Volume 1

Capítulo 31: Lua cheia, a lua do caçador…

Eles subiram a escada que levava à ponte. Assim que entraram, Jim parecia fascinado, olhando ao redor como uma criança em uma loja de brinquedos.

 Ele deu um passo na direção da mesa de monitoramento de geradores, mas Lonios segurou seu braço e o manteve ao lado.

— O que significa isso? É proibido civis na minha ponte! — O capitão os encarou com irritação, direcionando suas palavras a Lonios.

— Eles são meus convidados. Acho que será interessante para eles verem o que vai acontecer — respondeu Lonios, com calma, apontando para a janela lateral.

Nimbus e Jim seguiram o gesto e se depararam com uma visão assustadora: um emaranhado de tentáculos espinhosos envolvia a nave, alguns se debatendo freneticamente contra o casco da Brand. 

Mais ao fundo, podiam distinguir o imenso corpo da criatura, flutuando no éter, enquanto tentava puxar a nave para baixo.

— É uma Physalia pequena, o tipo mais agressivo de monstro do éter — explicou Jim, quase sem respirar.

— Maravilha! Agora tenho um guia turístico na minha nave — retrucou o capitão com sarcasmo. — Fora daqui, já!

— Parece que o seu amigo fez o dever de casa — comentou Lonios, ignorando a ordem do capitão. Ele então virou-se para Adon, que carregava um escudo de metal azulado nas costas. — Interessante. O senhor não me falou que tinha um escudo de Aço Diamante?

— Este é o Égipe, uma herança de família. Está conosco há gerações, ganho como recompensa pela bravura em batalha em nome do governo — respondeu Adon com um tom de orgulho.

— Incrível. É muito bem construído! — Lonios se aproximou para examinar o escudo, que brilhava como se tivesse sido forjado naquele dia. Nimbus notou os desenhos geométricos em baixo-relevo, talvez runas, que ele não reconhecia.

— E aí, vão esperar o monstro nos arrastar para o fundo? Se estão com medo, posso chamar alguns marinheiros que já mataram monstros do éter antes — provocou o capitão com ironia.

Um soldado entrou apressado, carregando quatro bastões de aproximadamente um metro e meio.

— Comandante, aqui estão as lanças do arsenal, como o senhor pediu — anunciou o soldado, entregando as armas enquanto fazia uma reverência.

— Estávamos esperando isso — disse Sãr Adon, com tranquilidade.

Cada cavaleiro pegou uma lança, incluindo Valeros. Jim não conseguiu esconder a curiosidade.

— Lanças retráteis para matar monstros do éter. Quando tocam o monstro, a ponta salta e perfura mais um metro e meio para atingir um dos cérebros da criatura — explicou ele, com entusiasmo.

— Um dos cérebros? — Nimbus franziu o cenho, surpreso.

— Sim, criaturas grandes como essa têm vários cérebros espalhados pelo corpo, controlando as funções motoras, além de um principal que comanda tudo.

— Vou deixar vocês aqui com suas explicações. Tenho que trabalhar — declarou Lonios, dirigindo-se à porta.

— Estão prontos? — perguntou Elisis, encarando Lonios e Valeros, já na entrada.

— O senhor não vai, Sãr Adon? — Lonios estranhou.

— Não. Como é um pequeno, prefiro deixar o Valeros treinar. Ele precisa ganhar experiência para se tornar cavaleiro.

Sem dizer mais nada, Lonios entendeu que Elisis lideraria o ataque. Era natural; na ausência de Adon, ela era a próxima na cadeia de comando.

— ATACAR! — gritou Elisis com sua voz fina, antes de sair correndo pela porta da ponte, seguida por Lonios e Valeros. Os soldados fecharam a entrada logo depois.

Lá fora, o caos reinava. Tentáculos frenéticos golpeavam o convés, tentando agarrar qualquer coisa viva. Os três se esquivavam com maestria, dançando entre os ataques. Nimbus não tirava os olhos de Lonios, que saltava sobre os tentáculos com agilidade impressionante. Finalmente, ele correu pelo último, avançando em direção ao corpo da criatura.

A Physalia reagiu imediatamente, focando seus tentáculos menores nos invasores. 

Valeros, mais rápido, já estava sobre o corpo do monstro, desviando dos ataques. 

Ele alternava entre bloquear golpes com o escudo e contra-atacar com sua espada. 

Tentáculos mais finos eram decepados com facilidade, enquanto os mais espessos ficavam gravemente feridos sob os golpes precisos. 

Nimbus observava, fascinado, enquanto a batalha desenrolava diante de seus olhos.

Lonios e Elisis ainda lutavam no convés da nave, desviando com dificuldade dos tentáculos que barravam sua passagem. 

Num momento de descuido, um dos tentáculos espinhosos surpreendeu Elisis, agarrando-a por trás e levantando-a no ar. Um silêncio pesado tomou conta da ponte, até ser rompido por Adon.

— Maldição. Para decepar um tentáculo desse tamanho, serão necessários vários golpes de espada.

— De acordo com as estatísticas, menos de dez por cento das pessoas agarradas por um tentáculo desse diâmetro sobrevivem — disse Jim, com um tom quase automático.

— Guarde essa informação para você, garoto — repreendeu Adon, irritado. — Se ela estivesse sem armadura, o monstro já a teria partido ao meio.

Os segundos se arrastavam, enquanto Elisis, visivelmente em dor, era puxada para fora da nave. Mesmo assim, ela não emitiu um som, concentrando-se em tentar cortar o tentáculo que a segurava. Lonios percebeu o que acontecia e correu em sua direção, esquivando-se com agilidade dos ataques do monstro até alcançar a base do tentáculo que a aprisionava.

— Ele não vai conseguir — disse Adon, com um tom de pesar.

De repente, Lonios sacou sua espada de Aço Diamante, Indolente ainda envolta em faixas brancas, e, com um golpe preciso, cortou o tentáculo, revelando sua lâmina avermelhada. Por alguns segundos, o silêncio tomou conta da ponte, seguido por gritos de triunfo.

— Impossível. Como ele conseguiu cortá-lo com um só golpe? — Adon murmurou, incrédulo.

Lonios não perdeu tempo. Guardou a espada na bainha, correu até Elisis e começou a soltá-la do tentáculo que ainda a envolvia. 

Ele apontou para a ponte de comando, tentando ajudá-la a se levantar, mas Elisis, com o semblante furioso, empurrou-o para longe. Sem hesitar, ela voltou a correr em direção ao monstro. Desta vez, foi ainda mais rápida, subindo pelos tentáculos até alcançar o corpo da criatura. Lonios a seguiu de perto.

Os dois começaram a atacar os cérebros que controlavam os tentáculos. A cada cérebro perfurado, o monstro soltava guinchos de dor. 

Nimbus observava fascinado enquanto Lonios corria em direção a pontos específicos do corpo da criatura, desviava dos tentáculos e, com precisão, acionava o mecanismo da lança retrátil, cravando-a no alvo. Os tentáculos daquela extremidade imediatamente paravam de se mover.

Em poucos minutos, o monstro estava imóvel. Valeros, aproveitando o momento, correu até o centro do corpo circular e cravou sua lança. Os guinchos cessaram instantaneamente.

A ponte irrompeu em gritos de alegria. Com o monstro derrotado, os combatentes retornaram à nave antes que a criatura fosse tragada pelo éter. 

Antes de sair, Lonios arrancou um grande pedaço de pele do monstro, suficiente para cobrir uma cama, e voltou carregando o couro como uma capa improvisada.

Ao entrarem novamente na ponte, foram recebidos com aplausos. O primeiro monstro do éter da viagem havia sido derrotado. Porém, Elisis não compartilhava da mesma euforia. 

Assim que entrou, caiu de joelhos, segurando a barriga, o rosto pálido e ofegante. No chão, uma poça de sangue começava a se formar.

— Patético. Tenho marinheiros que nem seriam feridos por um monstro desse tamanho — zombou o capitão, com ironia.

Lonios o ignorou. 

— Droga, as placas da armadura devem estar tortas, sufocando-a. E ela está perdendo muito sangue. Nimbus, Jim, me ajudem a levá-la para a enfermaria — ordenou, enquanto segurava Elisis por um braço. Nimbus a apoiou pelo outro lado, enquanto Jim abria caminho.

Eles desceram as escadas apressados e encontraram o Dr. Leonardo esperando na porta da enfermaria.

— Já imaginava algo assim. Coloquem-na na maca — disse o médico.

Lonios e os garotos ajudaram a enfermeira Cris a remover as placas de armadura da amazona. Assim que terminaram, o doutor os expulsou.

— Agora nós assumimos. Saiam.

Nimbus hesitou por um instante, fitando o rosto de Elisis. Mesmo em dor, ela o encarou de volta até que ele saísse. 

Minutos depois, Dr. Leonardo voltou à sala de espera e explicou:

— Ela vai ficar bem. Algumas costelas estão esmagadas, mas o pior foi um espinho que se alojou entre elas. Por sorte, não perfurou o pulmão. Se isso tivesse acontecido, provavelmente não teríamos como salvá-la com os recursos da nave.

— Então ela teve sorte — comentou Lonios, com alívio.

— Muita sorte. Mas os ferimentos seriam menores se ela tivesse sido trazida imediatamente.

— Experimente tirar uma amazona do campo de batalha para entender como isso é impossível — respondeu Lonios, sem paciência.

— Cada um com seus problemas, Sãr Lonios. Cada um com seus problemas — retrucou o médico, antes de voltar à enfermaria.

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