Volume 1
Capítulo 30: O primeiro contato…
Nimbus e Jim estavam na biblioteca, como de costume, dedicados ao estudo todas as tardes. Nimbus, por ordem de seu mestre, e Jim, que estudava tudo o que queria, pareciam estar em mundos diferentes quando se tratava de aprendizado.
Jim devorava três ou mais livros ao mesmo tempo, seu apetite por conhecimento era voraz, e sua memória, precisa e impressionante, assustava Nimbus.
Para ele, que tinha uma memória que Lonios considerava extraordinária, o ritmo de Jim era um desafio.
No entanto, o problema de Jim era claro: ele sabia tudo sobre teoria, mas tinha pouca prática.
Nimbus já havia tentado ensiná-lo a usar uma espada, mas seu amigo se mostrava desajeitado fora das páginas dos livros.
Mesmo assim, trocavam dicas, com Jim ajudando Nimbus nas pesquisas e Nimbus tentando ensinar a arte do combate.
O trabalho, por sua vez, estava tão desinteressante quanto sempre. E pior, agora que Ari, o sujeito que mais detestavam, era o líder da equipe. Dr. Henry, frustrado com as constantes falhas de Ari como mecânico — incluindo um episódio em que quase condenou um gerador — reclamou ao capitão.
A solução do capitão foi promover Ari a Alferes, colocando-o no comando da equipe de limpeza. Dr. Henry não gostou nem um pouco, mas teve de acatar a ordem.
— E aí? O que o velho te deu pra ler hoje? — perguntou Jim, provavelmente já tendo terminado seu volume de Monstros do Éter, seus Tipos e Periculosidade.
— Ele me mandou estudar sobre pensamento crítico. Duvidar de tudo que se lê e se ouve, e tentar me aproximar dos dados o máximo possível para alcançar mais precisão.
— Acho que ele está tentando te ensinar a ser um conselheiro ou algo assim. Não parece algo que um cavaleiro aprenda, não é? — Jim fechou o livro, pegou os outros volumes na mesa e foi guardá-los nas estantes.
— Não, Jim, ele disse que quer que eu aprenda isso para não ser manipulado por um desses governantes sem escrúpulos.
— Se você diz... — Jim deu ênfase à palavra “mesmo”. — Mas isso tudo que ele te ensina me parece muito estranho. — Mudou de assunto rapidamente. — Você viu o que aquele idiota do Ari falou quando o capitão promoveu ele a Alferes?
Nimbus já imaginava, mas respondeu que não. Jim, com perfeição, começou a imitar Ari.
— “Agora sou eu que mando nessa merda. Comigo, daqui em diante, vocês vão trabalhar de verdade.”
— Hahahahaha, ficou igualzinho a ele. Ele é um idiota. Foi promovido só porque é puxa-saco do capitão.
De repente, o som dos sinos de alerta ecoou pela torre de vigia. Bim-blom!… bim-blom!… bim-blom! O sino tocava três vezes, seguido por alguns segundos de silêncio, e depois repetia a mesma sequência.
— O que será que aconteceu? — perguntou Nimbus.
— Não sei, mas em emergências, todos devem assumir seus postos de trabalho. Ordens do capitão — respondeu Jim.
— Vamos lá!
Deixaram tudo onde estava e correram para a manutenção. Mas, de repente, um estrondo surdo quase explodiu os tímpanos dos garotos.
O impacto foi tão violento que os jogou contra as paredes do corredor.
— Nossa, parece que algo nos acertou! — exclamou Nimbus, com os olhos arregalados.
— Pode ser que tenhamos batido em alguma coisa.
Voltaram a correr, mas o corredor já estava cheio de pessoas indo para os seus postos de emergência. Os sinos continuavam a soar na mesma cadência.
Após alguns segundos, mais um impacto, agora mais fraco.
— Sem dúvida é um ataque — Jim admitiu, com os olhos arregalados e visivelmente assustado.
Aceleraram ainda mais, esbarrando nas pessoas que circulavam freneticamente pelos corredores. Outro impacto, mais um, até que os estrondos se tornaram intermitentes, como uma melodia macabra tocada pelos sinos de alerta.
A nave cambaleava de maneira tão brusca que parecia impossível se manter em pé. A cada passo, a instabilidade os jogava uns contra os outros e contra as paredes, como se um terremoto estivesse atingindo a Brand.
— Droga! Com certeza estamos sendo acertados por uma saraivada de tiros de canhão — Jim alertou Nimbus.
Quando chegaram à entrada da manutenção, Ari e os outros oficiais estavam na porta, orientando as pessoas que chegavam. Entre todos, somente Ari estava gritando.
— Corram, seu bando de preguiçosos! Não estão vendo que estamos sendo atacados? Aos postos de batalha, seus molengas!
Quando Nimbus e Jim chegaram à grande porta de entrada da manutenção, viram
Ari chutando o traseiro de um homem mais velho, o último retardatário de um grande grupo.
O pobre coitado caiu de cara no chão, levantou-se com dificuldade e saiu correndo, visivelmente furioso.
— Vamos, seu bisonho! — gritou Ari, satisfeito com o ato. Em seguida, olhou para os lados para se certificar de que todos haviam visto sua "façanha".
Nimbus e Jim apenas trocaram olhares, preferindo não reagir, e se aproximaram da entrada.
— O que vocês estão fazendo aqui, seus idiotas? Acham que tem algo pra limpar numa emergência dessas? Sumam da minha frente, vocês só vão atrapalhar! — Ari apontou para que recuassem, mas um oficial interveio.
— Senhor Arinilson, comporte-se como um oficial! — disse o homem, com autoridade. Depois, voltou-se para os dois garotos. — Nimbus, Dr. Henry mandou você ir aos aposentos do Sãr Lonios caso houvesse uma emergência dessas. Corra para lá.
Nimbus agradeceu pela informação e convidou Jim para acompanhá-lo. Sem dizer nada, Jim assentiu, e os dois se afastaram pelo corredor caótico.
Ao passarem pela capela, notaram várias pessoas ajoelhadas em oração, formando um círculo de mãos dadas.
Nesse instante, as lamparinas começaram a piscar, oscilando no mesmo ritmo das pancadas que a nave sofria.
Ao cruzarem pelo dormitório, Nimbus entrou apressado e começou a remexer em seu baú.
— O que está fazendo, Nimbus? Disseram para irmos ao Sãr Lonios.
— Preciso pegar minha espada. Se houver combate lá em cima, vou precisar dela.
Com dificuldade, devido aos tremores, encontrou a espada e a prendeu à cinta. Em seguida, retirou uma adaga da bota e a entregou a Jim.
— Caso você precise se defender.
Jim aceitou com relutância, guardando a adaga na parte de trás da calça. Seguiram correndo para o andar de cima, quando explosões ensurdecedoras ecoaram pela nave.
— Estão disparando os canhões! — exclamou Jim, animado.
— Mas demoraram muito — respondeu Nimbus, ofegante.
— Provavelmente esperaram a nave manobrar para alinhar os inimigos à linha de tiro. Não se gasta munição à toa.
Nimbus sorriu, admirando como Jim sempre tinha uma boa explicação.
Continuaram correndo, desviando das pessoas apressadas pelos corredores, até alcançarem o primeiro andar, onde ficavam a enfermaria e os aposentos dos oficiais. Nimbus não pôde evitar pensar no desprezível Ari, agora desfrutando de um desses camarotes luxuosos.
Chegando à porta do alojamento do Sãr Lonios, Nimbus bateu. A voz de Lonios respondeu de imediato, autorizando a entrada.
O cavaleiro já estava se preparando, calçando botas e vestindo uma calça de couro preta e justa. Ele segurava seu pesado sobretudo.
— Me ajudem a colocar a armadura — pediu Lonios, enquanto os dois entravam.
Os garotos se entreolharam e começaram a ajudá-lo.
— Mas esse não é o seu sobretudo? — perguntou Nimbus, curioso.
— É sim, mas também é uma armadura de couro. Na parte interna, há uma cota de malha entrelaçada, por isso é tão pesado — explicou Lonios enquanto eles abotoavam os botões que fechavam o sobretudo na diagonal do peito. — Agora, as luvas e a mochila — indicou ele, apontando para um par de luvas e uma pequena mochila sobre a cama.
Os dois o ajudaram a vestir o restante. A mochila chamou a atenção de Nimbus, que percebeu pequenos cilindros em seu interior. Lonios conectou fios da mochila às luvas e, em seguida, pegou uma espécie de touca sobre a cama.
— Vamos, me acompanhem até a ponte. Vocês não podem perder isso.
— A ponte! — exclamou Jim, eufórico. Ele só havia visto imagens dela em livros, já que o capitão proibia acesso de não-oficiais.
— Não vai ser um problema? Estamos em alerta — questionou Nimbus.
— Podem vir. Caso contrário, encontraríamos o capitão trancado na cabine a essa hora — brincou Lonios. — Jim, você quer ser capitão um dia, certo? O que vai acontecer agora será uma boa experiência para você.
Saíram do quarto, encontrando Elisis saindo de outro alojamento próximo. Um pouco mais à frente, Sãr Adon e Valeros surgiram, todos vestidos para o combate.
O traje de Elisis era o mesmo que ela usava para treinar. Sãr Adon vestia algo semelhante ao de Lonios, enquanto Valeros usava um traje de couro colado ao corpo, semelhante ao de Elisis.
Nimbus mal conseguia desviar o olhar, sua mente antecipando o que os aguardava na ponte.
Logo eles se aproximam de Adon e Valeros. O escudeiro cumprimentou Nimbus com um aceno de cabeça.
— Três badaladas — Lonios falou.
— Três badaladas! — Adon respondeu.
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