Volume 1
Capítulo 34: A Batalha no Convés…
A porta foi aberta, e os defensores avançaram para o convés. Elisis manteve-se atrás, perto da entrada. De lá, tinha uma visão privilegiada de toda a ação.
Os proscritos emparelhavam seus Lins com a nave, lançando os ganchos e subindo em pequenos grupos. Quando o ataque começou, apenas seis estavam a bordo.
Elisis observava os inimigos. Era a primeira vez que os via tão de perto. Não ousavam atacar naves vindas de Cenferum, sempre protegidas por grandes frotas.
Mas ali estavam em menor número, e a Brand, sendo menor, era um alvo lógico.
Os proscritos usavam roupas de couro personalizadas, provavelmente feitas à mão com peles de suas montarias.
Cada traje era único, com cortes assimétricos, costuras expostas e tonalidades variadas. Suas máscaras grotescas completavam a aparência assustadora.
Adon, Lonios e Valeros partiram para os extremos do convés, cada um enfrentando um inimigo. Três proscritos ficaram livres, preparando-se para ajudar os companheiros.
Os cavaleiros rapidamente dominavam o combate, jogando os inimigos para fora da nave sem causar muitos ferimentos. Adon usava seu imponente escudo Égipe para empurrar adversários ao éter. Valeros replicava a estratégia, enquanto Lonios forçava seu oponente a recuar até cair.
Elisis, porém, tinha outra abordagem. Não havia piedade em seus ataques.
Com tiros certeiros de seu arco, matava os proscritos um a um. Enquanto os cavaleiros empurravam inimigos, ela os eliminava sem hesitação.
Em cinco minutos, nove corpos já haviam caído por suas flechas. Alguns sequer conseguiam subir; eram abatidos antes de alcançarem o convés. Outros tombavam sobre o metal ensanguentado.
— Calma, Elisis! — Lonios a repreendeu, ao vê-la continuar abatendo os adversários. — Eles são poucos e não representam ameaça. Apenas os jogue de volta ao éter. Não precisamos matá-los. Isso só vai despertar a ira dos outros.
— Quero ver você dizer isso quando um exército de selvagens estiver a bordo — respondeu, fria.
Mais um proscrito caiu sob sua mira, silencioso, afundando no éter. Se Lonios tinha razão sobre os hábitos dos proscritos, hoje teriam um banquete.
Isso, claro, se conseguissem resgatar os corpos antes de serem engolidos pelo abismo azul.
Notando que Elisis não desistiria de matar os proscritos, Lonios correu até a borda da nave, arriscando-se para cortar as cordas dos ganchos. Era uma tarefa perigosa.
Os proscritos próximos lançavam suas lanças contra ele, e algumas raspavam sua armadura. Adon e Valeros, percebendo a intenção de Lonios, juntaram-se a ele, protegendo-se com seus escudos enquanto cortavam as cordas. Elisis, observando a cena, abaixou o arco com um suspiro irritado.
— Vocês preferem morrer a ferir esses infelizes?
Depois de alguns minutos, os proscritos desistiram do ataque, recuando para acompanhar a nave à distância.
— O que eles estão esperando? — perguntou Valeros, curioso.
— Que devolvamos os corpos dos seus irmãos — respondeu Lonios, com pesar. Ele agarrou um dos corpos pelos braços e olhou para Valeros. — Me ajude aqui.
Juntos, começaram a jogar os corpos no mar de éter. Imediatamente, proscritos montados em seus Lins recolhiam os cadáveres, laçando-os e os colocando na garupa das montarias.
Quando pegaram o último corpo, a máscara caiu, revelando uma jovem da idade de Elisis. Apesar das manchas de sangue, era evidente que era bonita, com cabelos rastafári e olhos negros que permaneciam abertos, olhando o vazio.
Lonios, vendo a cena, hesitou antes de fechar os olhos da garota e deixá-la no chão. Após um momento de silêncio, jogaram-na no mar.
Elisis sentiu um aperto no peito. Aquela jovem poderia ter sido como ela, se tivesse nascido em outra realidade. Mas engoliu o sentimento, guardando-o para si.
Com os corpos devolvidos, os proscritos galoparam seus Lins em direção à tempestade. Dentro da ponte de comando, Valeros quebrou o clima pesado com uma piada:
— Senhorita Elisis, lembre-me de nunca deixá-la irritada.
Adon riu enquanto ambos se afastavam, mas Lonios não compartilhou do humor. Ele se aproximou de Elisis com uma expressão séria.
— Não havia necessidade de matar todos. Teríamos expulsado os invasores sem derramar sangue! O que você tem na cabeça, menina? Alguns eram apenas crianças tentando provar coragem para seus líderes.
Sem esperar resposta, Lonios se dirigiu à janela.
A tempestade ao longe revelou uma visão imponente: um lon, criatura colossal, misto de lesma e caranguejo, carregava nas costas uma vila de proscritos construída com metal e fragmentos de sua concha.
Era lento, mas sua aproximação ameaçava a Brand.
Quando chegou a uma distância crítica, tiros de canhões ecoaram. Um dos disparos acertou o casco da nave com força suficiente para quase derrubar todos na ponte.
— Tenente Ka, potência máxima à frente! — gritou o capitão.
Ka ativou os geradores, e a Brand dobrou sua velocidade, afastando-se do alcance do lon. Os disparos seguintes erraram, e finalmente a Brand escapou ilesa.
— Foi por pouco. Mais um desses tiros, e estaríamos à deriva — comentou Lonios.
Elisis, com sarcasmo, murmurou:
— Inofensivos, não é?
Lonios respondeu com amargura:
— Eles não atacariam se não tivéssemos matado a maioria dos seus soldados.
O silêncio que se seguiu foi desconfortável. Sem se despedir, Elisis deixou a ponte e foi direto ao seu quarto, ignorando a dor nos ferimentos. Jogou-se na cama e começou a chorar, sentindo-se culpada e frustrada.
Depois de alguns minutos, decidiu ir à enfermaria para refazer os curativos. Lá, encontrou Cristiane, a enfermeira que a atendia frequentemente. Aproveitando o momento, Elisis desabafou:
— Cris, acho que estou gostando de alguém.
— Você? A Dama Fatal da nave? Pensei que amazonas fossem imunes a isso — brincou Cris.
— Deveríamos ser, mas nem sempre é tão fácil assim.
— Deixa eu adivinhar... um certo escudeiro lindo que arrasa corações por aqui?
Elisis tentou rir, mas sentiu a dor nas costelas.
— Tá tão na cara assim?
— Acredite, você não é a única — respondeu Cris com um sorriso.
— Não sei o que me atrai nele. Só gosto. Mas parece que ele nem me nota.
Cris deu de ombros.
— Ele é como você, versão masculina. Todas aqui sentem o mesmo.
Elisis suspirou, sem saber o que fazer.
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