Volume 1
Capítulo 32: Mostre o que aprendeu…
Elisis estava no ginásio, acompanhando o treinamento rotineiro da guarda. Naquele dia, a sessão seria à tarde, e Lonios participaria com seu escudeiro.
Ela tinha certeza de que outra confusão estava por vir, tal como a última vez em que o garoto de Lonios saiu com o nariz quebrado.
Desde o confronto com o monstro do éter, Elisis seguia as recomendações do Dr. Leonardo, mantendo-se o máximo possível em repouso.
Movimentos bruscos poderiam abrir seus pontos, e as costelas quebradas ainda doíam a cada respiração. Assim, ela apenas observava os treinamentos de longe, sentada em um canto, o olhar melancólico.
Naquele dia, trajava um vestido rodado, um contraste delicado com sua habitual armadura. Sentada em um banco lateral, contemplava os cavaleiros treinando seus soldados.
“Exatamente como uma dama deveria se comportar”, pensou, com ironia. Talvez fosse isso que faria em outra vida, uma em que não tivesse sido moldada para ser uma máquina de matar e manipular.
De repente, percebeu o escudeiro de Lonios se aproximando, acompanhado de seu inseparável amigo. Os dois brincavam como crianças, empurrando-se e soltando gargalhadas.
Quando chegaram perto, Elisis os recebeu com uma reverência graciosa, um gesto treinado à perfeição para missões de espionagem.
— Boa tarde, senhores!
— Olá, Sãr Elisis — respondeu Nimbus, tentando imitar uma reverência nobre, mas de forma desajeitada.
“Lonios deveria treinar mais esse garoto”, pensou Elisis, contendo um sorriso.
— Pode me chamar apenas de Elisis. Você é o escudeiro de Sãr Lonios, certo? — perguntou, já sabendo a resposta.
— Sim, eu sou Nimbus, e este é meu amigo Jim.
— Muito prazer, meninos. Eu ainda não tive a chance de agradecer por me ajudarem no outro dia — disse ela, sorrindo calorosamente.
Jim empalideceu, parecendo prestes a desmaiar. Nimbus, por sua vez, passou por uma sequência de cores, até estabilizar em um tom de vermelho vivo.
Elisis sabia bem o efeito que seu sorriso poderia causar, especialmente em adolescentes. Isso fazia parte de seu treinamento, mesmo que raramente precisasse usá-lo de forma consciente.
— Elisis, eu trouxe um presente para você — disse Nimbus, depois de recuperar a compostura. Ele entregou-lhe algo embrulhado em um lenço.
— Um presente! — ela exclamou, parecendo se animar. — Muito obrigada, eu adoro presentes.
Por um instante, pensou em abraçá-lo, mas descartou a ideia. O garoto provavelmente ficaria paralisado novamente.
— O que é? — perguntou, desenrolando o lenço. Dentro, encontrou um espinho grande, do tamanho do cabo de uma faca e mais grosso que um dedo.
— Esse é o espinho que o Dr. Leonardo tirou de entre suas costelas... — começou Nimbus, antes de ser interrompido.
Elisis pegou o espinho com expressão de nojo e, sem hesitar, atirou-o na cabeça do garoto. O impacto deixou uma marca vermelha imediatamente visível.
— Isso é presente para dar a uma mulher, garoto?
— Ai, ai — reclamou Nimbus, segurando o local atingido, agora com um galo evidente.
Ao lado dele, Jim segurava o riso, mas não por muito tempo.
— Hi, hi!
Elisis também não conseguiu se conter e riu junto. Apesar da dor nas costelas, valeu a pena.
Aquele garoto era o único que parecia genuinamente preocupado com ela, sem intenções ocultas ou tentativas de impressioná-la.
Diferente de tantos outros, incluindo Valeros, que há semanas vinha observando sem grande resultado.
Ela desviou o olhar para Valeros e notou que ele parecia desconfortável com os garotos que a faziam rir. Isso, por algum motivo, a divertiu ainda mais.
— Garota maluca — resmungou Nimbus, afastando-se com o amigo, que ainda ria às suas custas.
— Acho que ela queria acertar seu nariz quebrado. Sorte sua que errou — zombou Jim.
— Claro que não. Ela é uma amazona. Se quisesse acertar meu nariz, ela acertaria — respondeu Nimbus, com uma certeza que só fez Jim rir mais.
Elisis sorriu, mas era um sorriso vazio, uma máscara que usava tão bem.
Sabia que era um dos motivos para as pessoas se afastarem dela ao descobrirem sua verdadeira profissão.
Certamente Lonios havia alertado Nimbus sobre os perigos de se aproximar de alguém como ela, e isso a entristecia mais do que gostaria de admitir.
Nimbus se aproximou do tablado onde Valeros treinava. Assim que o viu, Valeros lançou-lhe o bastão.
— Quer mostrar o que aprendeu?
Nimbus subiu no tablado, apertando a mão do outro escudeiro.
Elisis observou a cena com curiosidade. Era inusitado vê-los conversando, considerando o incidente do outro dia.
Até mesmo Adon e Lonios trocavam olhares de surpresa. Com dificuldade, Elisis se levantou e foi até eles, desejando entender o que estava acontecendo.
— Boa tarde, Sãr Elisis — cumprimentou Adon, fazendo uma reverência que Lonios prontamente imitou.
No tablado, a luta começou sem cerimônias. Valeros atacava com destreza, e Nimbus defendia com habilidade inesperada.
Os bastões se chocavam em uma sequência rápida e precisa, os dois mantendo um ritmo equilibrado por vários minutos.
Adon observou a batalha com atenção e então comentou:
— Você o ensinou rápido a usar o bastão. Na última vez, ele nem sabia segurá-lo direito, e agora luta de igual para igual com Valeros.
— Isso também me surpreende — respondeu Lonios. — Nunca o treinei no uso de bastões.
— Então quem o ensinou?
— Suspeito que tenha sido o próprio Valeros.
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