Volume 1
Capítulo 35: A Patrulha Voadora…
Os reparos no casco da Brand foram rápidos e não exigiram que a nave fosse parada. Tudo transcorreu normalmente, e os dias seguintes seguiram sem grandes incidentes.
Elisis, no entanto, continuava tentando se aproximar de Valeros, mas nada parecia surtir efeito. O garoto estava sempre acompanhado de Nimbus e Jim, que agora formavam um trio inseparável.
Juntos, eles almoçavam, treinavam e até mesmo frequentavam a biblioteca. A situação estava se tornando frustrante para Elisis, até que uma ideia surgiu: usar a lembrança de como Valeros ficou perturbado ao vê-la rir das piadas de Nimbus. Não era a abordagem mais honesta, mas parecia ser sua única chance.
Durante os treinos, Elisis se aproximou de Nimbus e Valeros, aproveitando que Jim estava na biblioteca.
— Olá, tudo bem? — Ela evitou olhar para Valeros, focando sua atenção em Nimbus.
O garoto demorou a perceber que ela se dirigia a ele.
— Oi! — respondeu Nimbus, envergonhado, desviando o olhar.
— Seu mestre comentou que você não teve treinamento adequado com todas as armas. Gostaria de algumas lições com o arco?
Nimbus olhou para Valeros e depois para Lonios, que os observava à distância.
— Claro... — respondeu hesitante. Após alguns segundos, completou: — Seria uma honra. Vi como você atira bem.
— Venha comigo até o túnel de tiro.
Eles caminharam até o local de treinamento de ataques à distância. Como Nimbus permanecia em silêncio, Elisis tomou a iniciativa.
— Imagino que Sãr Lonios lhe ensinou o básico do arco?
— Sim, mas faz muito tempo que não pratico.
— Não tem problema. As regras são as mesmas. Vou lhe ensinar algumas técnicas que eu uso.
Ela entregou seu arco pessoal a Nimbus.
— Segure assim e mire no alvo no final do túnel.
Nimbus posicionou o arco, e Elisis corrigiu sua postura.
— Atire.
A flecha disparada errou o alvo por uma grande margem.
— Não assim. Você deve retesar o corpo suavemente antes de soltar a corda. Caso contrário, perde toda a mira.
Ela se posicionou atrás de Nimbus, segurando suas mãos para guiá-lo. Com sua cabeça sobre o ombro do garoto, notou como ele estava nervoso, com os batimentos cardíacos acelerados e os braços tensionados.
Ainda assim, disparou a flecha, que atingiu o alvo com precisão.
— Viu? — disse, mantendo-se próxima, mas soltando os braços dele. — Agora é sua vez.
Nimbus tentou novamente, mas a flecha ainda passou longe. Elisis percebeu que ele estava muito nervoso com a proximidade dela, mas não se importava tanto com os resultados.
O que mais lhe interessava era ver se Valeros estava observando. De vez em quando, ele disfarçava e lançava rápidos olhares para os dois, confirmando que sua estratégia estava funcionando.
— Preste atenção de novo — disse ela, repetindo o movimento ao lado de Nimbus. Mais uma vez, acertou o alvo.
Com o tempo, Nimbus começou a se sair melhor, mas ainda demonstrava nervosismo.
Enquanto isso, Elisis notava que Valeros parecia mais incomodado, lançando olhares cada vez mais frequentes. Lonios, observando de longe, apenas ria da situação.
Os dias se passaram, e o plano de Elisis deu resultado. Nimbus ficou mais confortável ao seu lado, desenvolvendo uma relação quase amigável, enquanto Valeros mostrava claros sinais de ciúmes.
Ele agora buscava se aproximar, lançando piadas e brincadeiras. Às vezes, Elisis ria; outras, o ignorava, o que só o motivava mais. Apesar disso, ela não fazia joguinhos com Nimbus, sendo sempre ela mesma.
Certo dia, o sino da vigia tocou, convocando todos à ponte. Elisis correu até lá, seguida por Adon, Lonios, Nimbus, Jim e Valeros. O capitão, sentado em sua poltrona, observava o éter que começava a escurecer.
— O éter está mudando. Estamos quase no nosso destino. Avisem a todos para se prepararem. Em poucas horas, chegaremos a Éter Sombrio — informou o capitão.
— Sim, senhor — respondeu Sãr Adon, assumindo a responsabilidade de organizar a tripulação.
A Brand estava prestes a atracar. A missão principal era vender as valiosas toras de mogno e adquirir suprimentos essenciais para a viagem de volta.
As toras, principal produto de exportação de Cenferum, eram altamente valorizadas, com madeira que levava mais de sessenta anos para atingir o ponto de corte.
Enquanto a tripulação se preparava, o sino soou novamente, desta vez indicando terra à vista. Elisis deixou seu quarto vestida com sua melhor roupa e maquiada.
Os corredores fervilhavam de atividade, dificultando sua passagem com o vestido volumoso. Na ponte, observou ao longe as torres da cidade, com suas chaminés expelindo fumaça escura.
Éter Sombrio se aproximava, com suas fábricas e bares notórios. A expectativa da tripulação era grande. Finalmente, eles teriam um momento de descanso na agitação da cidade grande.
Na ponte, Elisis observava o éter que envolvia a nave, agora quase totalmente cinza. Ao longe, avistava as torres de uma cidade, com várias chaminés soltando fumaça escura.
Uma espessa nuvem pairava sobre ela, originária das fábricas de Éter Sombrio, que despejavam produtos desnecessários, mas que as pessoas insistiam em comprar. No entanto, hoje não era dia de compras; já era tarde, e as lojas estavam fechadas.
Agora, os bares da cidade estavam em pleno funcionamento, oferecendo diferentes ambientes para todos os gostos e bolsos. Alguns, inclusive, se estendiam até os andares superiores, onde ficavam os hotéis. Era a cidade grande, um lugar onde nada se assemelhava a Cenferum.
De repente, um grupo de aves gigantes surgiu, vindo em direção às naves. Elas estavam a uma altura impressionante, maiores do que pessoas, e logo se dividiram em dois grupos.
Um deles se direcionou à Peregrino, enquanto o outro começou a fazer círculos sobre a Brand. Não eram muitas, talvez uma dúzia, mas uma delas começou a descer em espiral até a Brand.
No início, parecia uma águia ou uma ave grande, mas, à medida que descia, seus detalhes ficavam mais claros. Quando finalmente aterrissou, revelou-se um homem.
— Um Mull, habitante de Mu — explicou Lonios, observando a reação dos garotos, que estavam maravilhados.
Embora já tivesse visto a guarda aérea do porto de Éter Sombrio, Elisis não podia deixar de se admirar com a chegada de um desses guerreiros.
O homem pousou com uma leveza impressionante no convés da Brand, permanecendo parado no centro, esperando ser abordado.
Ele era negro, como o cavaleiro da Peregrino, Sãr Flavius Wulfric, uma característica dos nativos de Mull, embora alguns brancos, descendentes de famílias migrantes, também habitassem o continente.
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