido qual seria seu objetivo. E, como seu amigo costumava dizer: “Para alguém que não sabe para onde ir, qualquer lugar serve. Talvez você não vá gostar desse lugar”.

Nesse momento, a voz de Lonios ecoou, como se ele soubesse o que Nimbus estava pensando.

— Garotos! Garotos! Esperem aí!

Quando os garotos pararam, Lonios apareceu, vindo em direção a eles a passos largos.

— Se preparem, vamos para uma noitada nos famosos bares de Éter Sombrio!

— Uau, isso sim é notícia! — Jim exclamou, animado. Éter Sombrio era uma das maiores cidades do mundo, e consequentemente, um lugar com as melhores opções de diversão.

Nimbus ficou em silêncio. Nunca vira Lonios tão animado para ir a um bar. Em Cenferum, ele nunca havia saído de lá, exceto para ir a Aldair ou à Capital, e raramente frequentava bares. Era estranho que ele estivesse fazendo essa proposta.

— Vamos sair em meia hora. — Lonios concluiu.

— Quem vai? — Nimbus perguntou, curioso, mas também querendo saber se Elisis iria.

— Bom, a princípio, vamos só nós. Quanto menos pessoas, menos atenção chamaremos.

Antes que os garotos pudessem dizer algo, Lonios avistou o Dr. Henry subindo para sua cabine.

— Dr. Henry? É difícil o vermos fora da engenharia. — Lonios comentou.

— Hahaha, Sãr Lonios, por favor, não me chame de Doutor, não estou em serviço. Me chame apenas de Henry.

O mecânico de meia-idade deu um abraço no cavaleiro. 

— Mas hoje é um dia especial. Estamos em terra, é dia de beber até não aguentar mais e talvez acordar no outro dia nos braços de uma bela dama, ou acordar na sarjeta com o sol do meio-dia na cara. Seja como for, com qualquer uma dessas opções terei muitas histórias para contar. — Ele riu alto, divertindo-se com a situação.

A resposta de Henry fez os garotos rirem, e Nimbus sentiu-se um pouco mais leve, esquecendo por um momento a confusão de seus próprios pensamentos.

Dr. Henry parecia descontraído como sempre, mas Nimbus nunca tinha visto esse lado boêmio dele.

— O sonho de todo bom bebedor — brincou Lonios. — Iremos a um bar daqui a meia hora, se quiser companhia, sinta-se convidado.

Nimbus lembrou que não era permitido beber dentro da Brand, embora todos tivessem seus estoques particulares de bebidas escondidos. 

Talvez fosse por isso que Lonios e Henry estavam tão eufóricos para sair para um bar. A proibição de beber abertamente na nave fazia qualquer oportunidade de diversão parecer ainda mais atraente.

— Era isso que eu estava procurando! Um bom parceiro de copo para uma noitada, era tudo o que eu precisava hoje. Podem contar com a minha presença, e vamos beber... — Henry disse, empolgado.

Todos saíram para seus alojamentos. Quando chegaram no dormitório da engenharia, Jim e Nimbus se prepararam. Nimbus só tinha as vestes de trabalho, mas Jim lhe emprestou algumas roupas mais decentes. 

Ambos se vestiram de maneira discreta, como Lonios havia sugerido. Jim usava um casaco de lã fria marrom e calças de algodão. Nimbus ficou com o casaco preto de lã que usava nos treinamentos e uma calça escura, também de trabalho. 

Ambos calçavam suas botas de sempre, a única opção que tinham.

Saíram do quarto e subiram para o segundo andar, onde ficava a porta de saída da nave. O corredor estava movimentado, com várias pessoas alvoroçadas, algumas se preparando para sair, outras apenas passeando.

 Chegaram ao local e encontraram Lonios e Henry esperando por eles.

— Pensei que tinham desistido. Agora, só faltam dois — comentou Henry.

Ele estava com um casaco de lã azul escuro, novo e bonito, calças pretas e botas que brilhavam de tanto polido. 

Lonios usava seu traje tradicional, um sobretudo vermelho que também servia como armadura, acompanhado de uma capa com capuz.

— Então, vamos? — perguntou Nimbus, ansioso.

— Calma, falta mais alguns — respondeu Lonios.

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